quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Ministro defende mobilização da ciência e tecnologia para a construção de sociedade igualitária

O ministro considera, no entanto, que investimentos na educação básica constituem “o primeiro andar do edifício”
Ciência e tecnologia devem ser mobilizadas na busca permanente pela construção de um organismo social mais justo e igualitário, defendeu nesta quarta-feira (17), em Diamantina (MG), o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Clélio Campolina Diniz, em conferência após a cerimônia de abertura do 16º Seminário sobre Economia Mineira. “A correção da desigualdade histórica na propriedade da riqueza nacional e no acesso à educação são elementares para se pensar o desenvolvimento do Brasil”, disse.
Para o ministro, o processo de concentração de riqueza e marginalização social de alguns segmentos, que se consolidou a partir do período do pós-guerra, vem sendo desmontado por “sopros de avanço” que repercutem atualmente no país.
Ele citou como exemplo ações de mensuração da qualidade do ensino e de democratização do acesso à educação, em especial, às universidades, e discorreu sobre o crescimento brasileiro em relação ao ensino superior.
O ministro considera, no entanto, que investimentos na educação básica constituem “o primeiro andar do edifício”. “Não podemos falar de C&T [ciência e tecnologia] sem garantir a educação dos nossos cidadãos desde os primeiros anos de suas vidas”.

Paradigmas internacionais
Campolina chamou a atenção para a necessidade de se revisar a literatura internacional e dela extrair concepções que se alinhem com as aspirações de uma sociedade ideal.
“Os Estados Unidos se tornaram a principal potência mundial quando estabeleceram a ciência e a tecnologia como paradigma de seu desenvolvimento”, afirmou, ao acrescentar que, cada vez mais, as tecnologias estão sendo enraizadas em conhecimento científico, em desfavor do empírico.
O ministro abordou ainda a crise recente do padrão capitalista, as mudanças na ordem global e a importância do uso social da corrida científica e tecnológica. Segundo ele, o seminário é oportunidade para “alimentar nossas utopias, fantasias e desejos”, isso porque o Brasil, como instância periférica no contexto da C&T, precisa “saber articular essas dimensões em um projeto que caminhe para a emancipação, e não para a competição com outras potências”.

(MCTI, via portal da UFMG)

Analfabetismo cai no país, mas ainda atinge 13 milhões

Em números absolutos, de 2012 para 2013 houve redução de 297,7 mil analfabetos acima de 15 anos no país
A taxa de analfabetismo das pessoas acima de 15 anos no Brasil voltou a cair em 2013. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), o país tinha cerca de 13 milhões de analfabetos nesta faixa etária no ano passado, o que corresponde a 8,3% da população. O resultado é 0,4 ponto percentual abaixo do regsitrado em 2012 (8,7%). A taxa de analfabetismo funcional também caiu, de 18,3% para 17,8%. A Pnad foi divulgada hoje (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
O resultado de 2012 manteve-se praticamente estável, com alta de 0,1 ponto percentual em relação a 2011, quando foi registrado 8,6% de analfabetos. Desde 2004, ano em que a abrangência da Pnad incluiu pela primeira vez as populações rurais de toda a Região Norte, houve queda de 3,2 pontos percentuais, de 11,5% para 8,3%. Em números absolutos, de 2012 para 2013 houve redução de 297,7 mil analfabetos no país.
De acordo com o IBGE, a maioria de analfabetos eram mulheres, com 50,6%, realidade que se repete nas regiões Sudeste (56,2%), Sul (55,6%) e Centro-Oeste (50,5%). No Norte e no Nordeste, os homens representam a maioria dos analfabetos, com 53,2% e 52,1%. Apesar disso, a taxa de analfabetismo é superior entre os homens, com 8,6% contra 8,1% da mulheres. Na divisão por região e sexo, os homens nordestinos têm a taxa mais alta, de 18,2%, enquanto as mulheres da Região Sul têm a menor, de 3,9%.
Ao considerar a idade, a pesquisa mostra que pessoas com mais de 60 anos são mais frequentemente analfabetas que as mais jovens. Entre quem possui menos de 30 anos, a taxa de analfabetismo em 2013 chegou a 3%, enquanto na população com mais de 60, ela foi de 23,9% da população. Entre quem tinha de 40 a 59 anos, o analfabetismo atingia 9,2%.
Todos os grupos etários tiveram redução da taxa entre 2012 e 2013, e, com uma queda de 0,2 ponto percentual, a menor porcentagem registrada foi a dos jovens entre 15 e 19 anos, com 1%. Para Maria Lucia Vieira, gerente da pesquisa, a diferença na taxa de analfabetismo entre as idades se deve a uma dificuldade maior de atingir pessoas mais velhas com programas de alfabetização.
Regionalmente, o Nordeste continua a ser a região com a maior taxa de analfabetismo entre os maiores de 15 anos, mas foi também o local onde ela mais caiu, de 17,4% em 2012 para 16,6% em 2013. De acordo com a Pnad, mais da metade (53,6%) dos analfabetos do Brasil estão nos estados nordestinos.
Todas as regiões tiveram queda, e a segunda maior foi registrada na região Norte, de 10% para 9,5%, seguida pelo Centro-Oeste, de 6,7% para 6,5% e pelo Sul, de 4,4% para 4,2%. O Sudeste teve a menor redução da taxa, de 4,8% para 4,7% da população. Como é a mais populosa, a Região Sudeste concentra 24,2% dos analfabetos, apesar de ter a segunda menor taxa.
O analfabetismo funcional também caiu em todas as regiões brasileiras, e acompanha o analfabetismo quando enumeradas as regiões em que ele é mais incidente. No Nordeste, a taxa caiu de 28,4% para 27,2% e ainda é a maior do país. O Norte vem em seguida, com 21,6%, 0,3 ponto percentual a menos que no ano passado. No Centro-Oeste, a situação ficou praticamente estável, com queda de 0,1%, de 16,5% para 16,4%.
Na região Sul, o analfabetismo funcional foi maior do que no Sudeste em 2013, com uma diferença de 13,6% para 12,9%. As duas regiões tiveram queda na taxa, já que, em 2012, apresentavam percentuais de 13,7% e 13,2% respectivamente.

(Vinícius Lisboa / Agência Brasil)

Para secretário do MCTI, centros globais ampliam competitividade do Brasil em TICs

Para Virgílio Almeida, centros de pesquisa e desenvolvimento em tecnologias da informação e comunicação contribuem para geração de produtos competitivos
O secretário de Política de Informática do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Virgílio Almeida, destacou, nesta quarta-feira (17), a importância dos centros globais de pesquisa e desenvolvimento (P&D) para a inclusão do Brasil nas cadeias globais.
Segundo ele, esses centros fazem a ligação da pesquisa avançada para a geração de produtos que podem competir não apenas no Brasil, mas também no mercado internacional.
O tema está sendo debatido ao longo do dia no seminário Centros Globais de Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologia da Informação e Comunicação, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O evento busca promover um ambiente de encontro para as empresas apresentarem e discutirem os projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) em curso no Brasil.
Virgilio Almeida comentou que os centros globais também mostram a vitalidade do setor de tecnologias da informação e comunicação (TICs) no país, que, de acordo com o representante do MCTI, cresceu 10,8% em 2013, enquanto a média global foi de 5,9%.
Ele acrescentou que, há dez anos, as pesquisas eram realizadas só nas universidades e hoje ocorrem também nas empresas. “Os alunos de pós-graduação não precisam ir só para as universidades”, analisou. Para o secretário, é preciso estreitar os laços entre os setores acadêmico e industrial, para transformar a pesquisa avançada em produtos e serviços.

Memorandos
O Brasil assinou memorandos de entendimentos com a Microsoft, a EMC², a Intel e a SAP para a instalação, no país, de quatro centros globais de pesquisa e desenvolvimento. Participam do encontro no Rio de Janeiro, além de representantes do governo federal e dessas empresas, executivos da Huawei, GE, Baidu, IBM Intel, ITV e Frescal e do centro de pesquisa em tecnologias da informação e comunicação CPqD.
Na abertura estiveram presentes o representante da Academia Brasileira de Ciências (ABC) Renato Machado Cotta, o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Computação (SBC), Lisandro Granville, e a coordenadora do Instituto Tércio Pacitti de Aplicações e Pesquisas Computacionais (NCE) da UFRJ, Cláudia Lage da Motta.

(MCTI)

Cresce número de crianças com mais de 4 anos na escola

Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (Pnad) de 2013
O número de crianças entre 4 anos e 5 anos na escola chegou a 81,2%, o que significa crescimento de 3,1 pontos percentuais a de 2012 (78,1%). Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (Pnad) de 2013, divulgada hoje (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já a taxa na faixa etária de 6 a 14 anos na escola, que corresponde ao ensino fundamental, chegou a 98,4%.
De acordo com a coordenadora da pesquisa, Maria Lucia Vieira, o aumento no número de crianças na escola pode estar relacionado ao fato de que mais mulheres estão entrando para o mercado de trabalho. “As crianças precisam ir mais cedo para as escolas e creches, e esse percentual cresce especialmente na Região Nordeste”, explicou. No Nordeste, a taxa nos primeiros anos escolares alcançou 86,9%, e junto com os 84,9% na Região Sudeste influenciaram a alta da média nacional. No Norte, o percentual era 67,9%; no Sul, 72,9%; e no Centro-Oeste, 72,1%,
A taxa de escolarização de adolescentes, entre 15 e 17 anos, alcançou 84,3% no ano passado, ante 84,2% no ano anterior. Entre os jovens de 18 e 24 anos, a taxa cresceu 29,3%, em 2012, para 30,1% no ano passado. Para pessoas com 25 anos ou mais, a taxa de escolarização manteve-se em 4,1%.
A proporção de estudantes com 4 anos ou mais de idade na rede pública de ensino era 72,9%. No ensino fundamental, 85,7% dos alunos estavam em escolas públicas, e no ensino médio, a proporção chegou a 86,8%. Somente 25,2% dos estudantes de nível superior, incluindo mestrado e doutorado, frequentavam instituições públicas.
Ao todo, 76,5% dos estudantes estavam na rede pública, no ano passado, equivalentes a 41,1 milhões de pessoas. O número médio de anos de estudo no Brasil era 7,7 anos em 2013, um pouco acima dos 7,5 anos registrados em 2012.
Houve aumento do número médio de anos de estudo em todas as regiões. A média mais alta é no Sudeste, com 8,3 anos, e a mais baixa no Nordeste, com 6,6 anos. A análise por sexo mostrou que as mulheres têm mais anos de estudo, em todas as regiões. Elas ficam, em média, 0,5 ano a mais na escola. Diferença que aumenta para 0,8 ano no Nordeste.
A Pnad é feita anualmente e revela dados sobre população, migração, educação, trabalho, rendimento e domicílios. Os resultados de 2001 a 2012 foram ponderados com base na última projeção da população.

(Flavia Villela / Repórter da Agência Brasil)

Revista Debates recebe submissões de artigos até 14 de dezembro para seu próximo número

A publicação da ABCP terá a próxima edição publicada em abril de 2015
A Revista Debates, v. 9 n. 1, que será publicada em abril de 2015 da Associação Brasileira de Ciências Políticas (ABCP) está aceitando trabalhos para o Dossiê “Metodologia(s) nas Ciências Sociais: Um balanço necessário”. Confira o texto da chamada abaixo:
Apesar de existir um conjunto significativo de publicações sobre metodologia de pesquisa, o uso de diferentes métodos para analisar informações e dados coletados seja numa dimensão qualitativa ou quantitativa parece estar aquém do necessário para formar recursos humanos com treinamento rigoroso no uso dessas técnicas. Nesse cenário, acreditamos que realizar um balanço do que tem sido alcançado em termos deavanços metodológicos é oportuno nas ciências sociais. Nos últimos anos tem se observado a proliferação de utilização das mais variadas e diferentes técnicas de análise de dados. No entanto, raramente encontramos discussões sobre as implicações do uso de metodologia X em relação à metodologia Y. Acreditamos ser oportuno (re) tomar esse debate no momento em que acontecimentos no mundo exigem um treinamento e conhecimento das diferentes técnicas de análise de fenômenos sociais, econômicos e políticos.
Nessa perspectiva, convocamos pesquisadores a submeter todo tipo de estudo relevante para uma melhor compreensão da teoria probabilística nas ciências sociais, bem como a lógica subjacente ao uso da metodologia qualitativa, as implicações do uso dessas técnicas, estudos de caso, o uso de técnicas específicas e implicações e obstáculos do uso de métodos nas ciências sociais. Trata-se, portanto, de refletir numa dimensão abrangente, o impacto do uso de diferentes métodos de análise no avanço das ciências sociais.
Outras informações podem ser encontrada na seção de submissão da revista: http://seer.ufrgs.br/debates/about/submissions#onlineSubmissions

(ABCP)

Pesquisas alertam para presença de agrotóxicos em alimentos

O estudo da UFMT, em parceria com a Fiocruz, mostrou que o número de trabalhadores com intoxicações por agrotóxico no Brasil dobrou em cinco anos
O uso de agrotóxicos na produção de alimentos, tema de debates e projetos de lei na Câmara dos Deputados, é também foco de pesquisas com resultados alarmantes. Estudo realizado pela Universidade Federal do Mato Grosso, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz, constatou a presença de 223 princípios ativos de agrotóxicos nos alimentos, dentre os 500 existentes.
Segundo a pesquisa, de 2012, 29% das amostras analisadas eram insatisfatórias; 36%, satisfatórias, mas com resíduo; e apenas 35% não apresentavam resíduo.
O estudo também concluiu que o número de trabalhadores com intoxicações agudas por agrotóxico no Brasil dobrou num período de cinco anos: passou de 5 mil em 2007 para 10 mil em 2012. No mesmo período, o número de mortes passou de 200 para 313. O custo do tratamento desse tipo de intoxicação varia de R$ 650 a R$ 26 mil.
Outra pesquisa, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, mostra que o alimento campeão de irregularidades é o pimentão: 89% das amostras analisadas em 2011 tinham problemas, a maioria por uso de agrotóxicos não autorizados. Depois do pimentão, aparecem a cenoura, o morango, o pepino, a alface e o abacaxi, dentre os alimentos com maiores índices de violações.
Estudos recentes comprovam que a exposição prolongada aos agrotóxicos causam ataques ao sistema nervoso, ao sistema imunológico, câncer, má formações, além de infertilidade. A ingestão de alimentos com restos de produtos químicos também pode provocar alergias e sobrecarga do fígado, entre outros problemas.
O Brasil é o maior consumidor de defensivos agrícolas do mundo: em 2012, o País consumiu 1 bilhão de toneladas de agrotóxicos e 6,9 milhões de toneladas de fertilizantes químicos.

Brasil Agronegócio
A Câmara já debateu em audiência pública o Plano Brasil Agronegócio, criado pelo governo federal no fim do ano passado com o objetivo de promover a transição da agricultura brasileira para um modelo mais sustentável, com menos uso de agrotóxicos.
O diretor-executivo de Transferência de Tecnologia da Embrapa, Waldir Stumpf Junior, que participou do debate na Câmara, em julho, lembrou que a empresa já oferece alternativas ao uso massivo de agrotóxicos. “Nós trabalhamos desde a recuperação de plantas, o fortalecimento de sistemas produtivos, a diversificação da matriz produtiva, até o manejo integrado de pragas e a busca de biofortificantes”, apontou.
A deputada Luci Choinacki (PT-SC) diz que a utilização de agrotóxicos em excesso já foi maior do que hoje. “Não se preparava ninguém para produzir alimento sem veneno. A pessoa saía da universidade preparada para colocar veneno.”
Água e alimentos
Professor do Departamento de Genética e Morfologia da Universidade de Brasília (UnB), o biólogo César Koppe Grisólia sugere ao consumidor que opte por alimentos orgânicos, quando houver opção de oferta e condição financeira, ou lave bem as verduras, frutas e legumes, com água e pequenas quantidades de hipoclorito de sódio (água sanitária). “Pesquisas da Unicamp mostram que, se houver uma boa higienização, os níveis de resíduos podem diminuir”.
O professor ressalta que não é só a qualidade de alimentos que preocupa. “Além de contaminar o solo, o agrotóxico contamina as águas dos rios e das represas que abastecem as cidades. O grande risco, hoje, não é só do alimento, é da água que a população está tomando. A questão fica mais séria.” Ele cita ainda pesquisas que já comprovam a maior incidência de Alzheimer e Mal de Parkinson entre pessoas que foram expostas a agrotóxicos em algum momento da vida.
Novos agrotóxicos
A Câmara analisa projetos de lei que limitam o uso de agrotóxicos no País. Por outro lado, a presidente da Comissão Nacional da Agricultura (CNA), senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), afirma que os agricultores não podem mais suportar a demora na regulamentação de novos defensivos agrícolas.
Durante o seminário Brasil Novo, realizado pela Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, Katia Abreu disse que, em razão do alto custo para registrar um agrotóxico no País, 99% das verduras e frutas consumidas por brasileiros possuem defensivos irregulares.

(Agência Câmara)