quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Astrônomos confirmam objeto mais remoto já detectado por telescópios


A equipe do Telescópio Espacial Hubble, da Nasa, registrou o objeto mais antigo já detectado por astrônomos. A galáxia UDFy-38135539 está a 13,1 bilhões de anos-luz de distância. A imagem foi divulgada nesta quarta-feira (20), na revista científica Nature.

A luz da galáxia demorou 13,1 bilhões de anos para chegar ao Sistema Solar. A idade estimada do Universo é de aproximadamente 13,7 bilhões de anos. O que é observado no centro da foto é a luz da galáxia depois de apenas 600 milhões de anos após o Big Bang.

O complexo nome do conjunto de estrelas vem da região observada, conhecida como "ultra deep field", com os números indicando a posição exata no espaço. Nesta região, o Hubble apresentou uma série de candidatas para astros mais distantes.

Após analisar as opções oferecidas pelo Hubble, a confirmação da condição de objeto mais remoto já observado veio após o trabalho de astrônomos usando o telescópio VLT (sigla para telescópio muito grande, em inglês) do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês).

Com o instrumento, os pesquisadores mediram o desvio para o vermelho da gálaxia, estimado em 8.6. Essa classificação significa que o objeto existia há 600 milhões de anos após o Big Bang.

O desvio para o vermelho diz respeito ao estudo da luz emitida pelo objeto no espaço. A decomposição da luz detectada, a análise do espectro, é a técnica mais precisa para saber a distância da galáxia do Sistema Solar. A luz é dividida em suas cores componentes e traços de higrogênio e outros elementos são procurados. Em inglês, o nome do desvio para o vermelho é redshift.

No caso da galáxia UDFy-38135539, os astrônomos do VLT observaram a região durante 16 horas para chegar às conclusões.

Há 13 bilhões de anos, o Universo ainda não era totalmente transparente e muita névoa de hidrogênio preenchia o espaço. Essa massa absorvia a radiação ultravioleta emitida pelas galáxias então em formação. É a chamada era da reionização, ilustrada na foto abaixo.

Ela durou entre 150 milhões e 800 milhões de anos após o Big Bang e recebe este nome por representar o período no qual a "cortina de fumaça" de hidrogênio foi dissipada pela radiação ultravioleta, originada das primeiras estrelas em formação.

Astrônomos do VLT ainda afirmam que um objeto com redshift de 10 chegou a ser estudado, porém a análise não foi conclusiva. Grande parte dos astrônomos considera o número como inválido.

Fonte: G1

Fonte alternativa atenuará gasto com térmica


O aumento da capacidade de geração de energia elétrica por fontes alternativas - biomassa, eólica e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) - e a antecipação do início da operação da usina de Santo Antônio, no rio Madeira, para dezembro de 2011, devem diminuir em R$ 4 bilhões o gasto com geração térmica no país até 2019.

A economia representa uma redução de 7,8% contra um cenário sem as fontes alternativas, segundo levantamento da consultoria Excelência Energética com base no Plano Decenal de Expansão de Energia 2019, da Empresa Pesquisa Energética (EPE). Isso porque, diferente das térmicas, essas usinas não requerem compra de combustível.

"Quando as usinas termelétricas são chamadas a operar, o gasto com combustível leva o preço da energia para patamares de R$ 600 o megawatt/hora, muito acima do preço das demais fontes, como a eólica, que foi vendida a R$ 130", diz Erik Rego, diretor da Excelência Energética.

Apesar dessa economia, o gasto com energia termelétrica continuará subindo, com um crescimento médio de 5% ao ano. De 2010 a 2019, o estudo estima que devem ser gastos R$ 49 bilhões com a operação de térmicas. Sem as fontes alternativas, a despesa seria de R$ 53 bilhões.

Em dez anos, a geração de energia térmica deve crescer 100%, o que vai representar um aumento de participação na oferta total do sistema de 4,6% para 6,4%. O plano decenal de energia, ainda em consulta pública, prevê que a entrada de novas usinas a gás encerra em 2014, e a óleo, em 2013. A geração de energia elétrica por fontes alternativas crescerá 146% até 2019, com sua representatividade no sistema passando de 8% para 13%. A hídrica, por sua vez, cresce apenas 41% no período, e tem sua participação reduzida de 84% para 78%.

O movimento já era esperado, pois com a construção de usinas hidrelétricas a fio d'água (sem reservatórios), a tendência é haver maior necessidade de acionamento de outras fontes principalmente no período seco do ano (de maio a outubro).

O impacto sobre o custo da geração de energia térmica começará em 2012, com queda de 12%, reflexo da antecipação da usina hidrelétrica de Santo Antônio, com geração de 2.140 megawatts (MW) médios.

A partir de 2013, a queda se acentua para um patamar de 20% com a entrada das fontes alternativas contratadas nos últimos leilões realizados em agosto. São 1159 megawatts (MW) médios de energia gerada a partir de PCHs, eólicas e biomassa a entrar no sistema a partir de 2013, gerados por 70 centrais eólicas, 12 termelétricas à biomassa e 7 (PCHs), um investimento de R$ 9,7 bilhões.

A redução no custo de geração térmica, porém, não deve representar alívio para os consumidores. A previsão, segundo Erik Rego, diretor da Excelência Energética, é de que o custo para o consumidor atendido pelas distribuidoras cresça entre 25% a 30% acima da inflação até 2015.

De 2015 a 2019, sem a perspectiva de entrada em operação de novas termelétricas, a expectativa é de que o custo fique estável. "Essa evolução não considera o valor dos investimentos, o que significa que o impacto sobre as tarifas deve ser ainda maior", diz Rego.

Para Maurício Tolmasquim, presidente da EPE, o uso das térmicas não deve ser visto como algo negativo. "A energia termelétrica faz parte do nosso sistema elétrico. Se ela é mais cara na geração, por conta do gasto com combustível, as demais têm os gastos com o investimento, que também influencia na tarifa", diz ele.

Segundo o planejamento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a participação das hidrelétricas na capacidade instalada do sistema elétrica passará dos atuais 74% para 70% em 2019. O peso das térmicas por sua vez, crescerá de 14% em 2010 para 15% em 2019. A diferença é preenchida pelas fontes alternativas - de 10% para 13%, sendo que a nuclear permanece com 2% de representatividade.

Paulo Pedrosa, presidente da Abrace, entidade que representa os grandes consumidores de energia, diz que o que interessa para a indústria é ver o preço final do insumo, o que envolve não só o custo da geração. "Além do combustível, temos o custo da transmissão, com a geração de energia em locais distantes, a venda de energia hidrelétrica mais barata no leilão sustentada por um preço maior no mercado livre ", diz o dirigente. Segundo ele, o setor está preocupado com o aumento de custo.

Flávio Neiva, presidente da Abrage, associação dos geradores de energia, critica a opção do governo em investir em usinas sem reservatórios. Segundo ele, essa escolha significa a redução da garantia fixa das hidrelétricas e a necessidade maior de uso de fontes mais caras. "Utilizar reservatórios traz vantagens como enfrentar períodos de hidrologia desfavorável e aproveitar outros usos, como o turismo", diz. (Samantha Maia)

Fonte: Valor Econômico

A conta da natureza

A ONU apresentou na quarta-feira (20/10) na Cúpula da Biodiversidade, em Nagoia, no Japão, uma forma inédita - e, espera-se, mais convincente - de calcular o valor dos serviços prestados pela natureza. O estudo ainda é preliminar, mas informa que só os insetos que polinizam plantas comestíveis prestam serviço avaliado em US$ 210 bilhões por ano.

Os corais - berçários de peixes e usados em turismo - proporcionam US$ 172 bilhões anuais. Cerca de 30 milhões de pessoas dependem diretamente de recursos vindos dos corais para viver.

Em sua versão mais avançada, o relatório "Economia de Ecossistemas e Biodiversidade" (Teeb, na sigla em inglês) trará o valor dos serviços prestados por sistemas mais complexos, como as florestas tropicais.

Preparado pelo Programa de Meio Ambiente da ONU (Pnuma), o relatório lembra que a perda de biodiversidade custa aos países cerca de US$ 5 trilhões anuais (número anunciado no início da semana) e que a destruição de ecossistemas causará crises sociais e econômicas.

- O tempo de ignorar a biodiversidade acabou. A invisibilidade econômica da natureza sempre foi um problema, estamos mudando isso. Os governos precisam entender que só têm a perder com atual modelo de desenvolvimento predatório. A preservação de espécies é uma questão de sobrevivência da nossa própria espécie - disse o principal autor do estudo, o banqueiro indiano Pavan Sukhdev.

O Teeb foi bem recebido por ambientalistas. Eles acreditam que, ao fornecerem números concretos, o Teeb muda a argumentação em favor da conservação da biodiversidade, ainda vista por muitos como menos importante do que o combate às mudanças climáticas.

- O Teeb é uma fonte sólida de argumentação e achamos que os ministros vão analisá-lo com atenção - disse Tove Ryding, do Greenpeace.

Outro relatório apresentado na quarta-feira em Nagoia listou as regiões e as espécies mais ameaçadas de extinção do mundo. Elaborado por um consórcio integrado por 68 instituições internacionais de conservação chamado Aliança para a Extinção Zero (AEZ), ele relaciona 587 lugares que são o último habitat das 920 espécies mais ameaçadas de plantas e animais.

O Brasil, um dos países megadiversos, é o terceiro em número de sítios em risco, com destaque para a Mata Atlântica.

Fonte: O Globo

Futuro da Amazônia será discutido em evento da Associação Interciência


"O Futuro da Amazônia" será o tema central do simpósio internacional aberto ao público que a SBPC e a Associação Interciência estão organizando nos dias 25 e 26 de outubro, no Hotel Tropical, em Manaus (AM). O evento reunirá palestrantes das Américas do Sul e do Norte em três painéis: bens e serviços ambientais; potencial da biodiversidade e desenvolvimento sustentável; e desafios ambientais.

Michel Bergeron, presidente da Interciência, associação que congrega diversas entidades e sociedades científicas de países das Américas, explicou que o encontro, promovido em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), deverá se pautar pelos interesses comuns de pesquisadores e professores em favor do progresso da ciência na região amazônica, o que, segundo ele, a SBPC já vem fazendo nos últimos anos "de modo muito eficiente e articulado".

"Não apenas a Amazônia, mas o Planeta como um todo é uma responsabilidade de todos nós. E se a humanidade deseja viver em harmonia, as decisões sobre as questões ambientais que serão tomadas nos próximos anos influenciarão diretamente a qualidade de vidas das populações", disse.

"O desmatamento na Amazônia, por exemplo, gera mais gases do efeito estufa na atmosfera, aumentando o problema das mudanças climáticas globais. A complexidade desse e outros problemas, como o excesso de veículos nas grandes cidades, faz com que, cada vez mais, as decisões tenham de ser tomadas em conjunto, especialmente entre grupos de governantes e de cientistas. E, certamente, as melhores soluções serão encontradas com base nos estudos científicos", apontou.

Bergeron lamentou, por outro lado, a falta de comunicação entre cientistas e gestores públicos, algo que segundo ele é um problema generalizado em todo o mundo. "Os cientistas, tradicionalmente, não são bons comunicadores. Na maioria das vezes precisamos da ajuda de intérpretes, os jornalistas, para que os resultados das pesquisas tenham aplicações práticas e possam chegar à sociedade civil", explicou.

A conferência de abertura do simpósio internacional da Associação Interciência, intitulada "The Amazon: overview and challenges", será proferida por Adalberto Luis Val, diretor do Inpa. Haverá ainda a entrega do prêmio em Ciências da Vida 2010 ao pesquisador Rodolfo Sánchez, professor emérito da Universidade de Buenos Aires, Argentina.

Entre os assuntos em pauta estarão "Biotecnological Issues", "Traditional populations in the Amazon: cultural diversity and the future", "Population health, biodiversity and sustainable development in the brazilian Amazon", "Infrastructure for research and biodiversityin the Amazon", "Sustainable mineral extraction industries in a sensitive bioma" e "Bio-innovation for the Americas".

Os presidentes da SBPC, Marco Antonio Raupp, e da Interciencia, Michel Bergeron, encerrarão o encontro com uma apresentarão de considerações e recomendações obtidas durante todo o encontro. "No final do encontro, esperamos chamar a atenção da comunidade científica para, entre outras coisas, a importância de uma maior colaboração internacional em torno dos assuntos de interesse da Amazônia, além de ressaltarmos a urgência da questão do desmatamento na região e da maior utilização de energias renováveis", concluiu Bergeron.


A vinda da delegação da Interciência será aproveitada para a realização do 36º encontro da associação, que ocorrerá no dia 24 de outubro, também em Manaus. A Associação Interciência, que congrega 18 países, foi criada com o objetivo de unir a comunidade científica das Américas para promover o desenvolvimento das nações e o bem-estar de seus povos.

A programação pode ser conferida no link:
http://www.sbpcnet.org.br/interc/interciencia.pdf

Mais informações: eventos@sbpcnet.org.br

Fonte: Assessoria de Imprensa


quarta-feira, 20 de outubro de 2010

UFSC lança programa para reduzir uso de papel na instituição


A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) deu início nesta segunda-feira, dia 18, a um programa que mudará as relações entre sua administração central, pró-reitorias, secretarias, centros, departamentos, cursos e setores.

A partir de um investimento de R$ 1,5 milhão, a campanha "UFSC sem Papel" quer substituir o papel pelo meio eletrônico na expedição de memorandos, nos procedimentos internos e nos processos envolvendo todas as instâncias administrativas da instituição. A previsão é de que o investimento no sistema se pagará em seis meses.

O reitor Alvaro Toubes Prata enviou um memorando aos servidores da UFSC pelo Sistema de Controle de Processos Administrativos Digitais. O ato, simbolicamente, marcou o início de uma mudança cultural na instituição, que paulatinamente vai trocar o uso do papel pela digitalização de documentos.

A campanha tem o objetivo de "sensibilizar a comunidade universitária diante dos propósitos de sustentabilidade, transparência e integração em rede que possibilitam a implantação dos sistemas de gestão digitais que estão sendo implantados na UFSC".

Luiz Alberton, secretário de Planejamento e Finanças (Seplan), explicou como o sistema será implantado. "O processo é gradual, pois exige uma mudança de comportamento". A previsão é que em 2011 estará funcionando plenamente. A tarefa, considerada árdua, está a cargo das equipes da Seplan e da Proinfra. "O projeto resolverá gargalos e agregará valor à administração da Instituição, demandando uma atualização da legislação interna", completou.

Para o reitor Alvaro Prata, o programa "significa um processo a mais em direção à universidade que queremos no século XXI, uma instituição ágil, desburocratizada e preocupada com as questões de sustentabilidade ambiental, com a eficiência administrativa e com a transparência".

"Vamos ganhar em transparência e agilidade, reduzir as despesas e promover um avanço considerável na instituição", defende o pró-reitor de Infraestrutura (Proinfra) da UFSC, João Batista Furtuoso. "Muitas vezes, o documento em papel demora um dia para chegar ao destino, o que deixa de acontecer com o meio eletrônico. Agora, será possível enviar tudo em tempo real, acompanhar a tramitação e sobrar providências se houver algum tipo de emperramento. Também os pregões, que antes demandavam dezenas de folhas em papel, serão realizados eletronicamente".

A universidade treinou, até agora, cerca de 400 pessoas, que são usuárias diretas do sistema, por meio da Pró-Reitoria de Desenvolvimento Humano e Social. Foram desenvolvidos quatro sistemas de computação para atender as rotinas de tramitação de correspondências, solicitações, compras, almoxarifado e patrimônio. A estimativa é de que os sistemas vão ser operados, em média, por 500 pessoas, diariamente.

O pró-reitor de Infraestrutura informa que os órgãos de controle externo, como a Controladoria Geral da União (CGU), terão facilitada a tarefa de acompanhar os processos internos da Universidade. Ele admite que poderá haver alguma rejeição, pelo hábito arraigado de utilizar papel em todos os procedimentos burocráticos, mas aposta no efeito dos treinamentos, que vão continuar, e nas reuniões com os demais pró-reitores, diretores de centro e chefes de departamento, a quem caberá a tarefa de difundir e estimular a utilização do sistema.

Quase mil árvores

Em 2009, a UFSC usou 13.388 resmas de papel. São quase 6,7 milhões de folhas A4 utilizadas em memorandos e processos, que equivalem a 33,7 toneladas de celulose. Para isso seriam necessários 127 metros cúbicos de madeira, que resultam do corte de 924 árvores com mais de sete anos de vida. Nessa conta não estão incluídos os outros usos de papel A4, como as cópias e impressos de livros. Essa economia se refletirá ainda na diminuição do uso de cartuchos de impressora, que também demandam recursos financeiros e naturais.

A implantação do sistema está dentro dos objetivos da Universidade do Século XXI, conjunto de metas criado pela atual administração da instituição imediatamente após a posse, em maio de 2008. O blog da campanha éhttp://sempapel.ufsc.br/

Fonte: Assessoria de Imprensa da UFSC

Elevar qualidade do ensino básico é a nova meta da Capes


Com um orçamento anual de R$ 2,7 bilhões para a concessão de bolsas de estudo para mestrado e doutorado e financiamentos na área de pós-graduação, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) agora volta suas ações para a educação básica brasileira.

O presidente da agência federal de fomento à pesquisa, Jorge Almeida Guimarães, explica que a baixa qualidade nos níveis fundamental e secundário e a formação precária dos professores das escolas públicas já comprometem o desempenho nos ciclos superiores e, consequentemente, o "crescimento chinês" da produção científica no país e da titulação de mestres e doutores, observado nos últimos anos. "Chegamos à necessidade de qualificar a educação básica usando o reconhecimento internacional e selo de qualidade da Capes", afirma.

Em entrevista ao Valor durante a 33ª Reunião Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped), Guimarães também revela que está em curso a formulação de um plano de expansão dos cursos de pós-graduação nas universidades federais do país e que os valores das bolsas da Capes (R$ 1.200 para alunos de mestrado e R$ 3.300 para os de doutorado) deverão ser reajustados no fim deste ano. [Nota da redação: o valor atual da bolsa de doutorado é R$ 1.800, e não R$ 3.300 como está publicado na matéria]

O presidente da Capes também admitiu que as metas de formação de mestres e doutores em engenharia, contempladas no Plano Nacional de Pós-Graduação 2005-2010 (PNPG), não serão cumpridas e que o novo plano será apresentado em novembro e terá metas incorporadas ao Plano Nacional da Educação (PNE), que o Ministério da Educação deverá encaminhar ao Congresso Nacional depois das eleições.

A seguir, os principais trechos da entrevista:

- Qual é o momento da pós-graduação brasileira hoje?

De crescimento chinês, tanto em cursos novos, como em titulação de mestres e doutores. A pós-graduação abriu grandes perspectivas para avanços dos jovens. Ao longo dos últimos 50 anos, a ciência evoluiu tremendamente no mundo, e raras exceções da graduação têm condições de terminar a formação de uma pessoa para os avanços técnico-científicos. Por conta disso há uma grande demanda em pesquisa e especialização hoje.

- Quais são os setores estratégicos focados pelas políticas de fomento à pesquisa?

Até 1989, o Brasil tinha feito apenas três planos de abrangência nacional para a pós-graduação. Ficamos 15 anos sem um plano. Assumi a Capes em fevereiro de 2004; em maio nomeei uma comissão de alto nível, com representantes da comunidade científica e das fundações de fomento estaduais; em outubro ficou pronto o plano para período 2005-2010. Nele colocamos as prioridades: engenharia, computação, depois ciências agrárias e depois as outras, que crescem por elas mesmas.

- Formação de engenheiros ainda é um gargalo...

Sem engenharia o país não avança, as engenharias têm o poder de gerar empreendedorismo, novas empresas, emprego e distribuição de renda. Estamos num estágio muito defasado, não do ponto de vista qualitativo, mas quantitativo. Ainda hoje no Brasil, as engenharias representam 6% das graduações e 11% das pós-graduações. Nos nossos concorrentes - Cingapura, Espanha, Turquia, China -, as engenharias ocupam mais de 40% da formação de nível superior.

- Há metas para as prioridades? Estão sendo cumpridas?

Há metas para todas as áreas, a única meta que não vamos atingir é a das áreas prioritárias, que era formar, a partir de 2010, 2,9 mil doutores por ano em engenharia e computação, juntas. Ficamos um pouco acima da metade da meta. Outro objetivo, que era absorver pessoal, atingimos de sobra, abrimos muitos concursos.

- O que houve?

O Brasil explodiu, a demanda por engenheiros cresceu muito, o mercado está contratando, a bolsa não compete. Trazer alunos para a pós-graduação em engenharia e computação ficou difícil. Nesse contexto, estamos fazendo outro plano agora, e percebemos que também é preciso atacar as graduações de engenharia.

- Aumentar o valor das bolsas ajudaria?

Tivemos duas atualizações depois de dez anos sem reajustes. Falar alguma coisa sobre isso nessa época é ruim, mas seguramente na virada do ano vai precisar ter mais uma atualização.

- O próximo Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) terá o mesmo formato do atual?

Fica pronto em novembro, a diferença é que não será mais de cinco anos, mas de dez anos: 2011-2020. O ministro [da Educação, Fernando Haddad] pediu para incorporar algumas metas do nosso plano ao Plano Nacional da Educação (PNE).

- A Capes também passa a atuar nas políticas de educação básica. Qual é a lógica disso?

O fomento à pesquisa deu certo no Brasil, veja a Embrapa, as tecnologias bancárias e de exploração do petróleo. A pós-graduação avançou, mas deixamos muita gente boa para trás na educação e na ciência, muitos Ronaldinhos e muitos Neymares. Não dá para ser assim. Chegamos à necessidade de qualificar a educação básica pela Capes.

- Como colocar em prática essa proposta?

Trabalhando em cima de um diagnóstico: quantos professores de física para o secundário o país precisa - veja que estamos falando apenas de uma disciplina, mas a atuação será em todas. Levantamos quantos alunos se graduaram na licenciatura de física em 25 anos, quantos estão atuando e quantos estão se formando hoje. Conclusão: precisaríamos de 86 anos para formar o número de professores de física necessários hoje. Vamos trabalhar com vários mecanismos para corrigir isso. Primeiro, preparar melhor os professores que estão atuando, com um pacote de ações de educação continuada em parceria com Estados e municípios. Depois pretendemos formar na graduação os muitos docentes que ainda são leigos, com a Capes chamando as universidades e montando cursos de licenciatura a distância na Universidade Aberta do Brasil (UAB). São 700 polos presenciais, que complementam a atividade a distância, e vamos chegar a mil, praticamente um polo para cada cinco municípios. O bolsista da Capes ganha outra bolsa para ajudar nesse processo, atuando como professor no polo presencial. Atualmente, são 140 mil professores formados e em curso e serão 340 mil até o fim de 2011.

- Está em curso a implementação de um plano de expansão da pós-graduação no país, a exemplo do que ocorreu em 2007 na graduação, com o Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni)?

O assunto está na pauta de novo, envolve muita gente. Chama-se PG-Ifes (Pós-Graduação-Instituições Federais de Ensino Superior). A universidade não pode depender do período de mandato do atual administrador, precisa de planejamento de dez anos e deve se voltar para sua vocação. A Universidade Federal de Rio Grande, por exemplo, está vocacionada para o mar, para a atividade de estaleiros, plataformas de petróleo. No semiárido nordestino, a instituição também precisa seguir sua vocação natural. Então o PG-Ifes permite que a universidade se planeje para suas vocações e aí o governo financia isso, com contrapartidas de mais vagas para concursos, mais bolsas de formação, mais programas induzidos.

- Como o sr. avalia o envolvimento do setor empresarial na área de pós-graduação e na produção de pesquisa e inovações?

Há muitos segmentos que não acordaram para isso, as empresas vão precisar entrar no financiamento de bolsas para pegar o que há de melhor. A grande dificuldade é fazer as empresas entenderem que sem recurso humano qualificado é difícil competir.(Luciano Máximo)

Fonte: Valor Econômico

Amorim: 'Mercosul foi questão de honra para Lula'

Em seu discurso de segunda-feira (18) frente ao Parlamento do Mercosul (Parlasul), o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, chamou a atenção dos parlamentares e ministros para a atuação do presidente Luis Inácio Lula da Silva no que se refere ao Mercosul e criticou os que chamou de "descrentes" da integração. Mencionou também os que alimentaram falsas rivalidades entre os países para dividi-los e manter hegemonia econômica na região.

Depois de lembrar que o bloco está próximo de completar 20 anos, e pedir uma reflexão sobre o caminho percorrido e o futuro do Mercosul, o chanceler brasileiro assinalou que Lula fez da integração da América do Sul "a prioridade número um da política externa brasileira.

- O presidente Lula transformou o fortalecimento do Mercosul em uma questão de honra do seu governo - afirmou Amorim.

De acordo com o chanceler, a próxima Cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu, no dia 17 de dezembro, será carregada de simbolismo para o Brasil, pois coincidirá com a conclusão dos oito anos do governo Lula, numa conjuntura que classificou de "francamente favorável às economias" de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai e ao projeto de integração regional.

- Estamos organizando os eventos da Cúpula de maneira a refletir este momento especial - anunciou Amorim, que garantiu a presença de Lula no evento. 

Solidariedade 

De acordo com o ministro das Relações Exteriores, em 8 anos de governo Lula, o Brasil investiu em "uma nova concepção da integração regional" mesclando os aspectos econômicos e sociais dentro de um "agudo sentido de solidariedade".

De acordo com o chanceler, na última crise econômica mundial, em 2008 e 2009, os países do bloco agiram de maneira bastante semelhante em termos de políticas econômicas e sociais, o que os ajudou a superar o quadro de estagnação que tomou conta dos Estados Unidos e da Europa.

- Com políticas sociais e econômicas que robusteceram nossos mercados domésticos e com a diversificação de nossas parcerias comerciais, os nossos Estados enfrentaram a crise financeira internacional e mantiveram o dinamismo econômico que se vinha acumulando nos últimos anos - disse Amorim.

Ex-quintal

Segundo ele, em 2010, esses países crescerão, em média, 7%, segundo dados da Comissão Econômica para a América latina e o Caribe (Cepal). O Paraguai avança para a taxa de 10% de crescimento e o comércio dentro do bloco deve superar as cifras recordes de 2008.

- Deve ser motivo de orgulho para todos nós o fato de que a capa da revista britânica The Economist recentemente reproduziu o mapa da América do Sul numa imagem que diríamos estar de cabeça para baixo, com o título de "América do Sul não é mais quintal de ninguém" - ilustrou o ministro brasileiro.

Fonte: Nelson Oliveira / Agência Senado

UERN realiza I Encontro do Projeto Cajusol - Cadeias Produtivas do caju e do girasol no RN


A Universidade do Estado do Rio Grande do Norte e o projeto Cajusol divulgam o I Encontro de Cadeias Produtivas do Caju e do Girassol no RN, que acontecerá amanhã, 21, a partir das 1h30, no Auditório da Faculdade de Serviço Social (FASSO), Campus Central.

O projeto CAJUSOL tem como proponente o Governo do Estado do Rio Grande do Norte, na qual a UFRN é a executora e coordenadora geral, tendo como co-executores a UERN, UFERSA e EMPARN. Financiado pela FINEP, tendo a FAPERN como executora financeira.

As ações do Projeto CADEIAS PRODUTIVAS DO CAJU E GIRASSOL DO RN: tradição e inovação na perspectiva da economia solidária e tecnologia social - CAJUSOL propõem difundir aos gestores públicos dos municípios de Mossoró e Serra do Mel, pertencentes ao Território Assu/Mossoró; de Caraúbas, Apodi e Severiano Melo, pertencentes ao Território do Sertão do Apodi; e de Cerro Corá e Lagoa Nova, pertencentes ao Território do Seridó.

Quinze comunidades serão beneficiadas e contarão com o apoio de mobilizadores sociais dos Territórios e equipes executoras, que irão fortalecer as parcerias institucionais visando a institucionalização das ações a serem desenvolvidas num período de dois anos.

O sub-projeto CAJUCULTURA SOLIDÁRIA DO SERTÃO/RN -CPCRN, tem como objetivo fortalecer a cultura do caju, fruta da agricultura familiar, através de ações extensionista e de pesquisa, difundindo práticas inovadoras e de transferência pautadas na economia solidária, na sustentabilidade social, na inclusão social, entre outros conceitos que expressam a conquista da cidadania dos agricultores rurais, tendo a UERN, UFERSA e EMPARN como coexecutores.

PROGRAMAÇÃO

21 de outubro de 2010 
LOCAL: Campus Central da UERN
Auditório da Faculdade de Serviço Social - FASSO
Horário: 14 h 30 min
Mesa de abertura
Coordenador geral do Projeto CAJUSOL
Gestores públicos municipais
Representantes das Instituições co-executoras
Horário: 15h30min
Apresentação do PROJETO CAJUSOL
Coordenador Geral Prof. Dr. Celso Donizete Locatel - UFRN
Co-executores do sub-projeto Cajucultura Solidária do Sertão - RN
Prof. Dr. Gleidson Vieira Marques - UFERSA
Profª. Dra. Suzaneide Ferreira da Silva Menezes - UERN
Eng. Agrônomo Dr. José Simplício de Holanda - EMPARN
Horário: 16h30min
Palestra (Economia Solidária)
Prof. M.Sc. Maria Elza de Andrade - UERN
Horário: 17h30min
Encerramento
por: Mário Gerson Fernandes de Oliveira

Proposta de Mestrado Interinstitucional em Direito é aprovada pela CAPES

A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação PROPEG/UERN divulgou na tarde de hoje, 20, o recebimento do ofício No 007-12/2010/MINTER/DINTER/CAAH/CGAA/DAV/CAPES, de 29 de setembro de 2010, assinado pelo Diretor de Avaliação da Coordenação de Acompanhamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, Professor Livio Amaral, que aprova a realização do Mestrado Interinstitucional - MINTER em Direito, que terá como Instituição Proponente a UFRN e Instituição Receptora a UERN.

"Este projeto foi submetido desde outubro de 2009. Na sua proposta original, constava a UFRN como Instituição Promotora, a UERN, como Instituição Receptora e a ESMARN, como Instituição Associada. No entanto, a proposta não foi aceita", comenta o Pró-Reitor Dr. Pedro Fernandes Ribeiro Neto.

Segundo o Pró-Reitor, a UERN tem a convicção da importância do seu curso de graduação em Direito. Também sabe da dificuldade dos seus professores em se capacitar. Ação esta indispensável para o Ensino Superior. "Assim, insistimos para a realização do MINTER, buscamos fonte de financiamento junto à FAPERN, bem como fomos à CAPES apresentar justificativas da importância desse programa para nossa Região", ressalta.

Agora, a proposta é aprovada e assegura 16 vagas para professores efetivos da UERN, com graduação em Direito. A previsão de início deverá ser em março de 2011. O edital a ser lançado deverá ser discutido entre as IES envolvidas.por: (Mário Gerson Fernandes de Oliveira)

Fonte: Agecom-UERN

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Dez anos para salvar a natureza

Espécies são extintas num ritmo mil vezes maior do que o natural, minando a estabilidade de ecossistemas ao redor do planeta, causando prejuízos avaliados em até US$ 5 trilhões anuais e ameaçando nossa própria existência. O alerta dramático foi ouvido na segunda-feira (18/10) por representantes de 193 países na abertura da 10ª Conferência das Partes sobre Biodiversidade (COP-10), um dos encontros ambientais mais importantes do ano, em Nagoia, no Japão.

Até o próximo dia 29, eles tentarão chegar a um acordo sobre um plano estratégico para interromper, num período de dez anos, a destruição das bases da natureza que sustentam a vida do homem. Para isso terão que superar uma série de divergências entre os países em desenvolvimento e as nações mais ricas do mundo.

O problema é que não há mais tempo para um novo fracasso, como o que ocorreu no ano passado, na conferência da ONU sobre mudanças climáticas.

- Estamos atingindo o ponto limite, depois do qual não teremos mais como reverter a perda da biodiversidade - discursou o ministro do Meio Ambiente do Japão, Ryu Matsumoto, que preside a conferência e tem o desafio de mostrar que seu país, muito criticado pelos ambientalistas, pode liderar a discussão.

- Se não dermos passos decisivos agora, cruzaremos este ponto em dez anos. Vamos adotar ações combinadas, como uma comunidade internacional, acertando metas ambiciosas e realistas - pediu.

Quinze mil pessoas participam do encontro em Nagoia, fazendo da COP-10 a convenção de biodiversidade mais disputada dos últimos anos, com a presença de governos, empresas e sociedade civil. Mesmo assim, é evidente que o tema não desperta a mesma atenção que o aquecimento global, assunto que domina a agenda ambiental internacional, embora um esteja ligado ao outro - as duas convenções nasceram juntas, na Rio 92.

O primeiro dia da COP-10 foi marcado pela distribuição farta de origamis - um símbolo do Japão -, menos manifestações ecológicas do que seria de se esperar e apelos para que os nós sejam desatados e metas para proteção de terras e águas sejam aprovadas, antes que seja tarde.

Um indício de que a reunião de Nagoia não é vista com a mesma importância dada à conferência de Copenhague, em 2009, é o fato de que os países serão representados por ministros e não chefes de Estado.

- Estamos destruindo a própria fundação que permite a vida neste planeta, mas quando realizamos fóruns como este, a sociedade ainda tem dificuldades para entender o que estamos fazendo aqui e por que isso importa - alertou o diretor do Programa Ambiental da ONU, Achim Steiner.

A discussão central para o Brasil, líder do grupo de 17 nações que detêm 70% da biodiversidade da Terra, é a aprovação de um tratado sobre o acesso a recursos genéticos para uso comercial ou pesquisas e a distribuição dos ganhos obtidos com essas operações, o chamado Tratado ABS (do inglês access and benefit sharing).

O princípio foi discutido pela primeira vez em 92: os países detentores de riquezas naturais querem garantias de que serão recompensados pela exploração de seus recursos por indústrias, como as de medicamentos e cosméticos, por exemplo. Mas as divergências nunca foram superadas.

- É um tema absolutamente crucial. As discussões estão mais maduras, mas se não houver acordo sobre o Tratado ABS, a COP-10 será um fracasso - concordou a alemã Cristine Von Weizsacker, da CBD Alliance, grupo que reúne várias ONGs ligadas à proteção da biodiversidade.

Outro ponto defendido pelo Brasil é a criação de um fundo com doações do mundo desenvolvido para garantir as iniciativas de proteção da natureza, como projetos de reflorestamento. Não há dúvidas de que metas de proteção precisam ser estabelecidas, mas não está claro se a conferência de Nagoia conseguirá aprovar um percentual a ser seguido.

As ONGs defendem que pelo menos 20% das áreas terrestres sejam transformadas em santuários ecológicos, protegidos da ação do homem. O Japão fala em 15% de terras e zonas marinhas. A China, a princípio, só aceita discutir a proteção de 6% dos oceanos.

Países em desenvolvimento temem que percentuais muito elevados atrapalhem o seu crescimento econômico.

- Não é uma questão de números, mas de responsabilidades - ponderou o argelino Ahmed Djoghlaf, secretário-executivo da COP-10. - A ideia é que as partes transformem em ações nacionais as metas decididas aqui, fazendo delas prioridade entre 2011 e 2020. O número da China não pode ser o mesmo do Haiti - exemplificou. (Claudia Sarmento)

Fonte: O Globo

Qualidade de ensino evolui mais no ciclo fundamental



Mais de 3,5 mil cidades já superam meta fixada pelo Ideb


O mais importante indicador educacional do país mostra que a qualidade da educação nos últimos anos avança mais rapidamente no ciclo fundamental e apresenta melhora limitada no ensino médio. Mais de 3,5 mil cidades brasileiras superam - com folga em muitos casos - a atual meta (nota 4) do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) nos anos iniciais da vida escolar.

Esses municípios apostaram em uma combinação de políticas públicas que inclui reforma e construção de escolas, renovação maciça de material pedagógico e compra de equipamentos, elaboração de planos municipais, planejamento e monitoramento, incentivo à formação e atualização de professores, atenção ao transporte de alunos, aumentos salariais e adoção do modelo de educação em tempo integral.

Embora longe da gestão, o Ministério da Educação (MEC) aumentou o controle sobre o ensino básico, ampliando os convênios e programas dirigidos aos municípios e também elevando os repasses de recursos, muitas vezes feitos diretamente na conta corrente da escola.

"Nos últimos anos, o MEC começou a intensificar iniciativas de articulação com os municípios, com dinheiro e apoio técnico. Isso acontece menos com os governos estaduais, porque a relação política tende a ser mais tensa. O contato com as prefeituras é diferente, elas precisam mais do MEC", analisa Ocimar Munhoz Alavarse, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).

A nota média do Ideb das escolas públicas do primeiro ciclo do ensino fundamental, de competência das prefeituras, subiu de 3,6, em 2005, para 4,4 no ano passado. Na esfera estadual, a nota do nível médio variou num ritmo bem menos intenso no período, de 3,1 para 3,4, pouco acima da meta de 3,2.

O Ideb é calculado a cada dois anos, a partir do cruzamento de dados de aprovação e evasão com avaliações de proficiência em português e matemática. A partir das notas de cada biênio, o governo traça metas para os dois anos seguintes. O objetivo é chegar em 2021 com Ideb de 6 - patamar educacional da média dos países da OCDE.

Maria do Pilar Lacerda, secretária de Educação Básica do MEC, reconhece que, atualmente, a organização e o currículo do ensino médio estão defasados. "Costumo dizer que são alunos de uma geração digital para uma escola analógica. Os que estão no ensino médio hoje entraram numa escola completamente diferente há dez anos e sabemos que leva tempo para os indicadores começarem a mostrar melhoria, que chega primeiro nos anos iniciais e vai chegando como onda nos ciclos finais", explica.

Citando o Enem e o programa Ensino Médio Inovador (EMI), Maria do Pilar ressaltou que o MEC mantém políticas concretas para o último ciclo da educação básica. "Repassamos R$ 100 milhões por meio do EMI para as secretarias estaduais reforçarem suas ações, aumentando em 20% a carga horária das aulas, criando disciplinas optativas e atividades extracurriculares, com ênfase na leitura, e incentivando a dedicação exclusiva dos professores."

O programa tem hoje adesão de 350 escolas e deve ser ampliado em 2011. O professor Avalarse diz que os maiores desafios do ensino médio estão no atendimento. "O país consegue matricular bastante no primeiro ano, mas perde muita gente no decorrer do ciclo. O Ideb não vai melhorar, se a evasão continuar."

Tida como uma arma para melhorar a educação pública, o ensino integral já é realidade em 377 municípios brasileiros, entre eles Santos, no litoral de São Paulo, Cuiabá (MT) e Teresina (PI). Todos recebem recursos do programa federal Mais Educação e se destacaram no Ideb. "[O ensino integral] É uma tendência mundial, uma resposta para os problemas concretos da educação", diz Terezinha do Nascimento, diretora da Escola Municipal Padre Waldemar Martins, em Santos.

Aberta no ano passado, a escola recebe 290 alunos de 1ª à 5ª série, das 7h30 às 17h30. Fora do horário regular de aulas, as crianças têm cinco refeições diárias e participam de oficinas de línguas e artes, fazem atividades físicas na quadra e na piscina, cuidam de uma pequena horta comunitária e têm tempo para brincar no pátio e no playground.

"Gosto mais daqui do que da outra escola que estudava, fico triste porque não venho no fim de semana", conta João Felipe, de oito anos, na 3ª série. Sua professora, Renata Benetti Cunha destaca a convivência. "A oportunidade de aprendizagem é maior, porque a estrutura permite e o convívio é muito melhor, trabalhamos mais o senso de cooperação", diz.

Com 20 anos de experiência na rede pública tradicional, a diretora se surpreendeu com o rendimento dos alunos. "Nosso Ideb só sai em 2011, porque a escola é nova, mas as avaliações internas estão ótimas", complementa Terezinha. No total, Santos conta com seis novas escolas de ensino integral. As outras 36 escolas regulares da rede municipal, por falta de recursos e estrutura adequada, foram convertidas ao modelo graças a parcerias com clubes, igrejas e associações de bairro. Os alunos dessas unidades também têm atividades paralelas fora do horário de aulas em 22 núcleos espalhados pela cidade.

Sueli Maia, secretária municipal da Educação, está convencida que a maior permanência do aluno na escola é uma das respostas para o avanço acima da média do Ideb dos anos iniciais do ensino fundamental da rede municipal de Santos, que subiu de 4,4 para 5,3 entre 2005 e 2009.

"Dados mostram que aulas de teatro ou a prática do xadrez contribuem para melhorar o desempenho em português e matemática", exemplifica. Ela cita outras políticas implementadas pela prefeitura, que ajudam a melhorar o ensino, como a abertura das escolas nos fins de semana, o pagamento acima do piso nacional e a oferta de bolsas de estudo para professores.

A melhora da educação pública de Teresina também chama atenção. A nota do Ideb para o ciclo final do ensino fundamental cresceu de 3,9, em 2005, para 4,7 no ano passado, ficando bem acima da meta do MEC (4,1). O secretário da Educação da capital do Piauí, José Ribamar Torres, conta que o desempenho é consequência de pelo menos 20 anos de trabalho focado no planejamento e monitoramento da atividade pedagógica da rede.

"Equipes da secretaria visitam as escolas diariamente e avaliam e discutem a performance dos professores na sala de aula. A partir daí definimos estratégias específicas de capacitação", conta Torres. Os professores com defasagem frequentam semanalmente um centro de treinamento, onde participam do Horário Pedagógico. "São oficinas focadas nos problemas identificados em sala de aula", relata o secretário, que comanda uma rede com 147 escolas, 85 mil alunos e 2,5 mil professores.

Em Cuiabá, no Mato Grosso, além da adoção progressiva da escola em tempo integral, o avanço do Ideb é atribuído a políticas de gestão e à formação dos professores. "Aprovamos nosso plano municipal de educação (PME) em 2007, desde então percebemos que as coisas estão andando, embora haja muito a ser feito", assinala Permínio Pinto Filho, secretário municipal da Educação.

O PME da capital mato-grossense, diz ele, está centrado em três pilares: gestão, currículo e formação. "Cada escola tem um plano de gestão, que trata da questão da infraestrutura aos problemas sociais dos alunos e suas famílias. Os currículos são atualizados anualmente e não temos professores sem diploma de curso superior desde 2005, incluindo a zona rural", conta o secretário.

Em Parintins, segunda maior cidade do Amazonas, as iniciativas que ajudaram a melhorar o Ideb são estruturais, explica Maildson Fonseca, titular da Secretaria Municipal da Educação. "Fizemos os investimentos corretos, nos últimos três anos. Foram construídas 4 escolas na zona urbana e 16 na zona rural, e a maioria das 143 unidades educacionais foram reformadas e ampliadas. Também melhoramos o sistema de transporte da grande maioria dos alunos, que vai de barco para a escola." Segundo Fonseca, a maioria desses investimentos é custeada por convênios firmados com os governos federal e estadual.

Repasses do MEC ao ensino básico cresceram 180% em 5 anos

A evolução da qualidade da educação brasileira, principalmente nas pequenas cidades, depende cada vez mais do dinheiro do Ministério da Educação (MEC). Em cinco anos, os repasses dos três principais programas de apoio ao ensino básico aumentaram mais de 180% em termos nominais.

Neste ano, os recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), que injeta verbas na conta corrente da unidade escolar para melhorias de infraestrutura e gestão, do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e do Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (Pnate) somam R$ 5 bilhões.

Em 2005, Estados e municípios receberam cerca de R$ 1,8 bilhão. Considerando outros seis programas importantes, entre os mais de 20 gerenciados pelo MEC, os recursos federais repassados a governos estaduais e prefeituras em 2010 superam a marca de R$ 15 bilhões.

"Não se trata de uma relação de dependência, é o nosso papel. Está na Constituição: a União tem obrigação de complementar e colaborar técnica e financeiramente com Estados e municípios", afirma a secretária de educação básica do MEC, Maria do Pilar Lacerda.

O secretário de Educação de Teresina, José Ribamar Torres, disse ao Valor que os recursos federais respondem por quase 80% do orçamento total da pasta, que chegou a cerca de R$ 240 milhões neste ano. "É dinheiro para pagamento de salários, reformas, merenda. A capital do Piauí tem arrecadação baixa, logo os recursos federais são decisivos para fazer qualquer política de educação."

Ele sugere que a política salarial da educação municipal seja federalizada. "O maior problema que enfrentamos é a rotatividade de professores. Muitos se licenciam, fazem outros concursos para ganhar mais e não temos autonomia para pagar bons salários e abrir contratações sempre que precisamos", afirmou Torres.

Em Cuiabá, no Mato Grosso, o secretário da Educação, Permínio Pinto Filho, diz que os repasses federais do MEC estão perto de R$ 90 milhões. "É uma parcela importante, entre 40% e 45% de tudo que investimos na capital."

Sueli Maia, secretária da Educação de Santos, cobra mais recursos federais para o setor. "O antigo Plano Nacional de Educação não conseguiu atingir suas metas por falta de investimento, não adianta traçar metas se não falar em maiores e novas fontes de investimentos. A União tem papel importante nisso, principalmente com a perspectiva das receitas que virão do pré-sal - 50% devem ser destinadas à educação."

Ela destaca o aumento do orçamento do MEC nos últimos anos. Os recursos administrados pela pasta triplicaram em termos correntes entre 2003 e 2010: de R$ 19 bilhões para R$ 60 bilhões.

Segundo Sueli, a ampliação dos investimentos federais já surte efeito na qualidade. Criado em 2007 para unidades educacionais com baixo desempenho no Ideb, o Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE-Escola) teve seus recursos incrementados de R$ 49,5 milhões para R$ 370,1 milhões em três anos. A secretária diz que "60,9% das escolas priorizadas pelo programa apresentaram resultados melhores no Ideb 2009 em relação à nota de 2007. Dessas, 40% apresentaram resultado igual ou maior à média nacional." (Luciano Máximo)

Fonte: Valor Econômico