terça-feira, 17 de maio de 2011

Mast tem projeto para valorizar patrimônio de Ciência e Tecnologia no Brasil

 
Com previsão de término para 2013, o estudo pretende pesquisar o patrimônio da C&T no País, levantando conjuntos de objetos de ciência e tecnologia, candidatos a integrar parte de um inventário nacional do patrimônio.

O Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast) desenvolve, desde 2010, o projeto Valorização do Patrimônio Científico e Tecnológico Brasileiro, trabalho realizado sob a coordenação de Marcus Granato, coordenador de Museologia do Mast, e a participação de 14 pesquisadores dos estados da Bahia, de Minas Gerais, de Pernambuco, do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, além de 18 alunos de graduação, com colaboração internacional de Marta Lourenço, da Universidade de Lisboa, e Pedro Ruiz-Castel, da Universidade de Valencia.

Com previsão de término para 2013, o estudo pretende pesquisar o patrimônio da ciência e tecnologia (C&T) no País, realizando um levantamento dos conjuntos de objetos de C&T, candidatos a fazerem parte de um inventário nacional do patrimônio.

Além disso, o projeto pretende discutir o conceito de patrimônio de C&T, pesquisar as formas atuais de sua proteção nas leis brasileiras, identificar grupos de objetos para elaborar um primeiro inventário nacional desses conjuntos de objetos de C&T no Brasil, produzir conhecimento sobre grupos de instrumentos a serem selecionados e contribuir para a socialização deste patrimônio, por meio de publicações, palestras e exposições sobre o assunto.

O projeto se desenvolve com apoio financeiro do CNPq e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).

Alguns resultados já foram apresentados no 11º Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (Enancib), em outubro de 2010. Dados preliminares dos levantamentos de objetos de ciência e tecnologia existentes pelo País registraram a existência de cerca de 35 mil peças, sem contar as coleções das instituições que ainda não têm uma catalogação de seu patrimônio. Como o projeto ainda está em andamento, não há um cálculo preciso do montante de objetos encontrados até o momento, porém os pesquisadores confirmam um aumento significativo em relação aos resultados encontrados em 2010.

Outro resultado importante foi a defesa de uma dissertação de mestrado, no âmbito do projeto e dentro do Programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio (Unirio/Mast), sobre o conjunto de instrumentos científicos existente no Observatório do Valongo (UFRJ).

"Os testemunhos materiais do patrimônio de C&T no Brasil estão, em sua grande maioria, para serem descobertos. O conhecimento atual sobre o tema é restrito e são poucas as iniciativas para seu estudo e dinamização. O estudo dos objetos que fazem parte desse patrimônio pode nos revelar aspectos sociais, econômicos e culturais das sociedades em que foram produzidos e/ou utilizados", relata Marcus Granato, responsável pelo projeto.

Parte do esforço da equipe para socializar os acervos de C&T foi projetar e montar no Mast, em 2010, com apoio do CNPq, do Colégio Pedro II, do Museu Dinâmico de Ciência e Tecnologia, do Museu de Ciência e Técnica da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), do Museu da Escola Técnica e do Museu da Escola Politécnica, a exposição Tesouros do Patrimônio da Ciência e Tecnologia no Brasil.

A mostra reúne 45 importantes objetos que contam um pouco da história da Ciência e Tecnologia no Brasil, oriundas do Museu de Ciência e Técnica da Ufop, o Museu Dinâmico de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), o Museu da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Laboratório de Física do Colégio Pedro 2º, além do próprio Mast.

Os interessados em saber mais sobre o projeto Valorização do Patrimônio Científico e Tecnológico Brasileiro podem consultar a página principal do site do Mast, onde o projeto está apresentado na íntegra. Lá estão os currículos dos pesquisadores e alunos participantes do projeto, textos e links relacionados ao tema. Os pesquisadores envolvidos divulgam também os progressos feitos durante o processo de levantamento do patrimônio das instituições visitadas. A exposição Tesouros do Patrimônio da Ciência e Tecnologia no Brasil também tem uma versão online disponível no site do projeto.
 
Fonte: Ascom Mast
 

CTNBio realiza audiência pública para discussão do feijão transgênico

Em caráter excepcional, a Comissão promove neste mês as reuniões 
setoriais na sede da Embrapa.
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) realiza hoje (17), em Brasília, na sede da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em caráter excepcional, as reuniões setoriais das áreas vegetal e ambiental e de saúde humana e animal. As reuniões ocorrerão pela manhã. No período da tarde haverá uma Audiência Pública para discussão do feijão transgênico.

Amanhã (18), ocorre a Reunião Ordinária no Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), que normalmente é realizada às quintas-feiras. As pesquisas envolvendo o organismo geneticamente modificado são de responsabilidade da Embrapa Arroz e Feijão e Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. A variedade em processo de análise na CTNBio é resistente ao Mosaico Dourado-Evento Embrapa.

Na pauta da 142ª Reunião Ordinária constam para liberação comercial os seguintes itens geneticamente modificados: milho resistente a ataques de insetos TC1507 e MON810; algodão tolerante ao glifosato MON88913; o milho TC1507 x MON810 x NK603; vacina contra a bouba aviária e laringotraqueíte aviária-VECTORMUNE FP-LT; vacina contra a bouba aviária e laringotraqueíte aviária e encefalomielite aviária - VECTORMUNE FP-LT+AE; Algodão Glytol x LibertyLink; Milho MON 89034 x MON 88017 e o feijoeiro resistente ao Mosaico Dourado-Evento Embrapa.
Fonte: Ascom do MCT

UFRN aprova obra que defende fala popular

 
Segundo o MEC, o aval ao livro que admite uso de linguagem oral com erros para estabelecer comunicação partiu de comissão de docentes potiguares.
 
Uma comissão formada por professores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) aprovou o livro Por uma Vida Melhor, da Coleção Viver e Aprender. O livro, que chegou a 484.195 alunos de todo o País, defende que a forma de falar não precisa necessariamente seguir a norma culta. "Você pode estar se perguntando: 'Mas eu posso falar os livro?'. Claro que pode", diz um trecho.

Por uma Vida Melhor, de autoria de Heloísa Ramos, afirma que o uso da língua popular - ainda que com seus erros gramaticais - é válido na tentativa de estabelecer comunicação. O livro lembra que, caso deixem de usar a norma culta, os alunos podem sofrer "preconceito linguístico". "Fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico. Muita gente diz o que se deve e o que não se deve falar e escrever, tomando as regras estabelecidas para a norma culta como padrão de correção de todas as formas linguísticas."

O livro foi escolhido por um total de 4.236 escolas que definiram a obra "mais apropriada a cada contexto", considerando as "propostas pedagógicas e curriculares desenvolvidas", informou o Ministério da Educação. O MEC não comenta o mérito do livro - ressalta que coube a docentes da UFRN aprovar a obra e a cada escola a decisão de adotá-la ou não nas salas.

Padrões - Em nota divulgada pelo MEC, a autora defendeu que a ideia de "correto e incorreto no uso da língua deve ser substituída pela ideia de uso da língua adequado e inadequado, dependendo da situação comunicativa". Cercado pela polêmica que o livro levantou, o MEC observa que a seleção do conteúdo didático não coube ao ministério.

Os livros do Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos (PNLDEJA) são encaminhados para uma comissão, responsável pela avaliação e seleção das coleções didáticas. No caso de Por uma Vida Melhor, o debate ficou entre um grupo de docentes da UFRN. Depois de aprovadas, as obras são colocadas à disposição no Guia do Livro Didático, que funciona como uma ferramenta de orientação na definição dos títulos. O ministério arca com as despesas dos livros.

Programa - Ao tratar dos componentes curriculares, o edital do programa do Ministério da Educação previa que os alunos do segundo segmento - do 6.º ao 9.º ano do ensino fundamental, que receberam a obra - "demandam novos tipos de reflexão sobre o funcionamento e as propriedades da linguagem em uso" e "a sistematização dos conhecimentos linguísticos correlatos mais relevantes".

O edital também diz que "cabe ao ensino de língua materna, nesse nível de ensino-aprendizagem, aprofundar o processo de inserção qualificada do aluno na cultura da escrita". O MEC afirmou que até ontem não havia pedidos de devolução dos exemplares. A Editora Global informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que é responsável pela comercialização e pela produção do livro, mas não pelo seu conteúdo. Procurada, a assessoria da UFRN disse que não se pronunciaria.

'O livro é fruto da minha carreira. Escrevi o que já havia praticado'
Entrevista com Heloisa Cerri Ramos, coautora do livro "Por uma vida melhor".
 
- Foi um mal entendido?
Pegaram uma frase sem contexto. Dentro do capítulo que trata de concordância nominal e verbal, explico que, na língua oral, quando se diz "os livro é popular", entende-se que é plural. Mas, na verdade, acho que houve uma falta de aceitação. A mídia diz que a escola não produz aprendizagem, mas quando se mostra um aspecto pedagógico ou didático, ela tem posição conservadora, trata com ironia.
 
- A discussão, então, é antiga?
Sim. Há pelo menos 30 anos se fala disso entre os que se preocupam em democratizar o ensino. Talvez em um tempo em que só a elite ia para escola, a normal culta bastasse. Hoje, com o acesso da classe popular, a formação tem de ser mais ampla. E nosso livro é direcionado ao Ensino de Jovens e Adultos. Foi feito para aquele que pode ter sido discriminado por falar errado. Não defendo uma escola que fique parada na linguagem popular. Com o aprendizado, o estudante se vê como um falante da sua língua e sabe que, sem a norma culta, não terá acesso a bens culturais e conhecimentos científicos.

- O espanto, então, é por que você escreveu, colocou no papel, o que já se discute há tempos?
Sim. Acho que nenhum livro didático falou diretamente disso. Nosso livro tem a linguagem voltada para o aluno. Por isso, explicito essa questão da concordância. Recebi elogios de colegas. Muitos deles disseram que eu fui corajosa.

- E como é receber críticas de professores e de membros da Academia Brasileira de Letras?
Estou muito tranquila. Não cometi nenhum erro conceitual. O livro é fruto da minha carreira. O que eu escrevi, já havia praticado com meus alunos. E o livro também recebeu pareceres antes da publicação. Os outros dois autores da coleção e eu sempre falamos: se ninguém quiser os nossos livros, nós queremos.
 
Fonte: O Estado de São Paulo
 

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Biomassa incerta


Tema foi debatido no Workshop do Programa Fapesp de Pesquisa em 
Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG), na semana passada, em São Paulo.

"As estimativas anuais de áreas desmatadas em florestas tropicais são precisas e altamente confiáveis - pelo menos no Brasil. Mas a utilização desses dados para avaliar as emissões de carbono provenientes de mudanças de uso do solo traz grandes incertezas, principalmente porque o mapeamento da biomassa das florestas é precário."

A avaliação foi feita por Shaun Quegan, diretor do Centro de Dinâmica do Carbono Terrestre e professor do departamento de Matemática Aplicada da Universidade de Sheffield (Reino Unido), na abertura do Workshop do Programa Fapesp de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais, na quarta-feira (11).

O evento de dois dias se destinou aos coordenadores, pesquisadores principais, colaboradores e estudantes dos 17 projetos em andamento do PFPMCG e teve ainda a participação de coordenadores e equipes dos projetos de pesquisa dos programas Biota-Fapesp e Programa Fapesp de Pesquisa em Bioenergia (Bioen).

Quegan explicou que fazer estimativas das emissões produzidas por mudanças do uso da terra é uma tarefa extremamente difícil, especialmente porque não existem mapas consistentes de biomassa das florestas. Em sua apresentação, ele comparou sete diferentes mapas produzidos por grupos de pesquisa distintos.

"Os mapas são tão diferentes que é impossível pensar até mesmo em uma estimativa em termos de médias. Comparando esses sete mapas de biomassa da Amazônia, que mostram a maneira como a biomassa está distribuída no espaço, efetivamente constatamos que a correlação é zero. Temos a impressão de olhar para algo completamente aleatório", disse à Agência Fapesp.

Segundo ele, sem mapas mais precisos é impossível avaliar com exatidão as emissões causadas por mudanças no uso da terra e compreender integralmente os fluxos de carbono responsáveis pelo aquecimento global e por outras mudanças climáticas.

"As fontes das emissões continuam sendo um grande problema para a ciência. A biomassa representa o material na árvore, que vai parar em algum lugar quando a floresta é substituída. No que diz respeito ao clima, a questão é que uma parte significativa desse material vai parar na atmosfera", disse.

Sem saber quanta biomassa é perdida com a queima de uma determinada área de floresta, só obtemos estimativas muito pobres sobre qual é a quantidade de carbono que vai para a atmosfera.

"Se não conhecemos essa quantidade, não sabemos o quanto precisamos reduzir de emissões. Em segundo lugar, sem essas estimativas, não podemos avaliar qual é o teto para permitir mudanças no uso da terra, em termos de área. Saber estimar a biomassa é importante tanto economicamente como cientificamente", afirmou.

De acordo com Quegan, as tecnologias com base no espaço são importantes para realizar essas estimativas. "Trabalhamos para desenvolver tecnologias de base espacial para realizar as medidas reduzindo esses erros nas estimativas. Temos técnicas já bastante desenvolvidas, com uso de satélites, que têm o objetivo de fornecer mapas de biomassa que sejam globais, imparciais e em escala de metros", afirmou.

Para que os dados sejam aplicáveis na ciência do clima, além das técnicas de estimativa de biomassa, há necessidade também de desenvolver sistemas de satélites capazes de estimar o desmatamento. Segundo Quegan, o Brasil é uma exceção positiva em relação a esses sistemas.

"Nos países onde há florestas tropicais, o Brasil é a única exceção. O país é o único que possui infraestrutura para medir os dados e fazer os cálculos. A razão para isso é que há mais de 20 anos o país tem sistemas avançados para monitorar o que ocorre na Amazônia", disse.

Os sistemas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), segundo Quegan, são um exemplo para todo o mundo. "São os mais ambiciosos e importantes programas existentes para monitorar a superfície terrestre em todo o mundo. Outra coisa realmente admirável é que esses dados estão disponíveis gratuitamente na internet. Isso é extraordinário e exemplar", destacou.

Programa integrado - A abertura do workshop foi conduzida pelo diretor científico da Fapesp, Carlos Henrique de Brito Cruz, e pelo presidente da coordenação do PFPMCG, Reynaldo Luiz Victoria. De acordo com Brito Cruz, trata-se do primeiro workshop realizado desde que foram contratados os projetos da primeira rodada do programa. O objetivo, segundo ele, é criar oportunidades para uma boa integração entre os vários projetos de pesquisa que compõem o PFPMCG.

"Essa integração é justamente o que justifica a existência de um programa. O workshop, portanto, não é um fato acessório da atividade de pesquisa. É uma atividade essencial das mais importantes, que vai nos ajudar a ter um programa integrado, estabelecendo o diálogo entre os responsáveis por cada projeto. A ciência só avança em ambientes onde há debate e discussão", afirmou Brito Cruz.

O PFPMCG foi organizado pela Fapesp a partir de uma proposta da comunidade científica. O objetivo é que o programa tenha duração mínima de dez anos. Os projetos avulsos, segundo Brito Cruz, ainda são bem-vindos. "Os novos projetos relacionados com mudanças climáticas que são submetidos ajudam a indicar quais temas poderão ser contemplados em futuras chamadas do programa", disse.

Há ainda projetos avulsos que podem ser incorporados ao programa. Foi o que ocorreu com o projeto que permitiu, em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), adquirir o supercomputador Tupã, em uso no Inpe para desenvolver novos modelos climáticos. Outro exemplo é a aquisição do novo navio oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP).

Victoria destacou que o PFPMCG envolve não só pesquisadores, mas alunos e pós-doutorandos e que, a partir de agora, os workshops serão realizados pelo menos uma vez por ano.

"Os alunos e pós-doutorandos são importantes para a sinergia do programa, pois estão efetivamente com a mão na massa. Queremos que esse sinergismo nos ajude a detectar novos rumos a tomar, além de indicar possíveis falhas e limitações, revelando novas frentes que poderão ser atacadas em chamadas posteriores", afirmou.

Fonte: Agência Fapesp

Manifesto contra as mudanças em discussão no Código Florestal


Seminário Nacional sobre o Código Florestal, realizado em São Paulo no último dia 7 de maio, reuniu 400 participantes de 50 entidades, movimentos populares, parlamentares, cientistas, acadêmicos e organizações sociais do campo e da cidade. 

Dessa ampla articulação, manifestamos nosso repúdio ao projeto de Lei 1876/99 e ao substitutivo apresentado pelo relator, deputado Aldo Rebelo, em trâmite na Câmara dos Deputados e que versa sobre alteração do Código Florestal.

O substitutivo apresentado pelo relator afronta princípios caros à sociedade brasileira, além de contrariar disposições da Constituição Federal. A intenção de desmonte e fragilização da legislação é evidente e somente a possibilidade de mudança no Código já esta causando o aumento da degradação ambiental.

Denunciamos a falta de participação e democracia em relação à forma como esse debate, que é de interesse nacional, vem sendo realizado. Ao contrário do que os defensores afirmam, o projeto e seu substitutivo não contemplam as demandas da agricultura familiar e camponesa, das populações tradicionais e quilombolas.

Do mesmo modo, não há respeito às especificidades das cidades brasileiras e não são incorporadas as propostas dos movimentos sociais urbanos, que defendem políticas de justiça social para a população de baixa renda, sempre exposta e marginalizada em áreas de maior risco. Tampouco estão presentes as contribuições e avanços da ciência com relação à possibilidade de maior aproveitamento sustentável do uso do solo.

Para construir uma política ambiental que leve em conta os interesses do povo brasileiro e das futuras gerações, é preciso mais tempo para que as questões controversas sejam amplamente debatidas e apropriadas pela sociedade de forma mais abrangente. Não aceitamos que mudanças de tamanha envergadura sejam votadas às pressas sem o necessário envolvimento de todos os setores envolvidos.

Na verdade, as mudanças propostas favorecem empreendimentos de interesse empresarial e não social, como a especulação imobiliária no campo e na cidade, o latifúndio, o agronegócio, as grandes empresas nacionais e estrangeiras, como a indústria de celulose e papel. A defesa dessa alteração só irá beneficiar os mesmo setores que perpetuam a prática do trabalho escravo e outras iniciativas que afrontam direitos humanos.

São estes interesses que defendem as alterações contidas no projeto, por exemplo, a suspensão das multas e anistia a crimes ambientais do latifúndio e do agronegócio, que avança de forma violenta sobre nossos bens naturais, assim como a isenção das reservas legais em qualquer propriedade.

As reservas legais são áreas que admitem exploração sustentável e assim devem ser mantidas. Somos contra a transformação de tais áreas em monocultivos de espécies exóticas. Consideramos necessário melhorar a fiscalização e denunciar o desmonte dos órgãos ambientais e, ao mesmo tempo, ter políticas de incentivo à recuperação das áreas degradadas. Não podemos retroceder.

É preciso estabelecer clara diferenciação entre a agricultura extensiva, de monocultivo para exportação, e a agricultura familiar e camponesa, responsável por 70% dos alimentos que vai para mesa dos brasileiros, segundo o censo do IBGE. Portanto, é preciso ter políticas para agricultura familiar e camponesa, que afirmam um projeto de agricultura no qual não há espaço para o agronegócio.

Precisamos reforçar uma política ambiental nacional, com maior apoio aos órgãos fiscalizadores, em vez de ceder às pressões das elites rurais para tirar essa competência da esfera federal. Nos manifestamos contra a flexibilização das áreas de preservação permanente nas áreas rurais, pois sem elas a própria agricultura estaria em risco.

Defendemos uma ampla política de reforma agrária e urbana, a demarcação das áreas indígenas e a titulação dos territórios quilombolas, com proteção de nossas florestas, rios e biodiversidade. Denunciamos a repressão aos camponeses e as populações de baixa renda nas cidades. 

O que está em jogo é o próprio modelo agrícola, ambiental e de uso do solo no Brasil, contra as propostas da bancada ruralista e do capital financeiro e especulativo.

Defendemos que nossos bens naturais sejam preservados para todos os brasileiros, para garantir o próprio futuro da humanidade.

Esperamos que a presidenta Dilma mantenha seus compromissos de campanha no que toca à não flexibilização da legislação ambiental e nos comprometemos a apoiar e dar sustentação política na sociedade para enfrentar os interesses do agronegócio que vem buscando o desmonte da legislação ambiental. Conclamamos ao povo brasileiro a se somar nessa luta contra as mudanças no Código!

Página do MST

Reino Unido defende parceria com a Embrapa para produção de alimentos de forma sustentável


Assunto foi tema de debate na última sexta-feira (13) na Finep.

De olho nas perspectivas de crescimento da demanda mundial por alimentos, energia e água nos próximos anos, o governo do Reino Unido já expressa interesse em firmar protocolos de intenção com a Embrapa para a produção de alimentos de forma sustentáveis focada na preservação e conservação do meio ambiente.

Em debate na Finep, na sexta-feira (13), Sir John Beddington, conselheiro-chefe para assuntos científicos do Gabinete de Ciência e Tecnologia do Reino Unido, afirmou que as duas partes já estudam a possibilidade de produzir alguns gêneros de culturas agrícolas capazes de intensificar a quantidade de sequestro de gás carbônico e redução do efeito estufa na atmosfera.

"Pensamos em desenvolver uma agricultura inteligente em relação ao clima", declarou ele, que debateu o tema C,T&I e desafios globais de Brasil e Reino Unido, na sede da Finep, no Rio de Janeiro. 

Ao destacar que os assuntos ligados à ciência e tecnologia fazem parte da pauta diária do café da manhã dos cientistas do governo do Reino Unido, Beddington defendeu, em sua palestra, a ampliação do melhoramento genético das culturas agrícolas e racionamento do uso da água principalmente na agricultura, que responde por cerca de 70% do consumo do recurso natural do planeta. Nesse sentido, destacou que o governo britânico estuda desenvolver tecnologias para tirar a salinidade da água do mar, transformando a água salgada em água doce.

Baseado em dados do Banco Mundial, o assessor de ciência do governo britânico declarou que as previsões apontam para 2030 um crescimento de 40% no consumo de energia elétrica, 40% para o consumo de alimentos e 30% para o consumo de água.

Além das expectativas de aumento da aquisição de alimentos pela classe média de países em desenvolvimento, principalmente do Sudeste da Ásia e da América do Sul, Beddington disse existir outra demanda em curso: um bilhão de pessoas que vivem na pobreza, sem nenhum poder aquisitivo.

"Essa alavanca da população implica na reação dos sistemas de mundiais de produção desses itens. Essa produção tem de vir acompanhada de segurança alimentar, energética e de água", enfatizou. Para Beddington, o Brasil, que já é um grande fornecedor mundial de produtos agrícolas, é o País indicado para gerar, em parte, essa oferta de alimentos. 

Fonte: Jornal da Ciência

O futuro da energia nuclear


Artigo de José Goldemberg publicado no Estado de São Paulo de hoje (16).

Existem tecnologias que resolvem problemas importantes e vieram para ficar. Outras atravessam um "período de ouro", perdem importância ou até desaparecem.

Automóveis, por exemplo, desenvolvidos no início do século 20, mudaram a face da civilização como a conhecemos. E mesmo que as reservas mundiais de petróleo se esgotem, soluções técnicas vão ser encontradas para mantê-los circulando.

Outras tecnologias promissoras enfrentaram problemas e foram abandonadas. Um bom exemplo é o dos zepelins, enormes balões cheios de hidrogênio que abriram caminho para viagens aéreas intercontinentais na década de 1930, época em que a aviação comercial ainda engatinhava. Mas bastou o acidente com o Hindenburg, zepelim alemão que se incendiou em Nova Jersey (EUA), em 1937, para selar o destino dessa tecnologia.

A energia nuclear parece atravessar um desses períodos críticos: ela teve uma "época de ouro" entre 1970 e 1980, quando entraram em funcionamento cerca de 30 novos reatores nucleares por ano. Após o acidente nuclear de Three Mile Island, nos Estados Unidos, em 1979, e em Chernobyl, na Ucrânia, então parte da União Soviética, em 1986, o entusiasmo por essa tecnologia diminuiu muito e desde então apenas dois ou três reatores entraram em funcionamento por ano. Houve uma estagnação da expansão do uso dessa energia.

As causas dessa estagnação são complexas: por um lado, a resistência do público, preocupado com os riscos da energia nuclear; e, por outro, razões mais pragmáticas, como o seu custo elevado. Apesar desses problemas, a produção de energia nuclear não resulta em emissões de gases responsáveis pelo aquecimento da Terra, que é o caso quando se produz energia elétrica com combustíveis fósseis, como carvão ou gás natural. As preocupações com o efeito estufa levaram vários ambientalistas a apoiar uma "renascença nuclear".

Mas eis que acontece o desastre de Fukushima, com gravidade comparável à de Chernobyl, afetando diretamente centenas de milhares de pessoas e espalhando inquietações sobre o efeito da radiação nuclear numa vasta área do Japão e de países vizinhos. O setor nuclear tem tentado minimizar a gravidade do acidente no Japão, atribuindo-o a eventos raríssimos, como um terremoto de alta intensidade seguido por tsunami, que dificilmente ocorreriam em outros locais. Essa é uma estratégia equivocada, que pode satisfazer engenheiros nucleares, mas não os setores mais esclarecidos da população e governos de muitos países.

Reatores nucleares contêm dentro deles uma enorme quantidade de radioatividade e o problema é sempre o de evitar que ela se espalhe, como se verificou em Chernobyl. Sucede que não é preciso um terremoto e um tsunami para que isso aconteça. Bastam falhas mecânicas e erros humanos, como ocorreu em Three Mile Island. Segurança total não existe.

É possível melhorar o desempenho dos reatores e torná-los mais seguros, mas isso acarretará custos mais elevados, o que tornará a energia nuclear ainda menos competitiva do que já é em relação a outras formas de geração de eletricidade. Além disso, a grande maioria dos reatores nucleares atualmente em uso começou a funcionar 30 ou 40 anos atrás e forçosamente eles terão de ser "aposentados" em breve - os de Fukushima funcionam há mais de 40 anos. A redução da vida útil dos reatores diminuirá, certamente, sua competitividade econômica.

Mais ainda, será preciso resolver de vez o problema do armazenamento permanente dos resíduos nucleares, que se arrasta há décadas. Até hoje os elementos combustíveis usados, que são altamente radiativos, são depositados em piscinas situadas ao lado dos reatores - e um dos problemas em Fukushima foi a radioatividade liberada quando o nível da água da piscina baixou. Só nos Estados Unidos existem essas piscinas ao lado dos 104 reatores lá existentes. Em Angra dos Reis a situação é a mesma.

Finalmente, há o problema de quem pagará pelas compensações para a população atingida pelos acidentes nucleares. Os limites fixados pelos governos para cobrir esses danos são atualmente muito baixo se deverão aumentar muito. Como resultado dessas inquietações e incertezas, está em curso uma reavaliação, em grande número de países, sobre o futuro da "renascença nuclear" e da sobrevivência da própria opção do uso de reatores nucleares para a geração de eletricidade. Alguns países já adotaram o que se chama de "estratégia de saída", pela qual novos reatores não serão construídos.

A Bélgica e a Suíça já adotaram essa política, bem como o Chile e a Alemanha. A China suspendeu a autorização para a construção de mais usinas até que seja feito um reestudo completo das suas condições de segurança. Nos Estados Unidos, acaba de ser abandonado o projeto de construção de dois reatores no Estado do Texas, os primeiros a
serem iniciados após mais de 30 nos de moratória nuclear. Outros países, provavelmente, seguirão o mesmo caminho, sobretudo os que dispõem de outras opções mais econômicas e menos perigosas para a geração de energia elétrica.

Esse é, claramente, o caso do Brasil, onde existe um amplo potencial hidrelétrico a explorar, bem como a cogeração de eletricidade nas usinas de açúcar e álcool, e também a energia eólica. A Agência Internacional de Energia Atômica reduziu sua projeção de novos reatores nucleares no mundo para 2035 em 50%. Alguns países, como a França, onde quase 75% da eletricidade têm origem nuclear, e até mesmo o Japão, que não tem muitos recursos naturais, aumentarão o uso do gás, o que, consequentemente, aumentará as emissões de carbono. Haverá, nesse caso, escolhas difíceis.

Mas o aquecimento global ocorrerá num horizonte de tempo longo e prevenir novos acidentes nucleares é uma tarefa urgente.

José Goldemberg é professor da USP.

Fonte: Jornal da Ciência

Presidente da SBPC fala sobre desafios da ciência


O Brasil está mudando e tem tudo para dar certo, diz Helena Nader.

Atual presidente da Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência (SBPC), a bióloga Helena Bonciani Nader concedeu entrevista ao LNCC Notícias para falar sobre as atividades, objetivos e propostas para implantação de projetos da instituição, que em junho completa 63 anos.

Ela está no cargo desde 21 de fevereiro último, quando assumiu a SBPC após Marco Antonio Raupp deixar a presidência para assumir a Agência Espacial Brasileira (AEB). Com a ascensão, Helena Nader ingressou no seleto grupo de mulheres que presidiram a SBPC. As outras duas são a bioquímica Glaci Zancan (de 1999 a 2003) e a pedagoga Carolina Bori (de 1986 a 1989).

Na entrevista, Helena criticou os cortes no orçamento da Educação e do C&T e o projeto proposto para o Código Florestal. Comentou ainda sobre oportunidades que o Brasil desfruta para dar um salto de desenvolvimento socioeducacional e falou da ExpoT&C, mostra de C&T promovida anualmente pela Assessoria de Eventos e Comunicação do LNCC.

Como uma das poucas mulheres que historicamente liderou a SBPC, de que forma a senhora avalia a participação feminina na ciência nacional?

A quantidade de mulheres na pesquisa e na pós-graduação tem crescido, é verdade. Porém, se considerarmos os cargos de gestão, esse índice ainda é baixo, pois há barreiras e faltam oportunidades para ocuparmos funções mais estratégicas nas tomadas de decisões. Essa disparidade entre mulher titulada e mulher em postos de chefia é uma realidade a ser superada também nos Estados Unidos.

A pergunta seria, então, como reverter tal realidade? Do meu ponto de vista, a solução é ir à luta mesmo, acreditar, identificar oportunidades e fazer acontecer, para contribuir nas movimentações que direcionam o futuro da C&T brasileira.

Quais são os principais assuntos que mobilizam a SBPC atualmente?

Bem, há uma lista de projetos nos quais temos nos emprenhado bastante e vamos continuar nos esforçando para alcançar os nossos objetivos, que são afinados com a necessidade do desenvolvimento do Brasil. Como são muitos, cito alguns:

- Um exemplo são os recentes cortes no orçamento do governo federal, que vão afetar a médio e longo prazos diretamente toda a trajetória do progresso em Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I) dos últimos anos. Isso é bastante preocupante e precisa ser revisto;

- Também estamos emprenhados para que os recursos do pré-sal fomentem grandes e sólidos investimentos na Educação, Ciência e Tecnologia, área de fundamental importância para atingirmos patamares elevados de desenvolvimento.

Obs: Pré-sal- denominação às reservas de hidrocarbonetos em rochas calcárias que se localizam abaixo de camadas de sal. É o óleo (petróleo) descoberto em camadas de 5 a 7 mil metros de profundidade abaixo do nível do mar. Trata-se de uma camada de aproximadamente 800 km de extensão por 200 km de largura, que vai do litoral de Santa Catarina (SC) ao do Espírito Santo (ES).

- Outro tópico de grande relevância é dar cada vez mais transparência ao Estado, fortalecendo a credibilidade junto à sociedade. Por isso, somos a favor das Organizações Sociais (OS´s), cujo modelo permite que os trabalhos fluam de forma mais tranquila, sem amarras burocráticas. No Brasil, o Laboratório Nacional de Luz Síncroton (LNLS), a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), a TV Educativa do Rio de Janeiro e parques tecnológicos são exemplos de gestões por OS´s.

- Mais um assunto que merece destaque e dedicação da SBPC é o direito da mulher de interromper a gravidez de risco, quando o feto não tem cérebro, o que é uma recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS). Neste caso, o bebê nasce morto ou vive por muito pouco tempo, enquanto a gestante corre sério perigo de morte.

- Há, ainda, o debate sobre a violência e a circulação de armas no Brasil, inclusive por meio de Grupo de Trabalho, que discuta a cidadania e o papel da mídia na cobertura de situações críticas de violência.

- Por fim, gostaria de citar a parceria entre a SBPC e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) em prol de mudanças no Código Florestal propostas no substitutivo ao Projeto de Lei (PL) no 1.876/1999 e demais PLs a ele apensados. Almejamos dar embasamento técnico e científico capazes de aperfeiçoar o Código.

Diante do presente cenário de investimentos destinados à C&T, quais áreas a senhora acredita que mereçam ainda mais atenção das instituições e autoridades competentes na tomada de decisão? A formação de recursos humanos e a comunicação pública científica seriam duas delas?

A atuação da pós-graduação nacional, na formação de mestres e doutores, está diretamente relacionada ao desenvolvimento e ao índice de produção em C,T&I, que tem alcançado um crescimento satisfatório em comparação a gerações anteriores. Além disso, os processos de avaliação da Coordenação de Pessoal de Nível Superior (Capes) também se encaixam neste quadro que favorece a melhoria das nossas pesquisas. A avaliação, a análise é processo essencial no contexto, pois permite rever atitudes para melhor planejar os projetos futuros.

Agora pergunto: onde está o gargalo? Está na educação básica. Anteriormente, o ensino público era de qualidade muito boa, porém voltado para um grupo seleto. Avançamos no que diz respeito à abrangência, pois o número de alunos atendidos pela rede pública é bem maior hoje em dia. Por outro lado, a qualidade sofreu impacto.

Acredito que o foco na boa educação deva surgir já na creche, capaz de moldar a capacidade intelectual das crianças. Trata-se de mais do que um projeto. Trata-se de um mega-projeto que nos desafia a aperfeiçoar, superar. Esta oportunidade de progresso deve ser inclusiva, no sentido de agregar todos os segmentos educacionais, pois privilegiar apenas um deles gera disparidade e desequilíbrio.

Portanto, e educação da creche à pós-graduação precisa ser uma prioridade do governo e da sociedade, motivo pelo qual a educação e a C&T não deveriam sofrer cortes de investimento. O Brasil está mudando e tem tudo para dar certo.

Já quanto à comunicação pública científica, defendo que seja uma área estratégica para o contexto da C&T, sem dúvida. Vejo a necessidade de formarmos mais jornalistas científicos e aumentarmos a abertura de espaços na mídia para temas relacionados às pesquisas e aos progressos que elas permitem à sociedade.

Há dois equívocos que entravam a área: um deles é a falta de diálogos entre os comunicadores públicos científicos e os cientistas; o outro é o sensacionalismo de ambas as partes, desprivilegiando os conteúdos principais em favor das audiências meramente quantitativas. Então, o fortalecimento das assessorias de comunicação e os investimentos nas relações entre os comunicadores e os cientistas são saídas eficazes para levarmos à população o que é produzido como consequência dos investimentos oriundos dela mesma.

Tanto a sociedade quanto a comunidade científica já se mobilizam para a 63ª Reunião Anual da SBPC, promovida entre os dias 10 e 15 de julho na Universidade Federal da Goiás, em Goiânia. A senhora poderia adiantar novidades?

Destaco a realização de três sessões especiais:

- a que será dedicada aos 60 anos de criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); outra promovida em celebração aos 60 anos de vida da Capes; e uma sessão para a 10ª edição do prêmio Péter Murányi, oferecido para autores de trabalhos que, de forma inovadora, elevem a qualidade de vida das populações nos países em desenvolvimento.

A nossa proposta é trazer o maior número possível de segmentos sociais e representantes do governo, para enriquecer o diálogo e as relações, além apresentar o que a ciência brasileira tem feito e como ela pode contribuir para a nossa vida ser melhor nos próximos anos e nas próximas décadas.

Como falamos da intercessão entre o ambiente da pesquisa e o cidadão que acompanha com menos frequência os trabalhos de C&T, pergunto à senhora as expectativas para a mostra da ExpoT&C, pelo terceiro ano consecutivo coordenada pela Assessoria de Eventos e Comunicação do LNCC.

Falar da ExpoT&C é uma grande alegria e satisfação, porque é um maravilhoso evento por meio do qual temos oportunidades de unir as mais distintas possíveis áreas da ciência e os pesquisadores de todas as regiões do País. E mais do que isso, conforme você disse, é uma ótima oportunidade para o cidadão acompanhar mais de perto o que é e como funciona o sistema de C&T brasileiro.

O perfil da mostra é tão adequado e atraente, que observamos crianças, jovens, idosos e famílias passeando pelos estandes. O interesse do público é visível: eles perguntam, dialogam, participam e se informam sobre projetos aos quais podem estar incluídos em pouco tempo.

Quando era universitária, a SBPC dispunha de poucos recursos para as reuniões, em comparação com os presentes dias. Por isso, é gratificante ver a ExpoT&C como uma evolução da Reunião Anual da SBPC. Portanto, a Assessoria de Eventos e Comunicação do LNCC está de parabéns!

Há algum tópico sobre o qual a senhora gostaria de comentar, mas deixamos de abordar na entrevista?

A minha mensagem foi transmitida. Se fosse ressaltar um tópico é o de nos esforçarmos para que os recursos do pré-sal sejam destinados à educação e C&T. A história nos oferece uma ótima oportunidade para superarmos dificuldades relacionadas a tais áreas, e devemos aproveitar da melhor forma a chance. Repito: O Brasil está mudando e tem tudo para dar certo.

Fonte: Bruno Lara - LNCC Notícias

Artistas e comunidade comemoram o 66º aniversário de Elis Regina em sua própria Praça

 
Os 66 anos que a cantora Elis Regina celebraria em 17 de março serão comemorados em alto estilo na praça que leva seu nome, localizada no bairro do Butantã, zona Oeste de São Paulo. Em meio a muitas árvores, artistas plásticos, músicos, capoeristas, contadores de histórias, artesãos e a biógrafa da cantora prestarão sua homenagem à “Pimentinha”, uma das maiores vozes femininas da música brasileira.

A festa acontecerá no domingo, 3 de abril, a partir das 10 horas, na Praça Elis Regina e deverá reunir centenas de pessoas. Além de muita música, relembrando diversas fases da carreira da cantora, músicos e intérpretes de diferentes estilos apresentarão releituras de grandes sucessos de Elis, além de músicas próprias. A lista de convidados inclui o Grupo Fapafrente, Édria Barbieri, Dinho Nascimento, Grupo Seis dá Samba, Irene Rodrigues, Léo Dumont, Adler São Luís, entre outros. O artista plástico Jorge dos Anjos vai pintar uma tela com imagem da Elis durante o evento.

O evento contará com oficinas de desenho em fotografia para todas as idades, roda de capoeira, Feira de Trocas de Objetos Usados, oficina de circo, artesanato e a atividade de mediação de leitura voltada ao público infantil logo na abertura da festa. A biógrafa Regina Echeverria, autora do livro Furacão Elis, estará presente relatando fatos da vida da cantora.

A segunda edição do Aniversário de Elis Regina na Praça é uma promoção do Movimento Butantã Pode, dos moradores do Butantã em parceria com o projeto O Autor na Praça, da Rede Emancipa de Cursinhos Populares e da Associação de Educadores da USP – AEUSP. Além de celebrar o aniversário de Elis, o evento também é uma manifestação dos moradores do bairro em defesa da preservação e uso dos espaços públicos do bairro e ainda da cidade como espaço de convivência social.

A Praça Elis Regina vem sendo ameaçada de desaparecer por conta da Operação Urbana Vila Sonia-Butantã, projeto da Prefeitura Municipal, que prevê a construção de uma via e um túnel interligando as avenidas Corifeu de Azevedo Marques e Eliseu de Almeida no local onde está situada a praça, um dos poucos equipamentos de lazer e convivência dos moradores.

Serviço:
O quê? 66º aniversário de Elis Regina e Movimento pela preservação e uso da Praça Elis Regina

Data e hora: domingo, 3 de abril, a partir das 10h

Local: Praça Elis Regina – Av. Corifeu de Azevedo Marques, altura do n° 1.500 - Butantã

Contato: Edson Lima (9586 5577) / Fabiano Alves (7093 4987) / Paulo Diaz (9205 4415)

Mais informações, dúvidas ou colaboração: butanta@lists.riseup.net

Realização: Movimento Butantã Pode!, O Autor na Praça, AEUSP e Rede Emancipa de Cursinhos Populares. Conheça o movimento a favor da Praça Elis Regina em www.butanta.com.br