sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Vice-campeão brasileiro de patentes, CPqD mostra aos 35 anos que inovação é rentável


O Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (CPqD), desmembrado da antiga Telebras, deverá fechar o ano com receita de R$ 280 milhões, contra R$ 230 milhões registrados no ano passado. O centro está ligado a um conjunto de empresas e organizações criadas para disseminar tecnologias que deverão gerar, ao todo, receitas de R$ 460 milhões este ano, contra R$ 410 milhões no ano passado.

Com 35 anos de existência, o CPqD é o maior depositante de registros de programas de computador (softawares) do País e a segunda instituição não acadêmica de pesquisa brasileira que mais deposita pedidos de patente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), só perdendo para a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Como o CPqD é uma fundação sem fins lucrativos, o dinheiro que sobra é, necessariamente, aplicado em novas pesquisas, de acordo com o presidente da instituição, Hélio Graciosa. Ele destacou que essas atividades são "imprescindíveis para o próprio desenvolvimento do país", e citou uma estimativa do Banco Mundial de que "o aumento de 10% no número de conexões de banda larga em países emergentes pode induzir a um crescimento adicional de mais de 1,3% no Produto Interno Bruto anual". As tecnologias desenvolvidas pelo CPqD já foram exportadas para países como Estados Unidos, México, Chile, Colômbia, Uruguai, Equador e Angola.

"Para os eventos da Copa do Mundo em 2014 teremos infraestrutura genuinamente nacional necessária para prover banda larga com novas aplicações e serviços que, para a indústria nacional, representa a possibilidade de estarmos nas mesmas condições dos países mais avançados em evolução tecnológica". Para ele, o desenvolvimento científico no Brasil "deve ser prioridade nacional pois, a exemplo de outras áreas importantes, como a da defesa, há muita dificuldade de transferência de tecnologia da informação". Com base nessa mentalidade, segundo ele, o Brasil "trabalhou e saiu na frente em muitas inovações importantes em relação ao resto do mundo".

Um dos exemplos mais comuns que ele costuma citar é o popular cartão telefônico usado nos orelhões, que substituiu as antigas fichas de metal (semelhantes a moedas) e que foi encomendado para facilitar as comunicações durante a 2ª Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano (Rio 92). "Enquanto o resto do mundo utiliza cartões magnéticos ou com chip, fizemos o cartão nacional que anula o fim do crédito através de impulso enviado pelas operadoras de telefonia. É como um fusível que queima e, assim, encerra a conversa num determinado tempo", explicou Graciosa.

O último grande feito do CPqD, citado por Graciosa, foi o primeiro teste de transmissão de dados em altíssima velocidade de 100 gigabit Ethernet por segundo (GbE/s) em ambiente de rede em operação, fora de laboratório. Para ele, foi "um marco da tecnologia brasileira". A experiência foi feita em uma conexão entre Campinas e São Paulo. O mercado conta, atualmente, com equipamentos que só suportam transmissões entre 10 e 40 gigabits. A velocidade de 100 GbE/seg, que está sendo testada por um grupo de empresas e institutos de pesquisa de vários países, permite que seja transmitido via intenet em menos de 1 segundo o conteúdo integral de um disco rígido de 120 gigabytes de capacidade de armazenamento.

O programa de pesquisa e desenvolvimento do CPqD é o maior da América Latina e atende aos setores de telecomunicações, energia elétrica, financeiro, industrial, corporativo e da administração pública.

Ao comemorar os 35 anos da instituição, Hélio Graciosa faz questão de mencionar que o CPqD foi responsável pelo lançamento do primeiro telefone com teclas, na década de 1970; da primeira central telefônica digital, nos anos 1980; e do primeiro enlace de comunicações óticas.
(Agência Brasil

4. Gestão de unidades de conservação deve estar sintonizada com a economia verde


Em solenidade de quatro anos de criação do ICMBio, ministra Izabella Teixeira destaca que a instituição cuida da biodiversidade mais importante do planeta.

"Somos o país G1 em biodiversidade. E o ICMBio é a instituição que cuida da biodiversidade mais importante do planeta", afirmou a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, ao destacar, nesta quinta (25), na solenidade de aniversário de quatro anos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em Brasília, o trabalho desenvolvido pelo órgão na gestão das 310 unidades de conservação federais, que somam 8,5 % do território nacional.

Segundo ela, as áreas protegidas e a biodiversidade entram no conceito de uma nova governança e economia verde. "E nesse sentido devemos ter uma política mais dirigida, eliminando conflitos e zonas de sombreamento. O ICMBio tem a missão de traduzir suas ações de forma concreta para a sociedade", destacou Izabella.

Ainda segundo a ministra, o Instituto terá um trabalho árduo de promover a inclusão social e geração de renda nas Unidades de Conservação (UC) federais onde residem populações tradicionais, de acordo com a linha de governo definida pela presidente Dilma Roussef, de erradicar a pobreza e a miséria no País.

A ministra disse que tem o compromisso de estruturar até o final do atual governo não apenas o ministério, mas todas as autarquias a ele vinculadas. "Trabalho para resgatar passivos e apresentar ativos. Vamos respeitar os movimentos sociais e traduzir seus anseios na forma de ações, buscando parcerias. Vamos traduzir a nossa postura, enquanto instituição, perante a sociedade. A estratégia é 'ganhar, ganhar' mas deve ser construído no dia-a-dia por cada um de nós", frisou.

O presidente do ICMBio, Rômulo Mello, enfatizou a importância das parcerias ao longo desses quatro anos. "Posso afirmar que fizemos muito mais do que a nossa capacidade operacional permitia. Isso graças à expertise do nosso corpo de servidores e técnicos, que viabilizaram parcerias", destacou Mello.

Na solenidade o presidente assinou Instrução Normativa que regulamenta a captação e o uso de imagens de Unidades de Conservação (UCs) e o ordenamento das produções visuais nas UCs, em substituição à Instrução Normativa nº 5/2002, do Ibama, em uso até então. "Saímos de um litígio com a comunidade fotográfica do país para o que chamo de casamento. A instrução normativa viabilizará à sociedade brasileira a riqueza da biodiversidade do País que existe dentro das Unidades de Conservação", frisou Mello.

A coordenadora-geral de Consolidação Territorial do ICMBio, Eliani Maciel, apresentou a Cartilha de Regularização Fundiária. "Sabemos que a regularização fundiária é uma premissa fundamental de consolidação das Unidades de Conservação federais e a cartilha foi possível graças ao esforço feito em conjunto com o Parque Nacional do Itatiaia, Procuradoria Federal Especializada junto ao ICMBio, Serviço Florestal Brasileiro e os parceiros Conservação Internacional e SOS Mata Atlântica", frisou Eliani.

Na ocasião foi lançada a Estratégia Nacional em Comunicação e Educação Ambiental (Encea), instrumento de caráter orientador à gestão compartilhada e participativa das unidades de conservação, que traça diretrizes e propostas de ações necessárias ao desenvolvimento e aprimoramento de políticas públicas e programas de educação ambiental e comunicação em unidades de conservação federais, estaduais e municipais.

Exposição - No hall do auditório do Instituto Chico Mendes, onde ocorreu a solenidade, as pessoas puderam conferir a exposição de fotos Patrimônios Naturais  Edição Parques Nacionais Brasileiros. Nos painéis, imagens de 23 parques nacionais cedidas pelos fotógrafos Alessandro Max, Alex Uchôa, Flávio Varricchio, João Paulo Barbosa, Márcio Cabral, Marcos Amend, Ney Oliveira, Olivier Boëls, Renato Seerig e Rubens Matsushita, além dos analistas ambientais Leonardo Milano, do Cepta, e Nelson Yoneda, da Coordenação de Criação de Unidades de Conservação.

Fonte: Ascom do ICMBio

"O País tem que aproveitar o conhecimento gerado nas universidades"


Entrevista com o presidente da Anpei, Carlos Eduardo Calmanovici.

Quando o assunto é inovação, o Brasil precisa de um plano amplo e estruturado, pensando em resultados a médio e longo prazo. Essa é a opinião do engenheiro químico, Carlos Eduardo Calmanovici, presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei). Para ele, o País avançou no que se refere a instrumentos que possam incentivar a inovação, porém o sistema é insuficiente e precisa de soluções rápidas.

Recente pesquisa apontou que o Brasil melhorou sua posição no ranking de inovação, mas ainda ocupa a 47ª posição. O que falta para que o País incorpore de vez a inovação? 
O Brasil representa, hoje, uma das maiores economias do planeta, podendo chegar à 5ª posição num horizonte bastante curto. Não podemos aceitar essas posições intermediárias de inovação com naturalidade. O que fazer? Precisamos de um plano amplo e estruturado, com visão de médio e longo prazo. Mais do que isso, precisamos de um plano ousado, um compromisso de todos os atores, governo, empresas e academia. Temos que construir projetos nacionais estruturados, amplos e ambiciosos em áreas estratégicas para o País e com real impacto melhoria da qualidade de vida da população. Estamos falando de áreas como saúde, energia, infraestrutura... O governo precisa assegurar um ambiente macroeconômico mais favorável em que as empresas sejam estimuladas a inovar e crescer. Mas cabe às empresas quebrar paradigmas e perceber, de uma vez por todas, que, apesar da inovação ser uma atividade de risco, não inovar é mais arriscado ainda.

Ainda nesta linha: o governo vem nos últimos anos implantando políticas visando a inovação, como a Lei de Inovação e a Lei do Bem, além do aumento do volume de recursos. A Anpei considera essas medidas suficientes? 
Os instrumentos evoluíram muito nos últimos anos. No entanto, todo esse sistema ainda é insuficiente frente às nossas pretensões. Se quisermos maior protagonismo internacional, teremos que evoluir. E rápido. A insuficiência dos instrumentos fica evidente pelo baixo número de empresas que têm acesso aos estímulos da lei. Não que não sejam bons, mas, acho que muitos dos instrumentos foram estabelecidos a partir de uma perspectiva acadêmica e não se encaixam, necessariamente, nas necessidades das empresas. A dinâmica de editais, por exemplo, tem que ser repensada. Mas, temos hoje um marco legal que já funciona e isso é muito positivo. Temos que trabalhar a partir do que já existe e melhorar. Isso pode ter impacto enorme na aceleração do processo de inovação. Pode ser uma ajuda importante para que essa transformação cultural de inovação tenha ritmo mais acelerado no Brasil.

Muitas vezes se ouve que falta as empresas fazerem a parte delas no processo de inovação. O senhor concorda? 
As empresas brasileiras são inovadoras e serão cada vez mais inovadoras. Há vários programas e exemplos de empresas brasileiras inovadoras, extremamente inovadoras. Mas, ainda é pouco. Precisamos de mais exemplos, mais empresas entendendo a necessidade de inovar. As empresas brasileiras competem num cenário internacional extremamente desafiador, mesmo atuando apenas no Brasil, sofrem concorrência de produtos internacionais. A sociedade também está evoluindo, pedindo mais inovação, mais produtos avançados, de alto desempenho.

A maioria dos mestres e doutores é absorvida pela área acadêmica e não por empresas. Como reverter esse quadro? 
Assim como as empresas, a Academia está evoluindo também. Existe um esforço claro, um desejo forte de cooperação. Mas, temos que evoluir na mesma velocidade e de forma consistente. A inovação estava muito limitada à agenda científica e agora passa a ter importância cada vez maior na agenda econômica. Não estamos mais falando de invenções de laboratório ou de ciência. Estamos falando de inovação como elemento fundamental de competitividade para o Brasil. Com isso, ganhamos novas responsabilidades nesse processo. Não basta ter uma tecnologia bonita, interessante do ponto de vista científico. É necessário que essa tecnologia agregue valor, que essa tecnologia dê uma posição de competitividade, ou represente uma oportunidade competitiva diferenciada para quem a desenvolveu ou para quem a utiliza. Ou seja, entendo que as empresas precisarão cada vez mais de profissionais qualificados, extremamente bem preparados do ponto de vista técnico, mas que tenham, também, um entendimento das necessidades do mercado e da competitividade das empresas.

Que características deve ter o profissional que "entra" no processo de inovação dentro de uma empresa? 
Profissionais qualificados, especialistas e com forte conhecimento técnico e que tenham, ao mesmo tempo, a capacidade de entender a dinâmica dos mercados. Estamos falando, portanto, de verdadeiros empreendedores, de profissionais flexíveis e dispostos a sonhar e a defender seus sonhos, mas que também tenham pragmatismo e objetividade para implementar novas ideias, tornando esses sonhos realidade.

Como o senhor vê a relação universidade-empresa? 
É muito importante para garantir o avanço da inovação no Brasil. O conhecimento científico e tecnológico está concentrado na academia e o País tem que aproveitar o conhecimento gerado nas universidades brasileiras. É mais do que uma oportunidade, é uma obrigação. Esse conhecimento tem que retornar para a sociedade e se desdobrar em melhorias concretas para a população. E esse conhecimento retorna para a sociedade através das empresas justamente, através das inovações que agregam valor à sociedade. Nosso desafio é desenvolver os caminhos que garantam transferência de conhecimento de maneira justa e eficiente.

A universidade deve ser vista como parceira ou como prestadora de serviço nesta relação? 
A universidade é claramente uma parceira potencial da empresa. E vice-versa. Mas a prestação de serviços é uma modalidade de interação importante. Pode ajudar principalmente em está-gios iniciais dos assuntos, por exemplo; pode ajudar a estruturar projetos mais consistentes e, talvez, mais aderentes às necessidades dos parceiros. Nenhuma abordagem deveria ser descartada ou desqualificada a priori no meu entendimento, mas a prioridade é para parcerias. É assim que teremos mais chance de valorizar os conhecimentos da acade-mia em inovações.

Para finalizar, quais as perspectivas quanto à inovação no País? 
Temos todos os elementos necessários para avançar fortemente na agenda da inovação. Temos geração de conhecimento de qualidade na academia, um governo sensível e preocupado com a questão da competitividade da indústria brasileira e empresas inovadoras que buscam es-paço cada vez maior, tanto no contexto nacional quanto no internacional. O mundo está em transformação e precisamos aproveitar o momento que o Brasil vive. Nosso protagonismo nesse processo depende de nós mesmos.

Fonte: Ascom da FAI-UFSCar

Senado debaterá o impacto do Código Florestal nas cidades


Em audiência pública realizada no Senado na última quarta-feira, onde foram ouvidas opiniões de ex-ministros da Agricultura sobre a proposta do novo Código Florestal, também foi aprovada uma audiência específica para avaliar o impacto dessa lei nas cidades.

A ideia dessa audiência é discutir os impactos das Áreas de Preservação Permanente (APPs) nos mananciais que abastecem as cidades, qual deve ser a regulamentação dessas áreas dentro das cidades, além da divisão de responsabilidade entre os poderes municipal, estadual e federal. Serão convidados para o debate representantes dos ministérios do Meio Ambiente e das Cidades, além de especialistas como Carlos Nobre, Marcio Ackermann, Raquel Rolnik e o Nabil Bonduki.

O Senado também pretende ouvir especialistas do meio jurídico a respeito da segurança jurídica do Código Florestal. No dia 2 de setembro, haverá ainda uma audiência pública para debater o Código Florestal dentro da Expointer, uma das maiores feitas por agropecuárias do País, que será realizada no Rio Grande do Sul.

O Código Florestal deverá ser apresentado à Comissão de Constituição e Justiça até o dia 31de agosto e votado no dia 6 de setembro, conforme informou o Senador Luiz Henrique (Bloco/PMDB - SC). Nesta Comissão, o projeto será analisado quanto a sua constitucionalidade, juridicidade e tecnicidade. A partir daí, começará a correr prazo nas comissões de mérito.

Posição dos ministros - Os ex-ministros ouvidos na audiência pública de ontem defenderam mudanças na proposta do Código Florestal. Eles repetiram as críticas à anistia aos desmatamentos feitos até 22 de julho de 2008, e fizeram questionamentos técnicos que nem sempre eram compreensíveis por não-especialistas.

Segundo o deputado José Sarney Filho (PV/MA), ministro no período de 1999 a 2002, o texto aprovado pela Câmara dos Deputados espelha, acima de tudo, a decisão política de consolidar as ocupações ocorridas em desacordo com o Código Florestal. Para Carlos Minc, em 90% do texto que veio da Câmara a intenção é de como fazer para regularizar alguma situação.

Sarney defendeu que o projeto preveja o pagamento por serviços ambientais para aqueles que estão observando a lei ambiental, de modo a minimizar o impacto da regularização e da anistia. Já Minc defendeu que, no caso da agricultura familiar, seja o próprio Estado que arque com os custos da averbação e do georreferenciamento das APPs e das RLs. 

José Carlos Carvalho, ministro em 2002, reconhece a necessidade de se consolidar algumas áreas do passado, pois não faz sentido multar o agricultor por uso de uma APP que já vinha sendo utilizada pelo seu bisavô. Marina Silva concorda com a diferenciação dos pequenos agricultores, e daqueles de que eram legais pela lei da época. Ela também defende que o governo ofereça incentivos e defina políticas públicas, criando incentivos econômicos para se corrigir os erros. Sugere também que se estabeleça um marco zero a partir do qual não haverá mais ilegalidade.

Insegurança jurídica - Segundo Sarney, o texto falha ao deixar em aberto a divisão de responsabilidades entre os órgãos ambientais. Para ele, é fundamental que se deixe claro as competências. Carvalho também acha que o texto apresenta incongruências, o que traz mais insegurança jurídica. No mesmo texto há dispositivos que mandam recompor e outros que desobrigam a recompor.

O projeto também não inova naquilo que é fundamental para a agricultura brasileira, sobretudo para a agricultura familiar, pois não trata de incentivos econômicos financeiros, fiscais e creditícios para estimular o agricultor a fazer o que a lei exige. De nada adianta reduzir para 15 metros a APP e exigir que seja recomposta, se o agricultor não está capitalizado para fazê-lo.

Ele acredita que o ponto fundamental desta discussão é equilibrar mecanismos de comando e controle com incentivos econômicos. Para ele, há um falso dilema que durante esse debate opõem ruralistas e ambientalistas.

Já Marina Silva não concorda com a ideia de que os 27 estados poderão legislar sobre o Código Florestal, pois se trará, para o espaço das florestas e da agricultura, a guerra ambiental, o exemplo da guerra fiscal.

Ela ressaltou a importância das florestas para o equilíbrio do regime de chuva e, consequentemente, para a geração de energia elétrica. Para ela, a destruição das florestas pode impactar a matriz energética brasileira, que é altamente dependente da hidroeletricidade. É uma conta que ninguém está fazendo. Ela também citou um estudo da Esalq/USP coordenado pelo ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, que diz que se as mudanças climáticas continuarem no ritmo que estão o Brasil prejudicará nove de suas grandes culturas, com exceção de duas: a mandioca e a cana-de-açúcar.

Fonte: Ascom da SBPC

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Juros no microcrédito caem de 60% para 8% ao ano


Meta do programa Crescer é beneficiar 3,4 milhões de microempreendedores e microempresários, que terão consultoria para os negócios 

O Crescer - Programa Nacional de Microcrédito - terá uma carteira ativa de R$ 3 bilhões para apoiar 3,4 milhões de microempreendedores e microempresários até o final de 2013. Os empréstimos poderão ser de até R$ 15 mil com juros que serão reduzidos dos atuais 60% ao ano para 8% ao ano. A Taxa de Abertura de Crédito (TAC) também sofreu redução, passando de 3% para 1% sobre o valor do crédito. A expansão do programa, criado em 2005, foi anunciada pelo governo federal nesta quarta-feira (24). 

Além dos recursos, os bancos oferecerão consultoria aos empreendedores para que os negócios prosperem. De acordo com a comerciante Isabel Cândido, de Fortaleza (CE), as informações para aprender a administrar e ampliar vendas foi mais importante do que o crédito para que ela passasse de uma vendedora informal a microempresária. “Meu primeiro empréstimo foi de R$ 250 para eu manter um estoque de cosméticos”, conta a ex-cobradora de ônibus, que, quando começou a contratar o microcrédito sofreu um acidente que a obrigou a deixar o trabalho. “Eu trabalho desde os 17 anos e não desanimei por causa do Crediamigo”, diz. Isabel é cliente do Crediamigo, do Banco do Nordeste, que será o modelo para a nova fase do programa. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas mostrou que 60,8% dos empreendedores financiados pelo Crediamigo romperam a linha de pobreza após um ano de apoio, por isso, o Crescer foi incorporado como uma das estratégias do Plano Brasil Sem Miséria.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, avalia que o microcrédito será fundamental para expandir o acesso ao sistema financeiro, que tem crescido de 84 milhões de brasileiros com conta em banco em 2005 para os atuais 118 milhões. “O volume de crédito é pequeno, mas vem acompanhado de assistência técnica”, explica. Para Mantega, esse tipo de incentivo poderá reduzir a informalidade e redistribuir renda. O prazo do crédito será de seis meses para capital de giro e 24 meses para investimentos. 

Crescer - O programa continua direcionado a empreendedores informais (Pessoas Físicas), individuais (EI), e microempresas com faturamento de até R$ 120 mil anuais, mas será mais direcionado à produção e não ao consumo, como hoje. Os bancos públicos serão os primeiros operadores, mas há a possibilidade de o setor privado passar a atuar mais fortemente neste mercado. 

O fundo para o microcrédito permanece o mesmo: 2% sobre os depósitos à vista, que os bancos têm de depositar no Banco Central. Hoje, a soma total é de R$ 157 bilhões o que destina ao microcrédito R$ 3,15 bilhões. A maior parte do sistema privado não opera com a modalidade. O BNB, por exemplo, amplia seu fundo comprando parte deste volume não usado pelos bancos privados. 

O Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco da Amazônia (Basa) receberão apoio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) para gerir o microcrédito nos mesmos moldes do Crediamigo. A inadimplência na linha operada pelo BNB é uma das mais baixas do mercado financeiro, em torno de 0,9%. Cerca de 65% dos clientes do Crediamigo são mulheres.

Fonte: Secom

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Cientistas calculam quantas espécies existem


Cientistas acabam de estimar quantas espécies existem na Terra. O total chegaria a 8,7 milhões, com 1,3 milhão a mais ou a menos.

Apesar do tamanho da margem de erro, é o cálculo mais preciso já feito sobre a presença de vida no planeta. Até então, as estimativas giravam entre 3 milhões e 100 milhões. Dos 8,7 milhões, 6,5 milhões são espécies terrestres e 2,5 milhões, marinhas. Para a ciência, os números representam um desafio gigantesco, uma vez que a grande maioria ainda não foi classificada ou mesmo descoberta.

Os números foram divulgados pelo Censo da Vida Marinha, uma rede de pesquisadores de mais de 80 países em uma iniciativa de dez anos focada na diversidade, distribuição e abundância de vida nos oceanos. Estão em artigo publicado na revista PLoS Biology.

"A questão de quantas espécies existem tem intrigado cientistas há séculos e a resposta, somada a pesquisas em distribuição e abundância de espécies, é particularmente importante nesse momento, uma vez que diversas atividades e influências humanas estão acelerando as taxas de extinção", disse Camilo Mora, da Universidade do Havaí, um dos autores do estudo.

"Muita espécies podem desaparecer antes mesmo que saibamos de sua existência, de seu nicho particular ou de sua função em ecossistemas", alertou. Os autores do estudo destacam que a mais recente Lista Vermelha, feita pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais, estima que 19.625 espécies estão classificadas como ameaçadas. Isso de uma amostragem total de 59.508, ou menos de 1% do total agora estimado de espécies.

"Sabemos que o número exato de livros na Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos em 1º de fevereiro de 2011 era de 22.194.656, mas não somos capazes de dizer, mesmo em uma ordem de magnitude, quantas espécies distintas de plantas e animais dividem o mundo conosco", disse Lord Robert May of Oxford, ex-presidente da Royal Society.

Desde que o sueco Carl Linnaeus (1707-1778) publicou, em 1758, um sistema usado até hoje para classificação biológica, cerca de 1,25 milhão de espécies - aproximadamente 1 milhão em terra e 250 mil nos oceanos - foram descritas e seus dados estão disponíveis em bancos de dados. Outras cerca de 700 mil foram descritas mas ainda não publicadas.

Segundo o estudo, do total estimado de 7,77 milhões de espécies de animais, apenas 953.434 foram descritas e catalogadas. Das espécies marinhas, 11% foram descritas e catalogadas. Entre as plantas o conhecimento é muito maior: das estimadas 298 mil espécies, 215.644 foram descritas e catalogadas.

Mais informações e inscrições: www.coml.org.

O artigo How Many Species Are There on Earth and in the Ocean? (doi:10.1371/journal.pbio.100112), de Camilo Mora e outros, pode ser lido em www.plosbiology.org.

Fonte: Agência Fapesp

Programas Novos Talentos apoia exposição ABCMC Interativa


Capes, Espaço Ciência de Pernambuco e ABCMC promovem exposição científica interativa.

Com o objetivo de difundir e popularizar a produção científica brasileira, a Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciência (ABCMC) e o Espaço Ciência de Pernambuco inauguram, em Botucatu (SP), a Exposição ABCMC Interativa "Ciência, Ação e Diversão". A iniciativa tem o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), por meio do programa Novos Talentos.

A mostra, que já passou por cidades como Recife, Cuiabá, Campo Grande e Natal, permanece até o dia 30 de setembro, no Espaço Cultural Antônio Gabriel Marão, com entrada gratuita e aberta a visitação, de segunda a sábado, das 8h30 às 12h e das 14h às 17h. A previsão é que 10 mil alunos dos ensinos fundamental e médio visitem a exposição.

Montada com experimentos que simulam fenômenos físicos, a exposição engloba diferentes atividades que permitem a troca de conhecimentos e a interação com o público. De acordo com a organização da mostra, a iniciativa contribui para a ampliação e o fortalecimento de atividades de divulgação de ciência já realizadas pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), vinculadas ao programa "Difundindo e Popularizando a Ciência na Unesp: Interação entre Pós-Graduação e Ensino Básico" e à Rede Nacional de Educação e Ciência: Novos Talentos da Rede Pública.

Também apoiam a iniciativa o Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Fonte: Ciência Hoje

Reflexões sobre o Programa Ciência sem Fronteiras


Artigo de Nagib Nassar 

Nenhum projeto cientifico brasileiro recebeu tantas criticas da mídia estrangeira como foi o recém lançado Programa Ciência sem Fronteiras. Ele foi alvo de muitas controvérsias dos cientistas que atuam na área. A renomada revista Science Development publicou ainda comentários da comunidade cientifica brasileira em seu último número na semana passada. ¨Não fomos consultados. O projeto nem sequer foi discutido pela comunidade científica,¨ disse o cientista Celso Pinto de Mello, presidente da Sociedade Brasileira de Física.

O mais importante deste recém programa é seu reflexo negativo e consequências sobre programas de pós-graduação no País. Há muito medo de que os programas de mestrado e doutorado nacionais fracassem. São programas que se estabeleceram nos últimos vinte anos como exemplo pioneiro em toda a América Latina, em todos os países emergentes e em até alguns países europeus. O próprio ministro Mercadante é um graduado que se beneficiou desses programas, recebendo seu doutorado no ano passado (2010) de uma universidade brasileira e de um programa de pós-graduação brasileiro em Campinas.

Se a recém política de formar estudantes brasileiros no exterior e em universidades estrangeiras foi adotada nos últimos vinte anos, deixando programas nacionais fracos, frágeis e despreparados, o próprio ministro não teria sido capaz de se pós-graduar. Foram mais de 20 mil doutores formados no referido período em todas as áreas, com produção científica notável. Graças à política de fortalecer programas de pós-graduação no País, o Brasil está sendo seguido e imitado por muitos países. Se existisse uma política de dedicar um volume de recursos tão grande para enviar alunos de iniciação científica, mestrado, doutorado, a capacidade nacional de formação de recursos humanos científicos e de pesquisadores não poderia ser como está atualmente.

O que mais surpreendeu aos observadores foi o fato de a comunidade científica não ter sido sequer consultada. Ela foi totalmente ignorada. A notícia sobre esse programa surpreendeu ainda a mídia brasileira. É fácil se notar que a ideia de capacitar mestres, doutores e ate iniciação científica no exterior é contra os planos e o pensamento da fundação Capes, manifestados pelos seus dirigentes em várias ocasiões nos últimos anos. O Brasil deve rever esta decisão e este programa. O congresso brasileiro deve discutir e chamar o público científico e a sociedade cientifica brasileira a opinar, analisando os dados preparados pelos órgãos competentes, e discutir, os detalhes que servem como base para qualquer modificação.

De acordo com a Capes, somente no último ano, a qualificação de um estudante de doutorado nos EUA custa três vezes mais do que no Brasil. Não apenas isso, mas trata-se de estudantes brasileiros resolvendo problemas e assuntos vinculados a estrangeiros. São problemas que interessam aos seus supervisores no exterior e não a realidade brasileira.

Há ainda o problema de drenagem cerebral nacional. Isto se refere aos doutores brasileiros formados no exterior que preferem não voltar ao País, pois viverem a vida americana e européia e sonham com ela, e até assuntos de suas teses trataram com realidade distante do Brasil. Aquisição de experiências estrangeiras e apoio ao programa nacional ao mesmo tempo pode ser resolvida por programas doutorado sanduíche ou com o convite a cientistas estrangeiros mais distintos para transferir suas experiências ao amplo público de pós-graduandos brasileiros. Isto será feito dentro da realidade brasileira. Infelizmente, tudo isso não tem o peso que merece neste programa recém lançado.

Até princípios sociais, como inclusão social foram deixados a parte. Enviar aluno de iniciação científica ao exterior será possível somente aos alunos da classe media alta que tiverem oportunidade de estudar língua estrangeira. Há ainda o reflexo negativo sobre sua formação e construção do senso integrado da cidadania em estudantes da iniciação cientifica nesta fase precoce da sua vida. Eles devem viver problemas de seus pais antes de serem missionados ao exterior. Cientificamente eles não cristalizaram ainda uma visão científica nem definiram sua linha de estudo. Não há fruta que possa ser coletada de tantos gastos sobre alunos de graduação no exterior.

Referências:
Brazil stirs controversy with foreign study scheme
JC 4057 O quadro cientifico no Brasil, artigo de Nagib Nassar
JC 3687
20. Capes e a política de captação no exterior, artigo de Nagib Nassar

Nagib Nassar é professor emérito da Universidade de Brasília (UnB). Seu trabalho diminuiu fome na Africa, o mesmo pode acontecer no Brasil.http://www.idrc.ca/en/ev-158433-201-1-DO_TOPIC.html.

Fonte: JCEmail.

Ex-ministros debatem reforma do Código Florestal


Dando continuidade às discussões sobre o novo Código Florestal, Senado ouve hoje ex-ministros do Meio Ambiente e amanhã (25), ex-ministros da Agricultura.

As Comissões de Meio Ambiente (CMA), Agricultura e Reforma Agrária (CRA) e Ciência e Tecnologia (CCT) ouvem nesta quarta-feira (24), em audiência pública conjunta, ex-ministros do Meio Ambiente sobre o projeto do novo Código Florestal (PLC 30/2011). A reunião deve ter a presença de Marina Silva, Carlos Minc, Sarney Filho, Rubens Ricupero, José Goldemberg e José Carlos Carvalho.

Os ex-ministros elaboraram, em maio deste ano, uma carta com suas principais preocupações sobre a proposta do novo código, que, à época, tramitava na Câmara dos Deputados. A carta, entregue ao presidente do Senado, José Sarney, listava entre as principais preocupações a anistia a desmatadores, a classificação de agricultores familiares e a demarcação de áreas de preservação permanente.

Apesar dos pontos polêmicos, o senador Luiz Henrique (PMDB-SC) disse, na última sexta-feira (19), que falta pouco para o Congresso alcançar um consenso em relação à reforma do código. Luiz Henrique é relator da proposição em três comissões do Senado: Ciência e Tecnologia (CCT), Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e Agricultura e Reforma Agrária (CRA). O relator na Comissão de Meio Ambiente (CMA) é o senador Jorge Viana (PT-AC).

O projeto do novo Código Florestal tramita, atualmente, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, de onde seguirá para a CMA e a CRA. Requerimento para que o projeto tramitasse também na CCT foi aprovado no início do mês.

Na quinta-feira (25), às 8h30, será realizada nova reunião conjunta, desta vez para ouvir os ex-ministros da Agricultura Reinhold Stephanes, Francisco Turra, Alysson Paulinelli, Pratini de Moraes, Arlindo Porto e José Eduardo Vieira.

Fonte: Agência Senado

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Brasil na ESO: nossa ciência no topo dos Andes


Artigo de Eduardo Janot Pacheco e José Monserrat Filho.

O Brasil já é parceiro direto da ciência do primeiro mundo. Para tanto, bastou ter assinado o acordo que, se ratificado, o tornará membro pleno da Organização Europeia para Pesquisa Astronômica no Hemisfério Sul (ESO, na sigla em inglês).

O caso é real. Em 29 de dezembro de 2010, o à época ministro da Ciência e Tecnologia (MCT), Sérgio Rezende, firmou, em nome do presidente Lula, o acordo de ingresso na ESO. Desde então, nossa comunidade de astrônomos - cerca de 700 pesquisadores - e de físicos cosmólogos vem participando ativamente, em igualdade de condições com os colegas europeus, dessa que é reconhecida, até pelos próprios americanos, como a mais moderna entidade de pesquisas astrofísicas do mundo.

Após exaustivos debates ao longo de 2010 e ciente de sua responsabilidade histórica, a maioria esmagadora de nossos astrônomos apoiou a entrada do Brasil na ESO. A pequena minoria contrária, enredada numa visão imediatista, em projetos meramente pessoais e/ou com estreitos interesses vinculados a soluções americanas, não consegue se pôr à altura do grande salto qualitativo que estamos dando hoje.

A atuação séria e competente dos pesquisadores brasileiros se projetou logo de saída: já na primeira rodada de pedidos de tempo de observação, de que participamos agora em abril, nossa taxa de aprovação (número de noites de observação) foi maior que a média dos europeus.

Ratificado o acordo Brasil - ESO pelo Congresso Nacional ainda em 2011, nosso país será automaticamente coproprietário das moderníssimas instalações e bancos de dados da ESO no Chile e na Europa (avaliados em vários bilhões de euros) e passará a ter assento, voz e voto em todos os órgãos de avaliação e decisão da organização.

Simultaneamente, nossas indústrias de média e alta tecnologia poderão participar de obras únicas e pujantes, como a construção, no Chile, dos dois maiores telescópios de todos os tempos: o ELT (Extremely Large Telescope, ótico) e o ALMA (Atacama Large Millimeter Array, rádio-interferômetro gigante, já em construção). Ambos estão avaliados em mais de um bilhão de Euros. Nossas indústrias também terão total acesso ao desenvolvimento de instrumentação de ponta, regularmente promovido pela ESO.

Esse assenso qualitativo da nossa C&T em ciências exatas é fruto da notável mudança de mentalidade diante do imenso potencial brasileiro, do avanço das pesquisas científicas e da educação ocorrida no país na presente década: o orçamento do MCT multiplicou-se por seis e foi atualizado o salário dos pesquisadores das universidades públicas, que, por sua vez, tiveram condições de, a cada ano, abrir novos concursos.

A entrada do Brasil na ESO é movimento transformador. Investiremos R$ 550 milhões em dez anos e subiremos a um patamar bem mais elevado de progresso científico e tecnológico. Essa quantia - que nos permite adquirir um patrimônio material e de oportunidades sem precedentes - representa menos de 1% do orçamento atual do MCT e cerca de 1/6 do valor diário da dívida interna brasileira. Cabe frisar que até 75% das contribuições que cada país membro faz têm retornado a ele por meio dos contratos obtidos por suas indústrias junto à ESO. Trata-se uma virada histórica.

O Brasil pode, deve e precisa internacionalizar sua C&T, enfrentando novos desafios, galgando novas posições no mundo e sabendo proteger seus interesses soberanos. Vivemos uma grande chance com os benefícios sem comparação da ESO.

Gozamos de estabilidade e prosperidade financeiras, que os recursos do pré-sal reforçarão ainda mais. Os países desenvolvidos nos respeitam e fazem de tudo para serem nossos parceiros nesta etapa de mudanças e avanços.

Os governos Lula e Dilma entenderam isso e se engajaram na construção de um país mais sábio, mais produtivo e sem miséria, com base na sociedade e na economia do conhecimento - a fronteira do mundo contemporâneo. O Brasil na ESO marca a responsabilidade, a determinação e a coragem de um novíssimo tempo.

Eduardo Janot Pacheco é presidente da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) e José Monserrat Filho é chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB).

 Fonte: JCEmail

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Dilma: Brasil quer alcançar 1,2 milhão de matrículas em universidades federais até 2014


Para a presidente, um salto na educação brasileira pode contribuir para o enfrentamento da crise econômica que atinge países como os Estados Unidos e os da União Europeia.

A presidente Dilma Rousseff afirmou hoje (22) que o governo tem como meta alcançar 1,2 milhão de matrículas em universidade federais até 2014. Na semana passada, foi anunciada a criação de quatro unidades em estados do Norte e do Nordeste. Com a expansão, a rede federal passa a contar com 63 universidades.

No programa semanal Café com a Presidenta, Dilma avaliou o anúncio como um passo importante na terceira fase do Plano de Expansão da Rede Federal de Educação, formada por universidades federais e também por Institutos Federais de Educação Profissional, Ciência e Tecnologia (Ifets).

"Estamos criando condições para formar engenheiros, médicos, agrônomos, professores, dentistas e técnicos das mais diversas especializações, em municípios dos mais diferentes tamanhos, em todas as regiões", afirmou a presidente.

Dilma lembrou que cidades com mais de 50 mil habitantes foram priorizadas na escolha dos locais para as universidades. Segundo ela, tratam-se de microrregiões onde não existiam unidades da rede federal, sobretudo no interior do país. Também foram considerados municípios com elevado percentual de pobreza e com mais de 80 mil habitantes, mas onde as prefeituras têm dificuldade de investir em educação.

"Antes, para realizar o sonho de ter uma profissão, o jovem tinha que sair de casa, viajar para estudar na capital ou nos grandes centros urbanos. Agora, o ensino universitário, o ensino tecnológico está indo onde o cidadão mora ou nas suas vizinhanças", explicou.

Para a presidente, um salto na educação brasileira pode contribuir para o enfrentamento da crise econômica que atinge países como os Estados Unidos e os da União Europeia.

"Temos que ter consciência de que estamos vivendo uma situação mundial de muitas turbulências lá fora. Estamos preparados para atravessar esse momento de instabilidade econômica mundial, mas não podemos descuidar. Temos que enfrentar os desafios de hoje sem tirar os olhos do amanhã."

Fonte: Agência Brasil

Lobão discute royalties do petróleo em audiência na próxima quinta


O ministro de Minas e Energia participa de debate sobre a distribuição dos royalties do petróleo, em audiência conjunta das comissões de Serviços de Infraestrutura (CI) e de Assuntos Econômicos (CAE), no Senado. 

Royalty é uma palavra inglesa que se refere a uma importância cobrada pelo proprietário de uma patente de produto, processo de produção, marca, entre outros, ou pelo autor de uma obra, para permitir seu uso ou comercialização. No caso do petróleo, os royalties são cobrados das concessionárias que exploram a matéria-prima, de acordo com sua quantidade.

O valor arrecadado fica com o poder público. Segundo a atual legislação brasileira, estados e municípios produtores - além da União - têm direito à maioria absoluta dos royalties do petróleo. A divisão atual é de 40% para a União, 22,5% para estados e 30% para os municípios produtores. Os 7,5% restantes são distribuídos para todos os municípios e estados da federação

No ano passado, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou proposta aprovada pelo Congresso que dividia os royalties de petróleo igualmente entre estados produtores e não-produtores. Em julho deste ano, o presidente do Senado, José Sarney, anunciou que poderá colocar em votação o veto da Presidência da República, caso não haja acordo sobre a distribuição dos recursos.

Urgência - Na discussão durante reunião da Comissão de Infraestrutura, na última quinta-feira (18), o senador Walter Pinheiro (PT-BA) informou que o tema deve ser analisado em um ciclo de debates, às quintas-feiras, até o dia 15 de setembro, visando à construção de um acordo sobre o assunto. Ele lembrou esforços dos governadores para se chegar a um entendimento, evitando confrontos futuros no Judiciário.

Estados que possuem reservas de petróleo do pré-sal querem tratamento diferenciado em relação aos demais, contrariando projeto aprovado no Congresso, que prevê distribuição equânime entre as unidades da federação. "Urge uma decisão, senão todos nós seremos obrigados a um processo de pressão para apreciação do veto. Não podemos virar o ano de 2011 sem uma definição em relação a essa questão dos royalties", disse Walter Pinheiro.

O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) opinou que, além dos royalties, o ministro será questionado sobre concessões no setor elétrico e marco regulatório da mineração. Também o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, discutirá o assunto em debate marcado para quarta-feira (24), conforme um segundo requerimento de Lúcia Vânia aprovado na mesma reunião.

Fonte: Agência Senado

domingo, 21 de agosto de 2011

Privatização e apagão


Heitor Scalambrini Costa*

No âmbito do que se denominou Reforma do Estado, FHC privatizou muitas estatais. Administradas por políticos, sem dúvida em muitos casos, eram sugadoras de dinheiro publico, com crônicos e eternos prejuízos causados justamente pelo uso político. Usinas siderúrgicas, ferrovias, telefônicas, bancos estaduais e distribuidoras elétricas, passaram para a iniciativa privada com argumentos de que o Estado não tinha condições de investir, e que haveria melhoria na eficiência da gestão destas empresas.

A justificativa era de que o mundo havia mudado, e era necessário redefinir o papel do Estado, e se desfazer assim de estatais ineficientes e eliminar a corrupção, pelo menos onde o estatal virou privado. No caso particular do setor elétrico, os defensores do processo de privatização acenavam a população com promessas de melhoria dos serviços prestados e com o barateamento das tarifas. Lembram disso?

Hoje passados 20 anos os apagões tem se tornado rotina em algumas regiões do país, não por falta de produção de energia, desabastecimento como ocorreu há 10 anos, mas por deficiências, tanto no sistema de transmissão quanto de distribuição, principalmente devido a falta de investimentos. Com relação aos reajustes tarifários estes não param de aumentar, sempre acima dos índices de inflação que reajustam os salários, mesmo com os serviços prestados deficientes e em crescente deterioração, não cumprindo com as obrigações contratuais com os consumidores. 

Por outro lado, os governos estaduais e federal também têm responsabilidades. As agencias reguladoras, de ambas as esferas, são coniventes com as empresas não atuando mais efetivamente e fazendo cumprir a lei. A falta de fiscalização das agencias reguladoras é o grande problema, tendo uma relação direta com os constantes apagões. Quanto à questão das multas eventualmente aplicadas, ocorre que as concessionárias recorrem à justiça da punição, arrastando a decisão por anos, e continuam a operar sem nenhuma restrição.

Logo, se a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e as agências estaduais não fiscalizam direito as concessionárias, e o serviço entregue ao consumidor é ineficiente, por lógica os apagões que ocorrem são de responsabilidades também da agência reguladora. Afinal, se o serviço é ruim a tarifa não pode ser alta.

O cidadão constata que o fornecimento de energia está sendo interrompido com uma freqüência cada vez maior, e as empresas privadas não conseguem estancar o processo de deterioração dos serviços. As razões dadas pelas concessionárias para os blecautes, não conseguem convencer ninguém. Muitas vezes, as simplicidades das explicações nos deixam atônitos. E a pergunta que não quer calar é se são tão simples assim, porque as empresas não têm mecanismos de prevenção para tais acidentes?

Nos últimos três anos, o índice de interrupções do Brasil subiu de 16 horas para cerca de 20 horas. A região Nordeste está entre as mais prejudicadas, tendo a média subida de 18 para 27 horas. Situação de descaso foi verificada em Sergipe, onde o volume de apagões dobrou, de 22 para 44 horas. A Bahia também teve uma piora significativa: subiu de 14 para 20 horas. No Maranhão e no Piauí os indicadores são altos, respectivamente 22 e 52 horas.

De fato, o setor privado não está fazendo os investimentos necessários e adequados nas redes existentes de distribuição e transmissão, desrespeitando as metas comprometidas com a ANEEL. A qualidade dos serviços de energia elétrica entregue ao consumidor brasileiro entrou num processo de deterioração crescente resultando que o número de apagões só tem aumentado.

Baseiam-se em fatos auto evidentes, que as reformas do setor elétrico com as privatizações das distribuidoras frustraram as expectativas, e as esperanças dos que acreditaram na propaganda governamental de um serviço mais eficiente e mais barato.

O poder público precisa agir, pois não tem cumprido seu papel, e a população cobrar. Do lado do consumidor nos últimos meses as reclamações junto aos órgãos de defesa têm aumentado muito. O que se espera é outra postura dos gestores do setor elétrico, e não a relação promíscua que tem se aprofundado com as empresas privadas.

Fonte: enviado por e-mail