quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

EUA e China se uniram para sabotar conferência do clima


Uma visita do poderoso senador John Kerry, chefe da Comissão de Relações Exteriores do Senado americano, à China em maio de 2009 poderia explicar o fiasco da Conferência do Clima das Nações Unidas em Copenhague (COP-15) no ano passado.

Segundo um telegrama da embaixada americana em Pequim, a visita teve como objetivo traçar "uma nova base de cooperação majoritária entre China e Estados Unidos na questão das mudanças climáticas". O recado de Washington era claro: os americanos poderiam entender "a resistência da China em aceitar os compromissos obrigatórios" da conferência.

A mensagem é um indício de que as duas nações mais poluidoras do planeta se uniram para bloquear as tentativas de países europeus para fechar um acordo sobre um pacote de medidas emergenciais para reduzir as emissões de gases e conter o aquecimento global do planeta.

Durante a conferência do ano passado, EUA e China apareceram como rivais nas negociações. De um lado, os EUA insistiam que Pequim devia se comprometer com mais reduções e ainda aceitar mecanismos de verificação externos para suas metas de corte. O governo chinês se opunha ao mecanismo e, por sua vez, acusava Washington de não fazer sua parte no trato, ou seja, anunciar metas mais ousadas de corte de gases estufa.

Investimento na China, garantia de emprego nos EUA Kerry se reuniu com o vice primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, e destacou a insistência da Europa em forçar os países industrializados a reduzir as emissões, mas tranquilizou os chineses, garantindo que nada mudaria, pois junto com outras nações em desenvolvimento, a China apenas teria que dizer que "trabalharia duro para reduzir as emissões".

Cálculos feitos pela embaixada americana também alertaram Kerry para o fato de que a China investiria US$ 175 bilhões em proteção ambiental
nos próximos cinco anos - e que havia empresas dos EUA muito bem posicionadas para se beneficiar do investimento.

"A Westinghouse, por exemplo, estima que milhares de postos de trabalho nos EUA são mantidos toda vez que a China encomenda outro reator nuclear", exemplifica o documento, de 15 de maio de 2009.

A cooperação entre Pequim e Washington começou, na verdade, em 2007, quando o negociador Harlan Watson, apontado pelo então presidente George W. Bush, organizou um cronograma de entendimento entre os dois países por dez anos, além de criar o "Diálogo Econômico e Estratégico" - conversas de bastidores que nem americanos, nem chineses quiseram admitir publicamente.

O governo do presidente Barack Obama apenas deu continuidade ao diálogo, conforme mostra o telegrama, ao lembrar da primeira visita da secretária Hillary Clinton à China como chefe da diplomacia americana.

"Pequim concorda com a formação de uma nova parceria em energia e mudança climática", diz o texto. Kerry agiu como porta-voz de peso em Copenhague A estratégia americana pode ser corroborada observando a atuação do senador americano durante a COP-15. John Kerry passou menos de um dia em Copenhague, mas, em um único e incisivo discurso, deixou clara a posição americana - e reforçou os indícios de um verdadeiro jogo duplo no qual a retórica é incompatível com as manobras diplomáticas de bastidores.

- Esse é um novo dia. Um presidente americano está vindo a essas negociações com boa fé; desta vez, para prometer um novo começo e reafirmar o compromisso dos EUA de ser parte de uma solução global (para o aquecimento da Terra) - afirmou Kerry.

- Hoje, não há desculpa para não agir quando somos apenas 5% da população do planeta, mas responsáveis por 20% da emissão de gases.

Fonte: O Globo

Plano de florestas é única esperança


A criação de um mecanismo para combater o desmatamento nos países com grandes florestas é a grande esperança para que a Conferência Climática da ONU, em Cancún (COP-16), não seja um fracasso completo. A dois dias do fim do encontro, a discussão dos grandes temas, como a definição de novas metas de redução de emissões de gases-estufa, está travada.

No entanto, ironicamente, o REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal) só deverá sair do papel, caso haja decisão em outras áreas, como adaptação, mitigação e financiamento.

Países como Venezuela e Bolívia dizem que só aceitam um acordo se um grande pacote de decisões seja fechado. Caso contrário, preferem sair de Cancun com as mãos vazias.

- Um acordo sobre REDD está muito próximo. Não há dúvidas de que será um mecanismo importante, qualquer que seja o pacote de decisões de um acordo geral sobre o clima - afirmou Tasso Azevedo, assessor do Ministério do Meio Ambiente. - O Brasil é um grande contribuinte para o mecanismo porque é o país que mais reduz emissões por desmatamento no planeta. As bases do mecanismo já foram acordadas, ele será adotado em três fases.

A primeira seria de preparação de instrumentos de controle do desmatamento, como o usado no Brasil, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A segunda etapa seria aberta para a implementação de projetos pilotos nas áreas de manejo sustentável de madeira, reflorestamento e criação de áreas de proteção ambiental.

A terceira etapa seria de implantação efetiva e em larga escala de projetos nessas áreas, inclusive com a introdução de novas unidades de conservação, por exemplo. Os pontos que ainda estão em debate são: a inclusão de direitos indígenas no mecanismo, a possibilidade de que projetos gerem créditos de carbono a serem comercializados no mercado e se as medições das reduções de emissões devem ser feitas projeto a projeto ou nacionalmente.

Finalmente, a contagem das emissões evitadas com projetos de combate ao desmatamento já está praticamente acertada entre os negociadores: a tendência é que seja feita uma conta só por cada país ou por grandes regiões. Neste caso, supondo que o Brasil tenha 50 projetos de REDD em andamento, todas as reduções geradas por cada um separadamente será contabilizada de forma unificada.

Negociadores brasileiros dizem que as discordâncias sobre cada um desses temas do REDD são detalhes facilmente superados, caso o restante das negociações avancem a ponto de se chegar a um acordo climático em Cancún. (Catarina Alencastro)

Fonte: O Globo

Orçamento do Meio Ambiente para 2011 preocupa, diz ministra


A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, aproveitou sua participação em uma reunião do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas durante a 16ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-16), em Cancún, no México, para expressar sua preocupação com possíveis cortes no orçamento e sua Pasta para o ano que vem.

"Vou falar com a nova relatora para não haver corte no orçamento do Fundo Clima", anunciou durante a abertura da reunião, da qual participaram representantes do governo, da sociedade civil e do setor privado.

O Fundo Nacional sobre Mudança do Clima foi regulamentado no final de outubro e prevê um orçamento de R$ 226 milhões para 2011. Desse total, R$ 200 milhões são reembolsáveis, para empréstimos e financiamentos voltados para a área produtiva e o restante "a fundo perdido" para investimento em pesquisa e avaliação do impacto das mudanças climáticas.

A conversa com a nova relatora do orçamento, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) - que substituiu Gim Argello (PTB-DF) após a renúncia do senador por conta de denúncias - , deverá ocorrer na próxima semana, quando também será realizada outra reunião do fórum, na qual a ministra deve dizer o que ficou acertado.

A preocupação de Izabella tem como base a declaração do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, de que o Orçamento da União para 2011 sofrerá um corte de R$ 12 bilhões.

"O maior desafio agora é não ter contingenciamento. Se houver, que isso não seja drástico de maneira a impedir esse primeiro passo mais estruturante no funcionamento do fundo".

A ministra do Meio Ambiente também defendeu uma maior convergência entre o Fundo Clima e o Fundo Amazônia, que capta doações para investimento em prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento.

"Precisamos mexer nas regras para dar mais celeridade e ser mais flexível. O Fundo Clima não pode ficar limitado às dificuldades que tivemos no início - e ainda temos - no Fundo Amazônia".

Esta semana, a ministra assinou com o governo alemão o contrato de doação de US$ 30,6 milhões para o Fundo Amazônia. (Claudia Andrade)

Fonte: Terra

Regulamentação da clonagem de animais é aprovada na Comissão de C&T do Senado


A regulamentação do manejo de material genético animal e de clones domésticos de interesse zootécnico foi aprovada nesta quarta-feira (8) pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) do Senado. O texto trata de produção, importação, comercialização, fiscalização e pesquisa.

Segundo o relator da matéria, senador Gilberto Goellner (DEM-MT), a principal diferença do substitutivo elaborado, com relação ao projeto de lei (PLS 73/07) de autoria da senadora Kátia Abreu (DEM-TO), é que, na proposta original, a regulamentação incluía todos os animais mamíferos, anfíbios, peixes, répteis e aves.

- Agora só vale para os animais domésticos - informou o relator, que, para chegar ao substitutivo, realizou duas audiências públicas na CCT, com a presença de pesquisadores do Centro de Recursos Genéticos e Biotecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa/Cenargem) e da Universidade de São Paulo (USP), bem como representantes do setor pecuário e de órgãos governamentais com interesse na matéria.

Em seu parecer, Goellner afirmou que o Brasil já domina a tecnologia de clonagem de mamíferos, em especial a de bovinos, através da Embrapa. Hoje, segundo o relator, a empresa, por meio de parcerias, já está produzindo clones em escala comercial, e a tendência é o crescimento desse mercado.

- Entendemos que a aprovação do projeto contribuirá para o avanço das pesquisas com clonagem, não só na área de bovinos, mas também de outras espécies domésticas de interesse zootécnico, como equinos, suínos, ovinos e caprinos, entre outras. Ademais, a regulamentação da proposta trará segurança à produção comercial de animais clonados - afirmou o relator, durante a discussão da matéria.

Na justificativa ao projeto original, Kátia Abreu afirma que a sua pretensão, ao formular a proposta, era promover o debate. Seu texto, segundo explicou, procura "a solução de problemas práticos já existentes e, também, chamar a atenção para o fato de que o direito deve estar na vanguarda, ou seja, deve estar preparado para organizar o desenvolvimento e o uso da técnica em um futuro próximo, que poderá ser desenvolvida a aplicada nas mais variadas espécies".

O substitutivo será ainda analisado por outras três comissões do Senado, antes de ser encaminhado à Câmara: Agricultura e Reforma Agrária (CRA); Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ); e, por último, em decisão terminativa, Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA). (Valéria Castanho)

Fonte: Agência Senado

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Biocombustível mais limpo

O processo de produção do etanol resulta atualmente em uma série de resíduos tóxicos que, caso sejam lançados no meio ambiente, podem causar graves impactos ecológicos. Mas, em um futuro próximo, por meio de novas tecnologias geradas em áreas como a biotecnologia e genômica, será possível eliminar ou transformar, nas próprias usinas de etanol, os poluentes emitidos.

A estimativa é de Bram Brouwer, professor associado da Universidade Livre de Amsterdã e cientista-chefe da Bio-base Ecologically Balanced Sustainable Industrial Chemistry (Be-Basic).

"Estamos aprendendo como as indústrias de biocombustíveis, de química fina e de novos materiais podem diminuir a geração de poluentes ou convertê-los em novos produtos. Mas são tecnologias que levarão pelo menos de cinco a dez anos para serem desenvolvidas", disse no Workshop on Environmental, Social and Economic Impact of Biofuels, realizado em 25 de novembro pelo programa Fapesp de Pesquisa em Bionergia (BIOEN) e pelo Be-Basic.

O Be-Basic é um consórcio público-privado formado pelas principais universidades, instituições de pesquisa e indústrias holandesas e voltado para o desenvolvimento de novas tecnologias para produção de bioquímicos, biomaterias e biocombustíveis.

Uma das tecnologias que estão sendo estudadas no âmbito do Be-Basic é o desenvolvimento de biocatalisadores (aceleradores de reação biológicos), como microrganismos e enzimas.

O consórcio tem um programa totalmente voltado para a identificação de enzimas como a dealogenase, com potencial de eliminar poluentes recaciltrantes orgânicos - compostos que não são degradáveis ou levam muito tempo para serem degradados - no solo.

"Potencializando essas enzimas, será possível utilizá-las para eliminar tais poluentes do solo e melhorar processos como o de biorremediação", afirmou Brouwer, referindo-se ao processo em que são utilizados microrganismos ou suas enzimas para degradar compostos poluentes e recuperar áreas contaminadas.

Outra linha de pesquisa do consórcio é o monitoramento dos impactos ambientais das substâncias químicas utilizadas por indústrias em seus processos industriais. Segundo Brouwer, entre as mais de 100 mil substâncias químicas utilizadas hoje em processos industriais ou em produtos finais, 98% nunca passaram por uma avaliação de segurança.

Conhecer melhor essas substâncias, de acordo com o cientista, envolveria a realização de inúmeros testes com animais, o que, além de ser muito oneroso, não seria aceitável do ponto de vista ético.

"Há um grande esforço em andamento para descobrir métodos alternativos ao uso de animais nas pesquisas. Hoje, temos cerca de seis novos testes em fase final de validação, mas o processo de aprovação é muito lento e pode levar até cinco anos", disse.

Programa educacional

Para gerar e difundir as novas tecnologias geradas pela biotecnologia e a genômica e que podem ter aplicações no setor de biocombustíveis, de química fina e novos materiais, o Be-Basic instituiu um programa educacional, composto por cursos voltados para estudantes de graduação ao pós-doutorado e publicações para alunos do ensino médio.

"Pretendemos capacitar os cientistas a utilizar novas tecnologias e estimular estudantes de ensino médio a optar por carreiras relacionadas à biologia", disse Janneke van Setters, coordenadora do programa.

Durante a visita ao Brasil para participar do evento realizado pelo BIOEN, os representantes do consórcio assinaram um memorando de entendimento com a Fapesp para o lançamento de futuras chamadas de propostas de projetos colaborativos de pesquisa entre pesquisadores de instituições públicas ou privadas no Estado de São Paulo e cientistas associados ao Be-Basic.

Os projetos de pesquisa devem colaborar para desenvolver competências científicas e tecnológicas, promover alianças estratégicas para o desenvolvimento científico e tecnológico, estimular a disseminação do conhecimento e gerar resultados que tenham potencial para aplicações com valor de mercado nas áreas de interesse da Fapesp e do Be-Basic. (Elton Alisson)

Fonte: Agência Fapesp

Lançado, no CLA, o foguete de treinamento Orion V3


Como parte das atividades de preparação para o lançamento do foguete de médio porte VSB-30, previsto para acontecer sábado, dia 11, no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), foi lançado, às 14h18 de segunda-feira, dia 6, o foguete de treinamento Orion V3.

A atividade, que integra a Operação Maracati II, foi considerada um sucesso e confirmou as possibilidades para o lançamento do VSB-30 no sábado, missão que levará para testes em microgravidade experimentos científicos.

Com cerca de cinco metros de comprimento, o Orion atingiu o apogeu de 104km/s e teve uma trajetória de 316 segundos. Com a atividade, foi possível testar os sistemas de telemetria localizados no Centro de Lançamento de Alcântara, no município de Raposa, e também no Centro de Lançamento Barreira do Inferno, em Natal (RN), que participou do monitoramento das atividades.

Também foi possível fazer a checagem de todos os radares, o que dará mais segurança para o lançamento do VSB-30, operação que tem necessidade da recuperação da carga útil para comprovar a validade dos experimentos que serão testados no espaço.

Inicialmente, as atividades realizadas ontem seriam apenas uma cronologia simulada com possibilidade de lançamento por causa das boas condições meteorológicas. Como todos os procedimentos da cronologia foram bem-sucedidos, o lançamento foi confirmado. A operação de ontem foi orçada em R$ 180 mil e trata-se de uma parceria entre a Agência Espacial Brasileira e a Agência Espacial Alemã.

"Nós tínhamos marcado a data oficial de lançamento para esta terça-feira [hoje], mas percebemos que na cronologia simulada prevista para hoje [ontem], tínhamos possibilidades reais de lançamentos e isso foi confirmado", explicou o comandante da Operação Maracati II, coronel Eudy Carvalhaes da Costa e Silva, acrescentando que, com o lançamento do Orion, as equipes terão mais tempo para se dedicar aos critérios estabelecidos para o VSB-30.

"O VSB-30 é mais trabalhoso, a cronologia simulada dele demora cerca de 10 horas para testar todos os equipamentos e, por isso, é necessário uma série de cuidados para que o lançamento seja um sucesso", disse.

VSB-30

Na segunda parte da Operação Maracati II, prevista para sábado, o foguete VSB-30, desenvolvido por técnicos brasileiros e que integra o programa de Microgravidade da AEB, vai levar para testes cerca de 10 experimentos desenvolvidos por universidades, institutos de pesquisas e alunos do ensino fundamental que fazem parte dos programas desenvolvidos nas escolas pela AEB.

Grande parte dos experimentos são ligados às áreas de tecnologia, biologia e alguns diretamente relacionados ao desenvolvimento de sistemas para atividades espaciais. De todos que serão lançados, apenas um não necessita da recuperação da carga útil para a obtenção dos dados da pesquisa, por causa disso, há uma grande preocupação das equipes responsáveis pelo resgate da carga útil que cairá com um sistema de pára-quedas permitindo assim um maior tempo de flutuação em alto mar e será recuperada por uma equipe composta por um navio e dois helicópteros.

"A carga cairá com um sistema de pára-quedas que é maior e isso permite que a queda seja mais lenta e o resgate tem equipes da Aeronáutica e suporte da Marinha do Brasil", contou o coordenador de operações de resgate, tenente-coronel Lincoln Silva Senra.

Caso não seja lançado no sábado, por causa de condições meteorológicas, a campanha tem até o dia 15 deste mês para conseguir efetuar o lançamento, mas, segundo o coordenador-geral da campanha, coronel Eudy Carvalhaes, existem grandes possibilidades de que a atividade seja realizada no sábado. "Há muitas possibilidades, mas é claro que dependemos de condições de velocidade e direção dos ventos, e essas condições só serão avaliadas no dia da primeira tentativa", observou.

Fonte: O Estado do Maranhão 

Lançado edital para estimular a inclusão digital


O CNPq, a Capes e a Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (SEB/MEC) lançaram na última terça-feira (7/12) edital que investirá R$ 5 milhões em projetos que fomentem inovações e diferentes estratégias, ações e parcerias no âmbito do Programa Um Computador Por Aluno (Prouca)

O programa é uma iniciativa da Presidência da República desenvolvida em conjunto com o Ministério da Educação. Sua finalidade é a de estimular a inclusão digital, pedagógica e social mediante a aquisição e a distribuição de computadores portáteis em escolas públicas, em escala piloto de teste e avaliação.

O edital irá apoiar, por meio de recursos financeiros e bolsas de fomento tecnológico e extensão inovadora, projetos com os seguintes propósitos: fomentar inovações e fundamentação científica para a educação, a formação e a avaliação no âmbito do Programa UCA; desenvolver processos e produtos relacionados à aprendizagem com o suporte do uso do laptop educacional; estudar os impactos sociais e comunicacionais e de inclusão digital provocados pelo uso do laptop educacional; subsidiar a investigação de práticas pedagógicas e de gestão, com foco na sala de aula, na escola e nos sistemas de ensino, decorrentes do uso do laptop educacional; e estimular a formação de redes de pesquisa interdisciplinar e intersetorial que estejam vinculadas ao objeto deste edital.

O estímulo ao uso de laptops é importante por ser uma forma de complementar as reformas educacionais capazes de tornar a escola mais efetiva e apropriada a novos modelos de sociedade, formar pessoas mais bem preparadas para a vida em uma sociedade modificada científica e tecnologicamente, e também dar suporte aos alunos em desvantagem socioeconômica e com necessidades especiais de aprendizagem e inserir os professores num contexto tecnológico visando a impactar suas práticas docentes.

As propostas aprovadas serão financiadas com recursos no valor global estimado de R$ 5 milhões, oriundos do Tesouro Nacional, a serem liberados em duas parcelas: R$ 2,5 milhões em 2011 e R$ 2,5 milhões em 2012. Cada projeto aprovado terá o valor máximo de R$ 250 mil e prazo máximo de execução estabelecido em 24 meses.

O pesquisador interessado deve possuir o título de doutor, ter seu currículo cadastrado na Plataforma Lattes, experiência em projetos educacionais e no uso pedagógico de tecnologias da informação e comunicação (TICs) e ainda ter vínculo formal com a instituição de execução do projeto.

As propostas devem ser encaminhadas ao CNPq exclusivamente via Internet, por intermédio do Formulário de Propostas Online, disponível na Plataforma Carlos Chagas, até o dia 7 de fevereiro de 2011.

Veja o edital em: http://www.cnpq.br/editais/ct/2010/076.htm

Fonte: CNPq

Próximo PNE terá meta de investimento de 7% do PIB


O próximo Plano Nacional de Educação (PNE) vai fixar uma meta de investimento de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) na área. Essa foi a proposta apresentada pelo Ministério da Educação (MEC) à Casa Civil.

De acordo com o ministro Fernando Haddad, o plano será lançado nos próximos dias pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2011, começa a tramitação do projeto no Congresso Nacional.

"Evidente que temos um governo que termina e outro que começa, mas estamos trabalhando no sentido de fechar um consenso", disse o ministro. Dados referentes a 2009 mostram que hoje o país investe 5% do PIB em educação. Nos últimos cinco anos, o crescimento foi de 0,2 ponto percentual anualmente.

O próximo PNE vai definir as metas que o Brasil deve atingir em educação nos próximos dez anos. Segundo Haddad, o patamar de investimento de 7% do PIB deve ser atingido na próxima década, "mas quanto antes melhor".

As bases do PNE foram traçadas durante a Conferência Nacional de Educação (Conae), que reuniu no mês de abril em Brasília cerca de 3 mil representantes de movimentos sociais, governos, pesquisadores, estudantes, professores e pais para discutir as prioridades do setor. O documento final da Conae recomendou que o investimento em educação seja elevado para 7% até 2011 e atinja 10% em 2014.

O PNE 2001-2010, que ainda está em vigor, também estabelecia uma meta de investimento de 7% do PIB em educação, mas o dispositivo foi vetado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Para especialistas e estudiosos do tema, esse foi um dos fatores responsáveis pelo fracasso do ano atual, que não cumpriu boa parte das 295 metas estipuladas, já que não havia previsão orçamentária para garantir os investimentos apontados pelo projeto.

Outra meta que será incluída no PNE refere-se aos resultados do Brasil no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). O MEC estabeleceu que até 2021 os estudantes brasileiros deverão atingir a média de 473 pontos no Pisa, patamar semelhante ao alcançado pelos países-membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que aplica o exame. Os resultados referentes a 2009, divulgados nesta terça-feira (7) pelo órgão, mostram que a média do país está em 401 pontos.


Fonte: Agência Brasil

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Embrapa e UFRJ identificam gene que confere tolerância à seca


O pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Eduardo Romano e o pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Márcio Alves Ferreira, junto com suas equipes, identificaram um gene que confere alta tolerância à seca. O gene se encontra normalmente presente em plantas de café e os pesquisadores além de identificarem o gene, conseguiram demonstrar que quando este é transferido para outras plantas, elas se tornam altamente resistentes à seca. 

O pedido de patente do gene já foi encaminhado ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e o próximo passo é testar o seu desempenho em outras plantas de interesse agronômico, como soja, cana de açúcar e algodão. A identificação do gene só foi possível graças ao pioneirismo do Brasil, que em 2004 conseguiu sequenciar o genoma do café, o que resultou em um banco de dados com cerca de 200 mil sequências de genes, dos quais mais de 30 mil já estão identificados. 

Esse banco está à disposição das 45 instituições que compõem o Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D/Café), distribuídas em 14 estados brasileiros, entre as quais se incluem a Embrapa e a UFRJ. Para chegar ao gene que confere tolerância à seca, os pesquisadores submeteram plantas de café arábica, que é a variedade mais utilizada comercialmente no Brasil e no mundo, a 10 dias sem água. 

Com o passar do tempo, eles verificaram, por análises moleculares, que a expressão desse gene aumentava a cada dia em condições de seca. "É o que chamamos de restabelecimento da homeostase, ou seja, a defesa natural da planta para sobreviver em condições de estresse", explica Romano. De posse dessa informação, os pesquisadores isolaram o gene e o transferiram por engenharia genética para plantas modelo em laboratório. 

O objetivo era checar se a planta se tornaria mais tolerante à seca e se teria condição de passar essa característica para as suas progênies, ou seja, próximas gerações. "Essa é a fase a qual chamamos de validação gênica. Para que uma tecnologia possa ser validada cientificamente, é preciso provar que o gene realmente confere a característica desejada, no caso a tolerância à seca, e se é capaz de passá-la para as suas futuras gerações", completa o pesquisador. 

 As plantas geneticamente modificadas e suas descendentes permaneceram saudáveis após 40 dias sem água, se tornando muito mais tolerantes do que as plantas que não receberam o gene. De posse destes resultados, os pesquisadores passaram então para a fase de registro de patente junto ao INPI. O próximo passo, como explica Romano, é transferir esse gene para outras culturas agrícolas de importância para o país, como soja, algodão e cana de açúcar. 

As pesquisas com soja e algodão deverão ser desenvolvidas respectivamente com a Embrapa Soja (Londrina, PR) e Embrapa Algodão (Campina Grande, PB), enquanto as com cana-de-açúcar serão desenvolvidas em rede com a Embrapa Agroenergia (Brasília, DF), Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE), Embrapa Meio Norte (Teresina/PI) e Universidade Federal de Alagoas (Ufal). 

O objetivo é obter variedades tolerantes capazes de produzir nas condições de seca da região nordeste, no caso do algodão, e diminuir os custos com irrigação, no caso de soja e cana de açúcar. A pesquisa coordenada por Eduardo Romano e Márcio Alves Ferreira foi premiada como melhor trabalho científico no II Congresso de Genética Molecular Vegetal, em 2009. (Com informações da Assessoria de Comunicação da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia)

Vazamento sobre negociações climáticas ecoa na COP 16


A publicação, pelo site Wikileaks, de documentos diplomáticos americanos que mostram as negociações entre a União Europeia e os EUA para conseguir fazer vingar o Acordo de Copenhague, o vago texto resultante da Conferência do Clima da ONU do ano passado (COP 15), ecoa na edição deste ano da reunião (COP 16), que acontece em Cancún, no México, até dia 10 de dezembro.

Segundo o diário britânico 'The Guardian', em um dos documentos vazados, que descreve conversação no começo deste ano, a ex-presidente da COP 15 e atual comissária europeia para Ação Climática, Connie Hedegaard, aparece dizendo ao vice-enviado para Mudanças Climáticas dos Estados Unidos, Jonathan Pershing, que os pequenos países insulares, alguns dos mais ameaçados pelas mudanças climáticas, podem ser seus "maiores aliados" porque precisam de assistência financeira.

O objetivo seria buscar apoio de países em desenvolvimento para conseguir maior pressão política sobre potências emergentes como os do Basic (grupo que reúne Brasil, África do Sul, Índia e China). Outra correspondência dá a entender que a UE e os EUA estariam engajados em "neutralizar, cooptar ou marginalizar" países como Venezuela e Bolívia, que não estariam colaborando com as negociações.

Connie Hedegaard, que abandonou a presidência da COP 15 durante seu andamento, e passou chefiar a delegação europeia na COP 16, argumentou nesta segunda-feira (6) que os textos vazados apresentam apenas um lado das conversas, do ponto de vista americano. "É um relatório de um só lado e seletivo", comentou.

Todd Stern, enviado especial para Mudanças Climáticas dos Estados Unidos, disse que não comentaria os vazamentos. "Não farei comentários sobre o Wikileaks. É uma decisão do governo americano", disse. Ele apontou, no entanto, que parece contraditório que se exija que as nações ricas financiem ações para adaptação às mudanças climáticas e redução de emissões de gases-estufa e, por outro lado, estas sejam acusadas de suborno quando oferecem esse tipo de apoio.

Consultado a respeito, o representante da delegação chinesa, Xie Zhenhua, disse que as informações vazadas pelo Wikileaks precisam ser "melhor aclaradas".
(Dennis Barbosa)

Fonte: G1

Regulamentação de pesquisa e comércio de clones de animais na pauta do Senado


Dentre as matérias a serem analisadas pela comissão, destaca-se projeto de lei (PLS 73/07), de autoria da senadora Kátia Abreu (DEM-TO), que regulamenta as atividades de pesquisa, produção, importação, liberação no ambiente e comercialização de clones de mamíferos, exceto humanos, peixes, anfíbios, répteis e aves. O projeto tem parecer favorável com emenda substitutiva do senador Gilberto Goellner (DEM-MT).

Pelo projeto, o governo federal será responsável por fazer a inspeção e a fiscalização, que terá como alvo os critérios de identidade, propriedade, sanidade, segurança, desempenho produtivo, fertilidade e viabilidade do material genético e dos clones. Somente o fornecedor, público ou privado, devidamente registrado ou cadastrado nos serviços veterinários do governo federal poderá produzir material genético animal e clones.

As instituições de pesquisa, públicas ou privadas, ficarão obrigadas a comunicar previamente a pretensão de realizar clonagem, manipulação e fornecimento de clones. Para fins de pesquisa e desenvolvimento será permitida a utilização de animais não domésticos, exóticos ou de companhia, desde que os clones sejam mantidos sob controle e monitoramento oficial durante todo seu ciclo de vida.

Além das penas previstas em lei, o fornecedor responsabilizado por danos a terceiros, em virtude de vício, fraude, falsificação, adulteração e problemas sanitários será obrigado a indenizar e reparar integralmente os danos causados.

O fornecedor que permitir o desenvolvimento de clone com material genético cuja propriedade e origem não tenham sido comprovadas oficialmente, será considerado corresponsável pelos prejuízos decorrentes de fraude, falsificação e apropriação indevida.

Fonte: Agência Senado

Brasil avança, mas permanece entre os últimos em ranking internacional de educação


O Brasil está entre os três países que alcançaram a maior evolução no setor educacional na última década. É o que apontam os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) de 2009, divulgados nesta terça-feira (7). Apesar disso, o país ainda ocupa os últimos lugares no ranking entre os 65 que fizeram o exame em 2009. Os alunos brasileiros ficaram em 53º em ciências e português e em 57º em matemática.

A avaliação é realizada a cada três anos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e verifica o conhecimento de estudantes de 15 anos de idade em matemática, leitura e ciências. No ano passado, participaram 65 países.

O Brasil ingressou no Pisa em 2000. Desde então, a média entre as três provas - considerando os resultados em leitura, matemática e ciências - subiu de 368 para 401 pontos. Nesse mesmo período, apenas dois países conseguiram melhorias superiores aos 33 pontos alcançados pelo Brasil: Chile (mais 37 pontos na média) e Luxemburgo (mais 38 pontos). Na média, os países-membros da OCDE ficaram estagnados de 2000 a 2009, sem avanços.

O Brasil estabeleceu metas de melhorias no Pisa, como as que já existem para o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Para 2009, o objetivo era atingir 395 pontos, o que foi superado. Em 2021, o país precisa alcançar 473 pontos, média dos países da OCDE.

Na avaliação do ministro da Educação, Fernando Haddad, os resultados desmontam a teoria de que o Brasil estaria sempre em defasagem em relação aos países desenvolvidos, já que somente em 2022 atingiria níveis semelhantes na avaliação.

"O mundo está estagnado do ponto de vista da qualidade [da educação]. Embora alguns países da OCDE tenham melhorado, outros pioraram e, na média, ficaram estagnados. Em educação sempre há espaço para melhorar, mas o mundo desenvolvido está com dificuldade em fazer a sua média subir", afirmou.

Para Haddad, o "pior momento" da educação brasileira foi no início da década, entre 2000 e 2001, quando o país ocupou a lanterna no ranking do Pisa. Segundo o ministro, essa tendência está revertida e parte dos avanços se deve às mudanças no sistema de avaliação do país, especialmente a criação do Ideb em 2005 que atribui e divulga nota para cada escola pública.

Ranking

No topo do ranking, considerando a média entre as três disciplinas, está a província de Shangai (577 pontos), na China, que por ser autônoma participa do Pisa de forma independente. Em seguida vêm Hong Kong (546), a Finlândia (543), Cingapura (543) e o Japão (529).

Os países-membros da OCDE atingiram em média 496 pontos - 95 a mais do que o Brasil. Na lanterna estão a Albânia (384 pontos), o Catar (373), Panamá (369), Peru (368) e Quirziquistão (325).

O maior crescimento do Brasil foi em matemática: de 334 pontos na edição de 2000 para 386 em 2009. Para o ministro Fernando Haddad, uma das explicações para o avanço dos estudantes em matemática é a consolidação e popularização da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep).

Criado em 2005, o concurso contou neste ano com a participação de 19,6 milhões de alunos. "Eu era cético quanto ao impacto das olimpíadas no desempenho, mas já existem estudos que comprovam essa relação", disse o ministro.

Apesar da melhoria no desempenho dos alunos, a nota de matemática ainda é a mais baixa entre os componentes avaliados pelo exame. Em leitura, a nota passou de 396 para 412 pontos e em ciências, de 375 para 405. Ainda que as médias do Brasil tenham evoluído, dentro de uma escala de 1 a 6 estabelecida pela OCDE, o país ainda ocupa o nível 2 - em média, os países-membros da OCDE estão entre os níveis 3 e 4.

O relatório da avaliação mostra ainda que os meninos têm melhor desempenho em matemática do que as meninas: 394 pontos para eles, contra 379 pontos para elas. Mas as estudantes do sexo feminino são melhores em português (425) do que os homens (397). Em ciências, os resultados foram semelhantes, com uma diferença de três pontos a mais para eles.

Ideb
 
O relatório da OCDE também destaca a criação do Ideb como ação importante para a melhoria dos resultados e aponta o Brasil como exemplo a ser observado por outros países com baixa proficiência.

"O país investiu significativamente mais recursos em educação, aumentando os gastos em instituições de ensino de 4% do PIB [Produto Interno Bruto] em 2005 para 5% em 2009, alocando mais recursos para melhorar o salário dos professores. Também gastou o dinheiro de forma mais equitativa do que no passado. Recursos federais agora são direcionados para os estados mais pobres, dando às escolas recursos comparáveis aos que são disponibilizados nos mais ricos", diz o relatório, em referência ao Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), criado em 2006.

Fonte: Agência Brasil

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Para ser potência verde, Brasil deve fazer mudanças na matriz energética


País desperdiça enorme potencial de energias renováveis, dizem especialistas

Na atual disputa por uma economia de baixo carbono, o Brasil poderia estar no topo do pódio e permanecer nele por muito tempo devido ao seu vasto potencial de energias renováveis. Mas, segundo especialistas, o país vem desperdiçando oportunidades de explorar fontes de energia limpa - o grande motor para o desenvolvimento em tempos de mudanças climáticas.

"Ninguém tem dúvidas de que as energias renováveis vão dominar no futuro. É um processo muito demorado, mas irreversível", afirma o economista e engenheiro Edmilson Moutinho dos Santos, professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP.

"Mas o Brasil, mesmo com todo seu potencial, pode ficar para trás se não investir mais nessa área de energia verde", alerta o coordenador do Greenpeace, Ricardo Baitelo.

China, Estados Unidos e alguns países europeus estão aplicando bilhões de dólares para expandir suas energias verdes, especialmente eólica, solar e de biomassa (produzida a partir de lixo orgânico e sobras agrícolas, como o bagaço da cana). Na Europa, por exemplo, do total de novos mecanismos de geração de energia instalados no ano passado, 60% foram para renováveis.

Um estudo do Pew Environment Group com países do G-20 mostrou que enquanto o investimento da China nessa área foi de US$ 34,6 bilhões em 2009, o do Brasil foi de US$ 7,4 bilhões.

A culpa dessa "lentidão" do governo pode estar justamente na situação confortável do Brasil, com seu imenso potencial hidrelétrico, que faz com que 47% das fontes de energia do país sejam limpas. No entanto, para os especialistas, esse índice não pode ser visto como um motivo para se acomodar.

"Até há alguns anos, o país ainda tinha um grande potencial hidrelétrico a ser explorado. E o governo alegava que a Europa só investia em fontes renováveis por não ter esse potencial", diz Baitelo. "Hoje, ele já percebeu as dificuldades ligadas a hidrelétricas e as vantagens de energias como a eólica."

Para a professora de gestão ambiental da USP, Neli Aparecida de Mello, o problema não está nas hidrelétricas em si, mas na aposta que sempre se fez nas obras grandiosas, como Itaipu e Balbina, e também na sua localização.

"Não é uma questão de banir o modelo, mas sim de mudá-lo. Em primeiro lugar, deveríamos construir hidrelétricas menores, mais locais", diz. "Também é preciso levar em conta que atualmente os novos projetos estão na Amazônia, como Belomonte. Além do impacto ambiental, temos de ver o grande problema de logística para controlar essas longas linhas de transmissão que trazem a energia para o Sudeste."

Outro desafio passa pelas emissões vindas do setor energético. A meta do governo é permitir que esse tipo de emissão - que hoje representa 16,5% do total - dobre em dez anos. Segundo Baitelo, o governo usa a desculpa de que, como as emissões desse tipo são baixas, não há problemas em aumentá-las. "É um absurdo que se permita duplicar esse valor num país como o Brasil, com tantas alternativas energéticas", diz.

Os especialistas também apontaram para outro motivo para esse certo atraso do Brasil em investir nas fontes verdes: o pré-sal. "No início do governo Lula, o etanol era prioridade. Com o pré-sal, houve um deslumbramento e ele acabou sumindo um pouco do discurso", afirma Baitelo, lembrando que o então ministro de Minas e Energia Edison Lobão chegou a dizer que queria ver carros de passeio a diesel.

Santos destaca ainda que essa empolgação pré-sal acabou tirando o foco de uma questão essencial: o destino do gás gerado pela exploração desse petróleo. As projeções para essas emissões são tão altas que poderiam substituir as geradas pelo desmatamento, se esse fosse erradicado.

"Para quem está pensando em sustentabilidade, é um absurdo não aproveitar bem esse gás", diz o engenheiro, acrescentando que, aliado a outras fontes, o gás poderia ajudar no abastecimento de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Outro contrasenso indicado por Santos é não se incentivar ônibus movidos à gás - e sim a diesel e etanol. "Para suprir frotas grandes como a de São Paulo seria preciso plantar muito mais cana, tirando espaço de outro tipo de lavouras."

Segundo os especialistas, esses erros e políticas mal articuladas tiveram seu ápice há cerca de cinco anos. "O governo acabou sujando sua matriz energética ao incentivar as térmicas a óleo, que são baratas de se construir", lembra Baitelo.

Mas essa tendência vem se revertendo, ainda que em um ritmo muito mais lento do que o esperado. "Governo viu que o foco estava errado e passou a investir um pouco mais em outras energias, como a eólica", diz o coordenador do Greenpeace.

A participação da eólica na matriz elétrica nacional cresceu 5% em 2009. Mesmo assim, essa fonte corresponde a apenas 0,2% do total de energia gerada, enquanto tem potencial para gerar até três vezes mais do que o Brasil necessita.

Para mudar esse cenário, falta mais incentivo do governo: "O BNDES, por exemplo, fica financiando apenas as grandes obras, como estádios para a Copa e Belomonte", afirma Santos.

Os especialistas também criticam o baixo investimento sem ciência e pesquisa, que acabam ficando mais concentrado em áreas ligadas ao petróleo e a biocombustíveis. "O discurso oficial sempre pendeu mais para 'vamos esperar o preço cair' do que para criar legislação que incentive essas energias renováveis", diz Baitelo.

Ele cita o fato de não haver produção nacional de painéis solares. "Se houvesse mais incentivos a esse tipo de negócio, poderíamos exportar essa tecnologia, como fazemos com o etanol."

Tarifas especiais para quem poupa energia também são raras no Brasil. Em países europeus e asiáticos, essa iniciativa é corrente e vai além: o consumidor que usa energia solar pode vender de volta para o Estado o excedente, criando um ciclo virtuoso.

"Incentivos e garantias ao consumidor é uma questão chave para se melhorar nossa maneira de usar energia", afirma a professora da USP, fazendo uma comparação com os carros a álcool. "Demorou um tempo para se embarcar nesse mercado. Mas se a política for mantida aos poucos, o consumidor vai vendo que é algo viável, vantajoso e passa a comprar equipamentos que economizam energia, painéis solares."


Fonte: BBC/G1

País alcançará meta de redução do desmatamento muito antes de 2020, diz presidente

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (6) que o Brasil vai alcançar "muito antes de 2020" a meta de redução do desmatamento da Amazônia em 80%. "Muita gente achava que era impossível", disse ele, em seu programa semanal "Café com o Presidente".

Para Lula, a redução de 14% no desmatamento da Amazônia registrada este ano - a menor taxa em 22 anos - abre caminho para que a meta estabelecida em Copanhague no ano passado seja alcançada.

"Há uma lição para todos. O governo aprendeu que não basta proibir, não basta a Polícia Federal prender, não basta multar, é preciso conversar e dialogar", afirmou. Para o presidente, é importante que o governo federal envolva prefeitos e governadores e coloque à disposição ajuda para que os estados possam se desenvolver sem precisar do desmatamento.

"A gente percebe que todo mundo participa e que os resultados são mais extraordinários do que apenas proibir ou perseguir", disse. "E, se houver desmatamento, que seja uma coisa feita de forma bem cuidada, com o manejo correto da floresta", completou.

Fonte: Agência Brasil

Brasil sediará Fórum Mundial de Ciências em 2013


Promovido desde 2003 pela Academia de Ciências da Hungria, o Fórum Mundial de Ciências terá sua sexta edição, em 2013, realizada no Brasil. Será a primeira vez que o evento, que acontece a cada dois anos, será realizado fora de Budapeste.

Na última sexta-feira, o ministro Sergio Rezende assinou, na última sexta-feira (3/12), em evento na Academia Brasileira de Ciências (ABC), um termo de referência que garante recursos, da ordem de R$ 1,3 milhão, para a realização do evento.

Em entrevista ao JC, o presidente da ABC, Jacob Palis, disse que é uma grande conquista para o país receber o Fórum. Na sua avaliação, a escolha do Brasil para sediar o evento representa o reconhecimento por parte da comunidade internacional, dos avanços na área de C&T.

A ABC será responsável pela organização do Fórum no país. Saiba mais sobre o evento em http://www.sciforum.hu/

Grande benemérito

Também na sexta-feira (3/12), o ministro Sergio Rezende recebeu, das mãos de Jacob Palis, o título de grande benemérito da ABC, concedido pela primeira vez na história da academia.

Ele apresentou, durante a 4ª Conferência Avanços e Perspectivas da Ciência no Brasil, América Latina e Caribe, o que chamou de "prestação de contas" de sua gestão a frente do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), especialmente das ações previstas no Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional (Pacti 2007-2010).

O ministro expôs ainda algumas metas, propostas pelo MCT ao novo governo, para 2022. Entre elas, ampliar os investimentos em pesquisa para 2% do Produto Interno Bruto (PIB); dobrar o número de bolsas concedidas pelo CNPq e pela Capes, chegando a 340 mil; alcançar o número de 450 mil pesquisadores no país (dois para cada mil habitantes); e alcançar 5% da produção científica mundial. (Daniela Oliveira)

Fonte: Jornal da Ciência

Indicação de Mercadante para ministro da C&T é dada como certa


O nome de Mercadante foi dado como certo em diversos veículos de imprensa ao longo do fim de semana. A assessoria do senador informou nesta segunda-feira ao JC que ele se pronunciará somente após a confirmação oficial por parte da equipe de transição. A relação entre PT e PMDB tem gerado turbulências nas negociações para a composição do novo ministério.

Existe, porém, a confirmação extraoficial de que Mercadante foi convidado por Dilma e aceitou o cargo. Na sexta-feira, dia 3, o senador viajou a Brasília especialmente para reunir-se com a presidente eleita (na quinta-feira, dia 2, ele retornara para São Paulo). Segundo nota publicada no site da revista de negócios "Exame", no voo de sexta-feira, Mercadante lia relatórios relativos ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).

Com a escolha de Mercadante, o MCT passa da influência do PSB para a do PT. Em entrevista ao "JC e-mail" em 24 de novembro, o ministro da C&T, Sergio Rezende, decidido a deixar o cargo antes mesmo das eleições, informou que o processo de transição do MCT está bem encaminhado. 

Se, diferentemente de Rezende, não pode ser considerado membro da comunidade científica, Mercadante integra a comunidade acadêmica, ainda que esteja dela afastado. O senador é formado em economia, com mestrado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), de onde é professor licenciado. Segundo sua biografia publicada em site oficial, ele também é professor licenciado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Na carreira política, Mercadante foi eleito deputado federal pela primeira vez em 1990. Em 1994, foi candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Luiz Inácio Lula da Silva. Voltou à Câmara dos Deputados depois de ser eleito em 1998. Em 2002, foi eleito senador. Segundo reportagem do portal "iG", o projeto político do futuro ministro da C&T inclui a candidatura à prefeitura de São Paulo, em 2012.

Fonte: Jornal da Ciência