quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

MMA lança roteiro para criação de unidades de conservação municipais


Hoje o Brasil possui 63 unidades de conservação municipais. Muito pouco se comparado às 310 áreas federais e às 410 estaduais, segundo dados do Cadastro Nacional de Unidades de Conservação, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente. Para modificar este cenário, o MMA, por meio do Departamento de Áreas Protegidas (DAP), elaborou o Roteiro para Criação de Unidades de Conservação Municipais, que serão enviados a prefeituras e organizações não-governamentais.

Com linguagem acessível, o roteiro foi concebido para facilitar o entendimento sobre o tema para os gestores ambientais municipais e demais interessados, com informações sobre as etapas para a criação de uma UC, como, por exemplo: abertura do processo, avaliação da demanda de criação, realização de estudos técnicos, definição de categoria, procedimentos anterior e posterior à consulta pública e procedimentos jurídicos.

Há também dicas sobre a melhor maneira de resolver obstáculos comuns ao processo, além de detalhes de como proceder à elaboração do mapa e memorial descritivo da unidade ou o passo a passo para elaboração do ato de criação de uma unidade de conservação.

Elaborado por técnicos do DAP com base nos anos de experiência em processos de criação de UC, o roteiro busca conscientizar os gestores municipais que unidades de conservação são comprovadamente vantajosas para os municípios, pois evitam ou diminuem acidentes naturais ocasionados por enchentes e desabamentos; permitem o incremento de atividades relacionadas ao turismo ecológico; proporcionam geração de emprego e renda; e possibilitam a manutenção da qualidade do ar, do solo e dos recursos hídricos.

Fonte: Ciência Hoje/MMA

Sai licença para obra de Belo Monte começar

O Ibama concedeu na quarta-feira (26/1) a licença para a instalação do canteiro de obras da usina de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará. A autorização para o pontapé inicial do maior e mais polêmico empreendimento hidrelétrico em planejamento no país foi dada 15 dias após a saída de Abelardo Bayma da presidência do órgão, atribuída às pressões do Palácio do Planalto justamente pela liberação da licença. O instituto está com um presidente interino.

O licenciamento, esperado desde meados do segundo semestre do ano passado, era fundamental para que a usina pudesse sair do papel. Caso a licença não fosse dada agora, o consórcio construtor perderia a chamada janela hidrológica, época antes das chuvas na Região Norte, e o início das obras da usina teria que ser adiado para 2012, atrasando o trabalho em cerca de um ano.

Em nota à imprensa, a Norte Energia - empresa que construirá a usina, capitaneada pela Eletrobras - confirmou que "a conclusão do empreendimento está prevista em dez anos, com início de operação a partir do quinto ano do início da obra, ou seja, em 31 de dezembro de 2014".

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, havia prometido no início do mês que a licença seria concedida pelo Ibama até a primeira quinzena de fevereiro. A expectativa de Lobão era que uma semana depois fosse publicada a licença de instalação dos maquinários efetivos da obra - agora, a autorização foi para desmatamento, ou seja, preparação do terreno.

A ação direta da presidente Dilma Rousseff foi fundamental para que o Ibama agilizasse a licença. Na primeira semana de mandato, foi realizada uma reunião da presidente com Lobão e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, para tratar do assunto.

Nesse encontro, Izabella foi cobrada pelo posicionamento de técnicos do Ibama, que vinham argumentando, em linha com o Ministério Público (MP) e entidades ambientalistas, que as condicionantes impostas pelo órgão para reduzir os impactos ambiental e social da obra ainda não foram cumpridas e que sequer o tamanho exato do empreendimento está definido.

Izabella garantiu que os entraves estavam superados. Bayma, entre o governo e o MP e técnicos do Ibama, pediu demissão menos de uma semana depois. Ele alegou problemas pessoais. Em seu lugar, ficou o interino Américo Tunes, um dos diretores da instituição. Segundo o Ibama, a licença dada na quarta autoriza também a empresa Norte Energia a "implantar e melhorar as estradas de acesso e áreas para estoque de solo e madeira e realizar terraplenagem".

A licença prévia, na qual consta que a usina é viável ambientalmente, foi emitida em fevereiro de 2010. O custo total da usina deverá chegar a R$ 19 bilhões, um dos mais caros do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Mas o governo destaca a importância do empreendimento pelo tamanho: 11.233 megawatts (MW) de capacidade instalada. O consórcio Norte Energia venceu a licitação em abril de 2010 com um valor de R$ 78 pelo megawatthora (MWh), 6,02% menor que o teto do governo (R$ 83). (Mônica Tavares)

Fonte: O Globo

Depois dos erros, MEC vai reformular o Enem

Depois de uma série de erros nos últimos dois anos, o Ministério da Educação (MEC) trabalha na reformulação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Uma das propostas em análise é envolver diretamente as universidades federais na organização do exame. A presidente do Inep, Malvina Tuttman, confirmou que mudanças estão em estudo, mas evitou dar detalhes:

- Estamos conversando sobre isso dentro do governo. Não posso adiantar nada.

Ela se reuniu a portas fechadas com integrantes do Conselho Nacional de Educação (CNE). O secretário de Educação Superior do MEC, Luiz Cláudio Costa, disse que as universidades terão participação efetiva no Enem:

- Vai ter uma forma efetiva de participação. Elas vão participar com o que têm de melhor. As inscrições no programa Universidade para Todos (ProUni) bateram recorde este ano: 1.048.631 candidatos inscreveram-se no programa, que oferece bolsas gratuitas para alunos de baixa renda em 1,5 mil instituições privadas de ensino superior.

Até então, a maior marca tinha sido registrada em 2010, com 822 mil candidatos. O resultado da primeira chamada será divulgado amanhã. O ministro Fernando Haddad quer realizar duas edições do Enem em 2011.

Malvina não comentou a proposta do presidente da Câmara de Educação Superior do CNE, Paulo Speller, de regionalizar o Enem, fazendo provas distintas, em datas diferentes, nas diversas regiões. Já o secretário Luiz Cláudio Costa rechaçou a ideia:

- Não é o caminho. O que precisamos fazer é aperfeiçoar o sistema. Mas o sistema tem que ser nacional. Não podemos deixar questões menores atrapalharem um projeto Brasil.

A proposta do MEC de oferecer ensino médio em horário integral, associado ao ensino técnico, prevê transformar uma dívida do Sistema S em vagas gratuitas para estudantes da rede pública. O MEC estima que o Sistema S - do qual fazem parte o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e o Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) - tenha deixado de recolher cerca de R$ 3 bilhões do salário-educação, no período de 2000 a 2004.
(Demétrio Weber)

Fonte: O Globo

Deputados apontam prioridades para área de ciência e tecnologia

Aperfeiçoar o marco regulatório de incentivo à pesquisa e ampliar os recursos orçamentários para o setor estão entre as medidas, que coincidem com as defendidas pelo MCT.

Deputados apontam como prioridades para a área de ciência e tecnologia nesta legislatura o aperfeiçoamento do marco regulatório de incentivo à pesquisa e à inovação, a ampliação dos recursos orçamentários para o setor, o fortalecimento do programa espacial e a concretização do Plano Nacional de Banda Larga.

As prioridades coincidem com as propostas defendidas pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, em seu discurso de posse. Ele também destacou como prioridade a transição para uma economia "verde e criativa", com sustentabilidade ambiental.

Os deputados Paulo Piau (PMDB-MG) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) defendem aperfeiçoamentos nas regras de incentivo à pesquisa e à inovação, com mudanças, por exemplo, na Lei do Bem (11.196/05) e na Lei de Inovação (10.973/04). Segundo Piau, presidente da Frente Parlamentar da Pesquisa e Inovação, a Lei do Bem (que prevê incentivos fiscais a empresas que desenvolverem inovações tecnológicas) na prática não tem aplicabilidade. "Ela responsabiliza demais quem pede recursos. Precisamos dar mais liberdade, mas com controle", diz.

De acordo com Rollemberg, a Lei de Inovação deve ser revista para reduzir a burocracia nos processos de interação entre institutos de pesquisas e empresas. "A inovação deve agregar valor à produção brasileira", ressalta.

Mercadante avalia que o Estado brasileiro, apesar dos grandes avanços recentes, com a Lei da Informática (11.077/04), a Lei do Bem e a Lei de Inovação, "ainda não dispõe de uma política de incentivos e subvenções em nível adequado". Na Câmara, tramitam diversas propostas com o objetivo de aumentar o incentivo à pesquisa e à inovação.

Orçamento

Outro aspecto defendido por Piau é a ampliação dos recursos destinados à ciência e à tecnologia. Hoje, o investimento no setor é de 1,25% do Produto Interno Bruto (PIB). "Temos de chegar, a médio prazo, a pelo menos a 2,5%, que é o índice americano de investimento", afirmou. Segundo Rollemberg, recursos orçamentários significativos devem ser destinados a iniciativas estratégicas para o país, como o programa espacial e programas voltados ao desenvolvimento da bioenergia, da biotecnologia e da nanotecnologia, além de redução dos danos causados ao meio ambiente.

Mercadante afirmou que assume o dever histórico de ampliar cada vez mais a participação da ciência e da tecnologia no PIB nacional. Embora tenha destacado que a meta é a de que o índice de investimento alcance entre 2% e 2,5% do PIB na próxima década, o ministro disse que no primeiro ano de governo "serão feitos imprescindíveis ajustes fiscais".

Área espacial

Mercadante defendeu um programa espacial fortalecido, com recursos suficientes, e o "aperfeiçoamento da institucionalidade para o setor", com a criação da Agência Reguladora Nuclear Brasileira, por exemplo.

Rollemberg, relator do estudo "A Política Espacial Brasileira", lançado pelo Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica em novembro de 2010, é autor de propostas que objetivam desenvolver a indústria espacial. O PL 7526/10, por exemplo, concede benefícios fiscais para as indústrias do setor e prevê que as empresas beneficiadas investirão parte do seu faturamento em pesquisa e desenvolvimento tecnológico.

Já por meio da Indicação 6480/10, Rollemberg sugere ao Executivo, entre outras medidas, a reformulação da Agência Espacial Brasileira (AEB), com quadro próprio de servidores e autonomia orçamentária.

Banda larga

O ministro da C&T também destacou como medidas prioritárias a implementação do Plano Nacional de Banda Larga e a aprovação do Projeto de Lei 1481/07, que altera o Fundo de Universalização das Telecomunicações (Fust), como forma de aumentar o interesse dos jovens pela ciência e incrementar a educação.

Para Rollemberg, a aprovação do projeto do Fust é fundamental. "O projeto garante os recursos necessários para a universalização do acesso a uma banda larga de alta qualidade e barata e, em alguns casos, até gratuita", disse.

Fonte: Ciência Hoje (Informações da Agência Câmara)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Fórum discute importância das florestas para sustentabilidade do planeta


Estimativas de tendência de perda de florestas feitas nos últimos dez anos revelam risco de extinção das florestas tropicais nos próximos 50 anos, se continuar o ritmo do padrão atual de exploração. Afinal, qual é a importância das florestas não só para o equilíbrio fundamental do planeta, mas também para a sobrevivência das populações humanas?

Já se sabe que alguns dos serviços ambientais essenciais oferecidos pelas florestas são a regulação do clima, a manutenção e oferta de água e de alimentos. Sua importância também pode ser traduzida em inúmeras possibilidades econômicas decorrentes de sua utilização.

Para discutir a proteção em caráter emergencial das florestas de todo o planeta, representantes das Nações Unidas estão reunidos desde essa segunda-feira (24/1), em Nova York (EUA), no 9º UNFF (Fórum das Nações Unidas para Florestas) com o propósito de estabelecer agendas internacionais comuns em torno deste objetivo.

Durante duas semanas, os países membros vão debater a importância das florestas para o bem-estar e garantia da sustentabilidade das próprias populações humanas, sem se limitarem à questão da produção e do mercado florestal - focado no fornecimento de madeira -, tônica que sempre permeou essas discussões.

De acordo com João de Deus, diretor do Departamento de Florestas do MMA, no Ano Internacional de Florestas (2011), o lema da campanha da ONU pretende lembrar a todos que a conservação florestal não é um obstáculo ao desenvolvimento.

"As comunidades podem desenvolver suas economias em um processo que esteja associado à habilidade de se conseguir manter os recursos a longo prazo", comenta.

Outros temas como a preservação da biodiversidade (especialmente em florestas tropicais, que apresentam megadiversidade), redução de sua perda e manutenção de florestas como estratégia de mitigação dos efeitos de mudanças climáticas serão pautados no Fórum.

O principal ponto que o Brasil pretende defender é o manejo adequado de florestas tropicais como instrumentos de mercado. João de Deus explica que existe a possibilidade de um modelo de desenvolvimento em que as florestas vão auxiliar no processo socioeconômico das comunidades, feito a partir da utilização de recursos múltiplos destas áreas.

"Ao gerar esta multiplicidade de usos, este modelo prevê que a pressão econômica sobre os recursos florestais deve ser compatibilizada com a sua conservação a longo prazo", argumenta.

A reunião vai avaliar como cada país membro pode implementar tais mudanças e socializar ideias e sugestões em busca de novas iniciativas.

Manejo florestal

João de Deus afirma que os atuais padrões de manejo florestal têm se mostrado insatisfatórios. Ele explica ainda que a criação de novos modelos vai exigir novas tecnologias e desenvolvimento de conhecimento, além de investimentos em pesquisas nesta área.

"A cooperação deve trabalhar firme e rapidamente nesse processo. Perdemos muito tempo com a propagação da ideia de que o manejo florestal seria uma única solução para todos os males".

O manejo florestal é o documento técnico que contém o planejamento para a exploração de determinadas espécies madeireiras nas florestas. Implica no manejo da floresta que extrai da mesma apenas o que ela consegueria repor naturalmente, sem que isso comprometa o equilíbrio do ecossistema e sua capacidade de regeneração florestal, sem colocar em risco sua cobertura vegetal.

Fonte: Assessoria de Comunicação do MMA

Efeitos climáticos de La Niña persistem até meados de 2011, diz entidade internacional

Fenômeno meteorológico é responsável pelas chuvas intensas na Austrália e na Indonésia. No Brasil, causa secas severas no sul do país. Situação deve prosseguir até abril de 2011, diz Organização Mundial de Meteorologia.

O fenômeno La Niña deverá se prolongar durante os próximos meses de 2011. O episódio responsável pelas catástrofes climáticas registradas na Austrália e em outras partes do mundo deve prosseguir pelo menos até abril, segundo um relatório da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), divulgado nesta terça-feira (25/01).

O fenômeno oceânico-atmosférico se caracteriza por um esfriamento anormal nas águas superficiais do Oceano Pacífico tropical, com impactos sentidos em diferentes regiões do globo.

Segundo o relatório da OMM, desde agosto de 2010, as temperaturas da região oriental e central do Oceano Pacífico estão, em média, 1,5ºC mais frias do que o normal. Indicadores atmosféricos indicam que o La Niña é um dos episódios de maior impacto do século passado. Desde o seu aparecimento, ele tem provocado desordens climáticas que ocupam as manchetes dos noticiários.

Os meteorologistas da OMM afirmam que o corrente fenômeno é responsável pelas precipitações acima da média registradas na Austrália, na Indonésia e sudeste da Ásia. Acredita-se também que o atual La Niña tenha provocado mais chuvas no sul da África e precipitação abaixo do normal na África Equatorial oriental. Menos chuva também foi registrada no centro e no sudoeste da Ásia, como também no sudeste da América do Sul.

Na Austrália, por exemplo, a região norte do país sofreu grandes inundações ainda em dezembro. Em algumas partes do estado de Vitória, choveu em 24 horas o volume de chuva que costuma ser distribuído ao longo de um ano.

"Regiões tipicamente impactadas pelos eventos do La Niña devem ficar atentas e esperar uma continuidade das condições moderadas e fortes do La Niña nos próximos dois meses, e uma condição mais fraca em março e abril", diz o relatório da OMM.

O Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), antevê que, no Brasil, o La Niña vai provocar mais chuvas nas vazões dos rios da Região Norte e Nordeste do país. Já a Região Sul, produtor agrícola nacional importante, deve sofrer com secas severas.

"Ainda não temos ferramentas para quantificar o quanto acima haverá de chuva, portanto não há como prever se haverá danos para a população. Mas sabemos que na Região Norte as chuvas caem em forma de pancada, ou seja, chove muito em pouco tempo", disse à Deutsche Welle Priscila Farias, meteorologista do CPTEC.

Sobre as chuvas que caíram no Rio de Janeiro e ocasionaram a morte de mais de 800 pessoas, Farias disse que o ocorrido pode não se relacionar ao La Niña. "Não se sabe se o La Niña tem alguma influência nessa que foi a maior fatalidade climática da história do Brasil."

O La Niña, normalmente, provoca o aumento das chuvas na parte ocidental do Pacífico Equatorial, incluindo o norte da Austrália e Indonésia, durante os meses de dezembro a fevereiro. No período de junho a agosto, o mesmo efeito é observado nas Filipinas - e quase não é sentido na parte oriental do Pacífico Equatorial.

Condições mais úmidas também são registradas entre dezembro e fevereiro no norte da América do Sul e sul da África, e entre junho e agosto no sul da Ásia e sudeste australiano. O ar fica seco em algumas regiões do Equador, Peru e África Equatorial ocidental entre dezembro e fevereiro e, entre junho e agosto, esse fenômeno é observado no Brasil e Argentina.

Uma vez que o fenômeno se desenvolve, sua duração média é de 12 meses. Segundo os registros meteorológicos, o forte El Niño de 1997-1998 foi seguido por um La Niña prolongado que durou de 1998 a 2001. (Nadia Pontes)


Fonte: Deustche Welle

Vacina vegetal é criada no Brasil


Num avanço tecnológico muito significativo para o país, cientistas do Instituto de Tecnologia de Imunobiológicos (o Bio-Manguinhos), da Fiocruz, no Rio, em parceria com pesquisadores americanos, assinaram acordo para o desenvolvimento e a produção da primeira vacina feita no mundo a partir de uma planta - ou seja, sem o uso de vírus atenuados ou inativados (não infecciosos).

O imunizante escolhido para ser inicialmente produzido dessa forma é o da febre amarela, uma das doenças do arsenal do mosquito da dengue, o Aedes aegypti, e endêmica em países da América do Sul e da África.

Além de reduzir os efeitos colaterais - raros com a vacina atual, porém graves -, o novo imunizante poderá ser fabricado em maior quantidade e a um custo menor.

Hoje a vacina contra a febre amarela é produzida por Bio-Manguinhos com uma tecnologia 100% brasileira e desenvolvida a partir de uma cepa viva atenuada do vírus do gênero dos flavivirus, cultivada em ovos especiais (chamados embrionados) livres de doenças e fornecidos por uma única indústria nacional. O vírus se multiplica no ovo formando o antígeno - o princípio ativo da vacina atual.

Apesar de sua comprovada eficácia, esse método tem problemas. Como a vacina é obtida a partir de embriões de galinha, ela pode causar alergia em pessoas suscetíveis e até complicações como encefalite, a inflamação no cérebro, devido ao uso de vírus vivo.

Os pesquisadores esperam que com a nova técnica o imunizante seja mais seguro, diz Marcos Freire, vice-diretor de Desenvolvimento Tecnológico de Bio-Manguinhos:

- É algo inédito no mundo.

De forma simplificada, na produção da nova vacina os cientistas pegam o gene que faz (codifica) a principal proteína do vírus que induz a resposta imunológica no organismo. Em seguida, eles colocam esse gene nas células das folhas da planta Nicotiana benthamiana, espécie de tabaco. À medida que ela se desenvolve suas folhas crescem produzindo grande quantidade de antígeno.

- Cada folha da planta é uma minifábrica do antígeno que será usado na vacina - explica Ricardo Galler, principal pesquisador.

O método das chamadas biofábricas é usado na produção de algumas substâncias, como insulina, mas é a primeira vez que se chega tão longe com uma vacina.

Freire comenta que a produção nacional de ovos embrionados para a produção da vacina para o mercado brasileiro e o externo (o país exporta o imunizante para 70 países) não atende à demanda. E boa parte precisa ser importada dos Estados Unidos e da Europa.
- Se tudo der certo com a nova tecnologia e os testes pré-clínicos e clínicos apresentarem bons resultados, não vamos depender mais de ovos especiais embrionados, que no Brasil só têm um fornecedor - afirma o pesquisador. - Apesar de a vacina atual ser segura e eficaz, sua tecnologia tem 70 anos e, de certa forma, é obsoleta.

O uso da planta em cultivo por hidroponia - sem solo, onde as raízes recebem uma solução nutritiva balanceada - é uma grande vantagem porque os cientistas não precisam de grandes áreas de granjas para obter a proteína que estimula a resposta ao vírus, o que favorece a produção em áreas controladas e restritas. Além disso, o tabaco é um vegetal bem estudado e não comestível. Portanto, o seu cultivo não vai interferir na produção de alimentos.

O acordo entre Bio-Manguinhos e o Centro Fraunhofer para Biotecnologia Molecular e a iBio Inc., nos Estados Unidos, foi assinado no último dia 4. A Fiocruz investirá US$ 6 milhões no projeto para que o país domine o inovador processo de produção, e a previsão para o início da primeira fase clínica de estudo, no Brasil e nos Estados Unidos, é de três anos.

O Programa Nacional de Imunizações recomenda que a vacina contra febre amarela seja aplicada a partir dos nove meses de vida e a imunização seja repetida a cada dez anos. Isto vale principalmente para as pessoas que viajam para regiões endêmicas. (Antônio Marinho)

Fonte: O Globo

"Nature" destaca entrada do Brasil no ESO

A última edição da revista "Nature" traz reportagem sobre o pedido brasileiro para participar das operações do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês). Com o título "Brasil inicia corrida por telescópio", o texto afirma que a entrada do país no observatório, que ainda depende de aprovação do Congresso, servirá para consolidar a organização europeia como a mais forte do mundo em observação espacial.

Os recursos a serem pagos pelo governo brasileiro, cerca de US$ 300 milhões ao longo de dez anos, além de uma "taxa de entrada" de US$ 130 milhões, serão aplicados na construção de um novo telescópio.

A íntegra do texto pode ser lida em: http://www.nature.com/news/2011/110126/full/469451a.html

Engenharia é a carreira mais visada no Sisu


Curso também é o que mais ofereceu vagas aos que participaram do Enem

Com 251 mil inscrições, os cursos de engenharia foram os mais procurados no Sisu (Sistema de Seleção Unificada), site que seleciona os alunos participantes do Exame Nacional do Ensino Médio para universidades públicas e institutos tecnológicos.

Em segundo ficou o curso de administração, com 103 mil inscrições, e, logo em seguida, medicina, com 85 mil.

Além de ter sido a carreira mais procurada, engenharia foi a que mais ofereceu vagas: 15% das 83.125 disponibilizadas. O aluno pôde optar por até dois cursos.

No que se refere a concorrência, a maior está na carreira de radiologia, com 68 candidatos por vaga, somando-se todos os cursos da área. Depois vêm medicina (65) e relações públicas (50).

Isoladamente, o curso mais concorrido é o de gestão ambiental do instituto federal de tecnologia de Rondônia: 683 candidatos por uma das três vagas oferecidas.

Os quatro menos disputados estão no instituto federal de tecnologia de Santa Catarina. Oferecidas em cidades do interior, as duas licenciaturas de matemática e uma de física e outra de química ficaram com concorrência de 4,5 a 5,3 candidatos por vaga.

Os índices de concorrência no Sisu refletem também a baixa procura por carreiras de formação de professores. Dos 50 cursos menos disputados, 33 são de licenciatura.

Entre as instituições, a Universidade Federal do Ceará foi a que recebeu o maior número de inscrições: 118 mil para 5.700 vagas. Em seguida, vêm as federais do Mato Grosso e do Rio, com 96 mil e 92 mil inscrições, respectivamente.

A primeira chamada do Sisu foi divulgada no domingo. As matrículas são nos dias 27, 28 e 31, presencialmente nas próprias instituições. (Angela Pinho)

Fonte: Folha de SP

Conselheiro do CNE defende Enem regionalizado


O presidente da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação (CNE), Paulo Speller, vai propor mudanças no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) à nova presidente do Inep, Malvina Tuttman. Ele vai sugerir que o Enem seja regionalizado, isto é, que o teste deixe de ser aplicado simultaneamente em todo o país.

Para Speller, as universidades federais também poderiam assumir tarefas, sob supervisão do MEC, na organização do exame.

- O Brasil é muito grande. É preciso que haja descentralização do processo. As universidades federais podem contribuir muito. Minha sugestão é de descentralização do Enem, regionalização e parceria com universidades federais.

Malvina visitará o CNE nesta quarta. Desde terça-feira (25/1), os conselheiros estão reunidos. Além de presidente da Câmara de Educação Superior, Speller é reitor da última universidade federal criada no governo Lula, a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), em Redenção, no Ceará. Segundo ele, seu ponto de vista é compartilhado por outros conselheiros.

- A presidente do Inep vem aqui amanhã (hoje) e vamos dizer isso ela - afirmou.

Speller defende a ampliação do banco de questões do Enem, passo indispensável para a aplicação de diversas provas por ano. Isso porque o Enem é elaborado com base na Teoria de Resposta ao Item, que exige que as perguntas das provas sejam pré-testadas, de modo a garantir o mesmo grau de dificuldade em testes distintos. Sem a ampliação, não há como realizar mais edições do exame.

Speller lembra que a Universidade Federal de Mato Grosso oferece cursos para formação de professores brasileiros no Japão. Nesses cursos, o vestibular é feito eletronicamente. Para Speller, esse deve ser o caminho do Enem.

- Temos de chegar num ponto de fazer por via eletrônica. Estou falando de um cenário para o futuro.

Na reunião do CNE, o novo secretário de Educação Superior, Luiz Cláudio Costa, destacou a importância do Enem e do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) para democratizar o acesso ao ensino superior: - Antes tínhamos uma tragédia invisível: a pré-evasão. Estudantes sonhavam (em ingressar na universidade) e sequer podiam fazê-lo. O Enem acabou com essa pré-evasão.

Costa disse que a presidente Dilma Rousseff seguirá Lula e fará reuniões com os reitores das federais.

- A presidenta Dilma tem um compromisso total com a educação e o ensino superior. Vamos estar agendando em breve, com certeza no primeiro semestre. (Demétrio Weber)

Fonte: Globo

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Cidade do Sol, de Mossoró, recebe Prêmio Despoluir - Qualidade Ambiental

Promotora Raquel Germano entrega o prêmio ao empresário Gino Costa, da Cidade do Sol/Mossoró

Como uma das empresas de transporte de passageiros que mais se preocupou com a qualidade do meio ambiente, a empresa de transporte de passageiros de Mossoró, Cidade do Sol, foi agraciada com o Prêmio Despoluir - Qualidade Ambiental, por manter seus veículos sempre bem regulados para uma menor emissão de poluentes.

A entrega do prêmio aconteceu no SEST - SENAT da Avenida Prudente de Morais, em Natal, onde reuniram-se empresários do ramo de todo o Nordeste. A Cidade do Sol foi escolhida por manter sempre os seus veículos muito bem regulados visando uma melhor qualidade ambiental para os seus passageiros, para a população da cidade e também para os seus funcionários.

O prêmio Despoluir foi instituído pela Confederação Nacional do Transporte e no Nordeste é executado pela FETRONOR - Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Nordeste, que também realiza a inspeção em todos os veículos das empresas que são suas afiliadas e com base no resultado desse trabalho, escolhe as empresas para a concessão dos prêmios.

EUA tentaram impedir programa brasileiro de foguetes


Telegramas revelam pressão americana sobre parceria
entre Brasil e Ucrânia para reconstrução da Base de Alcântara

Ainda que o Senado brasileiro venha a ratificar o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas EUA-Brasil (TSA, na sigla em inglês), o governo dos Estados Unidos não quer que o Brasil tenha um programa próprio de produção de foguetes espaciais. Por isso, além de não apoiar o desenvolvimento desses veículos, as autoridades americanas pressionam parceiros do país nessa área - como a Ucrânia - a não transferir tecnologia do setor aos cientistas brasileiros.

A restrição dos EUA está registrada claramente em telegrama que o Departamento de Estado enviou à embaixada americana em Brasília, em janeiro de 2009 - revelado agora pelo WikiLeaks ao Globo. O documento contém uma resposta a um apelo feito pela embaixada da Ucrânia, no Brasil, para que os EUA reconsiderassem a sua negativa de apoiar a parceria Ucrânia-Brasil, para atividades na Base de Alcântara no Maranhão, e permitissem que firmas americanas de satélite pudessem usar aquela plataforma de lançamentos.

Além de ressaltar que o custo seria 30% mais barato, devido à localização geográfica de Alcântara, os ucranianos apresentaram uma justificativa política: "O seu principal argumento era o de que se os EUA não derem tal passo, os russos preencheriam o vácuo e se tornariam os parceiros principais do Brasil em cooperação espacial" - ressalta o telegrama que a embaixada enviara a Washington.

A resposta americana foi clara. A missão em Brasília deveria comunicar ao embaixador ucraniano, Volodymyr Lakomov, que "embora os EUA estejam preparados para apoiar o projeto conjunto ucraniano-brasileiro, uma vez que o TSA (acordo de salvaguardas Brasil-EUA) entre em vigor, não apoiamos o programa nativo dos veículos de lançamento espacial do Brasil".

Mais adiante, um alerta: "Queremos lembrar às autoridades ucranianas que os EUA não se opõem ao estabelecimento de uma plataforma de lançamentos em Alcântara, contanto que tal atividade não resulte na transferência de tecnologias de foguetes ao Brasil".

O Senado brasileiro se nega a ratificar o TSA, assinado entre EUA e Brasil em abril de 2000, porque as salvaguardas incluem concessão de áreas, em Alcântara, que ficariam sob controle direto e exclusivo dos EUA. Além disso, permitiriam inspeções americanas à base de lançamentos sem prévio aviso ao Brasil.

Os ucranianos se ofereceram, em 2008, para convencer os senadores brasileiros a aprovarem o acordo, mas os EUA dispensaram tal ajuda. Os EUA não permitem o lançamento de satélites americanos desde Alcântara, ou fabricados por outros países mas que contenham componentes americanos, "devido à nossa política, de longa data, de não encorajar o programa de foguetes espaciais do Brasil", diz outro documento confidencial.

Sob o título "Pegando Carona no Espaço", um outro telegrama descreve com menosprezo o voo do primeiro astronauta brasileiro, Marcos Cesar Pontes, à Estação Espacial Internacional levado por uma nave russa ao preço de US$ 10,5 milhões - enquanto um cientista americano, Gregory Olsen, pagara à Rússia US$ 20 milhões por uma viagem idêntica.

A embaixada definiu o voo de Pontes como um gesto da Rússia, no sentido de obter em troca a possibilidade de lançar satélites desde Alcântara. E, também, como uma jogada política visando à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Num ano eleitoral, em que o presidente Lula sob e desce nas pesquisas, não é difícil imaginar a quem esse golpe publicitário deve beneficiar. Essa pode ser a palavra final numa missão que, no final das contas, pode ser, meramente 'um pequeno passo' para o Brasil" - diz o comentário da embaixada dos EUA, numa alusão jocosa à célebre frase de Neil Armstrong, o primeiro astronauta a pisar na Lua, dizendo que seu feito se tratava de um pequeno passo para um homem, mas um salto gigantesco para a Humanidade. (José Meireles Passos)

Fonte: O Globo

Termelétrica a carvão será inaugurada com promessa de não agredir ambiente


A fase C da Usina Termelétrica Candiota 3 será inaugurada na próxima sexta-feira (28/1), com a presença da presidenta Dilma Rousseff. Localizada na cidade de Candiota, no sul do Rio Grande do Sul, a termelétrica tem capacidade instalada de 350 megawatts e começou a gerar energia no dia 3 de janeiro.

A obra, avaliada em R$ 1,3 bilhão, teve financiamento de US$ 430 milhões do China Development Bank (CDB) e foi construída pela Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE).

A grande novidade da usina é a utilização de dessulfurizadores, uma tecnologia que reduz os impactos ambientais da termelétrica. Segundo o presidente da CGTEE, Sereno Chaise, a mesma tecnologia será utilizada também nas usinas antigas, muito poluentes. "Hoje, a energia produzida a carvão, desde que se adapte a esses instrumentos, pode ser considerada energia limpa. E a nova usina conta com todos eles. Vai significar agressão zero ao meio ambiente", garantiu.

Dos 350 megawatts instalados, 292 megawatts já foram comercializados em leilão da Agência Nacional de Energia Elétrica, em dezembro de 2005. A pedra fundamental da usina foi lançada em setembro de 2006. A energia gerada pela termelétrica será compartilhada com o Sistema Interligado Nacional, que é coordenado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Chaise deve aproveitar a inauguração da fase C da usina para anunciar a contratação da empresa que fará os estudos técnicos para ampliação da termelétrica, com a construção da fase D. "Hoje, 46% da energia produzida em todo o mundo é originária do carvão. Aqui no Brasil, esse percentual é de 1,2%. As nossas jazidas de carvão são inesgotáveis. Se fizermos toda nossa energia oriunda a carvão, temos energia para mais de 500 anos. O combustível está aí, os financiamentos internacionais estão batendo na nossa porta. Então, por que não fazer?", disse ele ao defender o investimento.

Para o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, a nova usina traz segurança energética para a Região Sul, onde o potencial hidrelétrico já está esgotado. Segundo ele, a fiscalização dos órgãos ambientais garante a segurança do empreendimento para o meio ambiente. (Sabrina Craide)

Fonte: Agência Brasil

Embrapa vai liderar rede internacional de pesquisa em ingredientes funcionais de frutas


A Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza-CE) será a instituição-líder de uma rede de pesquisa internacional na área de ingredientes funcionais de frutas: a Rede Frutactiva. A proposta de criação da rede foi aprovada pelo Cyted, um conselho que reúne todos os Organismos Nacionais de Ciência e Tecnologia (ONCTS) dos países Iberoamericanos (Portugal, Espanha e os 20 países latinoamercianos). O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) é o representante brasileiro no Cyted.

O objetivo da Rede Frutactiva é montar um grupo multi e transdisciplinar que favoreça a interação, a cooperação, a transferência de conhecimentos, metodologias e tecnologias para a caracterização, obtenção e uso de compostos bioativos de frutas tropicais não-tradicionais dos países iberoamericanos. Além do avanço no que se refere ao conhecimento científico, a rede prentende viabilizar a comercialização de ingredientes bioativos que vierem a ser obtidos durante os quatro anos do projeto.

As doenças crônicas causam 60% das disfunções e 49% da mortalidade total no mundo, sendo que 79% dessas mortes são registradas nos países em desenvolvimento. De acordo com o pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical e coordenador da rede, Ricardo Elesbão, há um consenso acerca de que as frutas não fornecem apenas nutrientes, conforme seu uso tradicional, mas possuem ainda ingredientes bioativos com propriedades comprovadas na prevenção de doenças degenerativas.

As frutas contêm compostos antioxidantes que podem ocorrer naturalmente ou ser introduzidos durante o processamento para o consumo. Esses compostos, tais como as vitaminas A, C e E, a clorofila, os fenólicos, os carotenóides a as fibras são capazes de restringir a propagação das reações em cadeia e as lesões induzidas pelos radicais livres, que aceleram o processo degenerativo do organismo.

As espécies de frutas não-tradicionais (acerola, caju, açaí, camu-camu, romã, dentre outras) produzidas na Iberoamérica tropical apresentam-se como uma grande oportunidade para os produtores regionais conquistarem nichos de mercados e atenderem consumidores interessados em produtos exóticos, ricos em compostos (ingredientes bioativos) que possam ter função na manutenção da saúde.

Esses são alguns dos resultados esperados pela Rede Frutactiva, segundo o pesquisador: gerar e consolidar conhecimentos científicos que possam levar a avanços significativos na agregação de valor das frutas em estudo; fornecer subsídios para estudos in vivo (animais e humanos) que comprovem as propriedades funcionais das frutas; aumentar a contribuição social das frutas em estudo às populações locais onde estão disseminadas e políticas públicas voltadas para a nutrição; e fornecer subsídios para a pesquisa de melhoramento, assim como para a indústria que pretenda utilizar extratos dessas frutas para a obtenção de produtos cosméticos e nutracêuticos.

Ainda conforme Ricardo Elesbão, a aprovação de uma rede como esta pelo CYTED sempre tem sido bastante concorrida. O conselho aprova, por ano, apenas um projeto por linha de pesquisa. Essa foi a terceira tentativa dos pesquisadores em quatro anos. A equipe que integra a rede contará com 33 mil euros por ano para promover reuniões, cursos e lançar publicações. "Isso pode representar a liderança do Brasil neste tema durante os próximos quatro anos", afirma Elesbão.

A Rede Frutactiva é composta por 14 grupos de pesquisa (quatro do Brasil, dois do México, dois da Espanha, um do Equador, um de Portugal, um do Peru, um da Colômbia, um da Costa Rica e um da Venezuela) e 12 empresas. Ao todo, 109 pesquisadores dos nove países fazem parte dessa iniciativa.

Fonte: Embrapa

Nova espécie de planta é descoberta no Nordeste


Um estudo coordenado pelo laboratório de Morfo-Taxonomia Vegetal da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) descobriu, recentemente, uma nova espécie de planta, a Gymnannthes boticario. O nome é uma homenagem a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza por ter apoiado o trabalho desde as fases iniciais.

A Gymnanthes boticario não é a primeira referência que a fundação recebe. Ela está no mesmo grupo que o anfíbio Megaelosia boticariana, os peixes Aphyolebias boticarioi e Listrura boticario, além de outra espécie vegetal, a Passifroa boticarioana Cervi

Antes da descoberta, eram conhecidas 45 plantas do gênero Gymnanthes, três dessas endêmicas no Brasil. A planta foi descrita em artigo publicado em dezembro de 2010, no volume 40 da publicação Willdenowia - Anuário do Jardim Botânico e do Museu Botânico de Berlin-Dahlen.

Locais onde as plantas são encontradas

A planta ocorre em áreas arenosas ou pedregosas, com altitudes entre 400 e 900 metros. A altura da espécie é de um a quatro metros, suas flores são pequenas, amarelo-creme e não exalam perfume. Sua ocorrência foi verificada nos estados Pernambuco, Piauí, Paraíba, Ceará, Bahia e Rio Grande do Norte.

A espécie foi coletada, pela primeira vez, em 31 de maio de 2006, em Mirandiba, no sertão pernambucano. Em 2007, a pesquisadora Maria de Fátima de Araújo Lucena registrou novos indivíduos no Parque Nacional Serra da Capivara (PI).

Novas populações da Gymnanthes boticario foram encontradas em Pedra Branca (PB), na Serra de Olho d'Água, uma região a 740 metros de altitude. De acordo com a pesquisadora, todos os espécimes já coletados foram encontrados em remanescentes de Caatinga bem preservados, com pouca intervenção humana e, por vezes, de difícil acesso, com vegetação predominante arbustiva e arbórea.

Durante a pesquisa foi feito um inventário florístico da família Euphorbiaceae com necessidade de investigação científica ou cujo conhecimento botânico fosse escasso. Os locais selecionados para o estudo foram as unidades de conservação Parques Nacional Serra da Capivara, no Piauí, e o Parque Nacional Serra de Itabaiana, em Sergipe, o município de Mirandiba, a região dos Cariris Paraibanos e uma área no município de Porto da Folha (Sergipe).

Resultados

Com os produtos gerados no projeto foi possível identificar o panorama da diversidade taxonômica desse grupo de plantas em algumas áreas do semiárido. Segundo Fátima, foram registradas 28 novas ocorrências de espécies da família para a região Nordeste, além de identificadas populações de espécies raras e a descoberta da nova espécie para a ciência. Também foi realizado extenso levantamento da família nos principais herbários da região, com o objetivo de complementar dados de distribuição geográfica das espécies.

A pesquisa confirmou a necessidade de inventariar novas áreas no bioma Caatinga. "A identificação de áreas e de ações prioritárias, como a pesquisa, tem-se mostrado um valioso instrumento para a conservação e proteção da Caatinga". 

Por apresentarem alto potencial econômico, o gerenciamento sustentável de unidades de conservação e das áreas da Caatinga pode ajudar na manutenção das espécies da família Euphorbiaceae. "Ainda mais porque áreas como aquelas nas quais Gymnanthes boticario foi encontrada estão se tornado cada vez mais raras", conta a pesquisadora.

A Caatinga tem sido degradada pelo manejo inadequado de sua vegetação, exploração de pecuária extensiva e agricultura. "Essa situação coloca em risco a biodiversidade do bioma com número expressivo de espécies raras e endêmicas", revelou a pesquisadora.

A região nordeste do Brasil comporta atualmente 245 espécies da família Euphorbiaceae, distribuídas, com maior frequência, nas áreas de Caatinga. Além dessa expressiva ocorrência, a família contempla um número considerável de espécies com potencial econômico no setor farmacológico-medicinal, industrial, madeireiro, ornamental, na produção de alimentos.

Fonte: Agência Fapeam/blog Eco