sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Educação ambiental distante da produção científica


As principais fontes de informação para professores do ensino básico que trabalham com educação ambiental são revistas e livros didáticos e o conhecimento produzido nas universidades não atinge diretamente esses profissionais. A constatação é de uma pesquisa feita na Universidade Estadual Paulista (Unesp).

O estudo avaliou as fontes de informação sobre educação ambiental dos professores de educação básica em 14 municípios de São Paulo que pertencem à bacia hidrográfica do médio Tietê, tendo como polo regional a cidade de Bauru.

De acordo com Marília Freitas de Campos Tozoni Reis, professora do Instituto de Biociências de Botucatu e docente credenciada na Pós-Graduação da Faculdade de Ciências da Unesp de Bauru, o estudo procurou entender por que o conhecimento produzido nas universidades nessa área não atinge diretamente os profissionais na educação básica.

"Nossa hipótese era que não conhecemos o formato das publicações e o material que esses professores utilizam para a formação contínua. Na universidade publicamos em revistas especializadas, mas há uma limitação por não se atingir diretamente os docentes do ensino básico", disse à Agência Fapesp.

Marília coordenou a pesquisa "Fontes de informação dos professores da educação básica: subsídios para a divulgação dos conhecimentos acadêmicos e científicos sobre educação ambiental", com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) na modalidade Auxílio à Pesquisa - Regular, desenvolvida no Grupo de Pesquisa em Educação Ambiental (GPEA), que atua junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação para a Ciência da Unesp-Bauru.

Em 2008, o estudo mapeou escolas e professores em 13 municípios, excluindo Bauru. No ano seguinte, os pesquisadores fizeram a coleta de dados por observações e entrevistas naquele município. No total, foram identificados 277 professores que trabalham com educação ambiental.

A pesquisa apontou que a maioria dos professores busca informações em revistas (23%) e livros didáticos (16%), seguidos da internet (14%) e jornais (10%). Aparecem em menor número materiais paradidáticos (6%), cursos, palestras e panfletos (4%), apostilas (4%), vídeos, filmes e músicas (4%), programas de televisão (3%), material acadêmico (3%) e projetos e práticas educativas (2%), entre outros.

Entre as revistas mais citadas, a Nova Escola aparece no topo das indicações, seguida de Veja, Superinteressante e Época. A Nova Escola oferece descontos para professores e muitos recebem a publicação gratuitamente em suas escolas. "O que nos chamou a atenção é que são revistas de grande circulação nacional, nas quais muitas matérias simplificam as questões teóricas e pedagógicas", afirmou Marília.

"Com relação ao resultado para a internet, o que nos preocupa é que os professores não mencionaram nenhum procedimento de busca mais sistematizado. É invariavelmente algo muito genérico e sem critério de seleção", disse.

Segundo Marília, outro ponto a se ressaltar é a dificuldade dos professores em separar o material usado com os seus alunos em aula com o que eles próprios usam para se informar.

Os pesquisadores do GPEA pretendem elaborar uma cartilha de educação ambiental para professores das séries iniciais do ensino fundamental para ser distribuída em todo o Estado de São Paulo.

"Nosso objetivo é orientar o professor para a inserção da educação ambiental de 1ª a 5ª série. Mas não queremos fazer apenas uma distribuição da cartilha pelo correio. A ideia é que os membros do grupo realizem minicursos com os professores em cada escola visitada", disse. (Alex Sander Alcântara)

Fonte: Agência Fapesp

UERN realiza V Simpósio Brasileiro, tendo 
como tema central a Educação Ambiental

A Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN, através do CEMAD, realiza de 09 a 11 de dezembro, em Mossoró - RN, o V Simpósio Brasileiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Semiárido, tendo como tema central: Educação Ambiental e Biodiversidade. O evento acontecerá no Salão Seridó, do Hotel Villa Oeste e terá na sua abertura a educadora ambiental, professora Michèle Sato, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, ex-consultora do Ministério do Meio Ambiente. 

As inscrições poderão ser feitas através do portal: www.uern.br

Desafio da nova economia é revolucionar a educação, apontam especialistas

O maior desafio para a educação brasileira e mundial nos próximos anos será repensar métodos de ensino, para despertar o interesse dos alunos para o estudo. Essa foi a ideia central levantada no painel "Como educar para a nova economia", na manhã desta quinta-feira, no 3º Congresso Internacional de Inovação, moderado pelo coordenador do Conselho de Inovação e Tecnologia da Fiergs, Ricardo Felizzola.

"Se na década de 90, o desafio era colocar os jovens na escola, agora, é promover uma revolução na educação", sugere o economista-chefe do Centro de Políticas Sociais vinculado à Fundação Getulio Vargas (CPS/FGV), Marcelo Neri.

Essa necessidade é comprovada por um estudo apresentado por ele, que mostra aspectos como os motivos que levam estudantes a desistir da qualificação. Mais de 40% dos jovens entre 15 e 17 anos consultados apontam que não estudam pelo fato de a escola e as aulas serem pouco interessantes. Quando o foco são cursos profissionalizantes e a faixa-etária é dos 15 aos 29 anos, esse percentual aumenta para 63,8%.

"Precisamos adaptar os conteúdos para a realidade e mostrar os benefícios de ser um profissional qualificado", analisa Neri, ao apresentar dados que comprovam o retorno do investimento em educação. Profissionais com ensino médio técnico em seus currículos, por exemplo, têm salários, em média, 14% maior, e quando tecnólogos, o crescimento é de 24%.

O especialista em inovação e conselheiro para política em educação no governo Tony Blair, Richard Gerver, também reforçou a necessidade de modificar o ensino. "O mundo mudou, precisamos educar os jovens para saírem do lugar-comum, desafiá-los a questionar, a sair do quadrado", afirma Gerver.

Para isso, ele afirma que é preciso tirar da rotina dos professores o obsessão por resultados, dados e provas para mostrar eficiência. "No passado, o educador preparava os alunos para a certeza, agora, precisamos criar incertezas, ensinar que cometer erros não é ruim, assim é o mundo que vivemos", analisa, destacando que as próximas gerações terão de criar soluções para as crises que já vivenciamos hoje - ambiental, econômica e sócio-éticas.

Cenários futuros

O analista do programa de Cooperação com Países não-Membros para Educação da Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OECD, da sigla em inglês), Mihaylo Milovanovitch, mostrou quatro cenários de educação para 2030 previstos em estudo da organização. Um deles é o das "redes abertas". Nessa previsão, haverá educação e pesquisa universitárias internacionalizada, os estudantes terão mobilidade para estudar em outros países.

"O ensino será cada vez mais customizado", afirma Milovanovitch. Segundo dados apresentados, estamos encaminhando para essa realidade. Em 2007, eram 3 milhões de estudantes fora de seus países, daqui a 20 anos, esse índice deve triplicar.

Denise Corrêa da Rocha, da Unidade de Prospectiva do Trabalho do Senai-DN, também apresentou cenários previstos para os próximos 15 anos, por estudo da entidade com base em dados do BNDES. Uma das previsões mostra uma economia interna e externa em crescimento, aumento da demanda por profissionais com conhecimentos técnicos, gerenciais e sistêmicos, aumento do orçamento para pesquisa e elevação do orçamento.

"Nesse cenário, será necessário flexibilizar e customizar os currículos da educação profissional e do uso de novas tecnologias", afirma Denise.

O painel ainda contou com a participação do diretor de Educação Básica de Santa Catarina, Antonio Elízio Pazeto, que mostrou as conclusões do estudo desenvolvido pela OECD de avaliação da situação da educação no Estado, com o secretário da Educação do Rio Grande do Sul, Ervino Deon, e com o pró-reitor da Feevale, Cleber Prodanov.

Fonte: Assessoria de Comunicação da Fiergs

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Biopirataria: multas de R$ 125 milhões


A multa aplicada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) à Natura por suposta prática de biopirataria integra uma ampla operação, denominada Novos Rumos, que resultou na autuação de dezenas de empresas e já somou, em multas, R$ 112,2 milhões.

Relatório obtido com exclusividade pelo Globo mostra que sete empresas ou instituições de pesquisa foram punidas administrativamente por remessa ao exterior de patrimônio genético, considerada a mais grave entre as irregularidades. Só nesses sete processos, as sanções atingem R$ 46 milhões.

O Ibama já investiga outros casos cujas práticas são similares às do crime organizado e farão parte de uma segunda etapa da operação. - As sistemáticas (dos infratores) na investigação são as mesmas do comércio internacional de drogas - afirmou ao Globo Abelardo Bayma, presidente do Ibama.

Na lista de autuadas, estão instituições de pesquisa nacionais e estrangeiras, além de empresas do ramo farmacêutico e de cosméticos. De acordo com o relatório, entre agosto e outubro foram emitidas 67 multas porque as empresas ou instituições de pesquisa não cumpriram as normas para a repartição dos benefícios oriundos da exploração genética da biodiversidade.

Outras 56 multas foram aplicadas por acesso irregular ao patrimônio genético. Somadas, essas duas infrações geraram multas de R$ 45,6 milhões e R$ 20,5 milhões, respectivamente.

Dezenove instituições de pesquisa só foram advertidas. Todos estão dentro do prazo para apresentar recurso. Conforme O Globo revelou no início deste mês, a operação Novos Rumos amparou politicamente as ações internacionais do Brasil com o objetivo de combater a biopirataria, na Conferência Mundial da Biodiversidade.

A iniciativa foi dividida em duas etapas: a primeira terminou em outubro. Na primeira fase, o Ibama fez um pente fino em 98 processos considerados irregulares pelo Conselho do Patrimônio Genético (Cgen), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, cuja missão é controlar o acesso ao patrimônio genético nacional.

Até hoje, o Cgen já recebeu 107 pedidos de acesso ao patrimônio genético. Na operação, o Ibama se baseou na medida provisória (MP) 2.186/2001, que proíbe o acesso não autorizado ao patrimônio genético. Mas esta é considerada imprópria por cientistas e até alguns setores do governo.

O marco regulatório do setor está parado desde 2007 na Casa Civil. Bayma rejeita os argumentos de que a fragilidade da lei seria um entrave para aplicar punições. Para ele, a MP está em vigor e deve ser cumprida.

Bayma disse que a segunda etapa da operação deve buscar organizações criminosas, que nunca tentaram regularizar atividades de bioprospecção.

Há indícios de esquemas envolvendo a contratação de pesquisadores brasileiros por instituições estrangeiras não regulamentadas, que acessam o patrimônio genético e até detêm patentes de produtos brasileiros no exterior.

A Natura já avisou que vai recorrer da multa de R$ 21 milhões. (Roberta Matchlik)

Fonte: O Globo


América do Sul atrai indústria nuclear


A energia nuclear pode ganhar três novos adeptos na América do Sul. Chile, Equador e Venezuela trabalham em projetos de construção de usinas atômicas para a geração de eletricidade. O interesse já atrai países que detém tecnologia nuclear e veem na América do Sul um potencial novo mercado. Para os Estados Unidos, no entanto, as pretensões energéticas de alguns governos da região causam incômodo.

Atualmente, apenas México, Brasil e Argentina têm usinas nucleares gerando eletricidade. Os três discutem - com mais ou menos ênfase - a expansão da fatia de seu átomo na matriz energética.

De acordo com a Associação Mundial Nuclear, mais de 45 países em todo o mundo estão atualmente "ativamente considerando a possibilidade de desenvolver programas de energia nuclear". Na América do Sul, os listados são Chile, Equador e Venezuela. A Bolívia, segundo disse recentemente o presidente Evo Morales, também tem interesse em ingressar na era da energia nuclear. O país, no entanto, não é citado pela associação como um dos que estão realmente empenhados na ideia de adquirir um reator.

Na região, é a Venezuela quem parece estar mais avançada. Embora seja o maior exportador de petróleo da América do Sul, o país tenta reduzir sua dependência dos hidrocarbonetos, a exemplo do que fazem países árabes ricos em petróleo. No mês passado, durante visita à Rússia, o presidente Hugo Chávez firmou com o presidente Dmitri Medvedev uma parceria energética e chegaram a um acordo para a "construção e uso de uma estação de energia atômica no território da Venezuela". O acordo prevê a construção de uma usina nuclear com dois reatores com capacidade de gerar 1.200 megawatts, segundo a estatal nuclear russa Rosatom.

Além da Rússia, outros dois grandes fabricantes de reatores também se movimentam para se aproximar dos novatos sul-americanos em assuntos nucleares. "Nossa relação principal é com a Agência Internacional de Energia Atômica, mas França e Coreia do Sul já nos ofereceram colaboração", disse na quarta Júlio Vergara, um dos membros do Conselho Diretor da Comissão Chilena de Energia Nuclear e professor da Faculdade de Engenharia de Pontifícia Universidade Católica do Chile.

O país assinou em setembro um acordo com a Argentina e outro, em outubro, com a França sobre treinamento, manuseio de resíduos, estudos sobre localidades para usinas e a formulação de um marco regulatório. O presidente Sebastián Piñera defende a ampliação das fontes de energia no país para garantir um crescimento anual de 6% a 6,5% pelos próximos anos. A geração nuclear seria uma nova fonte para o país dependente de gás natural cada vez mais escasso fornecido pela Argentina, do carvão e de hidrelétricas com potencial limitado de expansão.

"Temos conversado com Chile e eu mesmo já dei algumas palestras a eles", disse na quarta-feira ao Valor o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Odair Dias Gonçalves. "Eles estão interessados em como se organiza um órgão regulador, na formação de pessoas, em como evitar armadilhas." Os dois países não têm, pelo menos até agora, nenhum acordo específico.

Gonçalves diz que Venezuela e Equador não buscaram apoio brasileiro para seus programas. O último assinou em agosto do ano passado um memorando de entendimento com Moscou que prevê apoio ao governo equatoriano em seus planos de desenvolver um programa de energia nuclear.

O Irã é outro país que aparece como parceiro no campo nuclear de outro pretendente sul-americano à energia nuclear: a Bolívia. No mês passado, em viagem ao Irã, o presidente Evo Morales reafirmou que pretende construir uma usina com ajuda de Teerã. "Não há nada a esconder: uma das coisas que estamos trabalhando com o Irã é, é claro, ter uma usina nuclear para gerar eletricidade", disse Morales.

Em reação às gestões de Chávez, o presidente americano, Barack Obama, disse que todos os países têm o direito de buscar fontes alternativas de energia. "Não temos nenhuma intenção nem interesse em aumentar as rusgas entre Venezuela e os EUA, mas achamos que a Venezuela precisa agir responsavelmente." Washington disse que os direitos devem ser orientados por "tratados que estabelecem muito claramente qual o procedimento para monitoramento e segurança".

Do ponto de vista de negócios, se os projetos da região forem a diante o Brasil, em tese, poderia vir a ser um fornecedor de serviços ou combustível. "O Brasil é um dos sete países do mundo que enriquecem urânio e um dos três, ao lado de EUA e Rússia, que possuem urânio e sabem enriquecê-los". O país, no entanto, não exporta urânio. Se deveria passar ou não a fazê-lo é um tema que tem sido discutido no governo e entre especialistas. "Há uma grande mercado de prestação de serviços" que o Brasil poderia entrar, diz Gonçalves.

No passado, lembra ele, o ingresso de países no clube dos geradores de energia nuclear era visto com reservas e limitações. "Hoje é muito mais 'business'." (Marcos de Moura e Souza)

Fonte: Valor Econômico

Câmara quer ouvir SBPC e ABC sobre Código Florestal

A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural vai realizar audiência pública, na terça-feira (23), para discutir a posição da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Academia Brasileira de Ciências (ABC) sobre o adiamento da votação do relatório da Comissão Especial do Código Florestal.

Aprovada em julho pela comissão, a proposta ainda precisa ser votada pelo Plenário. Os deputados ruralistas querem que isso ocorra ainda neste ano, mas os ambientalistas são contra.

Serão convidados os presidentes da SBPC, Marco Antonio Raupp, e da ABC, Jacob Palis, e o relator da proposta de mudanças no Código Florestal (PL 1876/99), deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), entre outros.

A iniciativa do debate é do deputado Paulo Piau (PMDB-MG). As duas instituições convidadas representam a comunidade científica brasileira e instituíram um grupo de trabalho composto por cientistas e representantes dos setores ambiental e agrícola brasileiros com a missão de analisar em profundidade as mudanças no Código Florestal.

O PL 1876/99 pode ser consultado em:
http://www.camara.gov.br/internet/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=17338
(Com informações da Agência Câmara)

Fonte: Jornal da Ciência

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Seca no AM revela gravuras milenares


Nível da água na área do encontro entre Negro e Solimões trouxe à tona imagens que podem ter 5.000 anos. A seca recorde na bacia central do Amazonas permitiu a descoberta de gravuras rupestres de rostos, feitas em baixo relevo, em rochas que estavam submersas,

O conjunto de rochas fica na margem esquerda do encontro das águas dos rios Negro e Solimões, em Manaus.

Arqueólogos e geólogos dizem que as gravuras podem ter sido feitas há 5.000 anos por populações indígenas que habitavam a região.

Seis pescadores descobriram as gravuras em 25 de outubro, segundo o engenheiro florestal Akira Tanaka, subgerente do Cepeam (Centro de Projetos e Estudos Ambientais do Amazonas).

Um dia antes, o Negro havia atingido o nível de 13,63 m, o mais baixo desde 1902.

"São mais de dez carinhas desenhadas nas pedras", disse o engenheiro, que fotografou as gravuras.

Eduardo Góes Neves, arqueólogo da USP que desde os anos 1990 faz pesquisas na Amazônia, analisou as fotos. "Não sabemos o significado das "caretas". Mas suspeitamos que tenham sido feitas numa época em que chovia menos na Amazônia", disse Neves.

Já existe um sítio arqueológico na área. Em 2001, Neves retirou de lá uma urna funerária de 1.200 anos -até então, o artefato mais antigo no encontro das águas.

A comprovação de que as gravuras são mais antigas do que a urna funerária atestaria que existiu uma ocupação contínua naquela região.

De acordo com Neves, gravuras de "caretas" também foram achadas em rochas que ficam submersas nas margens dos rios Urubu (AM) e Trombetas (PA), mas os desenhos têm padrão diferente dos encontrados em Manaus.

O arqueólogo defende que seja feito um estudo subaquático sobre as obras. (Kátia Brasil)

Fonte: Folha de SP

Empresas se antecipam à lei de resíduos


Três meses após a sanção presidencial da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que está em fase de regulamentação, o mercado já se movimenta para colocar em andamento a chamada logística reversa, que é o recolhimento de bens, como eletrodomésticos e eletrônicos, ao final de sua vida útil. Em todo o Brasil surgem iniciativas para ajudar o consumidor a descartar esse tipo de resíduo corretamente.

Um exemplo, no interior de São Paulo, é a rede de varejo Cybelar, que desde o início do mês passou a oferecer a seus clientes a possibilidade de "comprar" o descarte futuro dos produtos eletrônicos.

Ao adquirir uma TV, geladeira ou celular, o cliente da rede é informado de que pode comprar o futuro descarte do produto que está comprando ou do equipamento que está em casa. O serviço varia de R$ 6,90, no caso do descarte de um celular, e pode chegar a R$ 130 - a retirada de uma geladeira da casa do consumidor.

"A receptividade ao serviço tem sido surpreendentemente boa", afirma Ubirajara Pasquotto, diretor da Cybelar. O serviço começou a ser oferecido desde o início do mês e, desde então, 1 em cada 10 produtos está sendo vendido com o descarte programado. A maioria - 59,8% - das vendas foi para o descarte de celulares.

Segundo Pasquotto, o consumidor brasileiro está disposto a pagar pelo serviço, pois isso representa conveniência e uma consciência mais tranquila. "Há três anos buscávamos soluções para o descarte desse tipo de resíduo. A indústria ainda olha a logística reversa como um custo. Mas se isso não for feito, todos pagamos as consequências" diz.

Especialização

O caminho para assegurar ao consumidor um descarte ambientalmente correto das quinquilharias eletrônicas e das geladeiras velhas passa pela parceria com outra empresa, a Descarte Certo, especializada em gestão da coleta, manejo de resíduos e reciclagem dos componentes dos eletroeletrônicos. Por meio do site da empresa, tanto consumidores quanto empresas podem comprar o descarte dos equipamentos que já não são úteis.

"Criamos diferentes modelos de negócios. Qualquer pessoa pode se cadastrar no site e agendar a coleta dos aparelhos em sua casa", conta Lucio Di Domenico, fundador da Descarte Certo.

Além da retirada em domicílio, a empresa se responsabiliza pelas etapas seguintes - a desmontagem e reciclagem dos componentes, a cargo de empresas como a Oxil, de Paulínia (SP), especializada nesse tipo de serviço. Segundo Domenico, o processo é rigoroso e garante que nenhum resíduo vá parar no lugar errado.

Garantias

Independentemente da obrigatoriedade que será estabelecida pela Lei Nacional de Resíduos, o mercado já se mobiliza para oferecer a logística reversa porque percebeu que é uma maneira de oferecer um serviço ao consumidor. "Há 20 anos se comprava produtos sem garantia, hoje isso é impensável. Imaginei que seria impensável, no futuro próximo, vender produtos sem a garantia do descarte correto", conta Domenico.

Ele acredita que as redes varejistas - além da Cybelar, a Descarte Certo também vende o serviço de descarte programado a clientes do Carrefour - irão liderar o processo de fazer com que o lixo eletrônico volte à cadeia produtiva como uma matéria-prima: "Outras redes já nos procuraram e em breve o serviço estará disponível em mais lojas. Esse tipo de serviço será valorizado pelo consumidor."

Lina Pimentel, advogada especializada em direito ambiental do escritório Mattos Filho, acha mais provável que empresas se organizem em entidades para promover a gestão conjunta desses resíduos, diminuindo os custos do processo. "O que não é correto é que esse ônus seja repassado apenas ao consumidor", diz. Em São Paulo, afirma, a regulamentação da lei estadual de resíduos está caminhando de forma mais rápida e deve impor metas reais de reciclagem às indústrias.(Andréa Vialli)

O Estado de SP

Projeto de lei pode aumentar desmate e enfraquecer Ibama

Em tramitação no Senado, texto prevê que só Estados poderiam multar desmatadores. O governo quer aprovar no Congresso um projeto de lei que pode aumentar o desmatamento e reduzir o rigor nos licenciamentos ambientais.

O projeto, originário da Câmara e em tramitação no Senado, tira do Ibama o poder de fiscalizar desmates.

O texto original, do deputado Sarney Filho (PV-MA), regulamenta o artigo 23 da Constituição, que divide entre União, Estados e municípios a competência para agir na proteção do ambiente.

Mas uma emenda de última hora, de deputados da Amazônia, diz que a fiscalização ambiental só poderá ser feita pela esfera licenciadora. "Como são os Estados que licenciam desmatamento, se o cara podia desmatar 2 hectares e desmata 10, só quem vai poder multá-lo é o Estado", diz Nilo Dávila, do Greenpeace. "Vai ser uma chuva de processos."

O projeto de lei também determina que obras de impacto ambiental regional poderão ser licenciadas pelos Estados. Hoje o licenciamento é prerrogativa do Ibama.

O governo tem interesse na lei porque ela facilita a concessão de licenças para obras do PAC, como estradas -cujo impacto é muitas vezes limitado a um Estado.

Por isso, na semana passada, o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) elencou o projeto na lista das cinco prioridades do governo para votação no Senado neste fim de ano.

Ambientalistas afirmam que delegar aos Estados o licenciamento de obras de grande impacto ambiental é um equívoco, já que os órgãos ambientais estaduais muitas vezes não têm capacidade e estão mais sujeitos a ingerências políticas.

O projeto está com o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), que deve dar um parecer sobre a lei em breve. (Cláudio Ângelo)

Fonte: Folha de SP

Itamaraty quer pacto nuclear com japoneses

O Brasil está na fase final de negociação de um acordo de cooperação nuclear com o Japão, que deverá envolver troca de informações sobre todo o ciclo de produção de combustível nacional.

Segundo disse na terça-feira (16/11), em Washington, o embaixador do Brasil no Japão, Luiz Augusto de Castro Neves, a negociação está 90% finalizada. Ainda estão sendo acertadas salvaguardas "mais delicadas" sobre o acesso a dados dos dois países.

A expectativa é que o acordo com o Japão seja mais limitado do que o pacto bilateral que o Brasil tem na área com a Argentina.

O acordo nuclear com a Argentina é usado como defesa pelo Itamaraty contra as críticas geradas pela não adesão ao protocolo adicional do Tratado de Não Proliferação Nuclear da ONU.

O protocolo, rejeitado pelo Brasil, prevê maior acesso de inspetores a instalações nucleares. O país se nega a aderir por acreditar que isso viola a soberania nacional.

No caso argentino, o acordo prevê fiscalização mútua de usinas. As checagens são realizadas pela Abacc, agência de controle bilateral. (Andréa Murta)

Fonte: Folha de SP

Ministro da Educação diz que Inep pagou caro por falhas no Enem


Ao prestar esclarecimentos sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no Senado, o ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (16) que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) "pagou um preço muito caro por um crime cometido contra a instituição".

"Não há que se falar em responsabilização criminal e civil de ninguém do Inep. Todas as hipóteses foram levantadas. O fato concreto é que uma das maiores gráficas do país não foi capaz de zelar pela segurança", disse Haddad, referindo-se ao roubo de provas do Enem ocorrido no ano passado.

Ao tecer o comentário na Comissão de Educação, Haddad fez referências às falhas registradas este ano no cartão de respostas e nas questões do caderno amarelo e também ao vazamento de provas do Enem, identificado no ano passado. O ministro defendeu a punição de indivíduos envolvidos nos problemas, mas pediu que as instituições ligadas ao certame sejam preservadas.

O ministro informou que já teve início a sindicância interna que vai apurar qual foi a responsabilidade do instituto no erro de impressão dos cartões de resposta do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

De acordo com Haddad, "aparentemente", o erro no cabeçalho das folhas de respostas foi do instituto. No primeiro dia, a prova teve 90 questões, sendo a primeira metade de ciências humanas e o restante, de ciências da natureza. Mas, na folha em que os estudantes marcam as respostas, as questões de 1 a 45 eram identificadas como de ciências da natureza e as de 46 a 90, como de ciências humanas. O erro ocorreu em todos os cartões distribuídos aos 3,3 milhões de participantes.

"A sindicância já começou, e os primeiros documentos foram enviados para a gráfica. O erro vai ser apurado com toda transparência e a responsabilidade das pessoas envolvidas - sejam uma, duas ou três - será apurada até as últimas consequências, e o resultado encaminhado aos órgãos de controle", disse o ministro.

Uma das possíveis explicações para o erro é que, na edição do ano passado, a prova tinha a ordem inversa da aplicada neste ano. O mesmo arquivo poderia ter sido usado erroneamente para este ano, sem que fosse feita a inversão dos cabeçalhos.

O MEC abriu uma página para que os estudantes que tenham trocado a ordem de preenchimento na folha de respostas possam pedir a correção invertida. A solicitação pode ser feita até 19 de novembro.

O ministro voltou a defender a realização de mais de uma edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) por ano. Segundo ele, a estratégia estava programada para ser adotada em 2010 e abriria caminho para "menos atropelos" e "mais tranquilidade". No entanto, segundo o Ministério da Educação (MEC), não houve tempo hábil para realizar duas edições do exame este ano.

"[A aplicação de mais de uma edição do Enem por ano] vai gerar menos angústia e permitir que outras instituições se habilitem a colaborar", disse o ministro, durante audiência no Senado para prestar esclarecimentos sobre as provas. Sobre a possibilidade de regionalizar as provas, Haddad avaliou que isso dependeria de um banco de itens a ser formado ao longo de anos, e não de meses.

O Enem foi aplicado nos últimos dias 6 e 7 para cerca de 3,3 milhões de alunos. Foram registrados erros no cartão de respostas e no caderno amarelo. As provas chegaram a ser suspensas pela Justiça Federal no Ceará, mas o Tribunal Regional Federal da 5ª Região derrubou a liminar.

Fonte: Agência Brasil