sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Cientistas e parlamentares defendem aplicação de recursos do pré-sal em educação e ciência


Em ato público realizado na Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (29), parlamentares e representantes da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Academia Brasileira de Ciências (ABC) defenderam a destinação de parte expressiva dos royalties do pré-sal para investimentos em educação, ciência, tecnologia e inovação.

Participaram do evento a presidente da SBPC, Helena Nader; o presidente da ABC, Jacob Palis Júnior; o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante; o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), João Luiz Martins; além dos senadores Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Eduardo Suplicy (PT-SP), Aloysio Nunes (PSDB-SP) e vários deputados federais.

Durante a reunião, Rodrigo Rollemberg disse que se deve considerar as riquezas do pré-sal como um patrimônio "transgeracional" do povo brasileiro, que deve ser utilizado estrategicamente na melhoria do sistema público de educação e no fomento da ciência e tecnologia.

- A descoberta do pré-sal foi fruto dos esforços de desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil, que permitiu a nosso país se tornar vanguarda na extração de petróleo em águas profundas - argumentou.

No mesmo sentido, Aloysio Nunes enfatizou a necessidade de o Brasil "não perder a oportunidade de fazer bom uso dos recursos do pré-sal", aplicando-os maciçamente em educação e desenvolvimento científico, de modo a transformar a "riqueza finita do petróleo em patrimônio perene dos brasileiros".

Aloysio Nunes é coautor, com o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), de projeto (PLS 594/11) com objetivo de destinar recursos do pré-sal para a educação e a tecnologia. Pelo texto, seria criado o Fundo do Petróleo para Formação de Poupança, Educação Básica e Inovação (Funpei), com recursos arrecadados com a exploração do petróleo, gás e hidrocarbonetos fluidos extraídos sob o regime de partilha, ou sob o regime de concessão na área do pré-sal e em áreas ainda não contratadas. De acordo com a proposta, dois terços dos rendimentos dos recursos do fundo devem ser investidos em educação básica e um terço em inovação tecnológica. (Laércio Franzon).

Fonte:  Agência Senado

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Programa Nacional de Banda Larga em debate


Instituto Telecom afirma que programa "é insuficiente" e que a sociedade deve participar de sua elaboração. Cezar Alvarez destaca a intenção de acelerar o PNBL e de "dar acesso a quem nunca acessou".

Taxado de "insuficiente" por Marcelo Miranda, especialista do Instituto Telecom, o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) foi tema de uma mesa redonda nesta quarta-feira (28) no 9º Encontro Nacional de Tecnologia e Negócios (Rio Info 2011), no Rio de Janeiro. Participaram do debate Cezar Alvarez, secretário executivo do Ministério das Comunicações; Eduardo Levy (Sinditelebrasil); Ivo Vargas de Andrade Filho (Parks); Márcio Patusco Lana Lobo (Clube de Engenharia); Rogério Boros, diretor comercial da Telebrás, além de Miranda e do moderador Sérgio Rosa (Cobra Tecnologia).

O debate começou com a palestra de Alvarez, que destacou, nesta segunda fase, a intenção de acelerar o PNBL e garantiu que "dificilmente se encontrará em outros países uma política semelhante com essa visão estratégica". O secretário explicou que "mesmo sem perder as obrigações da universalidade das nossas políticas, que abrangem de norte a sul, do velho ao jovem, do rico ao pobre, há uma inflexão: dar acesso quem nunca acessou".

"Metade da população da brasileira nunca acessou a internet", lembra Alvarez acrescentando que a meta é chegar a 40 milhões de domicílios acessando a internet até 2014 (hoje são 17 milhões, de acordo com o secretário). Alvarez também destacou que se trata de um projeto a médio-longo prazo, com horizonte de cinco ou dez anos. O secretário também afirmou que "já está nas obrigações das concessionárias, logo após a licitação no próximo ano, garantir a banda larga gratuita nas escolas públicas estaduais".

A intenção da mesa era discutir as implicações das políticas e dos processos de disseminação da banda larga no País. Miranda argumentou que o PNBL "não pode ser do Governo nem das concessionárias e sim da sociedade. Não é um plano nacional nem muito menos de banda larga", criticou. O especialista acrescentou que "dizer que pagar R$ 35 para ter uma velocidade de 1 Mbps é um valor razoável não é discutir a universalização". Em sua palestra, Alvarez lembrou que as consultas públicas servirão também para discutir qualidade e rebateu que "estamos numa área cada vez mais controlada pela sociedade, onde o Estado entra com a estratégia, garantindo o direito de comunicarmo-nos, que é muito mais do que um direito à opinião".

Números - O especialista do Instituto Telecom também classificou a telefonia celular do Brasil como "a mais cara do mundo" e que a "única rede realmente universalizada é a de telefonia fixa comutada, não por causa de concorrência ou pelo mercado, e sim devido ao Plano Geral de Metas para a Universalização do Serviço Telefônico Fixo Comutado Prestado no Regime Público (PGMU)". Entretanto, ponderou que "apesar de a rede existir, não há telefone fixo para todos porque ainda é muito caro".

Miranda também criticou os dados sobre escolas que estariam conectadas. "Segundo o MEC e a Anatel, são 58 mil, mas as escolas não confirmam isso", garante. Alvarez apresentou o número de 63 mil e lamentou que as ações até agora são "uma enorme conquista desprezada".

Eduardo Levy, da Sinditelebrasil, expôs uma série de dados referentes à inclusão digital. Entre eles, que apenas 4% das escolas públicas têm computadores nas salas de aula e que muitos professores ainda resistem às tecnologias, por medo dos alunos que sabem mais que eles. "Está havendo uma mudança em relação à transmissão de conhecimento", complementa Alvarez. No referente à telefonia, Levy lembrou que hoje existem 42 milhões de telefones fixos e 220 milhões de celulares. "Todos os 5.565 municípios contam com banda larga fixa e 1.588 têm banda larga móvel (3G). "A cada dia temos um novo município com 3G", detalha.

Para Márcio Patusco, do Clube de Engenharia, a banda larga atual é cara ("gastamos com ela 4,5% da renda per capita, enquanto países desenvolvidos gastam 0,5%"), concentrada ("63% das pessoas conectadas estão no Sul e no Sudeste") e lenta ("66% das conexões são abaixo de 2 1 Mbps"). Além disso, Patusco revelou que no ranking internacional de desenvolvimento das indústrias de tecnologias da informação e comunicação (TICs) o Brasil aparece em 62º, atrás da Argentina (56º), Chile (55º) e Uruguai (54º).

Por sua parte, Ivo Vargas de Andrade Filho, da Parks, falou da importância da produção de tecnologia no País, lembrando que o produto totalmente produzido fora paga 35% de impostos, enquanto os produzidos por PPB (Processo Produtivo Básico) e por PPB com tecnologia nacional pagam, respectivamente, 20% e 18%. (Clarissa Vasconcellos).

 Fonte:  Jornal da Ciência

Fabricante anuncia investimentos na área de games no Brasil


Console de videogame será fabricado na Zona Franca de Manaus. Para o secretário executivo do MCTI, Luiz Antonio Elias, essa e outras iniciativas resultam da construção de um ambiente favorável à indústria.

A Microsoft Brasil anunciou na terça-feira (27), em Brasília, a fabricação de console de videogame no País. O comunicado foi feito pelo presidente da empresa, Michel Levy, com a presença do secretário executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luiz Antonio Elias.

Para a fabricação dos consoles Xbox 360 na Zona Franca de Manaus, a empresa buscou a Flextronics, que fabrica consoles, acessórios e o sensor de movimento Kinect na China. A operação do Brasil tem capacidade inicial para produzir 17 mil consoles por semana.

O secretário Elias representou o ministro Aloizio Mercadante no evento e considerou o anúncio importante tanto pela repercussão que pode trazer no país como no exterior. "É uma empresa de vulto, com uma posição forte no mercado internacional, que qualificou investimentos muito significativos e pujantes para empreender a capacidade nesta área de games e de aplicativos", comentou.

Elias sustentou que o investimento nessa agenda de ciência e tecnologia é estratégico para o setor e para o desenvolvimento de qualquer país. De acordo com ele, outras empresas têm procurado e considerado o Brasil uma posição privilegiada para a expansão dos seus investimentos, o que é resultado de uma ambiência favorável construída ao longo dos últimos anos.

"Não só em termos do seu marco regulatório. Estruturamos uma lei muito positiva para os investimentos na área de informática, elevamos a capacidade de articulação entre o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] e a Finep [Financiadora de Estudos e Projetos, ligada ao MCTI], no sentido de estruturar crédito para essas empresas e melhoramos consideravelmente a formação de recursos humanos no Brasil", acrescentou.

Mercado - O presidente da Microsoft Brasil, Michel Levy, disse que o tamanho do mercado brasileiro, que movimenta US$ 600 milhões, e a posição geopolítica do país contribuíram na decisão pelo investimento da fábrica.

Levy comparou a fábrica à ponta de um iceberg e disse que o desdobramento desse investimento vai gerar conhecimento e desenvolvimento da área no país. Um protocolo de intenções será assinado entre o MCTI e a Microsoft com o objetivo de viabilizar iniciativas para estimular o empreendedorismo e a capacitação na área.

O secretário de Política de Informática do MCTI, Virgilio Almeida, destacou que a ideia é enviar especialistas para aprimorar conhecimentos fora do país por meio do programa Ciência sem Fronteiras, do governo federal, que tem como meta conceder 100 mil bolsas para estudantes em instituições de referência no exterior. Na coletiva, ele ressaltou a multidisciplinaridade do setor de games como fator relevante para impulsionar outros setores envolvidos com a cadeia.

"O setor de games é muito interessante porque atrai as pessoas. Tem o lado lúdico, o lado da diversão, mas ele tem um componente multidisciplinar, que também é importante, ou seja, o uso desse conhecimento de diversas áreas para produzir games: computação gráfica, design, a parte de roteiros e construção de software", descreveu Almeida.

Estiveram presentes o deputado Francisco Praciano (PT) e a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB), ambos do Amazonas. Entre outras questões, os parlamentares falaram da importância da iniciativa para manter a Zona Franca de Manaus integrada aos avanços na área de tecnologia.

Fonte: Agência MCTI

Senado aprova criação de Bolsa Verde para ações de preservação do meio ambiente


Proposta aprovada ontem (28) institui o Programa de Apoio à Conservação Ambiental, que concede um benefício trimestral a famílias em situação de extrema pobreza que adotarem ações de conservação ambiental.

Foi aprovada por unanimidade pelo Plenário do Senado nesta quarta-feira (28) a chamada "Bolsa Verde". A proposta, prevista no Projeto de Lei de Conversão 24/2011, decorrente da Medida Provisória 535/2011, institui o Programa de Apoio à Conservação Ambiental, que concede um benefício trimestral a famílias em situação de extrema pobreza que adotarem ações de conservação ambiental.

A MP 535/11 cria também o Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais, com ajuda de custo e assistência técnica a pequenos produtores rurais. As medidas fazem parte do plano Brasil Sem Miséria, lançado pelo governo federal no início de junho. A PLV agora segue para sanção.

A relatora da matéria na Casa, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) defendeu a aprovação do PLV 24/11 com a justificativa de que ataca diretamente o problema da extrema pobreza que aflige milhões de famílias brasileiras.

"Ficamos muito impactados com a grandeza, a articulação, desse projeto. E percebemos a importância que teria para o resgate de 16 milhões de brasileiros que são os mais pobres dos mais pobres. Nos últimos anos, o Brasil surpreendeu o mundo, tirando da pobreza 28 milhões de pessoas. Mas, apesar dessa mobilidade social sem precedentes no nosso País, nós temos ainda um núcleo duro da pobreza. São brasileiros cuja renda familiar não chega a R$ 70 mensais por pessoa. Daí a importância dessa MP", afirmou a senadora, que fez apenas emendas de redação ao texto do PLV.

O Programa de Apoio à Conservação Ambiental, batizado de Bolsa Verde, beneficia famílias inscritas no Bolsa Família do governo federal que promovam ações de conservação dos recursos naturais. Essas ações podem ser desenvolvidas em florestas nacionais, reservas extrativistas ou de desenvolvimento sustentável, em projetos de assentamento florestal, de desenvolvimento sustentável ou agroextrativista, em territórios ocupados por ribeirinhos, em populações indígenas, quilombolas e outras comunidades tradicionais, e em outras áreas rurais definidas por ato do Poder Executivo.

O Bolsa Verde oferecerá às famílias repasses trimestrais de R$ 300, pelo prazo de dois anos, prorrogáveis. O dinheiro será liberado por intermédio da Caixa Econômica Federal. 

Atividades produtivas - Já o Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais oferece a pequenos produtores uma ajuda de custo no valor de até R$ 2,4 mil para estimular a agricultura sustentável, promover a segurança alimentar e incentivar a organização dos produtores, assegurando-lhes a participação em ações de capacitação social, educacional, técnica e profissional.

Podem receber o benefício agricultores familiares, empreendedores rurais, silvicultores, aquicultores, extrativistas e pescadores. O pagamento será feito em, no mínimo, três parcelas, por até dois anos. Além da ajuda em dinheiro, os trabalhadores receberão também assistência técnica da União, por meio de um projeto de estruturação da unidade produtiva familiar.

A MP 535/11 ainda assegura que os recursos pagos por meio do Programa de Apoio à Conservação Ambiental e do Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais não comporão a renda familiar mensal, para efeito de elegibilidade nos programas de transferência de renda do governo federal.

Mesmo votando a favor da matéria no mérito, senadores do DEM e do PSDB reclamaram que, mais uma vez, a proposta enviada pelo governo não trazia as estimativas das despesas decorrentes da implementação dos programas criados pela Medida Provisória.

"Estamos proibidos de saber quanto custa a medida que vamos votar. Estamos diante de uma afronta absolutamente incontestável à Lei de Responsabilidade Fiscal e à Lei de Diretrizes Orçamentárias", reclamou o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), que ainda ressaltou a possibilidade, prevista na matéria, de futuros aumento dos valores do benefício.

A relatora da proposta refutou as críticas da oposição. Segundo Marta Suplicy, os recursos foram garantidos após a aprovação, na terça-feira (27), em sessão conjunta do Congresso Nacional, de projetos com esse fim. "Além disso, já está previsto o recurso do Plano Plurianual (PPA) para os próximos quatro anos", argumentou.

O PLV 24/11 tratou ainda de regras para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e mudanças no Bolsa Família.

Fonte: Agência Senado

Código Nacional de C,T&I tramitará em comissão especial na Câmara dos Deputados


O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), confirmou a constituição de uma comissão especial para analisar o Projeto de Lei (PL 2177/2011), que institui o Código Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I). A iniciativa era prevista pela comunidade científica e tecnológica, já que se trata da criação de um código.

A comissão especial será constituída por representantes das comissões de Educação e Cultura; Trabalho, de Administração e Serviço Público; Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática; Finanças e Tributação e Constituição e Justiça e de Cidadania, nas quais o texto seria tramitado na casa. Os integrantes da comissão especial devem ser anunciados por Maia nos próximos dias.

Depois de ser analisada na comissão especial, a matéria seguirá para o Plenário da Câmara e, se aprovada, será encaminhada ao Senado Federal. Posteriormente, seguirá para a sanção da Presidência da República. O anteprojeto do novo marco legal de C,T&I foi entregue em 30 de agosto ao presidente do Congresso Nacional, José Sarney.

Dentre os objetivos do novo marco legal estão o de desburocratizar processos legais que emperram a atividade de pesquisa no âmbito da Lei de Licitações e o de aumentar o estímulo à produção científica, tecnológica e de inovação. O texto propõe, por exemplo, a simplificação de processos de compras para a área de ciência e tecnologia.

A proposta é fruto de um grupo de trabalho formado pela Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SPBC), Academia Brasileira de Ciências (ABC), Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de CT&I (Consecti) e Conselho Nacional das Fundações de Amparo à Pesquisa (Confap). (Viviane Monteiro, com informações de Beatriz Bulhões, representante da SBPC no Congresso Nacional)

Fonte: Jornal da Ciência

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Rio+20: Pesquisador defende mais recursos para áreas intactas


Parlamentares, governantes estaduais e municipais, além de representantes de diversas entidades, associações locais, ribeirinhos e ONGs ambientalistas se revezaram na última sexta-feira (23) para falar sobre biomas no Amazonas. 
 
Eles participaram do primeiro debate para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20 promovido pela a Frente Parlamentar Ambientalista na Assembleia Legislativa de Manaus.

A reunião contou com cerca de 200 participantes. Na palestra sobre "Conservação e Desenvolvimento da Amazônia", o pesquisador do Imazon Paulo Barreto defendeu mais investimentos nas áreas intactas ou de manejo florestal, com aumento do crédito para reflorestamento, que hoje é menos de 1%. O pesquisador também considerou essencial a capacitação para uso desses recursos e investimentos nas áreas protegidas criadas nas unidades de conservação para o desenvolvimento local.

Barreto lembrou que atualmente 70% das áreas criadas ainda não têm plano de manejo "Sem o plano, elas começam a ser consideradas como impedimento ao desenvolvimento e começa a pressão para reduzir e extinguir essas áreas".

O coordenador da frente, deputado Sarney Filho (PV-MA), disse que o objetivo é tirar as discussões dos gabinetes e levar para a sociedade, com o intuito de divulgar e acolher sugestões. Ele destacou ainda a importância da participação da sociedade para que os objetivos da Rio+20 sejam atingidos. "O sucesso da conferência vai depender das pressões feitas pelos grupos políticos ou econômicos de cada país e da comunidade internacional. Não há outra opção: ou damos sustentabilidade às nossas ações no planeta, ou as futuras gerações não terão como se manter", alertou.

A abertura do debate foi feita pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Ricardo Nicolau, que destacou a relevância da escolha do estado para receber o primeiro debate. Ele lembra que o Amazonas tem 98% da sua floresta preservada.

Para o diretor de mobilização da Fundação SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani, começar o debate pelos biomas é muito importante porque o Brasil é o único país ainda em condições de dizer que tem as características de todos os biomas. "O meu papel aqui é de exigir que os políticos, a ciência, e todos que hoje são lideranças neste País, que levem para a sociedade os benefícios da Rio+20", afirmou.

A deputada Rebecca Garcia (PP-AM) avaliou que as discussões sobre meio ambiente no Congresso Nacional são acirradas e calorosas. "Nada como descentralizar os debates e ouvir cada região, com suas peculiaridades e características. Queremos ouvir os especialistas e depois poder levar tudo para a Rio+20", completou.

Marco legal para biodiversidade - Com o tema "Desafios e Oportunidades da Biodiversidade Brasileira", o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Braúlio Dias, defendeu a aprovação de um marco legal para a biodiversidade antes da Rio+20. "O Brasil precisa ratificar o acordo e internalizar as metas estabelecidas. Temos um grande objetivo, que é a preservação ambiental, mas, para chegarmos a esse alvo, é preciso que as ações sejam feitas em comum acordo entre governo federal, entidades, associações, ongs", ressaltou.

Participação popular - Após as palestras foi aberta a participação popular no evento. "É importante que sejamos ouvidos também porque vivemos a realidade do Meio Ambiente. Nas apresentações aqui aprendemos que devemos valorizar o homem da floresta, isso porque somos nós que temos aliado o desenvolvimento à preservação", completou a presidente do Movimento Nação Mestiça, Helda de Sá.

Também participaram do evento o diretor da Fundação Verde Herbert Daniel, José Carlos de Lima; a deputada estadual Aspásia Camargo (PV-RJ); o presidente da Rede GTA - Grupo de Trabalho Amazônia, Rubens Gomes; o presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do Amazonas, deputado Luiz Castro; o coordenador estadual da Frente Ambientalista, deputado Marcelo Ramos; a vereadora Lúcia Antony; o secretário de Mudanças Climáticas do estado, Hamilton Casara; e o secretário de Meio Ambiente de Rondônia, Francisco Sales.

Os eventos para discutir a Rio+20 são organizados pela Frente Ambientalista, em conjunto com a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados e a Fundação SOS Mata Atlântica e conta com o apoio das assembleias legislativas dos estados que sediarão os eventos.

Fonte: Agência Câmara

Embrapii pode fazer ponte entre universidade e indústria, diz secretário


Ronaldo Mota, do MCTI, participou de audiência na Câmara dos Deputados sobre a empresa. Para ele, a proposta é alternativa para enfrentar o desafio de transferir conhecimento da academia para o setor produtivo.

O secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI), Ronaldo Mota, participou, nesta terça-feira (27), de audiência pública, na Câmara dos Deputados, para apresentar informações sobre a constituição da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii).

Em sua palestra, ele apontou a proposta da Embrapii como alternativa para enfrentar o desafio de transferir conhecimento da academia para o setor produtivo. O secretário alertou para o risco de o Brasil se transformar numa "grande fazenda" do mundo no futuro, como produtor de minérios e alimentos, abrindo mão de fortalecer a indústria. Citou como exceção o setor do agronegócio, que, segundo avaliou, serve de exemplo para outros segmentos industriais.

Mota destacou o grande crescimento da produção científica brasileira, que hoje representa 1% da produção mundial, mas, por outro lado, chamou a atenção para a quase inexistência da transferência de tecnologia e do registro de patentes em relação aos países desenvolvidos.

Enfatizou ainda que, apesar do marco legal para estimular o setor e do crescente investimento das empresas em pesquisa e desenvolvimento, a atual estrutura existente no país não permitiria atender o ritmo de demanda pela inovação das empresas. "Hoje tem um conjunto de empresas pequenas e médias de base tecnológica que estão nascendo, e a estrutura é baseada em estimular a ciência, que tem um tempo diferente da inovação", disse.

O secretário explicou aos deputados que a Embrapii terá o objetivo de agilizar e facilitar o processo inovativo, que é interrompido entre a produção e a fase negocial. "A Embrapii irá atuar nesse intervalo. A boa experiência da Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária] servirá de exemplo", ressaltou.
Mudança cultural

O economista Paulo Mol, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), lembrou que a ideia da Embrapii surgiu na entidade, com o apoio do MCTI, visando a levar a inovação para a agenda empresarial. Mol comentou a mudança de perfil do Ministério nos últimos anos, ao se voltar para o processo da inovação, inclusive com a inclusão recente da palavra no nome.

Ele ainda lembrou a criação do marco legal, com a Lei da Inovação e da Lei do Bem, como facilitador para essa transformação: "Fico feliz que o tema inovação começa a entrar pela porta da frente na política brasileira. Isso é importante para o país e para o crescimento econômico".

Para o diretor do Instituto Nacional de Tecnologia (INT/MCTI), Domingos Manfredini, a Embrapii vem para colocar a velocidade necessária no processo de inovação no país, onde, a seu ver, já acontece uma mudança de cultura no meio empresarial, nas organizações e nas universidades. "Hoje percebemos isso dentro dos nossos institutos: os pesquisadores preocupados com o que está sendo desenvolvido e como será usufruído", disse.

Piloto - Ronaldo Mota informou ainda que um projeto piloto da Embrapii, com prazo de 18 meses para ser implantado, vem sendo articulado com a Confederação Nacional da Indústria. Três institutos tecnológicos foram selecionados em São Paulo, no Rio de Janeiro e na Bahia para receber recursos da ordem de 30 milhões cada um nesta fase inicial.

De acordo com o secretário do MCTI, a empresa será compartilhada pelos setores público e privado, com gestão predominantemente da iniciativa privada, em parceria com institutos tecnológicos e universidades.

Ao ser questionado pelos deputados sobre a necessidade de detalhes da empresa e quanto à preocupação com o uso adequado dos recursos públicos, ele reforçou que haverá a contrapartida empresas e que a discussão será aprofundada no Legislativo. "Quanto mais embasada chegar ao Congresso Nacional, melhor", concluiu.

Fonte: Agência MCTI

Rede de extensão tecnológica é proposta para combater analfabetismo funcional e capacitar micro e pequenas empresas


Conselho de Altos Estudos da Câmara vai apresentar projeto de lei para fortalecer ação dos ministérios da Ciência e Tecnologia e da Educação.

Em pronunciamento na última terça-feira (27), na Câmara, o deputado Ariosto Holanda (PSB-CE) defendeu investimentos na capacitação profissional e tecnológica para fortalecimento das micro e pequenas empresas e dos analfabetos funcionais para inclusão de cerca de 50 milhões de brasileiros no processo de desenvolvimento do país. O parlamentar cearense relatou os resultados do seminário realizado em agosto, na Câmara, que apontou ações para resgatar e fortalecer a extensão tecnológica do País por meio de estruturas ágeis e flexíveis de transferência de conhecimentos para a população, do tipo dos Centros Vocacionais Tecnológicos (CVTs).

Conforme Ariosto Holanda, os CVTs constituem verdadeiros atalhos que avançam sobre a educação tradicional, e devem ser usados numa ação de massa, já que os excluídos são muitos. Como os institutos federais vão estar presentes até final do governo Dilma em 600 municípios, o deputado propõe que em torno de cada campus sejam implantados três CVTs para assegurar a presença da extensão tecnológica em 2.400 municípios.

"Se houver essa decisão política por parte do governo teríamos no país a criação da maior rede de extensão tecnológica voltada para atacar esses dois problemas crônicos: o do analfabetismo funcional da população e do analfabetismo tecnológico das micro e pequenas empresas", disse o parlamentar cearense.

Segundo Ariosto, as regiões de baixo IDH desconhecem ações da Ciência e Tecnologia voltadas para a inovação tecnológica ou para novos conhecimentos. "Quando surgem, são pontuais ou isoladas e não de alcance da população. Fala-se às vezes em cluster, em empreendedorismo, em arranjos produtivos locais, em empresa de base tecnológica, em incubadoras de empresa, em agronegócios, mas não se fala em acabar com o analfabetismo funcional da população, das pequenas empresas e dos pequenos negócios", afirma o deputado.

De acordo com o deputado, a Unesco, no seu relatório do ano 2000, já conclamava os pesquisadores para voltarem suas atenções para as regiões pobres, no sentido de identificar os seus problemas e abrir caminho para as soluções dos mesmos. Para isso - acrescentava a agência da ONU -, as ações da extensão devem estar na pauta das instituições de ensino e pesquisa levando conhecimento para capacitação da população e fomento à criação de unidades de produção.

Para Ariosto, a extensão é importante porque ela age não só na transferência e aplicação de novos conhecimentos, mas também na identificação da demanda local, realimentando os trabalhos da pesquisa. "É ela que chega ao homem e aos pequenos negócios. Infelizmente, hoje essa atividade depende de emendas ao orçamento. Programas do Ministério da Ciência e Tecnologia como os do Centro Vocacional Tecnológico (CVT), Arranjo Produtivo Local (APL), Incubadoras de Empresas e outros poderiam se constituir como projetos para o desenvolvimento das atividades de extensão", constata.

"Num estado democrático, regulador de uma economia mista, todo processo de desenvolvimento deve levar em conta o homem e o seu meio e o seu direito, enquanto cidadão, à educação e trabalho", assinala Ariosto. O deputado cita o economista e sociólogo Ignacy Sachs: "a luta contra a pobreza e pela integração social com criação de empregos produtivos deve ser contínua e presente. Não é aceitável que os progressos financeiros e econômicos sejam realizados à custa do desemprego ou subemprego estruturais, que resultam em exclusão social e pobreza".

Ariosto Holanda observa que "o crescimento econômico mesmo que acelerado não significa desenvolvimento social se ele não ampliar o emprego, reduzir a pobreza e atenuar a desigualdade. Nessa discussão, ênfase deve ser dada à necessidade de considerar o emprego uma questão básica no equacionamento das estratégias do desenvolvimento. Propostas como a de geração de trabalho a partir das vocações regionais e locais surgem como elemento fundamental de políticas públicas desenvolvimentistas", assinala.

Na nossa democracia, já dizia Marcio Pochman, citado pelo deputado: "sobram partidos e faltam idéias e propostas para um desenvolvimento econômico social equilibrado. Temos com urgência de levarmos a ética para a economia e para a política, porque República significa igualdade de oportunidades". Segundo Ariosto, o Brasil certamente modernizou-se do ponto de vista tecnológico, mas não o fez do ponto de vista social e político. "Existem profundas contradições no formato das políticas econômicas e sociais. O Estado encontra grandes dificuldades para resolver problemas estruturais relacionados com demandas populares como os da saúde, educação, terra, meio ambiente".

"O verdadeiro desenvolvimento só será alcançado quando existir liberdade humana. Para isso, problemas como persistência da pobreza, necessidades essenciais não satisfeitas, ameaça ao meio ambiente concentração de renda e violação das liberdades políticas devem ser superados", disse Ariosto. Para ele, o Brasil ainda não atingiu essa liberdade.

O País é a 7ª potência do mundo em PIB, mas ocupa o 71º lugar em Índice de Desenvolvimento Humano - compara. "O caminho da independência é o da Educação. Nesse ponto o Brasil tem uma enorme dívida que o governo atual tenta pagar. Além dos seus 50 milhões de analfabetos funcionais, o Brasil para colocar 85% dos seus jovens no ensino médio precisa construir 50 mil novas salas de aula e contratar 500 mil novos professores", ele afirma.

O discurso do crescimento econômico como fórmula de geração de trabalho, analisa Ariosto Holanda, diante dessa massa de excluídos, torna-se inócuo. "Poderemos ter aumento significativo do PIB sem que isso implique em criação de um grande número de empregos e diminuição de pobreza. É preciso discutir o que é desenvolvimento e pensar numa economia que leve em conta as pessoas", argumenta.

Preocupado com essa situação do analfabetismo funcional da população e analfabetismo tecnológico das MPE, segundo o deputado, o Conselho de Altos Estudos da Câmara irá apontar diretrizes para a implantação no País de uma rede de Centros de Assistência Tecnológica, tipo CVT, a ser operada pelos institutos federais e Universidades públicas. O parlamentar informa que o estudo no seu final deverá encaminhar projeto de lei que venha definir políticas públicas voltadas para a consolidação e modernização das micro e pequenas empresas e para implantação no país de um grande programa de extensão tecnológica, que venha massificar as ações de assistência ás micro e pequenas empresas e de capacitação da população.

"Espero que as ideias aqui defendidas possam contribuir com o planejamento estratégico dos Ministérios da Ciência e Tecnologia e o da Educação, na sua missão, não só de fortalecer a Educação, Ciência e a Tecnologia do país, mas, sobretudo, de inovar com programas que resultem na transferência de conhecimentos para a população", disse Ariosto Holanda. "Para isso é preciso definir recursos orçamentários para o Ministério da Ciência e Tecnologia que venham dar suporte a um grande programa de extensão tecnológica no país. O PL-7394 que cria o fundo para extensão, aprovado na Câmara e que seguiu para o Senado com o número PL-120, aguarda até hoje sinal do governo para ser votado", assinala. (Flaminio Araripe) 

Fonte: Jornal da Ciência

Compensação florestal pode distribuir renda, dizem pesquisadores


O fortalecimento do mercado de compensação florestal no Brasil, com a possibilidade de uma área desmatada ser recomposta em diferentes propriedades, representa uma importante oportunidade de distribuição de renda, na opinião de pesquisadores participantes de audiência pública sobre a reforma do Código Florestal nesta terça-feira (27).

Em debate conjunto nas comissões de Meio Ambiente (CMA), de Ciência e Tecnologia (CCT) e de Agricultura (CRA), Ricardo Ribeiro Rodrigues, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), defendeu medidas de recuperação ambiental como forma de aumentar a renda dos agricultores.

Também Elíbio Leopoldo Rech Filho, membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC), observou que a efetiva aplicação do novo código estará condicionada à oferta de instrumentos que incentivem a preservação dos recursos florestais, a partir de políticas de indução do governo, com a participação da iniciativa privada.

"A recomposição do passivo ambiental deverá ser uma ação público-privada. Serão necessários programas governamentais de estímulo, com forte participação do setor privado e do agricultor - disse, ao alertar para a necessidade de o Estado garantir um arcabouço legal adequado para a implementação dos incentivos", declarou.

Para Ricardo Rodrigues, seria um equívoco liberar pequenas propriedades da recuperação de áreas de reserva legal, como está previsto no projeto de reforma do código (PLC 30/2011) aprovado na Câmara e que agora tramita no Senado. Para o professor, a exploração sustentável da floresta representa a possibilidade de obtenção de renda às vezes superior a cultivos convencionais, como milho, soja e cana de açúcar, economicamente inviáveis para pequenas áreas.

O senador Eduardo Braga (PMDB-AM), presidente da CCT, disse concordar e lembrou que o País já conta com tecnologias para exploração sustentável de florestas, que devem ser adotadas em especial em áreas de baixa aptidão agrícola. O senador pelo Amazonas apresentou emendas ao projeto prevendo fontes de financiamento para remunerar agricultores que mantém áreas florestadas, a título de pagamento por serviços ambientais.

Também Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), presidente da CMA, propõe emendas para incluir no novo código instrumentos de incentivo econômico e financeiro à preservação dos recursos naturais. A construção de um Código Florestal "voltado para o futuro" também recebeu apoio do senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), relator do projeto nas comissões Ciência e Tecnologia (CCT) e de Agricultura (CRA), e de Jorge Viana (PT-AC), relator na Comissão de Meio Ambiente (CMA).

Estratégia de recuperação - Em resposta ao senador Blairo Maggi (PR-MT), Ricardo Rodrigues disse acreditar que boa parte das terras desmatadas poderá ser recomposta pela recuperação natural, que ele chamou de restauração passiva, ou seja, apenas com o isolamento da área, sem a necessidade de plantio de árvores. Quando a regeneração da área for de baixa qualidade, frisou ele, é possível fazer plantios pontuais após alguns anos.

"Temos áreas naturais com grande capacidade de resiliência, as quais vão conseguir se recuperar apenas com o isolamento", disse, ressaltando ainda a possibilidade de uso econômico da reserva legal.

No debate, a senadora Ana Amélia (PP-RS) manifestou preocupação com o custo da recuperação do passivo ambiental, estimado, segundo ela, em R$ 14 mil por hectare. O professor da Esalq comentou experiências mostrando que o custo pode ser muito reduzido pela coleta de sementes e produção de mudas.

Para ele, seria um equívoco considerar o custo como um obstáculo à restauração de áreas desmatadas, uma vez que a regeneração natural só não é possível em terras muito degradadas, onde é necessário investimento para o replantio.

Recomposição em outro bioma - Eduardo Braga, Luiz Henrique, Jorge Viana e Blairo Maggi questionaram os pesquisadores quanto à possibilidade de se compensar uma área desmatada em outro bioma. Rodrigues disse acreditar que, com a expansão do mercado de compensação florestal, isso não será necessário.

Para ele, deve-se esgotar a possibilidade de recomposição em área dentro da mesma microbacia, sempre buscando terras de baixa aptidão agrícola. Uma vez esgotadas as ofertas na microbacia, busca-se a identificação de áreas no mesmo bioma. Na avaliação do professor da Esalq, o interesse pelo mercado de compensação florestal deve ser suficiente para suprir a demanda sem a necessidade de se buscar terras em outros biomas.

No entanto, Elíbio Rech disse não ver problema, se isso for necessário, uma vez que a delimitação dos biomas é feita pelo homem e não por limites naturais. Ele lembrou inclusive que um mesmo bioma pode apresentar uma grande diferenciação de ecossistemas, havendo ainda grandes zonas de transição entre os biomas.

Fonte: Agência Senado

Nota do Blog - No Bioma Caatinga, na região Semiárida do Rio Grande do Norte, já existe a alternativa da Técnica do Inóculo criada por pesquisadores da UERN - Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, que não usa o sistema de produção de mudas, mas apenas o estímulo para que a natureza se encarregue da sua própria recuperação. Essa técnica já demonstrou ser viável em uma área experimental de 10 hectares, usando recursos da Finep. (maiores informações: (84)3315-2197).

Projeto com possível solução para 'royalties' passa a tramitar em regime de urgência


Os líderes dos partidos da base do governo intensificaram as negociações em torno da partilha dos royalties decorrentes da exploração de petróleo. 

Nesta terça-feira (27), foi aprovado pedido de urgência para análise do PLS 448/11, do senador Wellington Dias (PT-PI), que traz uma das fórmulas em discussão para resolver o impasse em torno da questão.

O líder do PT, senador Humberto Costa (PE), se disse confiante em um desfecho das negociações nesta semana, embora saiba que não haverá unanimidade diante da posição defendida pelos senadores do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, estados que dependem das receitas dos royalties do petróleo.

Os senadores Francisco Dornelles (PP-RJ), Lindbergh Farias (PT-RJ), Ricardo Ferraço (PMDB-ES) e Delcídio Amaral (PT-MS) apresentaram projeto (PLS 574/11) que prevê, entre outras medidas, que a União abra mão de grande parte de sua participação nos royalties, favorecendo assim o acordo entre estados produtores e não produtores.

"O governo federal está abrindo mão de uma parte considerável das receitas em prol de um acordo. Os estados produtores também têm que estar dispostos a ceder", opinou Humberto Costa.

Pelo acordo que está sendo costurado pelos senadores da base e o governo, a União abriria mão de 4% das receitas decorrentes das participações especiais (dos atuais 50% para 46%), o que significa R$ 4 bilhões por ano.

Humberto Costa reafirmou que a intenção é votar a todo custo o projeto antes de 5 de outubro, prazo dado pelo presidente do Senado, José Sarney, para análise do veto do então presidente Lula à Emenda Ibsen, que distribuía os royalties e participações especiais do pré-sal por todos os estados brasileiros de acordo com os critérios dos fundos de participação dos estados (FPE) e dos municípios (FPM).

Inicialmente, os representantes dos estados não produtores pretendiam apressar a votação do PLC 16/10, do Executivo, que também trata dos royalties. Porém, nesta terça-feira, houve uma mudança de estratégia, e o PLC 16/10 deve servir de base para um substitutivo ao PLS 448/11.

A proposta contida no PLS 448/11 prevê a seguinte distribuição de receitas para 2012: R$ 8 bilhões para a União; R$ 12 bilhões para os estados e municípios produtores; e R$ 8 bilhões para Estados e municípios não produtores.

Também na sessão desta terça foi aprovado o apensamento ao PLS 448/11 de projeto do senador Francisco Dornelles que atualiza a base de cálculo da participação especial para refletir o aumento na produção e na rentabilidade do petróleo na última década (PLS 598/11).

Fonte: Agência Senado

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Rio desonera produção de equipamentos de energia eólica e solar


As indústrias voltadas para a transformação de energia eólica e solar (fotovoltaica) terão isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no estado do Rio de Janeiro.

O decreto foi assinado nesta segunda-feira (26) pelo governador Sérgio Cabral. A meta, segundo o secretário do Meio Ambiente, Carlos Minc, é quadruplicar o uso desse tipo de energia no estado do Rio até 2030.

"A desoneração desses impostos pode representar uma queda de até 25% do custo dos equipamentos. Hoje a maioria dos equipamentos é importada e a ideia é atrair empresas para o Rio. Aliás, já existe uma grande empresa chinesa, mas não posso revelar o nome ainda, que pretende instalar uma fábrica para produzir torres, hélices e turbinas para geração de energia eólica".

Minc explicou que o uso de energias alternativas ainda é muito baixo no país. "O Brasil tem uma base hidrelétrica muito forte e as energias eólica e solar muito atrasadas. Há três anos, Portugal, que é do tamanho do Rio, tinha cinco vezes mais energia eólica e solar do que o Brasil."

Na mesma cerimônia, o governador Sérgio Cabral também assinou o Decreto do Clima que regulamenta a Política Estadual sobre Mudança do Clima e Desenvolvimento Sustentável. O decreto define as metas de redução de emissão de gases e aponta as fontes de recursos financeiros para a implementação das ações propostas.

O governo do Rio pretende reduzir, até 2030, 65% da emissão de gases de efeito estufa e 11 milhões de toneladas de gás carbônico. Se a redução for alcançada, o número equivale a todas as emissões de dióxido de carbono do setor de transportes hoje e o dobro de todas as emissões do setor energético, segundo a Secretaria do Ambiente.

A subsecretária estadual de Economia Verde, Suzana Kahn, explicou que São Paulo, que tem um Produto Interno Bruto (PIB) maior que o do Rio, emite menos gases poluentes que o estado fluminense. "São Paulo produz 3,5 toneladas equivalente de carbono por habitante, enquanto o Rio emite 4,5 toneladas. É importante que a economia cresça, mas não precisamos aumentar as emissões de gases poluentes na mesma ordem e esse é o nosso foco", explicou a subsecretária.

Fonte: Agência Brasil

Pesquisa busca prever impactos do desflorestamento na Amazônia


Cientistas da América do Sul e Europa iniciam pesquisa para prever impactos do desflorestamento e das mudanças climáticas globais nas águas, clima e sociedade da Amazônia.

Cientistas de 14 renomadas instituições europeias e sul-americanas (Brasil, Bolívia, Colômbia, Peru) iniciaram um novo e ambicioso programa de pesquisa para prever o que poderá acontecer com a Amazônia ao longo das próximas décadas. Alguns relatórios sugerem que sob contínuas mudanças climáticas e desflorestamento, as florestas da região amazônica poderão estar vulneráveis a alguma forma de degradação (die-back) em diversos aspectos, como suas águas, seu clima e sua sociedade. O Amazalert tem como objetivo testar o quanto essas previsões são prováveis e, em caso positivo, antecipar onde, como e quando isso deve acontecer.

A equipe, liderada pelos pesquisadores Bart Kruijt, da Universidade de Wageningen, Países Baixos (WUR), e Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), irá estudar um possível sistema que detecte sinais de degradação de grandes dimensões na floresta, e que inclui um sistema de alerta caso uma situação de perda de floresta irreversível pareça provável. O Amazalert também irá avaliar os impactos e efetividade de políticas públicas e medidas para a prevenção da degradação da Amazônia.

A reunião inaugural do projeto, orçado em 4,7 milhões de euros financiados conjuntamente pelo "European 7th Framework Programme" e organizações nacionais, acontecerá entre 3 a 5 de outubro, no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos, SP.

Antecedentes - Para atingir suas metas, a equipe do Amazalert irá reunir informações disponíveis em trabalhos anteriores sobre clima regional, sensibilidade das florestas e ciclo da água, desflorestamento, os impactos sobre as leis e respostas aos impactos na Bacia Amazônica. Por exemplo, existe uma riqueza de observações resultantes de programas como o Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA) e simulações de mudanças climáticas globais, conduzidas pelos relatórios do IPCC, que também serão exploradas em detalhes.

No entanto, modelos de clima, vegetação, e suas interações estão em constante desenvolvimento e informações sistemáticas sobre o papel das pessoas e da sociedade na funcionalidade da Amazônia como uma região são escassas. Em particular, é necessário um melhor conhecimento dos sistemas de retroalimentação dentro do sistema - por exemplo, as interações entre a mudança da cobertura vegetal e o clima na região amazônica. Um importante objetivo é a compreensão dos funcionamentos e impactos da reciclagem da água da chuva pela presença da floresta. Se esse processo for alterado - talvez por meio de perda de floresta de grande escala - pode ocorrer uma deterioração dos ecossistemas da Amazônia.

O Amazalert também irá melhorar a nossa compreensão do papel do fogo, e como as pessoas, a agricultura e os governos irão responder às mudanças do clima e do meio ambiente. A equipe envolverá diretamente atores de instituições e governamentais para que suas perspectivas sejam incluídas na modelagem e para auxiliar no desenvolvimento de um modelo para um Sistema de Alerta.

Dentro de três anos, o projeto deve fornecer um conjunto de ferramentas aprimoradas para avaliar, e assessorar as tomadas de decisão na gestão futura da região amazônica, incluindo formas de monitorar o funcionamento da Amazônia para se evitar mudanças irreversíveis em seus serviços ambientais.

Fonte: Ascom do Inpe

Comissões debatem novo Código Florestal com pesquisadores


O projeto de novo Código Florestal (PLC 30/11) volta a ser discutido hoje (27) no Senado. Aspectos técnicos da proposta aprovada na Câmara serão debatidos com pesquisadores em audiência conjunta das comissões de Meio Ambiente (CMA), de Ciência e Tecnologia (CCT) e de Agricultura (CRA).

Foram convidados para a audiência Elíbio Leopoldo Rech Filho, membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e Ricardo Ribeiro Rodrigues, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP).

O PLC 30/11, que modifica o Código Florestal (Lei 4.771/65), teve sua constitucionalidade aprovada na última quarta-feira (21) pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). O relator, senador Luiz Henrique (PMDB-SC), não tratou das emendas apresentadas pelos colegas, prometendo analisá-las no âmbito da CCT e da CRA, nas quais também relatará a matéria. O senador Jorge Viana (PT-AC) é o relator na CMA.

Também na semana passada, o presidente da CCT, senador Eduardo Braga (PMDB-AM), previu que o Código Florestal seria votado em até 20 dias na comissão. Ele disse ter convicção de que, já nessa etapa, o projeto passará por mudanças importantes em relação à proposta aprovada na Câmara dos Deputados em maio, do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP).

Eduardo Braga pretendia anunciar também nesta terça-feira o calendário de tramitação do PLC 30/11 na comissão que preside. Na CCT, a proposta poderá receber outras emendas, além das apresentadas na CCJ, uma vez que se abre prazo para isso sempre que o projeto segue a uma nova comissão. O próprio Eduardo Braga informou que apresentará 12 emendas, a maioria tratando de incentivos econômicos e financeiros para estimular a preservação de áreas florestadas.

Fonte: Agência Senado

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Fósseis de marsupial marcam descoberta de nova espécie brasileira


Visitadas pela primeira vez por paleontólogos, as cavernas de Aurora guardam inúmeros fósseis além dos do Sairadelphys.

O mais recente achado da equipe de paleontologia do Laboratório de Mastozoologia, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) não mede mais do que 1mm. Sua importância, porém, é inversamente proporcional ao tamanho. Os minúsculos dentes de marsupial encontrados no final de 2010 em cavernas do estado do Tocantins marcam um golpe de sorte dos especialistas: a análise do material mostra a descoberta de um novo gênero e uma nova espécie de gambá fóssil. Batizado como Sairadelphys, o pequeno mamífero é objeto do artigo de uma das mais importantes publicações internacionais sobre o tema, a Zootaxa.

"Foi a primeira vez que as cavernas do município de Aurora do Tocantins, no Tocantins, foram visitadas por paleontólogos. Fomos convidados a fazer a primeira incursão científica ao local, o que terminou nos levando a um tipo de descoberta bastante raro, já que significa um novo gênero desse grupo de mamíferos", entusiasma-se o paleontólogo Leonardo Avilla. Segundo afirma, há mais de 50 anos não se descobria um novo gênero de marsupial.

Pelas análises feitas até agora, já é possível dizer que o animal pesava menos de 40 gramas. "Não temos estimativas de seu tamanho, mas podemos afirmar que era bem pequeno, e devia ser bastante parecido com o Hyladelphys kalinowskii, que pode ser encontrado ainda hoje, apenas na Amazônia brasileira e peruana", fala Leonardo. Ele enfatiza que a identificação foi feita por sua aluna de graduação em Ciências Biológicas na UniRio, Patrícia Villa Nova, que também é autora da publicação. "A descoberta foi fruto de um trabalho de equipe e não teria sido possível sem a participação do paleontólogo Edison Oliveira, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que trabalha com mamíferos fósseis, e de Francisco Goin, paleontólogo do Museo de La Plata e um dos maiores especialistas em marsupiais da América do Sul", cita Leonardo.

Embora se trate apenas de dentes fossilizados, mesmo assim é possível depreender muito das características do animal, que viveu entre 15 a 10 mil anos atrás e agora começa a ser estudado mais profundamente. "Ao analisarmos sua morfologia dentária, observamos que o tamanho das cúspides é maior do que de outros marsupiais da espécie, e as entradas labiais são mais bem marcadas, únicas, o que também os distingue de outros marsupiais", explica Leonardo. As cúspides altas, segundo o pesquisador indicam ainda que o animal tinha hábitos alimentares diferentes do Hyladelphys. "Enquanto o Hyladelphys é frugívoro, ou seja, come apenas frutas, a morfologia dentária do Sairadelphys sugere que, além de frugívoro, ele possivelmente se alimentava mais de insetos."

O processo de identificação exigiu determinação e empenho: foi preciso fazer moldes em resina e compará-los a fósseis de espécies semelhantes, integrantes no acervo de outras instituições não apenas da América do Sul, mas em diversos outros países da Europa e nos Estados Unidos. "Visitamos todas as coleções da América do Sul e houve uma grande troca de correspondência e moldes entre um lado e outro do Atlântico. Mas, afinal, conseguimos comparar os fósseis encontrados a todas as espécies conhecidas até o momento", relata o pesquisador.

Pelo que acreditam os pesquisadores, no período em que o Sairadelphys viveu, o clima daquela área era bem mais seco do que é hoje. E como os marsupiais não são habitantes de cavernas, os paleontólogos acham que os restos encontrados devem ter sido levados por enxurradas até lá. "Como as cavernas de Aurora nunca foram alvo de pesquisas, há ainda no local um grande número de fósseis, tanto de outros marsupiais quanto de outros mamíferos. Vimos, por exemplo, que há ali uma onça fossilizada e até mesmo pinturas rupestres."

Área nova na paleontologia, a região de Aurora do Tocantins, a apenas quatro horas de distância de Brasília, vem se revelando rica para estudos paleontológicos. Tanto que a equipe deve voltar ao local para dar continuidade às pesquisas. "Nossas expedições contam com recursos do APQ 1, da FAPERJ, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da UniRio. Também tivemos apoio da Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE), da prefeitura do município e da ONG Grupo Dolina, sob a coordenação de Anselmo Rodrigues, que nos garantiram hospedagem e parte da logística da expedição", afirma o pesquisador. Animada com a descoberta, a equipe viajou para a Argentina, onde está apresentando os fósseis e suas análises no 4º Congresso Latinoamericano de Paleontologia de Vertebrados, na cidade de San Juan. "Esta é a edição do congresso que conta com a maior participação de brasileiros, muitos deles do Rio de Janeiro. Isso mostra o quanto a paleontologia do nosso estado vem crescendo nos últimos anos."

Fonte: Agência Faperj

'Ilha do Petróleo', no Rio, pode ser o maior centro de pesquisa do mundo


Complexo reúne laboratórios das 16 principais multinacionais de tecnologia do setor, com investimentos de US$ 500 milhões.

Em área de 400 mil metros quadrados na Ilha do Fundão, no Rio, que já vem sendo chamada de "ilha do petróleo", estão sendo construídos alguns dos principais centros de pesquisa e desenvolvimento do setor no mundo. O complexo agrega as 16 principais multinacionais de tecnologia do setor, que já destinaram US$ 500 milhões ao projeto de construção de laboratórios. A expectativa das empresas é, no mínimo, equiparar o polo do Rio ao da cidade texana de Houston, referência mundial e considerada atualmente "a capital do petróleo".

Maior aposta de crescimento da economia brasileira até 2020, a produção de petróleo no pré-sal é o centro de atração dos projetos tecnológicos. O complexo do Fundão terá prédios futuristas no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e no entorno do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobrás (Cenpes), já considerado de excelência em projetos de prospecção em águas profundas.

A principal vantagem apontada por técnicos é que, diferentemente de Houston, onde as empresas ficam afastadas, no Parque Tecnológico do Rio estarão concentradas. "Esse tipo de concentração traz oportunidade única no mundo. É uma intensa troca de inovação e experiência, voltada especificamente para desenvolver a melhor e mais ampla tecnologia para o pré-sal", sintetiza Maurício Guedes, presidente do Parque Tecnológico. O complexo vem sendo construído aos poucos. Deve estar operando integralmente a partir de 2013. "Certamente veremos um salto de qualidade na engenharia de projetos dentro de quatro ou cinco anos", estima.

Hoje, a tecnologia usada para explorar o pré-sal da Bacia de Santos é a mesma desenvolvida para o pós-sal. A produção ainda é considerada experimental. Distante 300 quilômetros da costa e a uma profundidade superior a sete mil metros, o óleo dos reservatórios abaixo da camada de sal na Bacia de Santos possui particularidades que exigem outra concepção.

Sem manutenção - O engenheiro Carlos Thadeu Fraga, presidente do Cenpes, diz que a meta da companhia para a exploração das áreas é eliminar a necessidade de plataformas de superfície e colocar toda tecnologia de separação do óleo e da água, bem como o processamento, em cápsulas submarinas resistentes ao desgaste do sal e com capacidade para operar por 20 anos sem necessidade de manutenção.

Essas plantas funcionarão movidas por geradores elétricos submarinos que bombearão petróleo e gás, por dutos no fundo do Atlântico, para estações coletoras a centenas de quilômetros de distância. "A planta instalada na superfície exige energia para puxar o petróleo do fundo do mar, além de injetar água para pressionar a expulsão deste óleo de seus reservatórios. Se a planta desce para o fundo, eliminamos a necessidade de gerar energia por um percurso de três mil metros de água, com elevada instabilidade. Este é o principal desafio mundial hoje", afirmou Roberto Leite, diretor de Pesquisa & Desenvolvimento da Chemtech, braço da alemã Siemens para engenharia e TI, instalada no Parque Tecnológico.

Exemplo - Até hoje a instalação de equipamentos de produção no fundo do mar possui como maior exemplo a tentativa da plataforma de Perdido, da Shell, que teve custo aproximado de US$ 3 bilhões, no Golfo do México. A unidade foi montada sobre um cilindro de aço flutuante na mesma distância da costa que o pré-sal de Santos. A automação é completa e os dados da unidade são analisados de uma base de engenheiros em New Orleans.

Considerada uma nova fronteira na exploração e produção, a experiência terá que ser superada, diz Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). Ele afirma que o elevado custo poderia inviabilizar a operação do pré-sal. Hoje, a Petrobrás sustenta o valor de US$ 40 por barril como mínimo necessário para garantir a extração.

"Considerando que o petróleo mais recente no mundo foi apresentado a um custo viável de US$ 70 por barril, o nosso está bastante adequado", diz o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa. Para ele, cada US$1 reduzido no custo exploratório e de desenvolvimento é comemorado. Desde a descoberta das reservas a Petrobrás conseguiu, com novas tecnologias, reduzir de US$240 milhões para US$ 60 milhões o custo de perfuração de um poço.

A produtividade de cada poço também contribuiu para a redução. Uma plataforma flutuante FPSO, estruturada para ser conectada a 30 poços, com produção de cinco mil barris em cada um, teve que ser revista para uma quantidade menor de poços, já que o primeiro tem rendido média de 20 mil barris por dia.

Fonte: O Estado de São Paulo