sexta-feira, 22 de agosto de 2014

A crise hídrica em São Paulo

Heitor Scalambrini Costa*


Contra fatos não há argumentos. O que acontece atualmente com relação ao desabastecimento de água em São Paulo se enquadra na retórica de que uma mentira repetida muitas vezes acaba virando verdade.


O governo paulista insiste em negar que se as obras necessárias tivessem sido realizadas poderia ser menos dramática a atual situação. E insiste ainda em responsabilizar São Pedro pelo caos evidente. A culpa não é da seca! A seca é parte do problema, pois desde sempre se soube que ela poderia vir.

Os gestores públicos também negam que existe racionamento, afirmando que o abastecimento de água está garantido até março de 2015, apesar de, na prática, o racionamento existir oficialmente em dezenas de municípios.

Em visita ao interior de São Paulo, no inicio de agosto, pude constatar uma situação que ainda não tinha me dado conta. A gravidade da crise hídrica atinge não apenas a região metropolitana da capital, como a imprensa dá a entender ao enfatizar o colapso do sistema Cantareira, mas atinge todo o Estado mais rico da União.

Dos 645 municípios paulistas, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo) é responsável por fornecer água a 364, quem somam um total de 27,7 milhões de pessoas. Nos outros 281 municípios (não abastecidos pela Companhia), o abastecimento de água a 16 milhões de pessoas fica a cargo das próprias prefeituras ou de empresas por elas contratadas.

Se, por um lado, a companhia estadual de abastecimento nega haver adotado rodízio de água em qualquer um dos municípios atendidos por ela, inclusive na capital, tal afirmação é logo desmentida pelos usuários que relatam interrupções no abastecimento, principalmente à noite.

Nos municípios não atendidos pela Sabesp, medidas restritivas estão sendo tomadas por centenas de empresas e gestores locais devido à crise. Em Guarulhos, na grande São Paulo, o abastecimento de 1,3 milhões de moradores é atendido por um serviço municipal, o SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto), e seus moradores passam sem água um em cada dois dias.   

Em 18 municípios, cerca de 2,1 milhões de pessoas estão submetidas ao racionamento oficial no estado de São Paulo, correspondendo a 5% da população total, segundo levantamento do jornal Folha de São Paulo (11/Ago). Além do racionamento, medidas de incentivo à economia de água têm sido adotadas, indo desde multas para reprimir o desperdício a campanhas com rifas de carro e TV para quem poupar e reduzir o consumo voluntariamente.

O que chama a atenção de todos, além da dimensão estadual da crise hídrica em São Paulo, é a insistência dos gestores em negar a existência do racionamento na área de atuação da Sabesp – mesmo contestados pelos moradores, que sofrem na prática com o rodízio provocado pela companhia, com cortes crescentes no fornecimento de água.

A contrapartida do poder é a ação responsável. E o governo paulista tem se mostrado irresponsável com o seu povo, além de incompetente e medíocre para resolver questões básicas para a sua população. É hora de assumir a gravidade da situação e dos erros cometidos, e, naturalmente, fazer as obras urgentes e necessárias para garantir o fornecimento seguro deste bem fundamental à vida.

Chega de hipocrisia, chega de culpar São Pedro que não pode se defender.

*Professor da Universidade Federal de Pernambuco

(Material assinado não representa, obrigatoriamente, o pensamento do responsável pelo Blog)


quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Veneno de peixe niquim é base de novo medicamento

Detalhes da descoberta foram divulgados na Reunião Regional da SBPC em São José dos Campos
Um medicamento extraído do veneno do peixe niquim, encontrado no litoral nordestino, indicado para o tratamento de asma e a esclerose múltipla, está em fase de desenvolvimento em território nacional e deve ser lançado no mercado ainda nesta década. Fruto de pesquisa de Monica Valdyrce dos Anjos Lopes Ferreira, imunologista do Laboratório Butantan, o produto é desenvolvido em parceria com o laboratório farmacêutico Cristália.
Trata-se de um produto 100% brasileiro – desenvolvido e testado no Brasil. Hoje a produção de medicamentos nacionais é modesta, razão pela qual o setor de fármacos registra déficit de cerca de U$$ 12 bilhões anuais em sua balança comercial.
Conforme avalia Monica, a invenção do novo medicamento, para o tratamento de asma e esclerose múltipla, representa um estímulo para os pesquisadores brasileiros. “Essa descoberta partiu de uma pesquisa básica”, disse.

A pesquisadora assegura a eficácia do novo remédio para o tratamento dessas duas doenças.
“Se não for para ser melhor ou igual (aos existentes) não vale a pena lançar um novo produto.”
Desde 1996, a pesquisadora do Butantan vem trabalhando para entender o veneno do peixe niquim, mais conhecido como peixe-veneno, coberto por espinhos com substância muito tóxica. No decorrer de 18 anos, segundo disse, foram investidos R$ 1 milhão na descoberta desse novo tratamento, para asma e esclerose múltipla. Esses valores não levam em conta os recursos aplicados pelo laboratório para patentear o produto, cujas cifras não foram reveladas.
Análise de patente
Conforme a pesquisadora do Butantan, a patente do medicamento foi depositada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), em 2006.
Ou seja, a análise do produto está há oito anos na lista de espera do Inpi, que geralmente leva até dez anos para analisar a viabilidade de uma patente de medicamento.
Ainda assim, Monica considera normal o tempo que o Brasil leva para lançar um medicamento. “Levam de dez a quinze anos para um medicamento ser descoberto e colocado no mercado.”
Atestou, porém, que o Brasil “ainda está muito atrasado nessa matéria” – de análise de patente.
Antes de ser comercializado, o medicamento deverá, ainda, passar por testes clínicos, e o laboratório farmacêutico precisa também formular o produto.
Isto é, decidir se o tratamento será comercializado em injeção ou comprimido, por exemplo.
(Viviane Monteiro/Jornal da Ciência)

Sai lista de instituições selecionadas para desenvolver projetos de inovação

Dez instituições de pesquisa tecnológica foram credenciadas no primeiro processo seletivo promovido pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). A lista dos selecionados foi divulgada na última segunda-feira (18).
Foram credenciados o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a Fundação CPqD, a Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (Certi), o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), o Laboratório de Metalurgia Física da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Laboratório de Pesquisa em Refrigeração e Termofísica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o Instituto Senai de Inovação em Engenharia de Polímeros (ISI), o Centro de Energia Elétrica e Informática da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e o Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec).
Para se habilitar ao credenciamento, as instituições tiveram que apresentar planos de ação e comprovar experiência tanto no desenvolvimento como na realização de projetos com recursos privados. Na avaliação da Embrapii, as dez instituições de pesquisa selecionadas têm nível de excelência. Elas se somarão às três unidades de pesquisa tecnológica que integram o projeto piloto da empresa. São elas: Instituto de Pesquisa Tecnológica (IPT), de São Paulo; o Instituto Nacional de Tecnologia (INT/MCTI), do Rio de Janeiro; e o Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Cimatec/Senai), da Bahia.
Os projetos que serão desenvolvidos pelas 13 instituições atingem R$ 1,78 bilhão. Desse total, R$ 449,6 milhões serão aportados pela Embrapii.
O diretor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa, considerou o programa um incentivo ao desenvolvimento de inovações . “A Coppe poderá contribuir para avanços tecnológicos que levem o Brasil a usufruir do petróleo do pré-sal”, destacou. A expectativa é que os recursos comecem a ser liberados nos próximos meses.
Resultado de parceria dos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e da Educação (MEC) com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) visa a fomentar projetos de inovação em processos e produtos que sejam desenvolvidos em parceria entre empresas e instituições de pesquisa tecnológica. A Embrapii financia com recursos não reembolsáveis parte significativa destes projetos. 
(Alana Gandra / Agência Brasil)

Procedimento busca identificar adulteração no leite

Da Assessoria de Imprensa do Cena
Pesquisa conjunta entre a USP e a Universidade do Porto (UP), em Portugal, procura desenvolver procedimento analítico para a determinação de formaldeído como adulterante do leite e avaliação da toxicidade de líquidos iônicos (ILs) frente a diferentes organismos. Os experimentos da pesquisadora portuguesa Susana Patrícia Fontes da Costa, da Faculdade de Farmácia da UP acontecem nos laboratórios de Química Analítica e de Ecologia Aplicada do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP, em Piracicaba. Aluna do doutoramento em Ciências Farmacêuticas, Susana ficará cerca de 70 dias no Brasil, em trabalho experimental.
Apesar de tóxico, o formaldeído inibe crescimento de microrganismos
“Esses dois assuntos são recentes e relevantes na área de Química. Os ILs foram propostos como extratores alternativos aos solventes orgânicos, com vantagens de serem ambientalmente mais amigáveis. A pesquisa é atual devido às frequentes adulterações de leite por formaldeído e aspectos ainda não esclarecidos quanto à ecotoxicidade dos ILs”, informou Fábio Rocha, professor que, em colaboração com a professora Regina Monteiro, irá orientar Susana durante o estágio.
Apesar de ser um composto orgânico tóxico, o formaldeído serve para inibir o crescimento de microrganismos, sendo muito usado como conservante em diversos produtos. É também frequente, na adulteração de leite, a adição de formaldeído para minimizar a contagem de bactérias e aumentar o tempo de conservação.
“Pretendemos extrair o formaldeído do leite usando líquidos iônicos e depois determinar os níveis do adulterante, confrontando com os valores aceitáveis. Também pretendemos avaliar a toxicidade dos ILs usados na extração, tema correlato ao de minha tese de doutoramento, voltada à avaliação da sua toxicidade em organismos existentes habitualmente no meio aquático. Os resultados desta pesquisa permitirão avaliar se, realmente, os ILs podem ser considerados solventes verdes, isto é, que não agridem o meio ambiente”, afirma Susana.
“O que pretendo é compreender melhor seu impacto ao meio ambiente, visando aperfeiçoar suas aplicações e contribuir para a manipulação destes compostos quando liberados para o ambiente”, completa.
Foto: Marcos Santos / USP Imagens

DNA vira ‘código de barras da vida’ em rede de pesquisa

Aline Naoe, do USP Online
De modo semelhante ao código de barras de um produto no supermercado, a partir do qual é possível identificá-lo e obter informações sobre ele, uma iniciativa que abrange pesquisadores de todo o mundo visa padronizar a identificação de espécies utilizando o chamado DNA Barcoding — método em que uma espécie de código de barras é criado a partir de um pequeno trecho do DNA, extraído de uma região padronizada do gene.

Objetivo: tornar o processo de identificação das espécies mais rápido
A ideia de um dos proponentes dessa técnica, o cientista Paul Hebert, era tornar o processo de identificação das espécies mais rápido e formar um banco de dados de toda a biodiversidade mundial, disponível para consulta por qualquer pessoa. “O uso de sequências de DNA na taxonomia não é novo, mas a ideia do barcoding é o sequenciamento de um mesmo trecho, pois até então cada grupo utilizava uma região diferente do genoma, o que tornava difícil fazer comparações”, conta Mariana Cabral de Oliveira, professora do Departamento de Botânica do Instituto de Biociências (IB) da USP e uma das pesquisadoras participantes do International Barcode of Life(iBOL).
O consórcio internacional já é uma realidade e mobiliza pesquisadores em diversos países — o banco de dados do projeto reúne, atualmente, quase três milhões de sequências. A submissão dessas sequências segue um padrão de qualidade e acompanha também outros dados, como descrições morfológicas, fotografias, e o museu ou herbário onde aquela amostra foi depositada. Mariana explica que toda sequência registrada no banco de dados precisa estar associada a uma amostra física. “Eventualmente, se alguém não concordar com a identificação feita, é possível, por exemplo, solicitar e exsicata e reanalisar o material”.
(Leia mais sobre exsicatas e os herbários da USP em Herbários da USP revelam riqueza da biodiversidade vegetal)
Rede brasileira
A partir da iniciativa internacional, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) decidiu criar, em 2010, um projeto para organizar a rede em âmbito nacional. Onze grupos compõem o Brazilian Barcode of Life (BrBOL) e a bióloga Mariana Cabral de Oliveira coordena um destes grupos, voltado para a identificação molecular de organismos marinhos. Essa subrede inclui desde os vários tipos de algas, como também invertebrados, caracterizando um espectro bastante heterogêneo. A vantagem de uma rede nacional é, além de estabelecer a integração entre os estudiosos de todo o Brasil, padronizando os métodos utilizados, a possibilidade de gerar um espelho do banco de dados, ou seja, ter uma cópia dos dados que são enviados ao banco de dados geral.

Peixes estão entre os grupos mais completos em número de espécies cadastradas no banco do iBOL *
As propostas dos onze grupos que participaram do edital proposto pelo CNPq tiveram sua vigência encerrada em dezembro de 2013, no entanto os participantes aguardam a prorrogação do prazo — segundo Mariana, o fato de a biodiversidade brasileira ser extremamente grande torna mais trabalhoso sequenciar as espécies. Somente no caso das algas vermelhas, um dos principais objetos de pesquisa da professora, são cerca de 400 espécies identificadas — número que só foi possível alcançar em vários anos de estudo. Além disso, alguns grupos de trabalho, que estão distribuídos em institutos de pesquisa ao longo de toda a costa brasileira, encontram dificuldades, tanto metodológicas como de infraestrutura — como acesso a equipamentos e laboratórios adequados —para dar continuidade ao sequenciamento.
Segundo a professora, a técnica do DNA Barcoding proposta em 2003 foi rapidamente adotada por pesquisadores das diversas áreas que envolvem a biodiversidade. Apesar do objetivo inicial de usar uma mesma região padronizada para todos os grupos de organismos, logo ficou claro que não era viável adotar apenas uma região do gene como referência para todas as espécies — em alguns casos, existem dificuldades práticas para o sequenciamento da região proposta ou, como acontece com as plantas verdes, ele não tem variabilidade suficiente para diferenciá-las. Assim, estão sendo adotados outros marcadores que possam satisfazer as necessidades de cada grupo.
Além da identificação
“A aplicação do DNA Barcoding é muito mais ampla do que simplesmente descrever a biodiversidade”, conta a professora Mariana. Uma das principais aplicações do uso do banco de dados com as sequências genéticas é facilitar a identificação de novas espécies: caso um estudioso se encontre diante de uma espécie que não sabe identificar, ele poderá extrair seu DNA com a técnica e compará-lo, no banco de dados, com outras sequências. Saberá, assim, se essa espécie já foi identificada por outro pesquisador e, caso não encontre a sequência correspondente, poderá investigar se a espécie apenas não foi registrada ou se configura uma nova espécie.
No IB, outra pesquisadora também participa do consórcio, atuando no grupo que estuda, entre outros animais, as aves. Cristina Yumi Miyaki, do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva, realizou um estudo que utiliza os barcodes para ajudar na investigação do tráfico ilegal de psitacídeos — família de aves que inclui araras, papagaios e periquitos. Quando uma pessoa é flagrada portanto ovos, não é possível dizer apenas a partir da morfologia externa se eles pertencem a espécies ameaçadas de extinção, então se recorre a análise pelo DNA Barcoding, que pode, rapidamente, confirmar ou descartar as suspeitas.
Outra aplicação importante da técnica é a possibilidade de avaliar se o alimento que está sendo vendido corresponde ao informado. No caso dos peixes, por exemplo, após o corte em postas ou processamento, é difícil identificar de qual peixe se trata. O mesmo acontece com as madeiras – utilizando o barcoding, pode-se verificar se determinada madeira pertence a um tipo cuja extração é vedada.
Foto: Divulgação
Arte: Pedro Bolle 

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Mestrado em Divulgação Científica na Unicamp aceita inscrições até dia 24

O processo seletivo é aberto a graduados em qualquer área do conhecimento
Estão abertas, até 24 de agosto, as inscrições para o mestrado em Divulgação Científica e Cultural do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) e do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O processo seletivo é aberto a graduados em qualquer área do conhecimento. O objetivo é a formação para uma divulgação mais eficiente dos assuntos ligados à ciência e à cultura nacionais, contemplando também uma avaliação crítica das políticas brasileiras científicas e tecnológicas.
As pesquisas são desenvolvidas em quatro linhas do programa: cultura científica; literatura, artes e comunicação; informação, comunicação, tecnologia e sociedade; e percepção pública da ciência e tecnologia.
A linha de pesquisa em cultura científica desenvolve estudos sobre os fenômenos contemporâneos ligados à área, propondo análises sobre a divulgação da ciência e o jornalismo científico que contribuam para a compreensão da dinâmica das relações entre ciências, tecnologias e sociedade.
Já a linha de literatura, artes e comunicação trata da produção cultural, literária e artística, envolvendo cinema, vídeo, fotografia, música, teatro, artes visuais e performáticas, entre outras.
A linha de informação, comunicação, tecnologia e sociedade volta-se à produção de estudos que visam a compreensão crítica, analítica e reflexiva dos processos históricos de produção e consolidação das ciências e tecnologias na contemporaneidade. Trata ainda da presença e utilização de novas tecnologias para comunicação, incluindo novas mídias, internet, produção, armazenamento e cruzamento de informação.
Por fim, a linha de percepção pública da ciência e tecnologia inclui pesquisas de opinião, pesquisas qualitativas, presença de ciência e tecnologia na mídia e construção e análise de indicadores e projetos de pesquisas que evidenciem a percepção das ciências e das tecnologias pela sociedade.
O candidato será submetido a análise de projeto de pesquisa, prova escrita de língua inglesa e entrevista com docentes do programa. A divulgação do resultado final será feita a partir de 31 de outubro.
Para participar do processo seletivo é preciso encaminhar a documentação e o projeto de pesquisa preliminar para análise à Secretaria do Labjor, na Rua Seis de Agosto, 50, Reitoria V, 3º piso, na Cidade Universitária Zeferino Vaz, em Barão Geraldo, Campinas.
Mais informações em www.labjor.unicamp.br.

(Agência Fapesp)

Capoeira pode entrar no currículo das escolas

O ensino de capoeira deve ser integrado à proposta pedagógica e as aulas terão que ser acompanhadas por professores de educação física
Os alunos do ensino fundamental e médio poderão aprender a jogar capoeira nas escolas. Um projeto do senador Gim (PTB-DF) reconhece o caráter educacional da capoeira e autoriza os estabelecimentos de educação a celebrarem parcerias para possibilitar cursos de capoeira. Segundo o PLS 17/2014, o ensino de capoeira deve ser integrado à proposta pedagógica e as aulas terão que ser acompanhadas por professores de educação física.
A filósofa e educadora Heidi Strecker informa que a capoeira chegou ao Brasil junto com os escravos africanos e em terras brasileiras foi adaptada para o que é hoje. Segundo ela, tratava-se de uma maneira de os negros mostrarem resistência, mas para não levantar suspeitas, a luta foi misturada aos movimentos de canto da África. Assim, ficou mais parecida com uma dança. O senador Gim acrescenta que a capoeira foi proibida pelo Código Penal de 1890 e os praticantes passaram a ser perseguidos pela polícia.
A proibição vigorou até 1937, quando a capoeira foi permitida por lei e estruturou-se em duas escolas: a Capoeira Angola e a Capoeira Regional. “Nós, brasileiros, orgulhamo-nos de ser o povo criador da capoeira, arte hoje presente em praticamente todos os países do mundo. Entretanto, há muito a fazer para difundi-la, com qualidade e orientação pedagógica, em nosso próprio país”, afirmou Gim ao defender a aprovação do projeto.
O PLS 17/2014 vai ser votado na Comissão de Assuntos Sociais (CAS). A proposta tramita em conjunto com o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 31/2009, que propõe o reconhecimento da prática da capoeira como profissão.
Após deliberação pela CAS, os projetos seguem para análise da Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE), em caráter terminativo, ou seja, não há necessidade de análise pelo Plenário do Senado a não ser que haja recurso com esse objetivo.

(Agência Senado)

Paim diz que MEC discutirá apoio à USP

Ministro vai se reunir com reitor da universidade paulista
O ministro da Educação, Henrique Paim, disse hoje (19) à imprensa que está acompanhando “de perto” a situação da Universidade de São Paulo (USP). Ele disse que, em breve, vai se reunir com o reitor da USP, Marco Antonio Zago, para discutir como o MEC pode apoiar a instituição.
“A universidade é referência para o Brasil, possui cooperação com o MEC, com o governo federal, e nós estamos acompanhando de perto essa questão. Vamos ter uma reunião em breve para discutir como o MEC pode apoiar”, disse. “A universidade tem autonomia. O que podemos fazer é debater os caminhos para que a USP possa se recuperar, vamos dar todo apoio ao reitor”.
Funcionários e professores da instituição estão em greve. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), o reitor propôs um programa de demissão voluntária com meta de 2,8 mil funcionários serem demitidos.
O programa será focado nos servidores celetistas com idade entre 55 anos e 67 anos e pelo menos 20 anos de trabalho na universidade. A proposta inclui ainda a diminuição da jornada de 40 horas para 30 horas semanais, com redução de salário. Segundo a USP, nos últimos quatro anos, foram contratados mais de 2,4 mil servidores técnico-administrativos.
Em carta aberta, o reitor expôs a crise financeira pela qual a instituição passa. Segundo o documento, o principal problema é que a instituição, em 2011, gastava cerca de 80% dos seus recursos com pessoal e 20% para investimentos e outros custeios, proporção considerada saudável para uma universidade na avaliação de Zago. Este ano, os gastos com pessoal ultrapassaram 100% do orçamento.
“Isso significa que cada licitação feita por uma Unidade de Ensino e Pesquisa para manter as suas atividades normais terá que onerar, necessariamente, a reserva financeira [atualmente em R$ 2,31 bilhões] que ainda resta para a universidade. E, no ritmo em que as coisas vinham acontecendo, essa reserva tinha data certa para acabar”, informou o reitor no documento.
O ritmo de queda da reserva financeira da USP também preocupa Zago. Segundo o documento, a universidade tinha no final de 2012 a “considerável quantia” de R$ 3,23 bilhões, incluído nesse valor quase R$ 1 bilhão de receitas próprias, convênios e economia orçamentárias que várias unidades fizeram durante os últimos anos.
No final de 2013, a reserva baixou para R$ 2,56 bilhões. “Mais preocupante é a velocidade com que ela continua caindo. Apenas nos três primeiros meses deste ano, ela passou para R$ 2,31 bilhões [saldo no dia 4 de abril de 2014] em função de compromissos assumidos anteriormente e que só foram pagos em 2014″, escreveu Zago no documento.
Para reduzir custos, o reitor também propõe, entre outras medidas, que tanto o Hospital Universitário do Campus Butantã, na capital paulista, quanto o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, em Bauru, sejam transferidos da USP para a Secretaria Estadual de Saúde, sendo que os servidores dos dois hospitais continuariam ligados à universidade.

(Mariana Tokarnia / Agência Brasil)

Nota do Blog

Caso o Ministério da Educação venha a adotar uma ajuda financeira para a USP, vai abrir um precedente para que outras universidades estaduais venham a pleitear também uma ajuda, tendo em vista que esta é uma luta de todas as Instituições de Ensino Superior estaduais. Constitucionalmente o ensino superior é uma obrigação da União e isso faz com que os Estados, que mantém suas próprias universidades, batalhem por essa ajuda financeira. Acredito que apenas a USP tenha uma reserva financeira e a da USP chega a R$ 2,31 bilhões, o que significa que as outras até estão precisando muito mais dessa ajuda.

Portal da Câmara explica propostas de reformulação do ensino médio

A Consultoria Legislativa apresenta um estudo sobre o Projeto de Lei 6840/13
Com o tema “reformulação do ensino médio”, já está disponível no Portal da Câmara dos Deputados uma nova edição do Fique por Dentro. Neste link, a Consultoria Legislativa (Conle) apresenta um estudo sobre o Projeto de Lei 6840/13, sugerido pela comissão especial criada para debater o tema e apresentar propostas para a universalização desse nível do ensino.
Entre os aspectos previstos na proposta, constam a carga diária de sete horas e a reformulação completa dos currículos. Propõe-se a divisão das disciplinas em áreas do conhecimento – linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas.
O projeto determina ainda que o aluno do último ano poderá optar pela habilitação em uma dessas áreas ou por uma formação profissional. Além disso, depois de concluído o ensino médio, o estudante poderá voltar à escola para fazer uma nova habilitação.

Inadequação curricular
De acordo com os responsáveis pela publicação, a discussão sobre a necessidade de reformulação do ensino médio surgiu da percepção pelos parlamentares de que o atual sistema não prepara os estudantes nem para o mercado de trabalho nem para o ingresso na educação superior. Como consequência da inadequação curricular, apontam que 5,2 milhões de jovens na faixa etária de 15 a 24 anos, um quarto dessa população, não estudam nem trabalham.
Além do estudo da Conle, o “Fique por Dentro” traz projetos em análise na Casa, discursos de deputados e transcrição de eventos relacionados ao assunto, informações bibliográficas, textos eletrônicos, legislação comparada e reportagens e programas da TV e da Rádio Câmara.
O “Fique por Dentro” é produzido em conjunto pela Conle, o Centro de Documentação e Informação (Cedi) e a Secretaria de Comunicação Social (Secom).

Íntegra da proposta:

 (Agência Câmara)