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sexta-feira, 1 de abril de 2011

Etanol caro fere interesse nacional


Uma das conquistas tecnológicas de maior impacto energético nas últimas três décadas se deve ao uso de etanol (álcool anidro) como combustível veicular. A inovação resultou de intensas pesquisas realizadas no Brasil e, hoje, figura nas políticas estratégicas de mais de uma centena de nações. A iniciativa brasileira demonstrou integral eficácia como alternativa ao carburante fóssil (petróleo). Aqui produzido a partir da cana-de-açúcar, o propelente leva sobre os hidrocarbonetos — maiores responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa — a vantagem de causar danos insignificantes ao meio ambiente e ter custo bem mais baixo.

Mas a comercialização do produto no mercado interno se rege pela voracidade dos proprietários de usinas em superfaturar lucros à margem da boa-fé exigível na conduta da indústria. É o que ocorre agora com o aumento alarmante dos preços do álcool, justificado com argumentos maltrapilhos. Afirmam os representantes do setor que a elevação é imposta por alguns fatores, entre outros o excesso de chuvas, a tardia colheita nos canaviais e a falta de incentivo do governo. O fato é que, no DF, o preço subiu quase 10%, assim também em várias regiões do país.

Os registros do comércio exportador, todavia, fazem desabar na vala comum das imposturas as explicações dos usineiros. Grande parte da capacidade produtiva de álcool foi substituída pela fabricação de açúcar, commodity, hoje, com alta cotação no mercado internacional. Segue daí a menor oferta de etanol e, por derivação, o reajuste imoderado dos preços. A opção do parque açucaralcooleiro, de anular a competição de preço entre o etanol e a gasolina, lesa os fundamentos de um sistema carimbado com o selo do interesse nacional.

Quando a exportação de açúcar deixa de oferecer vantagens, retoma-se a produção de álcool adequada ao consumo nacional, mas não há volta ao preço anterior do produto. Trata-se de jogo indecoroso em que, em qualquer circunstância, o consumidor não é a única vítima. Expansão no custo dos combustíveis sem respaldo na evolução natural das relações econômicas, como é o caso, exaspera ao extremo a inflação. E avanço médio em torno de 9%, ante conjuntura sublinhada por tendência inflacionária, é insuportável. Vergonhoso é que a trampolinice dos usineiros obriga o país, segundo maior produtor mundial de etanol, a importar 200 milhões de litros dos EUA para evitar desabastecimento e conter a escalada de preços.

É injúria grave dizer que o governo não incentiva a produção. A indústria do álcool e do açúcar recebe financiamento regular e substancial de agências governamentais, como o Banco do Brasil (BB) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a juros subsidiados. O Estado, portanto, tem obrigação de regular as atividades do segmento e impedir que ambições desmedidas provoquem danos ilegais à economia popular.

Fonte: Correio Braziliense

terça-feira, 2 de março de 2010

Preço do etanol cai 16,7% nas usinas, mas apenas 1% nas bombas


Nas últimas cinco semanas, o preço do etanol pago ao produtor caiu, em média, 16,7%, segundo levantamento feito pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) com base em dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP). Apesar disso, o preço nas bombas caiu apenas 1% no mesmo período.

Um levantamento feito pela Agência Brasil a partir dos preços registrados nas bombas de combustíveis entre os dias 21 e 27 de fevereiro, divulgados nesta segunda-feira (1º) pela ANP, mostrou que em apenas dois estados – Goiás e Mato Grosso – ainda vale a pena abastecer o carro bicombustível com etanol.

De acordo com o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, uma das explicações para a diferença entre os reajustes é o aumento da margem de lucro das distribuidoras, enquanto o preço nas usinas caiu. “Enquanto o preço recebido pelo produtor caiu cerca de R 0,24 por litro em São Paulo ao longo de cinco semanas, o que se viu na bomba foi um recuo de apenas R 0,02 por litro.”

A demora no repasse do reajuste para baixo, segundo Rodrigues, prejudica o consumidor, tirando a competitividade do etanol ante a gasolina. Ele disse que, em dezembro, quando o preço do etanol nas usinas era semelhante ao atual, o preço médio para o consumidor em São Paulo era inferior a R 1,60. A média da última semana, de acordo com os dados da ANP, foi de R 1,80.

A redução da oferta de etanol desde o final do ano passado foi causada, principalmente, pelo excesso de chuvas no período de colheita. As precipitações impediram os produtores de cortar mais de 60 milhões de toneladas de cana, cerca de 10% da safra, por falta de condições adequadas para as máquinas colheitadeiras trabalharem.

Para tentar amenizar a situação, o governo decretou a redução da mistura obrigatória do etanol na gasolina, desde o dia 1º de fevereiro, de 25% para 20%, por um período de 90 dias. As usinas, por sua vez, anteciparão para março o período de moagem, que geralmente se inicia em abril. 

Fonte: Agência Brasil