sexta-feira, 8 de julho de 2011

FAO culpa Brasil por aumento de preços de alimentos


A FAO, agência da ONU para alimentação, aponta a queda de produção de açúcar no Brasil como responsável pela nova alta no preço internacional de alimentos e que tem obrigado bancos centrais de vários países a aumentar os juros. Dados divulgados ontem pela entidade alertam que os preços médios de alimentos em junho estão 39% acima dos valores de junho de 2010.

O valor ainda não atingiu a marca recorde registrada em fevereiro deste ano. Mas, segundo a FAO, uma forte alta dos preços de açúcar por conta da produção brasileira abaixa do previsto é um dos principais motivos da expansão.

O índice de preços da FAO chegou em junho a 234 pontos, 1% acima de maio. O recorde havia sido atingido em fevereiro com 238 pontos.

De acordo com a FAO, o índice de preço do açúcar aumentou em 14% entre maio e junho, atingindo 359 pontos. O valor é 15% inferior ao recorde de janeiro. "A produção no Brasil, o maior produtor mundial de açúcar, está previsto para cair abaixo dos níveis do ano passado", disse a FAO em seu boletim mensal de preços.

Segundo a consultoria Datagro, a queda na produção brasileira será de 3,3% neste ano, em comparação a 2010. Já a Unica, entidade que reúne os produtores, indica que a moagem de cana-de-açúcar atingiu 34,5 milhões de toneladas nos primeiros quinze dias de junho, uma queda de 13,01% ante o mesmo período da safra passada. No acumulado desde o início da safra, a moagem totalizou 134,5 milhões de toneladas, uma redução de 22,6% ante a safra anterior.

Níveis perigosos - A situação no Brasil está contribuindo, segundo a FAO, para a manutenção dos preços altos e que tem tirado o sono dos organismos internacionais."Níveis perigosos"" nos preços de alimentos já fizeram com que 44 milhões de pessoas caíssem abaixo da linha da pobreza nos últimos 12 meses, segundo o Banco Mundial. Se o índice de preço da FAO subir outros 10%, mais 10 milhões podem entrar nessa situação.

Para o diretor eleito da FAO, o brasileiro José Graziano, os preços de alimentos prometem se manter a níveis elevados por "muito tempo". (Jamil Chade)

Fonte: O Estado de S. Paulo
 

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