quarta-feira, 6 de outubro de 2010

China sedia conferência sobre clima e assume compromissos


Três mil representantes de 170 países se reúnem até o dia 9 de outubro nesta cidade chinesa, situada a 150 quilômetros de Pequim, com o objetivo principal de mostrar que é possível negociar e se chegar a um acordo em novembro e dezembro em Cancún, evitando assim o fiasco que foi a Cúpula de Copenhague no ano passado.

Além disso, a nível político se trata da primeira reunião promovida pelas Nações Unidas sobre mudança climática realizada na China, o que, segundo os participantes, é uma importante conquista e uma demonstração de que o país asiático, atualmente o maior emissor mundial de dióxido de carbono, está disposto a assumir compromissos.

A secretária executiva da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança Climática, Christiana Figueres, destacou que há dados que geram otimismo em relação a Cancún, especialmente no terreno financeiro, já que as nações desenvolvidas parecem ter avançado na criação de um fundo para ajudar os países em desenvolvimento a lutar contra a mudança climática.

Ela declarou que "já estão disponíveis US$ 28 bilhões dos US$ 30 bilhões para esse fundo", que deve começar a funcionar a partir de 2011 ou 2012. A secretária da ONU também elogiou a China por sediar esta conferência, que não estava prevista para este ano, mas que "o país asiático foi capaz de preparar em dois meses".

Ela ressaltou que a China mostrou interesse em lutar contra a mudança climática com compromissos como a redução das emissões de carbono (cerca de 40-45% a menos até 2020), mas também pediu a Pequim que "mostre sua liderança e seja mais flexível" nas negociações.

Por outro lado, a secretária reconheceu que não vai ser fácil obter um acordo em Cancún, mas esclareceu que, diferentemente de Copenhague, essa já não é a prioridade, mas "sentar as bases para que esse acordo seja possível no futuro", como na cúpula de Johanesburgo, em 2011.

Um dos chefes da delegação da União Europeia (UE) em Tianjin, Artur Runge-Metzger, destacou em entrevista coletiva que é possível conseguir um acordo concreto no México, já que, caso contrário, todos estes anos de negociações "vão perder sua legitimidade".

Também não parece que a China vá aproveitar seu papel de anfitrião das negociações para fazer grandes anúncios como o do ano passado antes da Cúpula de Copenhague, no qual comprometeu-se a reduzir entre 40% e 45% as emissões de carbono em 10 anos.

"A China não vai anunciar nada grandioso aqui, terá que esperar a discussão do próximo plano quinquenal, em meados de outubro", destacou Yang Ailun, da organização ambientalista Greenpeace. Nas reuniões desta semana também participam ONGs que continuam pessimistas em relação ao avanço das negociações, inclusive no financiamento aos países em desenvolvimento.

Segundo algumas destas organizações, grande parte dos fundos não é "nova", mas proveniente de um dinheiro que já foi gasto anteriormente, e existe ainda um sério desacordo entre EUA e nações em desenvolvimento, como China e Índia.

Os EUA pedem a estes países, em troca do estabelecimento desse fundo, que deem informação completa e verificada por observadores internacionais de suas emissões e do uso dos fundos, uma questão que ainda evidencia divergências.

"É um pouco inocente por parte dos EUA pedir informação concreta e verificada em troca de um fundo que ainda não está concretizado. É preciso aumentar a confiança mútua, e infelizmente são os países desenvolvidos os que têm que dar o primeiro passo neste sentido", destacou Raman Mehta, da Action Aid India.

As ONGs advertem que o planeta está dando demonstrações da urgência que existe na hora de mudar mentalidades, como as inundações no Paquistão e na China e os incêndios florestais na Rússia.

Fonte: Efe

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