segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Gestores de CT&I apontam os desafios para tornar o Brasil mais competitivo

Diversos gestores de ciência, tecnologia e inovação (CT&I) do país enumeram nesta quarta-feira (8), em Brasília (DF), os desafios para tornar o país mais competitivo, a partir do fortalecimento dos instrumentos voltados para o setor. O debate foi realizado durante um café da manhã organizado pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec).

Na avaliação do grupo, que contou com a participação de representantes do governo e da iniciativa privada, o ano de 2011 começará com um ambiente de CT&I diferente, com investimentos crescentes e a maior participação brasileira no número de artigos científicos, mas ainda desafiador para a área de inovação.

Para o diretor de Operações da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi, o país precisa avançar em infraestrutura, ambiente macroeconômico e institucional. "Nós temos que estabelecer uma grande agenda voltada para a inovação e estamos muitos distantes dela ser representativa", avaliou.

Dados da última Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec), divulgada recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que o Brasil tem 41 mil empresas envolvidas na inovação, mas apenas três mil delas fazem pesquisa e desenvolvimento (P&D) de forma consistente.

"Temos uma necessidade de engajar as empresas nesse processo e a Anpei [Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras] desenvolverá no próximo ano um grande trabalho para inserir as empresas que ainda não inovam nesse ambiente inovativo", destacou o secretário executivo da instituição, Naldo Dantas. Ainda segundo ele, a entidade focará principalmente nas instituições de pequeno porte.

Na avaliação do diretor do Centro de Pesquisa e Inovação do Parque Tecnológico do Rio de Janeiro, Maurício Guedes, a agenda da inovação ainda não incorporou e falta maior posição tanto do governo, quanto da iniciativa privada. "No MCT, a pauta da inovação tem que ser prioridade para o próximo governo. As pré-condições estão criadas. O ambiente econômico é mais favorável".

Guedes também criticou a falta de políticas públicas voltadas para os parques tecnológicos e disse que a Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), movimento liderado pela CNI, teve uma repercussão tímida. "Se existe um modelo de parque tecnológico brasileiro é o que não conta com recursos públicos para o seu desenvolvimento", falou.

Já para o secretário executivo do MCT, Luiz Antonio Elias, o Brasil dispõe de um ambiente altamente propício, o que falta é uma articulação maior entre os atores. "Instrumentos de apoio nós temos. Aperfeiçoamos o marco legal. Falta dar uma nova capacidade de realização através de parcerias com entidades como a Anprotec", considerou.

Também para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a agenda da inovação é uma realidade no Brasil e pauta, inclusive, negociações internacionais. Segundo o secretário de Comércio Exterior do órgão, Welber Barral, a inovação foi o tema central de um acordo firmado com os Estados Unidos. "Junto ao MCT estamos estudando mecanismos para alavancar as importações e as exportações na área de pesquisa", disse.

Baixa produtividade

Para o diretor-técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Carlos Alberto dos Santos, para fortalecer essa agenda é preciso fundamentalmente elevar o padrão de produtividade nos empreendimentos de pequeno porte.

Dados apresentados por ele mostram que a participação das micro e pequenas empresas (MPEs) brasileiras na economia está no mesmo patamar das instituições de países como Itália e Holanda. Respectivamente os percentuais são: 99,1%, 99,4% e 98,3%.

No que se refere ao volume de empregos gerados, a distribuição também é equilibrada com 52,2% no Brasil; 68,5% na Itália; e 50,5% na Holanda. A curva muda quando se analisa a contribuição desses empreendimentos para o Produto Interno Bruto (PIB). No Brasil, esse percentual patina nos 20%. Nos outros dois países europeus os percentuais são de 55,6% e 41%, para Itália e Holanda, respectivamente.

"Temos que elevar o padrão da produtividade das pequenas empresas. Nós só vamos conseguir mudar esse quadro quando agregarmos valor tecnológico e inovação", disse. Para os anos de 2011 a 2013, o Sebrae destinará 30% dos recursos para C&T.

"O Brasil avançou na estabilidade do crescimento. Nosso desafio sem dúvida é a competitividade. Essa é a agenda principal da CNI, para que possamos manter esse crescimento na faixa de 5%, com avanço da renda per capita de 4,5%", completou Lucchesi. (Cynthia Ribeiro)

Fonte: Gestão C&T online

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