segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Projeto do CPqD quer tornar internet mais rápida


Imagine baixar, em um segundo, 1,4 mil longas-metragens. Ou fazer 1 bilhão de chamadas de voz simultâneas via internet. Essa é a capacidade oferecida por uma conexão de 8 terabits por segundo (Tbps), que o CPqD prevê alcançar até o fim do ano, usando uma única fibra óptica.

Criado há 34 anos, o CPqD era o centro de pesquisas do Sistema Telebrás. Com a privatização, tornou-se uma fundação privada sem fins lucrativos, que tem como maior fonte de receita projetos que desenvolve para empresas. É o principal centros de desenvolvimento de tecnologia de telecomunicações do País.

"Temos condições de competir com as empresas internacionais", disse Hélio Graciosa, presidente do CPqD. "Só precisamos ser mais seletivos, porque temos menos recursos e menos engenheiros."

Sediado em Campinas, no interior de São Paulo, o CPqD emprega 1,2 mil pessoas e registrou, em 2010, receitas de cerca de R$ 230 milhões. Desse total, um quarto veio de fundos setoriais do governo, para financiamento de pesquisa. O restante foram projetos com empresas.

Na sexta-feira (4), o CPqD inaugurou um laboratório de etiquetas inteligentes. São quatro suas linhas principais de pesquisa: banda larga, smart grid (tecnologia da informação e telecomunicações aplicadas à rede elétrica), cidades digitais e banco do futuro.

Inovação. Desde 1998, quando houve a privatização da Telebrás, foram vendidos R$ 15 bilhões em produtos com tecnologia do CPqD. Como a medida da inovação é o resultado financeiro obtido a partir da pesquisa, esse é um número importante.

Várias empresas surgiram a partir do CPqD, como a Padtec, que fabrica equipamentos de comunicações ópticas; a Trópico, que fornece centrais telefônicas; e a ClearTech, responsável pela solução tecnológica da portabilidade numérica. Essas empresas, que tem o centro como acionista, recebe tecnologia desenvolvida nos laboratórios do CPqD, e a transforma em produtos.

O sistema que permitirá transmitir 8 Tbps em uma única fibra está sendo desenvolvido num projeto chamado 100 Geth. Ele usa tecnologia WDM (sigla em inglês de multiplicação por divisão de comprimento de onda). Na prática, torna possível transmitir vários sinais ópticos simultaneamente em uma só fibra, como se fossem luzes de cores diferentes, cada uma delas carregando um fluxo de informações.

O 100 do nome do projeto refere-se aos 100 gigabits por segundo (Gbps) de velocidade de cada um desses comprimentos de onda. Os equipamentos comercializados pela Padtec, por exemplo, chegam a um décimo disso. O WDM permite colocar até 80 sinais simultâneos numa única fibra, o que totalizará 8 Tbps. Até agora, o CPqD conseguiu colocar 32 deles, chegando a 3,2 Tbps. O laboratório do centro aguarda a chegada de novos equipamentos, para alcançar os 80 comprimentos de onda simultâneos.

Vanguarda. "Essa pesquisa representa o estado da arte das comunicações ópticas mundiais", disse Paulo Cabestré, diretor de redes convergentes do CPqD. Segundo ele, os grandes fornecedores mundiais de equipamentos de telecomunicações encontram-se no mesmo nível que o CPqD. "Usamos equipamentos no nosso laboratório que fomos o segundo ou o terceiro no mundo a comprar."

O objetivo é terminar a pesquisa ainda este ano, e então transferir a tecnologia para a Padtec, que pode lançar produtos em 2012. Os equipamentos serão destinados às redes de transporte de dados das operadoras, e não ao acesso que chega à casa dos clientes. O CPqD participou das primeiras pesquisas com fibras ópticas no Brasil, ainda na década de 1970.

Além das pesquisas com comunicações ópticas, o CPqD tem uma grande aposta nos sistemas sem fio, com duas aplicações principais: a inclusão digital e smart grid. Uma das empresas que saíram do CPqD, a WXBR, tem como foco as telecomunicações sem fio. (Renato Cruz)

Fonte: O Estado de SP

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Identifique-se e poste o seu comentário e logo abaixo, o seu e-mail para um possível retorno.