terça-feira, 24 de maio de 2011

Campanha científica em Belém (PA) investiga chuva de linha de instabilidade


Um mês após o encerramento da campanha científica de Fortaleza (CE), começa em junho o segundo experimento de campo do Projeto Chuva, que até o final de 2012 cobrirá seis cidades. 

Desta vez, Belém será a sede da campanha, que terá o mesmo formato da de Fortaleza. Além dos trabalhos de coleta de dados, envolvendo diversas instituições e equipamentos, será montado o Sistema de Observação de Tempo Severo, como em Fortaleza, para a emissão de alertas e avisos meteorológicos, e o minicurso "Processos Físicos das Nuvens", voltado a alunos de graduação e pós-graduação, que será realizado na Universidade Federal do Pará (UFPA).

O Projeto Chuva está sob a coordenação geral do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e tem financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O centro operacional da campanha será montado no Sipam, onde serão discutidas diariamente as previsões de tempo e chuva.

Serão estudadas as linhas de instabilidade que se formam na região costeira do Continente, dando origem a grandes aglomerados de nuvens cúmulo nimbos. Nesta época do ano, estes aglomerados penetram o interior da Amazônia, provocando chuva intensa.

Segundo o pesquisador Luiz Augusto Machado, do Cptec, coordenador principal do projeto, estas chuvas são fundamentais ao clima da Floresta Amazônica. Por outro lado, elas também provocam enchentes e prejuízos às cidades e metrópoles da região.

Para acompanhar os sistemas convectivos, o pesquisador Frederico Angelis, do Cptec, um dos coordenadores científicos do projeto, conta que será utilizado na campanha um dos mais avançados radares meteorológicos do mundo, com capacidade de discriminar diferentes formas de precipitação e partículas no interior das nuvens. "O resultado é semelhante a uma tomografia, só que das nuvens", destaca.

A expectativa é de que os dados e as informações obtidos em campo ajudem a conhecer melhor a estrutura das linhas de instabilidades. A partir disso, explica Machado, será possível melhorar a previsão do tempo na região tropical do País. Os dados também poderão ser aplicados em áreas de pesquisa de mudanças climáticas e em análises dos efeitos dos aerossóis (partículas suspensas na atmosfera) na formação de nuvens de chuva.

Os processos de eletrificação das nuvens também serão estudados nesta campanha. O pesquisador da USP, Carlos Augusto Morales, coordena as atividades na área e a coleta de dados.

Outro resultado esperado é a obtenção de dados que permitirão às novas gerações de satélites meteorológicos estimar a chuva da região. As medidas de campo serão úteis na especificação de sensores a bordo de um satélite brasileiro, que fará parte do programa Global Precipitation Measurement (GPM - Medidas Globais de Precipitação), sob a liderança das agências espaciais dos Estados Unidos (Nasa) e do Japão (Jaxa).

Melhoria das previsões - Machado, do Cptec, afirma que os processos físicos associados às nuvens de tempestade, que evoluem em escala de alguns quilômetros, ainda não são totalmente conhecidos e há pouca precisão na sua descrição pelos modelos numéricos de previsão de tempo e clima.

Com o aumento da resolução espacial dos atuais modelos, devido ao maior poder computacional do Tupã, novo supercomputador do Inpe, os processos que envolvem as partículas de chuva e gelo nas nuvens terão que ser descritos com maior detalhamento.

O pesquisador Saulo Freitas, também do Cptece, aplicará na campanha um modelo de alta resolução, com o intuito de testar e validar a previsão imediata para a região.

Em outra frente da campanha, a pesquisadora da UFPA, Júlia Cohen, coordenadora local do experimento, testa, junto com o pesquisador David Fitzjarrald, da Universidade de Nova York, um balão dotado de equipamentos e sensores que acompanhará a linha de instabilidade - área em que são especialistas - até o interior da Amazônia.

Além da UFPA e do Sipam, também participam do projeto o Destacamento de Controle do Espaço Aéreo (DTCEA), a Secretaria do Meio Ambiente do Pará e o Inmet. Além da coordenação geral do projeto, o Cptece está à frente também de duas áreas de abrangência da pesquisa, que tem ainda a liderança de pesquisadores da USP e do Instituto de Aeronáutica e Espaço (Iae/DCTA). A Agência Espacial Brasileira (AEB) e o MCT também apoiam o Projeto Chuva.

Mais informações sobre o projeto e as campanhas podem ser acessadas no portal: http://www.sect.am.gov.br/noticia.php?cod=4723.

Fonte: Ascom do MCT

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