quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Pesquisa de ponta facilita adaptação em áreas secas

Projetos bem-sucedidos são apresentados em painel da Segunda Conferência Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas (Icid+18), que vai até sexta-feira, dia 20, em Fortaleza (CE)

Aplicações de pesquisa de ponta em bioenergia, biotecnologia molecular, tecnologia da informação e comunicação e em nanotecnologia podem facilitar a adaptação sustentável das populações em regiões secas. "A união de conhecimento tradicional e ciência de ponta foi demonstrada em experiências e oportunidades concretas", afirmou a presidenta do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Lucia Melo, sobre os trabalhos do painel da Icid+18 coordenado por ela na manhã desta terça-feira, dia 17.

O aprofundamento das iniciativas apresentadas, no entanto, esbarra em algumas barreiras, como a insuficiência da formação de recursos humanos para pesquisa, a baixa capacitação técnica dos produtores rurais das regiões secas e a falta de infraestrutura de pesquisa.

Por isso, a cooperação internacional entre centros de pesquisas de países emergentes e os investimentos em educação foram pontos que saíram como propostas concretas do painel a serem apresentados para a redação final da Declaração de Fortaleza II, documento síntese que será aprovado pela Icid+18 na sexta-feira.

Reforçar, na declaração, a importância das ações para a formação de recursos humanos no semiárido foi proposta de Aldo Malavasi, diretor presidente da Biofábrica Moscamed Brasil e secretário-geral da SBPC.

"No Brasil, estamos muito voltados para a costa. Temos que formar mestres e doutores nas regiões secas do Brasil, África e Ásia", propôs Malavasi, que deu palestra sobre a biofábrica, organização social vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e instalada no sertão da Bahia, no Vale do São Francisco. A fábrica desenvolve moscas estéreis, para controlar uma das principais pragas a afetar a fruticultura no Nordeste, a mosca-da-fruta.

Já a proposta de incrementar a cooperação internacional entre centros de pesquisa dos países emergentes foi feita por Mohamed Hassan, integrante do Conselho da Academia de Ciências do Mundo em Desenvolvimento (Twas). Hassan citou instituições especializadas em estudos sobre as regiões áridas no Brasil, Índia, China, Oriente Médio, entre outros locais. Ele ofereceu exemplos de aplicações bem-sucedidas de alta tecnologia em regiões secas, como o controle de doenças em camelos no Deserto do Saara, na África, e a coleta de água a partir de neblina no Deserto de Atacama, no Chile.

Hassan citou ainda aplicabilidades para tecnologias de ponta nas regiões áridas, como monitoramento ambiental, tecnologia da informação (que possibilita o acesso a informações e à educação a distância), biotecnologia (elaboração de variedades de vegetais resistentes à seca) e nanotecnologia (na purificação da água e no desenvolvimento de células mais eficientes para captar energia solar).

(Vinicius Neder, do Jornal da Ciência)

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