quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Plano de florestas é única esperança


A criação de um mecanismo para combater o desmatamento nos países com grandes florestas é a grande esperança para que a Conferência Climática da ONU, em Cancún (COP-16), não seja um fracasso completo. A dois dias do fim do encontro, a discussão dos grandes temas, como a definição de novas metas de redução de emissões de gases-estufa, está travada.

No entanto, ironicamente, o REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal) só deverá sair do papel, caso haja decisão em outras áreas, como adaptação, mitigação e financiamento.

Países como Venezuela e Bolívia dizem que só aceitam um acordo se um grande pacote de decisões seja fechado. Caso contrário, preferem sair de Cancun com as mãos vazias.

- Um acordo sobre REDD está muito próximo. Não há dúvidas de que será um mecanismo importante, qualquer que seja o pacote de decisões de um acordo geral sobre o clima - afirmou Tasso Azevedo, assessor do Ministério do Meio Ambiente. - O Brasil é um grande contribuinte para o mecanismo porque é o país que mais reduz emissões por desmatamento no planeta. As bases do mecanismo já foram acordadas, ele será adotado em três fases.

A primeira seria de preparação de instrumentos de controle do desmatamento, como o usado no Brasil, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A segunda etapa seria aberta para a implementação de projetos pilotos nas áreas de manejo sustentável de madeira, reflorestamento e criação de áreas de proteção ambiental.

A terceira etapa seria de implantação efetiva e em larga escala de projetos nessas áreas, inclusive com a introdução de novas unidades de conservação, por exemplo. Os pontos que ainda estão em debate são: a inclusão de direitos indígenas no mecanismo, a possibilidade de que projetos gerem créditos de carbono a serem comercializados no mercado e se as medições das reduções de emissões devem ser feitas projeto a projeto ou nacionalmente.

Finalmente, a contagem das emissões evitadas com projetos de combate ao desmatamento já está praticamente acertada entre os negociadores: a tendência é que seja feita uma conta só por cada país ou por grandes regiões. Neste caso, supondo que o Brasil tenha 50 projetos de REDD em andamento, todas as reduções geradas por cada um separadamente será contabilizada de forma unificada.

Negociadores brasileiros dizem que as discordâncias sobre cada um desses temas do REDD são detalhes facilmente superados, caso o restante das negociações avancem a ponto de se chegar a um acordo climático em Cancún. (Catarina Alencastro)

Fonte: O Globo

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