quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Efeitos climáticos de La Niña persistem até meados de 2011, diz entidade internacional

Fenômeno meteorológico é responsável pelas chuvas intensas na Austrália e na Indonésia. No Brasil, causa secas severas no sul do país. Situação deve prosseguir até abril de 2011, diz Organização Mundial de Meteorologia.

O fenômeno La Niña deverá se prolongar durante os próximos meses de 2011. O episódio responsável pelas catástrofes climáticas registradas na Austrália e em outras partes do mundo deve prosseguir pelo menos até abril, segundo um relatório da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), divulgado nesta terça-feira (25/01).

O fenômeno oceânico-atmosférico se caracteriza por um esfriamento anormal nas águas superficiais do Oceano Pacífico tropical, com impactos sentidos em diferentes regiões do globo.

Segundo o relatório da OMM, desde agosto de 2010, as temperaturas da região oriental e central do Oceano Pacífico estão, em média, 1,5ºC mais frias do que o normal. Indicadores atmosféricos indicam que o La Niña é um dos episódios de maior impacto do século passado. Desde o seu aparecimento, ele tem provocado desordens climáticas que ocupam as manchetes dos noticiários.

Os meteorologistas da OMM afirmam que o corrente fenômeno é responsável pelas precipitações acima da média registradas na Austrália, na Indonésia e sudeste da Ásia. Acredita-se também que o atual La Niña tenha provocado mais chuvas no sul da África e precipitação abaixo do normal na África Equatorial oriental. Menos chuva também foi registrada no centro e no sudoeste da Ásia, como também no sudeste da América do Sul.

Na Austrália, por exemplo, a região norte do país sofreu grandes inundações ainda em dezembro. Em algumas partes do estado de Vitória, choveu em 24 horas o volume de chuva que costuma ser distribuído ao longo de um ano.

"Regiões tipicamente impactadas pelos eventos do La Niña devem ficar atentas e esperar uma continuidade das condições moderadas e fortes do La Niña nos próximos dois meses, e uma condição mais fraca em março e abril", diz o relatório da OMM.

O Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), antevê que, no Brasil, o La Niña vai provocar mais chuvas nas vazões dos rios da Região Norte e Nordeste do país. Já a Região Sul, produtor agrícola nacional importante, deve sofrer com secas severas.

"Ainda não temos ferramentas para quantificar o quanto acima haverá de chuva, portanto não há como prever se haverá danos para a população. Mas sabemos que na Região Norte as chuvas caem em forma de pancada, ou seja, chove muito em pouco tempo", disse à Deutsche Welle Priscila Farias, meteorologista do CPTEC.

Sobre as chuvas que caíram no Rio de Janeiro e ocasionaram a morte de mais de 800 pessoas, Farias disse que o ocorrido pode não se relacionar ao La Niña. "Não se sabe se o La Niña tem alguma influência nessa que foi a maior fatalidade climática da história do Brasil."

O La Niña, normalmente, provoca o aumento das chuvas na parte ocidental do Pacífico Equatorial, incluindo o norte da Austrália e Indonésia, durante os meses de dezembro a fevereiro. No período de junho a agosto, o mesmo efeito é observado nas Filipinas - e quase não é sentido na parte oriental do Pacífico Equatorial.

Condições mais úmidas também são registradas entre dezembro e fevereiro no norte da América do Sul e sul da África, e entre junho e agosto no sul da Ásia e sudeste australiano. O ar fica seco em algumas regiões do Equador, Peru e África Equatorial ocidental entre dezembro e fevereiro e, entre junho e agosto, esse fenômeno é observado no Brasil e Argentina.

Uma vez que o fenômeno se desenvolve, sua duração média é de 12 meses. Segundo os registros meteorológicos, o forte El Niño de 1997-1998 foi seguido por um La Niña prolongado que durou de 1998 a 2001. (Nadia Pontes)


Fonte: Deustche Welle

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