terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Embrapa vai liderar rede internacional de pesquisa em ingredientes funcionais de frutas


A Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza-CE) será a instituição-líder de uma rede de pesquisa internacional na área de ingredientes funcionais de frutas: a Rede Frutactiva. A proposta de criação da rede foi aprovada pelo Cyted, um conselho que reúne todos os Organismos Nacionais de Ciência e Tecnologia (ONCTS) dos países Iberoamericanos (Portugal, Espanha e os 20 países latinoamercianos). O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) é o representante brasileiro no Cyted.

O objetivo da Rede Frutactiva é montar um grupo multi e transdisciplinar que favoreça a interação, a cooperação, a transferência de conhecimentos, metodologias e tecnologias para a caracterização, obtenção e uso de compostos bioativos de frutas tropicais não-tradicionais dos países iberoamericanos. Além do avanço no que se refere ao conhecimento científico, a rede prentende viabilizar a comercialização de ingredientes bioativos que vierem a ser obtidos durante os quatro anos do projeto.

As doenças crônicas causam 60% das disfunções e 49% da mortalidade total no mundo, sendo que 79% dessas mortes são registradas nos países em desenvolvimento. De acordo com o pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical e coordenador da rede, Ricardo Elesbão, há um consenso acerca de que as frutas não fornecem apenas nutrientes, conforme seu uso tradicional, mas possuem ainda ingredientes bioativos com propriedades comprovadas na prevenção de doenças degenerativas.

As frutas contêm compostos antioxidantes que podem ocorrer naturalmente ou ser introduzidos durante o processamento para o consumo. Esses compostos, tais como as vitaminas A, C e E, a clorofila, os fenólicos, os carotenóides a as fibras são capazes de restringir a propagação das reações em cadeia e as lesões induzidas pelos radicais livres, que aceleram o processo degenerativo do organismo.

As espécies de frutas não-tradicionais (acerola, caju, açaí, camu-camu, romã, dentre outras) produzidas na Iberoamérica tropical apresentam-se como uma grande oportunidade para os produtores regionais conquistarem nichos de mercados e atenderem consumidores interessados em produtos exóticos, ricos em compostos (ingredientes bioativos) que possam ter função na manutenção da saúde.

Esses são alguns dos resultados esperados pela Rede Frutactiva, segundo o pesquisador: gerar e consolidar conhecimentos científicos que possam levar a avanços significativos na agregação de valor das frutas em estudo; fornecer subsídios para estudos in vivo (animais e humanos) que comprovem as propriedades funcionais das frutas; aumentar a contribuição social das frutas em estudo às populações locais onde estão disseminadas e políticas públicas voltadas para a nutrição; e fornecer subsídios para a pesquisa de melhoramento, assim como para a indústria que pretenda utilizar extratos dessas frutas para a obtenção de produtos cosméticos e nutracêuticos.

Ainda conforme Ricardo Elesbão, a aprovação de uma rede como esta pelo CYTED sempre tem sido bastante concorrida. O conselho aprova, por ano, apenas um projeto por linha de pesquisa. Essa foi a terceira tentativa dos pesquisadores em quatro anos. A equipe que integra a rede contará com 33 mil euros por ano para promover reuniões, cursos e lançar publicações. "Isso pode representar a liderança do Brasil neste tema durante os próximos quatro anos", afirma Elesbão.

A Rede Frutactiva é composta por 14 grupos de pesquisa (quatro do Brasil, dois do México, dois da Espanha, um do Equador, um de Portugal, um do Peru, um da Colômbia, um da Costa Rica e um da Venezuela) e 12 empresas. Ao todo, 109 pesquisadores dos nove países fazem parte dessa iniciativa.

Fonte: Embrapa

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