quarta-feira, 15 de junho de 2011

Decisão da Anvisa sobre uso da sibutramina deve sair em agosto


O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Dirceu Barbano, disse que a Anvisa decide até agosto se o medicamento, utilizado para o tratamento da obesidade, deve ser proibido. 

Ele acredita que o grupo técnico, criado para avaliar os riscos de segurança do remédio e de outros moderadores de apetites anfetamínicos, deverá concluir seu trabalho em até 15 dias. Nesta terça-feira, a Anvisa promoveu painel com especialistas do Brasil e do exterior para discutir os risco à saúde provocados pela sibutramina e pelas anfetaminas, como femproporex, mazindol e dietilpropiona.

Até agora, os técnicos da Anvisa ainda não se convenceram de que os benefícios provocados pela sibutramina são maiores do que seus riscos à saúde, especialmente por causa da comprovação científica de que o medicamento provoca aumento da pressão arterial. A classe médica, entretanto, se divide sobre o diagnóstico da equipe técnica da Anvisa. Endocrinologistas e nutrólogos, por exemplo, são favoráveis ao uso restrito do medicamento. Já a Sociedade de Cardiologia, também representada no painel, ponderou que os riscos são maiores do que os benefícios.

Barbano indicou que, por ora, não tem argumentos para discordar da indicação da área técnica, contrária à venda dos medicamentos no Brasil. - Queremos que os médicos indiquem quais são os pacientes que podem ser tratados com esses medicamentos. Até agora, não indicaram quem são esses pacientes. Precisamos responder três questões: o que dizer aos pacientes com prescrição de sibutramina, qual seria o compromisso dos médicos para prescrever adequadamente e como explicar que a sibutramina é permitida no Brasil, mas proibida em quase todo o mundo - afirmou Barbano, antes de indicar um prazo para a decisão da diretoria colegiada do órgão, formada por quatro integrantes:

- Acredito que em até 15 dias, o grupo técnico faça o relatório de seu painel. Assim, entre o final de julho e o começo de agosto deveremos nos reunir para discutir o assunto.

O diretor da Anvisa explicou que o Brasil responde, sozinho, por mais da metade das vendas de sibutramina no mundo. Em 2010, foram vendidas 5,6 toneladas, das quais três toneladas só no Brasil. O fabricante parou de vender nos Estados Unidos e a União Européia proibiu sua venda. Na América do Sul, Argentina, Uruguai, Colômbia também proibiram o uso.

Destaque no painel técnico, o pesquisador dinamarquês Christian Torp-Pedersen, que participou do maior estudo científico já realizado sobre a Sibutramina, encomendado pelo fabricante e produzido com 10 mil pacientes, defendeu o uso controlado da sibutramina. Ele afirmou que os anfetamínicos não devem ser usados para o controle da obesidade, porém salientou que a sibutramina é um caso diferente.

- Anfetamínicos têm um risco muito grande, inclusive de dependência e acho que não deve ser usado para obesidade. Porém, no caso da sibutramina, acho que os Estados Unidos e a Europa tiveram uma reação exagerada. O medicamento deve ser usado em condições especiais. Essa seria a decisão mais sábia. O risco para pacientes sem alto risco de doenças cardiovasculares é pequeno - afirmou.

A professora Rosana Rodominski, presidente da Sociedade Brasileira para Estudos da Obesidade, concorda com o pesquisador dinamarquês e afirma que a perda de peso provocada pela sibutramina também propicia a redução do risco de outras doenças, como gota e até mesmo câncer.

- Os pacientes morrem de câncer, gota, não sofrem apenas de problemas cardiovascular. A sibutramina é eficaz. Eles perdem mais de quatro quilos em relação ao placebo. É importante para redução da morbilidade.

Fonte: Jornal Extra - RJ

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