segunda-feira, 11 de julho de 2011

Gaúchos querem produzir etanol de arroz


Arrozeiros do Rio Grande do Sul estão se organizando para viabilizar a produção de etanol a partir do arroz. Um documento sobre o tema será elaborado pelos agricultores, com ajuda da Secretaria de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e encaminhado para a presidente Dilma Rousseff. Já há disposição, no estado, para a construção de seis usinas.

Tudo começou na Vinema Multioleos Vegetais, empresa do município de Camaquã que trabalha com produção de óleo de mamona e girassol. “Começamos a pesquisar a possibilidade de fazer etanol a partir do arroz”, diz Vilson Neumann Machado, diretor de projetos e desenvolvimento da Vinema. A idéia é aproveitar uma cultura bem sucedida no estado, caso do arroz, já que a cana de açúcar não encontra um dos ambientes mais apropriados por lá.

De acordo com Machado, só há atualmente um usina de etanol de cana em terras gaúchas, no município de Porto Xavier. A produção é de cerca de nove milhões de litros por ano, enquanto a demanda no estado é de 1,35 bilhão de litros. A Vinema começou a fazer testes na área há quatro anos e chegou à possibilidade de produzir o biocombustível com arroz – ou quirera de arroz, o arroz quebrado que não tem classificação industrial para alimentação – e com o sorgo granífero, que é utilizado para rotação de cultura nas lavouras de arroz.

A ideia ganhou adesão da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), por meio da Associação de Arrozeiros de Camaquã, e hoje é levada adiante pela entidade, com apoio do governo do estado, Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), Unidade Clima Temperado da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), entre outras instituições. De acordo com Machado, o tipo de arroz que será usado na produção de etanol tem produtividade de 250 sacas de 50 quilos por hectare.

O diretor de projetos e desenvolvimento da Vinema afirma que 14% do arroz entregue atualmente pelos produtores não é aproveitado para alimentação humana e poderia, então, ser usado para o etanol. O biocombustível de arroz também seria uma forma de aproveitar o excedente da produção de arroz, cuja produtividade, segundo Machado, avança em mil quilos a cada cinco anos no estado. “Não adianta os arrozeiros serem altamente tecnificados e quebrarem”, diz Machado. O Brasil produz ao ano mais de 13 milhões de toneladas de arroz e consome ao redor de 10 milhões de toneladas. “Há um excedente de 3 milhões”, acrescenta Machado.

A Vinema é a empresa que está disposta a abrir seis usinas de etanol de arroz e já tem, inclusive, a possível localização delas no estado. A primeira deve ficar no município de Cristal, a segunda em Dom Pedrito, a terceira em Alegrete ou entorno, a quarta em Cachoeira do Sul ou arredores, a quinta em Santo Antônio da Patrulha, e a sexta em Capão do Leão. Excluindo Santo Antônio da Patrulha, que fica no litoral, as demais ficam no sul do estado, região produtora de arroz. A empresa, porém, vai buscar parceiros para investir nas usinas, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Na universidade

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) também leva adiante um projeto para incentivar a produção de etanol a partir de culturas alternativas, como arroz, mandioca, batata doce e sorgo sacarino. A iniciativa é do Núcleo Integrado de Pesquisa, Ensino e Extensão, que já mantém uma estação experimental no município de Arroio dos Ratos. De acordo com o professor da UFRGS Harold Ospina Patino, que participa do projeto, está sendo testada, na unidade, produção de etanol a partir de arroz com casca, arroz sem casca e sem polimento, além de arroz com polimento, para ver qual tipo mais produz etanol.

A experiência, que deve ter impacto ambiental zero (os restos serão usados para alimento de animais e biofertilizantes), será repassada aos produtores assim que concluída. A idéia, explica Patino, é que os agricultores produzam, em micro usinas, o etanol que usarão nos seus veículos de passeio, no trabalho da terra ou para vendas. Em 2012 deve ser lançado, no mercado brasileiro, um trator que pode operar com etanol. A empresa Usinas Sociais Integradas doou uma usina para o projeto da UFRGS e poderá vender outras para produtores.

Fonte: Agência de Notícias Brasil-Árabe

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