O Portal do iG fez uma entrevista muito interessante com o neurocientista Miguel Nicolelis sobre a ciência no Brasil. O cientista deixou bem claro que os políticos é que atrasam a ciência, especialmente no Rio Grande do Norte e em Natal.
iG: Em qual área o Brasil está mais avançado?
Miguel Nicolelis: Todas as que eu omitir o pessoal vai querer me matar... Mas eu gosto de dizer que o Brasil tem uma vertente tropical forte: pesquisa agropecuária, hídrica, energias alternativas. O número de pesquisadores de biomédica não é desprezível. Tem coisa muito boa sendo feita. Mas o Brasil tem um déficit de pesquisa em engenharia e tecnologia pura muito grande. Já perdemos várias revoluções, como a dos microprocessadores, e estamos a ponto de perder o bonde de outras revoluções, como a da nanotecnologia. A própria área em que trabalhamos, a neurotecnologia, está explodindo no mundo. A nossa esperança é que o Brasil não perca esse bonde também.
iG: O senhor pretende voltar a fazer ciência no Brasil?
Miguel Nicolelis: Eu já faço, em Natal. Não estou fazendo em tempo integral porque eu também tenho que ter um emprego, né? Aqui eu trabalho de graça. Mas sem dúvida, eu quero um dia voltar para cá. O meu grande sonho de vida nesse momento é voltar para cá, quando terminar certas coisas que comecei nos Estados Unidos. Mas quero atuar de outra maneira. Esse projeto de espalhar escolas de ciência e laboratórios de pesquisa pelo Brasil inteiro é o que eu quero fazer quando voltar.
iG: O senhor volta e meia no Twitter reclama um pouco das condições de infraestrutura da escola de Natal. O que está acontecendo?
Miguel Nicolelis: Não é da escola, eu reclamo do Estado, da prefeitura de Natal, que é uma catástrofe. Os políticos do Rio Grande do Norte estão ainda na Idade Média. É difícil convencê-los que o século 21 está aqui. E quando você fala isso, os setores que apoiam esses políticos caem matando. É um jogo bem baixo.
iG:Mas isso influencia a escola?
Miguel Nicolelis: Nada. Não influencia nada. Porque eu já não conto com nada. Quando você parte do princípio que nada vai ser feito, é fácil suportar o drama de quando nada é feito.
Fonte: iG
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