quinta-feira, 9 de julho de 2009

A QUESTÃO DO DIPLOMA


IVANALDO XAVIER



A questão do diploma na profissão de jornalista parece ser simples, mas é muito mais complexa do que se possa imaginar. Podemos olhar para ela como olhamos para todos os temas que chegam nas mesas dos jornalistas pauteiros nas redações dos jornais. Podemos, à luz da nossa “linha editorial” própria, dar o tratamento ao problema que melhor nos convém. Se somos diplomados, simplesmente nos pronunciamos a favor do diploma. Se não somos diplomados, somos contra e daí?


Acontece que do outro lado existe alguém muito mais interessado nesta questão: o leitor, que pode até nem ter uma opinião formada sobre o caso, pois não procurou ou não teve a oportunidade de sentir a diferença entre o jornalismo praticado com diploma para o jornalismo praticado sem diploma. É preciso que se tenha consciência sobre os direitos à informação, garantidos na Constituição vigente e é necessário que se tenha a noção exata da função social do jornalismo.


Praticar jornalismo simplesmente porque sabemos e gostamos de escrever é uma coisa e praticar jornalismo consciente das conseqüências daquilo que escrevemos é outra completamente diferente e para esse fim é que está voltada a formação do jornalista em um curso de comunicação social. Uma formação multidisciplinar que prepara o profissional através de disciplinas, tais como, antropologia, psicologia, sociologia, legislação, cultura brasileira, entre tantas outras específicas da profissão, que deixam o profissional apto para o tratamento diário da informação.


Não se pode afirmar que um jornalista sem diploma não tenha todas as qualidades necessárias ao exercício da profissão, com esmero, e muito menos que um jornalista formado está totalmente preparado para exercer a profissão. Como também podemos afirmar que existem profissionais dentro de outras áreas que, mesmo formados, não estão preparados para o pleno exercício da profissão escolhida.


A questão do diploma deve ser resolvida com diálogo entre todos os envolvidos e especialmente, com propostas que realmente sejam possíveis legalmente e principalmente duradouras, pois paliativos não cabem nessa seara, mesmo que exista uma decisão do Supremo Tribunal federal - STF que anula a obrigatoriedade do diploma de uma profissão tão importante para o exercício da cidadania e da liberdade de expressão, tendo em vista que é este profissional que dá voz aos excluídos.


Cabe ao Congresso Nacional reunir todos os seus Deputados e Senadores para buscar uma solução através de um Projeto de Emenda Constitucional – PEC, que resolva de uma vez por todas esta questão, antecipando-se aos diversos problemas que podem acontecer no futuro, uma vez que transferir aos empresários de comunicação o direito de se auto-regulamentarem em busca de soluções para problemas futuros não é a medida mais acertada, haja vista que para eles o fundamental é a busca por maiores lucros, esse sim, um grande impedimento à verdadeira liberdade de expressão do cidadão excluído economicamente dessa nossa sociedade capitalista.

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