terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

MAPEAMENTO DO POÇO FEIO E DA GRUTA DA TAINÁ


Por: Solon Almeida Netto


Uma das mais valiosas cavernas do Rio Grande do Norte, sem qualquer questionamento, é o Poço Feio, uma pequena, mas importante gruta com forte hidrologia ativa localizada na zona rural do município de Governador Dix-Sept Rosado. Dentro do plano de execução do projeto do SEBRAE Território Sertão Apodi – Pegadas de Lampião, a Sociedade Espeleológica Potiguar – SEP montou uma equipe para documentação da cavidade, realizando-se uma expedição entre os dias 28 e 29 de novembro do corrente. O levantamento topográfico foi finalizado dentro de um parâmetro que primou pelo detalhamento dos condutos, o que, certamente, produzirá um mapa final de grande valor, ante o potencial do sítio para toda aquela região. Chamou a atenção dos exploradores a forte vazão que jorra da segunda entrada da caverna e segue em direção ao rio Apodi, formando diversas piscinas naturais e pequenos poços, que acompanham o paredão rochoso formado pelos meandros daquele rio.

Interessante, também, registrar que a caverna e seu entorno estão sendo explorados por um turismo crescente, o que aponta para um possível incremento turístico daquela região. É imprescindível, entretanto, que os proprietários da área e o Poder Público busquem mecanismos capazes de garantir a exploração sustentável daquelas belezas naturais, posto que, da mesma forma como é bela a paisagem, igualmente frágil se mostra o equilíbrio das condições ecológicas que se formaram a partir daquela fonte de água. Nesse sentido, coexistindo num mesmo ambiente, foram observados inúmeros visitantes, mas também uma fauna altamente susceptível de desaparecimento, especialmente se o Poço Feio não for aproveitado de forma correta. Pichações e lixo, ainda, denunciam que está havendo equívocos no modo como o homem vem se valendo da caverna.

A mesma expedição, entretanto, não direcionou seu tempo somente a Governador Dix-Sept. Em Felipe Guerra, município vizinho, foram mapeadas as grutas Tainá e Dentes I. A primeira se mostrou como uma feição de pequeno desenvolvimento, marcada pela existência de dois curtos lances verticais entrecortados por um pequeno salão oval. A segunda, já bastante conhecida pelo rico potencial fossilífero, apresentou, para tristeza dos membros da SEP, fortes traços de pisoteio dos fósseis, havendo sido identificados dentes fragmentados. Tais vestígios fossilíferos, descobertos pelo pesquisador Marcelo Kramer, estavam todos intactos em 2008, quando o grupo adentrou naquela caverna pela primeira vez e fez os primeiros registros fotográficos dos dentes, que possivelmente pertenceram a indivíduos da extinta megafauna.


Apesar do avanço da documentação topográfica, o quadro geral de conservação das cavernas no Rio Grande do Norte, portanto, está se mostrando repleto de altos e baixos, pois, ao mesmo tempo em que novas grutas são documentadas, encontra-se formas de intervenção antrópica que estão continuamente alterando as condições de preservação dessas cavidades naturais subterrâneas.


Solon Almeida Netto é espeleologo, presidente da Sociedade Espelelógica Potiguar.


Fonte:
http://www.lajedos.com.br/view_noticia.php?noticia=VZlSXRFWWFmUspEaPdFdXVWRWZVVB1TP

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