domingo, 4 de abril de 2010

Anvisa proíbe uso de silicone que se rompe

No Brasil, onde cerca de 100 mil implantes de silicone mamários são realizados a cada ano, a notícia da retirada do mercado francês da marca Poly Implant Prothese (PIP) trouxe apreensão – e uma rápida decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O produto que já havia sido proibido na França, e depois em Portugal, pelo risco de se romper com mais frequência do que outras marcas, além de ser produzido com um gel de qualidade inferior, teve sua importação e comércio proibidos no Brasil quinta-feira.

No Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o PIP é uma marca pouco usada, que não conquistou um mercado expressivo. De qualquer maneira, a entidade, distribuiu um comunicado para a categoria (4.789 cirurgiões) recomendando a suspensão do uso do produto.

– Recomendamos aos cirurgiões que tiverem aplicado este implante a entrarem em contato com os clientes. O ideal é fazer um exame que pode ser mamografia ou ultrassonografia, para saber se está tudo bem – comenta o presidente da Sociedade Brasileira de de Cirurgia Plástica, Sebastião Guerra.

Segundo Guerra, no Brasil não houve relato à sociedade de problemas relacionados a esta marca de silicone. Mesmo assim, ele julga prudente fazer o alerta. Ele tranquiliza ainda a população sobre a evolução na técnica dos implantes

– Há 30, os implantes davam muita rejeição. Hoje, eles têm a textura da mama – diz Sebastião Guerra.

Quanto ao risco de o implante se romper, o médico diz que o próprio organismo cria uma capa orgânica em volta dele, sendo mais um fator de proteção.

– Além disso, o gel utilizado hoje em dia é muito mais espesso e resistente – diz.

Mas, no caso da marca francesa Poly Implant Prothese (PIP), a história é diferente. A Agência de Segurança Sanitária de Produtos de Saúde da França (Afssaps) retirou do mercado implantes mamários considerados defeituosos e convocou cerca de 30 mil mulheres que os utilizam para exames médicos.

De acordo com Jean-Claude Ghislain, diretor de equipamentos médicos da Agência de Segurança Sanitária de Produtos de Saúde da França (Afssaps), os casos de trocas das próteses da PIP por motivo de rompimento representam “quase o dobro dos seus concorrentes”.

O diretor da Afssaps afirma que o rompimento pode provocar inflamações importantes, além de deformar o seio, tornando necessária uma nova cirurgia.

– Temos dúvidas sobre as propriedades do gel utilizado por essa empresa, que pode justamente atravessar o implante e se espalhar pelo corpo. Por isso foi necessário proibi-lo rapidamente – disse.

A agência afirmou ainda que as investigações sobre irregularidades nas próteses foram iniciadas há duas semanas, quando tomou conhecimento de que o número de casos de reações inflamatórias e de rompimento das próteses da marca PIP era acima da média normal dos demais fabricantes do setor.

A Promotoria de Marselha abriu no último dia 23 uma investigação em relação com os riscos dos implantes da PIP. O gel de silicone utilizado pela empresa, localizada na região de Toulon, no sul da França, não tinha sido autorizado pelas autoridades francesas, o que foi descoberto após uma inspeção.

A PIP, empresa criada em 1991, era o quarto fabricante mundial de implantes mamários e atravessava dificuldades financeiras há vários meses. O escândalo a levou à liquidação judicial.

Fonte: Ambiente Brasil

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