quinta-feira, 30 de julho de 2009

Noticias a cerca da cultura local – “Auto da Liberdade edição 2009 não se realizará”

*Viviana Mesquita

Talvez a mais nefasta notícia a cerca da cultura local, após a grande evidência nacional que foi dada a cidade de Mossoró (pânico na TV) na realização do recente evento da cidade intitulado; Mossoró Cidade Junina.

Não toquemos mais nesse assunto, alias assunto polêmico que deveríamos ter tratado com mais ênfase, refletindo o tipo e o nível de cultura que desejamos ter, o tipo de humor-artistico, e principalmente que tipo de arte o dinheiro público deve financiar. Mas como no Brasil são tantas as questões polêmicas envolvendo recursos públicos sem resolução concreta e retorno ético para a sociedade, que por força das circunstancias acabam evidenciando-se outras tantas questões polêmicas que não cessam e não se resolvem em curto prazo e em alguns casos nem em longo prazo.

Dessa forma passemos então a próxima questão polêmica. Inicio dizendo que penso os recursos públicos voltados à arte na cidade de Mossoró tem sido gerenciados de maneira pouco esclarecida. A arte nessa cidade parece justificar muitas coisas e muitos recursos.

A notícia da não realização da edição 2009 do Auto da Liberdade em primeira hora nos remete a pensar de como o evento, o maior evento cênico a ser realizado a céu aberto em todo nordeste, simplesmente não tem mais recurso. E pra onde foi o dinheiro? Onde foi parar os recursos orçados? Perguntas que nos remete no mínimo a uma prestação de contas, que certamente iniciará com a palavra Crise Mundial, crise financeira, crise, crise, crise...

Como afirmei anteriormente e como bem disse uma amiga, a arte historicamente tem justificado muitos erros e/ou muitos acertos mais no final acaba sendo sacrificada. A fomentação da arte e dos eventos culturais que ilustram a terra da liberdade, na capital da cultura do estado do Rio Grande do Norte, tem movimentado uns bons bocados de recursos financeiros nos últimos anos, mais, no entanto não foi suficiente para poupá-la do sacrifício do corte, afinal de contas alguma coisa tinha que cair.

No fundo toda essa questão só vem confirmar de como a arte para este município, não é prioridade, nem muito menos levada a sério. A arte aqui parece mais um jeito bom e confortável de resolver situações pendentes e/ou distorcidas e pouco claras a cerca do orçamento geral do município.

No campo da política cultural, da gestão democrática e cidadã dos recursos públicos, existe um Conselho municipal de cultura, com formação do poder público e sociedade civil. Conselho esse pouco informado sobre os r ecursos destinados a arte e cultura local, conselho esse que tem discutido o funcionamento da Lei Municipal de Cultura e tentado com bastante veemência implemanta-la, mais que também tem ficado fora das discussões e definições que se refere aos recursos destinados à fomentação da arte e da cultura no município.

Talvez esteja faltando um entendimento que deve ser uníssono a cerca do papel do conselho de cultura dentro da gestão publica municipal. Como conselheira sei que esse não tem sido um debate feito internamente, mais necessita urgentemente ser pauta do próprio conselho de cultura, bem como das articulações e mobilizações artísticas da cidade para citar o FAM – Fórum dos Artistas
Mossoroenses.

Por fim, penso que o não acontecimento do evento cultural Auto da Liberdade, deva servir para pensarmos não somente como anda e para onde anda o orçamento público da arte e da cultura do município, mais fundamentalmente sirva para podermos refle tir a cerca da qualidade da arte e principalmente a cerca da política cultual que queremos desenvolver e consumir, que mudanças a arte e a cultura são capazes de provocar numa sociedade capitalista e violenta.

Para não terminarmos essa leitura de maneira triste, até porque logo, logo surgirá outra questão polêmica e talvez nem precisemos nos deter tanto a essa cito um trecho de uma música conhecida por alguns “Então é festa....brindamos, bebamos, cantamos... é festa...ninguém vai poder nossa voz calar”.
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*Atriz, Especialista em Ensino de Teatro e Conselheira Municipal de Cultura.


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