Ontem, dia 19 de novembro, fez 10 anos que Plínio Marcos partiu para outras "Quebradas", mas continua mais presente do que nunca, com suas peças e seus textos.

Foto da página principal do sítio oficial:
No sol do pátio dos internos (Trecho do livro Prisioneiro de uma Canção, de Plínio Marcos):
(...) Eu estou parado ao lado do meu irmão no pátio do Instituto Bairral. O Sol é forte e eu e meu irmão ficamos juntos. Ponho meu braço no seu ombro. É melhor isso do que dizer quanto o estimo. Se falo, choro. Porra. É preciso achar uma distração. Lágrimas nessas situações não ajudam ninguém. A briga do rapaz com a mão que o internou não interessa. Dói muito. Legal é o jogo de basquete dos internos. É um balé sem nenhuma regra. Sem nenhuma lei regulando. Belo. Belíssimo. Começo a entender os bailarinos. Algum dia vou dizer pra Márika Gidali e pro Décio. Vou falar pra Emile que adoro o bolero dela e pra Marilena Ansaldi e pra Clarisse Abujamra que não parem de dançar. A dança é aqui agora. Vejo nesse jogo de basquete dos internos do Bairral. Não é um jogo. É uma dança. Não tem disputa. É uma dança que flui. Um balé lindo. Tem um que pega a bola. É sempre o mesmo. Não existe nesse ato de pegar nenhuma prepotência, nenhum autoritarismo. Eu sinto. O que pega a bola, pega. Simplesmente pega. Não se apossa. Os outros consentem que ele pegue. Por um ato de amor. Talvez. Ou desinteresse. Quem Sabe? O certo é que o que pega a bola sai correndo e pulando. Os outros todos pulam e riem ao lado dele, sem nenhum gesto brusco para impedir que ele avance. É uma festa. debaixo da cesta, o que está com a bola arremessa. Não acerta nem na tabela. Todos os outros lamentam. Constrangido o jogador se mostra desanimado pelo fracasso. Todos os outros o consolam. Um vai apanhar a bola, entrega ao que arremessou errado e o balé recomeça em direção a outra cesta, com pulos, gritos de alegria, corridas, risadas. Meu irmão Flávio é um artista. Quando escrever um livro, gostaria que ele ilustrasse sem ler o que escrevi. Como? Eu te falo: um cigano, um urso, um náufrago, um balé. (...)
Fonte: O Autor na Praça.
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