sexta-feira, 20 de novembro de 2009

10 anos sem Plínio Marcos


Ontem, dia 19 de novembro, fez 10 anos que Plínio Marcos partiu para outras "Quebradas", mas continua mais presente do que nunca, com suas peças e seus textos.

Foto da página principal do sítio oficial:


No sol do pátio dos internos (Trecho do livro Prisioneiro de uma Canção, de Plínio Marcos):

(...) Eu estou parado ao lado do meu irmão no pátio do Instituto Bairral. O Sol é forte e eu e meu irmão ficamos juntos. Ponho meu braço no seu ombro. É melhor isso do que dizer quanto o estimo. Se falo, choro. Porra. É preciso achar uma distração. Lágrimas nessas situações não ajudam ninguém. A briga do rapaz com a mão que o internou não interessa. Dói muito. Legal é o jogo de basquete dos internos. É um balé sem nenhuma regra. Sem nenhuma lei regulando. Belo. Belíssimo. Começo a entender os bailarinos. Algum dia vou dizer pra Márika Gidali e pro Décio. Vou falar pra Emile que adoro o bolero dela e pra Marilena Ansaldi e pra Clarisse Abujamra que não parem de dançar. A dança é aqui agora. Vejo nesse jogo de basquete dos internos do Bairral. Não é um jogo. É uma dança. Não tem disputa. É uma dança que flui. Um balé lindo. Tem um que pega a bola. É sempre o mesmo. Não existe nesse ato de pegar nenhuma prepotência, nenhum autoritarismo. Eu sinto. O que pega a bola, pega. Simplesmente pega. Não se apossa. Os outros consentem que ele pegue. Por um ato de amor. Talvez. Ou desinteresse. Quem Sabe? O certo é que o que pega a bola sai correndo e pulando. Os outros todos pulam e riem ao lado dele, sem nenhum gesto brusco para impedir que ele avance. É uma festa. debaixo da cesta, o que está com a bola arremessa. Não acerta nem na tabela. Todos os outros lamentam. Constrangido o jogador se mostra desanimado pelo fracasso. Todos os outros o consolam. Um vai apanhar a bola, entrega ao que arremessou errado e o balé recomeça em direção a outra cesta, com pulos, gritos de alegria, corridas, risadas. Meu irmão Flávio é um artista. Quando escrever um livro, gostaria que ele ilustrasse sem ler o que escrevi. Como? Eu te falo: um cigano, um urso, um náufrago, um balé. (...)
Fonte: O Autor na Praça.

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