quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Brasil precisa olhar além da crise mundial, defende Mercadante


Em debate sobre a crise econômica mundial, na Câmara, o ministro defendeu medidas de estímulo a inovação, formação de recursos humanos, aumento de produtividade e ciência e tecnologia.

Em discussão na Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (9), sobre as causas e as medidas para conter os impactos da crise mundial no Brasil, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Aloizio Mercadante, sustentou que o "Brasil precisa olhar além da crise".

Para superar o momento de instabilidade econômica com o olhar no futuro, ele defendeu e detalhou medidas de estímulo à inovação, à formação de recursos humanos, ao fortalecimento da indústria nacional e ao aumento de produtividade e de ciência e tecnologia.

Mercadante citou programas e ações dos governos atual e anterior que contribuem para o cenário brasileiro mais favorável em relação a outras grandes economias. Entre as medidas em andamento, ele apontou a nova política industrial, com a desoneração do setor produtivo, o Ciência sem Fronteiras (para concessão de 100 mil bolsas para estudantes no exterior em parceria com a iniciativa privada) e o uso do poder de compra do governo voltado para setores estratégicos e para a produção nacional. 

Na linha da inovação, Mercadante destacou a Empresa Brasileira para Pesquisa e Inovação na Indústria (Embrapii), criada conjuntamente com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). A iniciativa visa a alavancar a inovação no setor empresarial e ajudar o país a acompanhar a crescente produção científica nacional. "Nós estamos começando com três centros de excelência: o Senai Bahia, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo e o Instituto de Tecnologia do Rio de Janeiro. A nossa meta é chegar a 30 centros", informou.

Desdobramento de 2008 - Em seu pronunciamento de meia hora, Aloizio Mercadante, que é economista, fez um panorama da situação econômica internacional e compartilhou a análise do ministro da Fazenda, Guido Mantega, da vivência atual de um segundo momento da crise de 2008, com aspectos qualitativos diferenciados.

"Nós não estamos diante de uma crise de liquidez, de ameaça sistêmica do sistema financeiro que decorreu do abuso da liquidez patrocinada pela autoridade monetária americana", disse. "O que hoje nós temos é uma restrição importante na capacidade dos países industrializados de utilizar a política monetária e a política fiscal, que estão bastante fragilizadas, no sentido de recuperação do crescimento econômico de seus países e da economia mundial. Isso porque a resposta que foi dada na crise foi insuficiente."

De acordo com o ministro, o Brasil não está imune às tendências recessivas, mas tem sólidas linhas de defesa pelo amadurecimento de sua democracia. "Nosso congresso brasileiro tem muito mais maturidade para administrar crises do que outros países", comparou. Ele ressaltou ainda contribuições do governo anterior para a atual situação de solidez fiscal.

"Nós tivemos o câmbio flutuante, compromisso com a responsabilidade fiscal e as metas de inflação. Foram contribuições importantes do governo Lula", disse. "A estabilidade econômica hoje é um patrimônio nacional suprapartidário", acrescentou.

Mercadante ressaltou ainda o investimento em programas sociais e em pesquisa na área de petróleo e gás, e o papel dos bancos públicos como fatos relevantes no processo de recuperação e crescimento do país: "O papel do BNDES, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e da Finep [Financiadora de Estudos e Pesquisas] foram e serão absolutamente decisivos para que a gente possa responder não apenas à crise, mas financiar o crescimento sustentável no Brasil".

O ministro Guido Mantega afirmou que o Brasil está preparado para enfrentar a crise. "Preparado para enfrentar não quer dizer que é sem ônus, vamos sofrer menos que outros países", ponderou. Mantega destacou como ponto favorável ao Brasil a estabilidade da dívida brasileira, a situação fiscal privilegiada, reservas maiores em relação à crise anterior e um forte mercado interno.

"É importante que nós tomemos medidas para fortalecer a produção brasileira, valor agregado no Brasil. É nesse sentido que lançamos o Brasil Maior para dar condições às empresas brasileiras para estarem preparadas para competir", frisou.

Para Mercadante, é importante neste momento ter uma linha de defesa comercial, como vem sendo adotado pelo governo, desonerar a indústria para gerar competitividade, defender-se da guerra comercial e das importações predatórias e preservar o mercado interno, considerado por ele o maior patrimônio nacional.

"O Brasil tem reserva cambial, tem liquidez para suportar a necessidade de crédito. Nós estamos atuando nas duas pontas para que esse país com a maturidade democrática que tem, seja capaz de reconhecer o que já foi feito no passado e ter o apoio político necessário para enfrentar a crise", disse Mercadante aos parlamentares.

Também participaram do debate o ex-ministro Maílson da Nóbrega e o presidente da SR Rating, Paulo Rabello de Castro, que representou o PSDB.

Fonte: Agência MCT

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