quarta-feira, 2 de junho de 2010

Amorim diz que Hillary Clinton agiu como quem 'não leu e não gostou' do acordo com Irã


Em depoimento que durou duas horas na Comissão de Relações Exteriores do Senado, o chanceler Celso Amorim fez um histórico da questão nuclear no Irã e falou do acordo celebrado daquele país com Brasil e a Turquia. O ministro das Relações Exteriores disse que o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, sempre teve o interesse no acordo e que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na carta enviada a Luiz Inácio Lula da Silva, estimulou o presidente brasileiro a se engajar em busca por uma solução. Amorim disse que o apoio do Brasil ao Irã não significa que o governo de Lula não respeite sanções impostas pelo Conselho de Segurança da Onu ao Irã, o que ele espera que não aconteça.

Várias vezes, Amorim leu trechos de artigos de especialistas publicados em jornais estrangeiros, como "Financial Times", e até mesmo um editorial do francês "Le Monde", que elogiavam o acordo e questionava uma suposta posição dúbia dos Estados Unidos, que teria estimulado os termos do documento e, depois de concluído, condenou o texto.

- Um especialista escreveu que os Estados Unidos mudaram as traves do lugar - numa metáfora ao futebol, que significa que o governo americano mudou de opinião depois do desfecho do acordo em Terrã.

Do "Le Monde", Amorim leu a seguinte frase:

- O dia 17 de maio (data da assinatura do acordo) vai entrar para os livros de História.

Entre as declarações de apoio ao acordo a considerada mais importante por Amorim foi uma entrevista do ex-diretor-geral da Agência Internacional de Energia Nuclear Mohamed ElBaradei, concedida a um jornal brasileiro, em defesa do acordo e contra as sanções contra o Irã.

- O ElBaradei disse que não há qualquer ameaça de o Irã produzir a bomba atômica e aplicar sanções é um beco sem saída - disse Amorim.

O ministro brasileiro afirmou também que, logo após a celebração do acordo, ligou quando pôde, numa escala de seu voo em Madri (Espanha) para a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, porta-voz do governo americano sobre o assunto e que tem defendido sanções ao Irã. Amorim descreveu a reação de Hillary.

- Ela reagiu como quem não leu e não gostou.

Todos os senadores presentes à audiência, inclusive os de oposição, apoiaram o comportamento do governo brasileiro no episódio.

- Foi um dos raros casos de convergência - disse Celso Amorim.

Fonte: O Globo / Evandro Éboli

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