terça-feira, 1 de junho de 2010

Temporadas de furacões pode agravar derrame de petróleo nos EUA




Kenneth Chang, do New York Times

Enquanto o óleo continua vazando no Golfo do México, autoridades e cientistas temem que o desastre ambiental se torne ainda mais grave até o fim deste ano por conta de um desastre natural.

A temporada de furacões do Atlântico Norte, que começa nesta terça-feira (1/6) e vai até novembro, será, segundo as previsões, uma das mais turbulentas de todos os tempos.

Se um furacão passar sobre o óleo derramado, os ventos e as tempestades podem dispersar o petróleo por uma área bem maior do que a atingida originalmente, levando-o ainda terra adentro e causando danos à frágil vegetação pantanosa da costa.

- Isso, definitivamente, transformaria um desastre ambiental numa catástrofe ambiental sem precedentes - afirmou Brian D. McNoldy, um especialista em tempestades tropicais da Universidade do Estado do Colorado.

É impossível fazer previsões mais específicas sobre a provável tragédia, segundo especialistas, porque tudo depende da rota, da força e da velocidade do furacão, bem como da extensão e da localização do óleo no momento em que a tempestade começar.

Como os furacões giram em sentido anti-horário, uma tempestade que passe a oeste da mancha tenderia a empurrar o óleo para a costa, enquanto que ventos a leste levariam o petróleo para longe do continente.

Óleo pode aquecer ainda mais a água

Os ventos de um furacão atingem a água superficialmente. Por isso, acreditam especialistas, não haveria um impacto significativo sobre o grande volume de óleo que, se acredita, esteja se acumulando a maiores profundidades.

A Administração Nacional de Atmosfera e Oceanos (Noaa, na sigla em inglês) estima que devem ocorrer de 14 a 23 tempestades de maior porte nesta temporada. Dessas, 8 a 14 devem se transformar em furacões - sendo que de 3 a 7 delas de grandes proporções, com ventos de pelo menos 180 quilômetros por hora.

No mês passado, a Universidade do Estado do Colorado divulgou previsões bem similares: 15 tempestades de maior porte e 8 furacões, sendo que 4 deles de grande intensidade. Segundo os especialistas Philip J. Klotzbach e William M. Gray, há uma chance de 43% de pelo menos um furacão alcance o continente, no caso, a Louisiana. A previsão é feita com base no elevado número de tempestades previsto e nos padrões históricos das rotas seguidas pelas tempestades.

Nem todas as notícias são ruins. Uma especulação otimista indica que o óleo espalhado na superfície da água ajudaria a dispersar a energia dos furacões. Em 1966, os especialistas em furacão Joanne e Robert H. Simpson, chegaram a sugerir que espalhar algum líquido similar a óleo no oceano poderia ser uma forma de combater os furacões. Com o óleo, a evaporação de água, que alimenta a tempestade, seria cortada.

Mas num estudo publicado na semana passada, a Noaa sustenta que a amplitude de um furacão varia de 300 a 500 quilômetros - muito mais do que a atual mancha de óleo - e duvida que possa haver qualquer efeito positivo.

Mas ainda que houvesse uma redução da evaporação, isso poderia ter um efeito ruim mais amplo, segundo Kerry A. Emanuel, especialista em ciências atmosféricas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Ao reduzir a evaporação, o óleo poderia, indiretamente, aquecer as águas da região. Águas mais quentes significam mais energia para alimentar um furacão. Não está claro que processo estaria em curso porque o óleo atrapalha a medição da temperatura das águas via satélite.

Pelo menos 20 milhões de galões (76 milhões de litros), possivelmente 43 milhões de galões (163 milhões de litros), estão escapando por dia desde a explosão da plataforma de petróleo, em 20 de abril. Várias espécies, como o camarão, o mexilhão e outros frutos do mar, que são a fonte de sobrevivência da população local, estão diretamente ameaçadas.

Especialistas disseram na segunda-feira (31/5) que o vazamento é a ruína de um vasto grupo de seres vivos, de baleias a plânctons invisíveis. Novas manchas detectadas na segunda-feira indicam que poderia estar havendo vazamentos a profundidades muito grandes, não previamente detectados, comprometendo ainda outras espécies.


Fonte: O Globo

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