terça-feira, 1 de junho de 2010

Suplicy pede investigação internacional para apurar violência de Israel na abordagem de navios


O senador Eduardo Suplicy (SP), em nome da liderança do PT, pediu uma investigação internacional para apurar os atos de violência durante a abordagem de navios do Movimento pela Liberdade de Gaza por parte da Força de Defesa de Israel, nesta segunda-feira (31). Segundo informações da imprensa internacional e do governo de Israel, nove pessoas teriam morrido. Os seis navios, com centenas de ativistas internacionais pela paz levavam alimentos, agasalhos, remédios e material de construção ao povo palestino que vive na faixa de Gaza.

Suplicy sustentou que o mundo deve encontrar uma saída pacífica para os conflitos de Israel com seus vizinhos e disse ter tentado conversar, por telefone, durante toda a tarde, com o embaixador israelense em Brasília, Giora Becher. Na semana passada, o senador leu em Plenário carta do embaixador, em que ele pedia sua interferência para convencer os militantes da paz a repassar a ajuda humanitária a Israel, que se encarregaria de distribuí-la na Faixa de Gaza.

O senador petista destacou que entre os ativistas que embarcaram nos navios do Movimento pela Liberdade de Gaza está a brasileira Iara Lee. Ele próprio foi convidado, mas não pôde viajar por causa de seus compromissos parlamentares em Brasília. Disse que uma das intenções dos ativistas pela paz é chamar a atenção do mundo para a situação da faixa de Gaza, bloqueada por Israel. Suplicy ressaltou que a Faixa de Gaza é a área mais densamente povoada do planeta, onde vivem mais de 1,5 milhão de pessoas.

Suplicy leu a nota do governo brasileiro que condena, em termos veementes, a ação israelense, por considerar que não há justificativa para intervenção militar em comboio pacífico, de caráter estritamente humanitário. Conforme a nota, "o fato é agravado por ter ocorrido, segundo as informações disponíveis, em águas internacionais. O Brasil considera que o incidente deva ser objeto de investigação independente, que esclareça plenamente os fatos à luz do Direito Humanitário e do Direito Internacional como um todo".

- Vejo com tristeza e pesar a situação, pois não está comprovado que os integrantes da flotilha Movimento pela Liberdade de Gaza estivessem ali planejando qualquer ato de violência. É importante uma investigação internacional para apurar o incidente e a responsabilização daqueles que agiram de forma violenta.

É importante, para a pacificação em Gaza, que possa haver o livre movimento de pessoas em toda a área que compreende Israel, Gaza, Palestina - ponderou.

O senador também leu nota da mesa diretora do Parlamento do Mercosul, que repudia a "violência absurda e desnecessária" praticada pelos israelenses e também condena"o cruel bloqueio à faixa de Gaza, que pune indiscriminadamente crianças, mulheres e civis inocentes".

Em aparte, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) manifestou "forte indignação" pelo fato e lembrou que, se Suplicy tivesse viajado com a flotilha, "nesta hora poderíamos estar lamentando sua atitude". Cristovam entende que "não dá mais para acreditar nos Estados Unidos como árbitro" do processo de paz entre Israel e os palestinos.

- Poderíamos encontrar um caminho alternativo, talvez com grande presença dos países emergentes - sugeriu.

Na presidência da sessão, o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) também condenou o ato com veemência. Para ele, as forças de Israel cometeram "um crime de guerra" em águas internacionais. Arruda sugeriu que o Senado brasileiro faça um protesto contra "a abordagem violenta" e afirmou que a situação "não pode ficar sem resposta", pois Israel "vem se colocando contra todas as resoluções da ONU em relação ao Estado palestino".

- Acho que chegou a hora de a comunidade internacional chamar o Estado de Israel à ordem. Israel não pode querer enfrentar o mundo inteiro, para manter-se numa posição de arrogância diante dos palestinos e do mundo, numa demonstração de força, de poder. Normalmente, quando se agride, com essa brutalidade, é porque já não tem tanta força, o argumento já não funciona mais. Israel já perdeu essa guerra do ponto de vista dos argumentos - sustentou Inácio Arruda.

Fonte: Agência Senado

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