terça-feira, 19 de abril de 2011

Eólicas têm R$ 25 bi em investimentos


Estimativa considera projetos com início das operações até 2013; aumenta o interesse por fusões e aquisições. Instalação de fábricas de equipamentos no País escala e avanços tecnológicos reduziram o custo da energia.

Os projetos de energia eólica (gerada pela força do vento) no País, com entrada em operação prevista até 2013, somam R$ 25 bilhões em investimentos, segundo a Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica). A projeção considera empreendimentos vencedores de leilões em 2009 e 2010, a conclusão do Proinfa -programa de fontes alternativas do governo - e projetos com venda de energia prevista no mercado livre, que reúne grandes consumidores.

Fusões e aquisições não estão incluídas nessa conta, embora também passem por forte aquecimento.

A CPFL Energia anunciou, no intervalo de dez dias, a compra da líder no setor no País, a SIIF Énergies, e admitiu manter "tratativas" com a Ersa Energias Renováveis, que diz negociar uma "associação" com a CPFL. A participação das eólicas na matriz da CPFL deve passar de 7,6% em 2011 para 18,2% em 2013.

"A energia eólica ganhou competitividade nos últimos anos. O custo dos equipamentos caiu e houve melhora em eficiência", diz Gustavo Estrella, diretor de relações com investidores da CPFL. "Além do enorme potencial e do avanço da tecnologia, a energia eólica gera menos problemas ambientais", afirma Lindolfo Zimmer, presidente da Copel, que procura parceiros no setor.

Capacidade instalada - Os projetos em construção elevarão a capacidade instalada de geração de energia eólica de 900 MW em 2010 para 5.300 MW em 2013. "Apesar do crescimento, a participação das eólicas na capacidade total de geração será de apenas 4% em 2013", diz Ricardo Simões, presidente da Abeeólica. Hoje, esse percentual é de 0,5%.

O potencial é grande. Mapeamento realizado em 2000 aponta a possibilidade de geração de 143 GW no País. Especula-se que esse potencial seja ainda maior, caso sejam consideradas turbinas mais modernas, entre 80 e 100 metros de altura. "Ele estaria entre 300 e 400 GW, pelo menos", estima Steve Sawyer, do GWEC (Conselho Global de Energia Eólica).

A complementaridade com a energia hidráulica - os ventos são mais fortes no período seco - deixa o investimento atrativo do ponto de vista estratégico para o país.

Custos - Durante anos apontado como um dos principais entraves ao desenvolvimento do setor, o preço passou a contar a favor dessa fonte alternativa. "Os preços têm caído. No leilão de 2009, o valor médio ficou em R$ 148 o MWh e, no ano passado, em R$ 135", diz Sérgio Marques, presidente da Bioenergy.

"É um círculo virtuoso. Quanto mais leilões você realiza, mais empresas vêm ao País, mais escala você adquire e maior é a possibilidade de o preço baixar", afirma Maurício Tolmasquim, presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética).

O anúncio de novos projetos desenvolvidos exclusivamente no mercado livre - onde comprador e vendedor negociam diretamente - comprova a maior competitividade. "Mostra que essa fonte é realmente economicamente viável", diz Tolmasquim.

Análise: Avanço no País é animador, embora ainda seja tímido

Luiz Pinguelli Rosa* Especial para a Folha de São Paulo de hoje (19).

Entre as fontes primárias convencionais de energia no Brasil, destacam-se o petróleo, o gás natural e a hidroeletricidade - objeto de críticas, embora seus reservatórios tenham sido reduzidos.

O carvão é pouco usado, exceto na siderurgia. Nas fontes alternativas, ganharam importância os biocombustíveis, especialmente o álcool, também alvo de polêmica, acusado de competição com alimentos e de contribuir para o desmatamento.

A energia eólica cresceu após o último leilão, seu custo caiu e é promissora. O uso da energia solar é pequeno, mesmo para aquecimento.

Entre as fontes não renováveis, a energia nuclear, que representa 3% da potência elétrica brasileira, é a única que não emite gases do efeito estufa. Entretanto, inspira preocupação o acidente em curso com os reatores japoneses em Fukushima.

A participação das fontes renováveis no Brasil é de 47%, enquanto no mundo esse percentual é de 13% e, nos países da OCDE, é de 6%.

No mundo, os combustíveis fósseis somam 75%, com o petróleo à frente. Em nove anos o preço do petróleo foi multiplicado por 14. O preço do barril do óleo cru em 1999 era US$ 10, mas em 2008 beirou US$ 140. Caiu a menos de US$ 50 para voltar a subir, chegando a US$ 120 em abril.

Fatores contribuíram na questão do petróleo. Houve previsão de queda da produção, embora tenha havido descoberta do pré-sal aqui. A alta do consumo nos países em desenvolvimento foi puxada pela China. A instabilidade no Oriente Médio, área produtora, foi evidenciada pela ocupação do Iraque. Ocorrem agora rebeliões nos países árabes.

Por sua vez, o efeito estufa tornou-se um grande problema político. O Brasil assumiu, na Conferência de Copenhague, o compromisso de reduzir suas emissões previstas para o ano de 2020.

Considero animador o avanço da energia eólica, complementar à hidrelétrica, embora ainda tímido em relação ao potencial brasileiro. Também é alvissareiro o aumento do consumo do álcool nos automóveis, embora afetado pela crise da produção do etanol em 2011, que reduziu sua participação.

* Diretor da Coppe (programa de pós-graduação em engenharia) da UFRJ.

Fonte: Folha de São Paulo

Nota do blog: Essa corrida para implantação de parques eólicos, como se representassem a única salvação do planeta, está fazendo com que troquem "os pés pelas mãos" na hora de conceder o licenciamento destes empreendimentos. No Rio Grande do Norte, o órgão licenciador escolheu para localização de vários parques, uma reserva de desenvolvimento sustentável, passando por cima da legislação federal e declarando que está obedecendo resoluções do Conama - Conselho Nacional do Meio Ambiente. 

Aerogeradores estão sendo instalados sobre o que antes eram dunas (APPs), mangues (APPs) e restingas, como se aquela área fosse a última disponível do planeta. Praticamente todo o litoral do Estado tem na velocidade dos ventos todas as condições propícias para este tipo de produção de energia e nenhuma desculpa serve para justificar a destruição do meio ambiente para a produção daquela que é chamada de "energia limpa", e que no RN é tão suja como um "pau de galinheiro".

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