segunda-feira, 18 de abril de 2011

Revista americana destaca teoria de pesquisadores do CBPF


Essa teoria, já abordada em mais de três mil artigos científicos, generaliza a de Ludwig Boltzmann ao focalizar sistemas complexos, dentre os quais os de turbulência, economia, linguística e problemas relacionados à ecologia e biologia. Um ano após ser confirmada pelo maior instrumento científico do mundo, o Large Hadron Collider (LHC), instalado na fronteira entre França e Suiça, a teoria de Tsallis de 1988, do pesquisador Constantino Tsallis do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), amplia sua notoriedade ao ser publicada na revista Physical Review Letters, na edição do último dia 8.

Essa teoria, já abordada em mais de três mil artigos científicos, generaliza a de Ludwig Boltzmann ao focalizar sistemas complexos, dentre os quais os de turbulência, economia, linguística e problemas relacionados à ecologia e biologia. A teoria de Boltzmann, apontada como um dos pilares da física contemporânea, tipicamente aborda sistemas relativamente mais simples, tais como gases, isolantes e metais tradicionais.

Além Tsallis, o artigo na Physical Review Letters - que pertence a uma das principais organizações de físicos do mundo, a Sociedade America de Física (APS, na sigla em inglês) - é assinado também por outros dois pesquisadores do CBPF, Fernando Dantas Nobre e Marco Aurelio Rego Monteiro.

No artigo, eles complementam de modo não linear as equações mais importantes da mecânica quântica para partículas livres, especificamente as equações de Schroedinger, de Klein-Gordon e de Dirac, fazendo com que apareçam pela primeira vez indicações da existência de matéria e de anti-matéria, principalmente elétron e pósitron, na natureza.

"Surpreendentemente, essas soluções exatas de partículas livres preservam a célebre expressão de energia de Einstein, em particular E=mc2", diz Tsallis, ao Jornal da Ciência. 

Retornos sociais - Apesar de ser elaborada há mais de duas décadas, a teoria de Tsallis 1988, ainda que abstrata, começou a ser praticada nos últimos anos. Em 2010 três engenheiros indianos publicaram um procedimento que permite aperfeiçoar sensivelmente o diagnóstico de câncer incipiente em mamografias. Eles usaram como base técnicas específicas de processamento de imagens introduzidas por tecnologistas do CBPF, dentre eles Marcelo de Albuquerque.

"O processamento da mamografia utilizando a teoria de 1988 identifica pontinhos que delatam microcalcificações possivelmente cancerosas. Os pontinhos (diagnosticados) podem ser menores do que meio milímetro. Portanto, por serem minúsculos, se apenas apalpados (os seios) não podem ser percebidos por nenhum médico do mundo", enfatiza Tsallis.

Ao usar a teoria, já com 23 anos, diz o seu formulador, os engenheiros elevaram de 80% para 97% as taxas de verdadeiros positivos "com sucesso". Isso significa que podem ser salvas mais 17 mulheres dentre 100 com câncer incipiente. "Ao diagnosticar esse problema, o médico encontra-se em condições de avisar a tempo. E quem avisa amigo é", destaca.

A teoria de Tsallis pode ser aplicada tanto na área de mamografias quanto na indústria de cerâmica. Dois pesquisadores franceses, Alexandre Boulle e Aurélien Debelle, do Centro Europeu de Cerâmica de Limoges, fizeram experimentos de tal conhecimento no âmbito da tecnologia usada na famosa cerâmica de Limoges (esmaltes medievais), trabalho publicado em Julho de 2010, agregando mais valor a tal material.

Fonte: JCiência

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