terça-feira, 28 de junho de 2011

Consequências de Fukushima


Acidente deve causar uma parada nos programas nucleares de vários países, mas não decreta o fim dessa forma de produção de energia, nem no Brasil.

O acidente nuclear na usina de Fukushima, causado por um terremoto seguido de tsunami, que atingiram o Japão no dia 11 de março passado, deve causar uma parada acentuada nos programas nucleares de vários países, mas não decretará o fim dessa forma de produção de energia, nem no Brasil.

A opinião é do engenheiro civil e Ph. D. em Engenharia Nuclear, Odilon Antonio Marcuzzo do Canto, presidente da Secao Latino-Americana da Sociedade Americana de Energia Nuclear (LAS/ANS).

Ele fala sobre o assunto em sua conferência Olhando para o futuro após o acidente de Fukushima, que profere na 63ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que se realiza de 10 a 15 de julho, na Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia (GO).

Marcuzzo do Canto vai discorrer sobre as iniciativas tomadas pelas autoridades japonesas e pelos organismos internacionais competentes e as possíveis consequências para as pessoas e o meio ambiente.

"A partir dessa visão, tentarei esclarecer as consequências que são esperadas para o setor nuclear no Brasil e no mundo", diz. "A intenção é repassar de forma ordenada uma grande quantidade de informações disponíveis em diversas fontes, como jornais especializados, revistas e internet", diz ele, acrescentando que também deverá fazer comentários sobre as conclusões da Conferencia Ministerial sobre Fukushima, realizada de 20 a 24 de junho, em Viena, da qual participou.

Marcuzzo do Canto baseia sua convicção de que o mundo não abandonará de todo a energia nuclear no fato de que muitos países precisam dela. "A demanda de energia mundial vai obrigar algumas nações a continuar com a produção nucleoelétrica, pois é a única fonte com densidade de energia suficiente para atender suas necessidades", explica. "As fontes ditas alternativas como eólica e solar certamente podem desempenhar um papel importante, mas não têm densidade energética capaz de atender grandes demandas."

No caso do Brasil, Marcuzzo do Canto diz que o País tem grandes possibilidades com a biomassa e, portanto, faz sentido imaginar que na matriz energética nacional a energia nuclear nunca terá papel preponderante. Apesar disso, ressalta que ela é importante para o Brasil. "Só existem três países no mundo que têm, ao mesmo tempo, a capacidade tecnológica de desenvolver o ciclo completo do combustível nuclear e reservas consideráveis de urânio", diz. "Esses países são Estados Unidos, Rússia e o nosso. Dessa forma, não faz sentido abrirmos mão de tamanha riqueza."

Há outra razão para que o País não despreze essa forma de energia. "Tecnologia nuclear não se compra, ou se desenvolve internamente ou se abre mão dela", explica. "Portanto, é importante que o Brasil dê continuidade ao seu programa nuclear. O desenvolvimento do projeto do reator multipropósito brasileiro é um passo importante nessa direção. O aumento da capacidade cientifica, tecnológica e industrial no setor nuclear é também fundamental para garantir o Brasil quanto a outras aplicações da energia nuclear, principalmente na indústria e na saúde."

Serviço: A palestra do presidente da LAS/ANS Odilon Antonio Marcuzzo do Canto será no dia 13 de julho, às 12h, no campus Samambaia da Universidade Federal de Goiás (UFG).

A 63ª Reunião Anual da SBPC tem 148 atividades, entre conferências, mesas-redondas, simpósios e encontros, além de 67 minicursos e cinco sessões de pôsteres. Boa parte dessas atividades abordará o tema principal do evento Cerrado: Água, Alimento e Energia. Haverá ainda uma exposição de ciência e tecnologia, entre outras atividades paralelas.

Veja a programação completa em: www.sbpcnet.org.br/goiania/home/

Fonte: Ascom da SBPC

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