quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Brasil quer que o Centro de Biotecnologia da Amazônia integre projeto internacional da ONU


Mercadante negocia para que o CBA faça parte do programa mundial de biodiversidade como centro de formação de profissionais.

O Brasil está negociando na Organização das Nações Unidas (ONU) a instalação de um centro internacional de formação de pesquisadores sobre biodiversidade no País, usando a plataforma do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA), em desenvolvimento em Manaus. A informação foi dada ontem (3) pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, no 4º Congresso Brasileiro de Inovação na Indústria, realizado em São Paulo.

Segundo o ministro, a ONU vai criar um programa mundial de biodiversidade, cuja sede deve ser instalada na França. A proposta do ministério é de que o CBA faça parte do programa da ONU.

"Queremos que o CBA seja a sede do processo de formação de profissionais na área de biodiversidade. Estamos negociando no âmbito da ONU para transformar o CBA num grande programa de formação, fazendo parte do programa da ONU", disse o ministro. Segundo ele, as negociações estão em processo avançado.

Criado no governo Fernando Henrique Cardoso, o centro, que ainda não saiu do papel, foi destacado ontem por empresários como um fator importante para a economia brasileira.

Centro de pesquisas em nanotecnologia - Mercadante informou ainda que o governo abrirá um centro de pesquisas em nanotecnologia em Campinas, em parceria com a Academia de Ciências da China. Ele conversou ontem com o presidente da entidade chinesa, Chunli Bai que também participou do evento.

Segundo o ministro, serão investidos R$ 10 milhões no desenvolvimento do centro de pesquisas que deve realizar pesquisas em biotecnologia, energia limpa e pesquisas espaciais, dentre outras. A unidade deverá ser instalada próxima ao Laboratório Nacional de Luz Síncrotron. Os recursos serão aplicados pelas duas partes.

Trata-se de um acordo de cooperação a ser formalizado até o fim deste mês na China. O acordo envolverá, segundo o ministro, 200 estudantes de doutorado e de pós-doutorado.

Mercadante acrescentou que outros acordos de entendimento serão assinados com a Academia de Ciências da China. Entre eles, cooperação nas áreas de ciências da computação, ciências espaciais e energia eólica; e ações em áreas de desastres naturais, sobretudo para evitar os desmoronamentos que respondem por 11% dos desastres naturais do Brasil.

Embrapii - O ministro informou ainda que o acordo assinado ontem com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) para o desenvolvimento da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) contará com a cooperação com a alemã Associação Fraunhofer, cujo nome faz uma homenagem ao cientista, engenheiro e empresário Joseph Von Fraunhofer.

A Embrapii é desenhada à imagem e semelhança da Embrapa, que tem assegurado "o êxito" do agronegócio brasileiro. Segundo o ministro, a gestão da nova empresa, que atenderá as demandas da indústria brasileira pela inovação, obedecerá aos critérios da associação alemã no que se refere à metodologia e conhecimento de avaliação dos centros.

Segundo o presidente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), João Fernando Gomes de Oliveira, o acordo assinado ontem estabelece a criação de um comitê, que deve gerir a Embrapii, liderado pelas Sects: secretarias de Ciência e Tecnologia.

O projeto piloto da Embrapii, uma parceria público-privada, nasce com a integração de centros de três estados: o IPT, em São Paulo (USP), o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), do Rio de Janeiro; e os três centros do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), da Bahia, que atuam nas áreas de petróleo, automação e manufatura. A ideia é de que a empresa conte com a integração de cerca de 30 centros nos próximos dois anos. Cada instituto deve estabelecer a vocação setorial de cada região.

Segundo Mercadante, o governo já dispõe de R$ 30 milhões para serem aplicados na Embrapii no próximo ano, quando deve começar a operar. Conforme o presidente do IPT, os centros também devem injetar recursos na Embrapii, por intermédio de parcerias com empresas que encomendarem pesquisas. O IPT já dispõe de uma carteira de 20 projetos de inovação para serem apresentados à nova empresa.

Sibratec - A ideia é de que a Embrapii venha complementar o Sistema Brasileiro de Tecnologia (Sibratec), um instrumento de articulação e aproximação da comunidade científica e tecnológica com as empresas. Segundo o diretor do INT, Domingos Manfredi Naveiro, o projeto será uma conexão para melhorar a relação entre universidade e empresa.

Para o presidente do IPT, a criação da Embrapii ajudará a acelerar os projetos de inovação no País. "Será um sistema muito inteligente porque será fomentando pela capacidade de desempenho (dos projetos de inovação)", explicou. Segundo ele, hoje um projeto de inovação demora até cinco anos para a obtenção de um parecer. "Agora o desempenho será anual". (Viviane Monteiro)

Fonte: Jornal da Ciência

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