quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Conhecimento sobre espécies de madeira ajuda a combater comércio ilegal

A situação é comum nas estradas brasileiras: durante as fiscalizações, agentes do Ibama ou policiais precisam conferir se a madeira descrita no Documento de Origem Florestal apresentado pelo motorista é a mesma que está sendo transportada no caminhão. O trabalho não é fácil. No Brasil, são encontradas mais de cinco mil espécies de madeira catalogadas pelo Ibama e, somente em 2009, foram apreendidos cerca de 70 mil m³ de madeira serrada e em tora.


Para tornar a fiscalização mais eficaz e combater o comércio de madeira ilegal, agentes do Ibama e policiais civis, federais e militares estão passando por um treinamento desde o início desta semana. No laboratório de Produtos Florestais do Serviço Florestal Brasileiro, eles aprendem a identificar espécies de madeiras brasileiras.


As aulas têm como foco a identificação de madeiras de amplo uso comercial - como cedro, cerejeira e tauari - e aquelas ameaçadas de extinção ou com restrição legal de corte. Esses grupos reúnem cerca de 60 espécies, muitas delas com alto valor comercial.


O metro cúbico do mogno, madeira mais valiosa do Brasil, pode chegar a R$ 5 mil no mercado internacional. “Existem madeiras de menor valor comercializadas como se fossem mogno, como a andiroba, o cedro e o jitó, que são da mesma família”, diz a bióloga Vera Coradin, coordenadora do curso. Por este motivo, um dos dias de aula será todo dedicado ao estudo de madeiras parecidas com o mogno.


Características - Para diferenciar uma madeira da outra é preciso analisar vários aspectos - cor, cheiro, textura, quantidade e distribuição dos poros - que, juntos, formam sua identidade. A análise pode ser feita a olho nu ou com auxílio de uma lente portátil de 10 vezes de aumento. A estrutura anatômica da madeira se mantém mesmo após a queima, o que permite aos técnicos descobrir se amostras de carvão vieram ou não de espécies proibidas. Somente árvores de florestas plantadas podem servir de matéria-prima para o produto.


Curso - Os cursos de identificação de madeira ministrados pelo Laboratório de Produtos Florestais desde 1984. “Capacitar o pessoal da ponta para ter segurança na identificação de madeira é crucial para as nossas atividades”, diz César Guimarães, superintendente do Ibama no estado de Rondônia, de onde vieram os agentes que estão sendo capacitados. Ele acrescenta que, sem o trabalho dos identificadores de madeira, não há condições de manter barreiras de fiscalização nas estradas.

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