sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Buraco na camada de ozônio está maior e dura mais


Um buraco na camada de ozônio, que tradicionalmente se forma sobre a Antártica em setembro, tem aumentado de área e duração por motivo ainda desconhecido.

No ano passado, sua extensão beirou o Rio Grande do Sul, e o estado ficou especialmente vulnerável à incidência de raios ultravioleta até o início de dezembro. A interação do fenômeno com o aquecimento global intriga os cientistas.

Pesquisadores de Argentina, Brasil, Chile e Holanda uniram-se para estudar o fenômeno. A análise renderá um artigo para a revista "Geophysical Research Letters".

Medições realizadas com sondas e balões constataram que a temperatura da estratosfera - onde fica a camada de ozônio - cai durante a formação do buraco de 60 graus Celsius negativos 80 graus Celsius negativos. A relação entre esta queda e a estrutura do buraco também será estudada.

- A atmosfera circula no entorno daquele buraco - explica Neusa Maria Paes Leme, coautora do estudo e pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. - À medida que ele avança em direção à Austrália e à América do Sul, encontrando o ar mais quente, as camadas começam a se misturar. A borda do buraco comunica-se com as regiões vizinhas.

No ano passado, o limite da camada de ozônio atingiu a Argentina e o Chile, mas células de ar pobres em ozônio - muito vulneráveis a raios ultravioleta - desprenderam-se e atingiram a região de Santa Maria, no centro do Rio Grande do Sul. São como miniburacos, que provocariam um aumento da temperatura.

A radiação ultravioleta não tem conexão direta com o aquecimento global. Mas, quando a incidência desses raios aumenta em uma área poluída, eles provocam reações químicas que acarretam na elevação das temperaturas.

- Esta radiação, na atmosfera, potencializa a ligação de gases-estufa, como o CO2. A reação, por sua vez, provoca o aquecimento - diz Neusa. - Vamos fazer medições no Sul para ver se, com a chegada das células pobres em ozônio, houve um aumento da temperatura no Sul.

Fonte: Jornal da Ciência/O Globo

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