quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Indicadores ambientais melhoram no Brasil


Apesar de apresentar uma melhora geral nos indicadores, o Brasil ainda tem um longo caminho rumo ao desenvolvimento sustentável. As queimadas, por exemplo, ainda são responsáveis por mais de 75% das emissões de dióxido de carbono (CO2), um dos principais gases do efeito estufa, aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou na quarta-feira (1/9) seu quarto relatório "Indicadores de desenvolvimento sustentável".

Segundo o IBGE, em 1990 a emissão destes gases era equivalente a 1,357 bilhão de toneladas, número que pulou para 2,2 bilhões em 2005, posicionando o Brasil entre os 10 maiores emissores do mundo. E a tendência é de um crescimento ainda mais acentuado este ano, já que, no mês passado, o número de focos de queimadas registrados no Brasil foi o maior dos últimos dez anos. No total, foram 259.942 focos no país, 571% a mais do que em agosto do ano passado.

- O dado mais problemático é a estrutura dessas emissões, ligadas a mudanças no uso da terra, com desmatamentos e queimadas - destaca Judicael Clevario Junior, coordenador dos indicadores ambientais e econômicos do relatório. - Controlando esses fatores, teríamos espaço até para redução das emissões, mesmo com o uso crescente de termelétricas para a geração de energia, mais veículos circulando.

Com um total de 55 indicadores, a publicação do IBGE mostra avanços importantes na área ambiental, com algumas surpresas.

Conhecida e criticada por sua poluição, São Paulo não tem a pior qualidade de ar do país. O posto, pelo menos em termos de partículas em suspensão, fica de longe com Brasília, que em 2008 atingiu uma máxima de mais de 1,2 mil miligramas por metro cúbico de ar, seguida por Vitória (717 mg/m3) e Curitiba (589 mg/m3). No geral, no entanto, a qualidade do ar nas grandes cidades brasileiras tem melhorado ou se mantido estável, fruto de maior controle das emissões de veículos e indústrias, comenta Judicael.

- Essas medidas de controle fizeram efeito - diz.

Desmatamento atinge Amazônia e Cerrado

Outro ponto positivo do relatório aponta uma queda de 74,1% no desflorestamento entre 2004 e 2009. Mas, apesar disso, a Amazônia já perdeu 14,6% de sua cobertura vegetal, ou quase 740 mil km2. De acordo com o levantamento do IBGE, porém, a situação mais crítica é do Cerrado, foco da maior parte da expansão agrícola do país.

O segundo maior bioma brasileiro teve sua cobertura vegetal reduzida a praticamente a metade, com uma área desmatada de quase 1 milhão de km2 (48,37%) até 2008. Deste total, 85.074 km2 (4,18%) foram destruídos apenas entre 2002 e 2008.

Já com relação à biodiversidade, o Brasil tem um total de 627 espécies de sua fauna ameaçadas de extinção. Aves (160 espécies), peixes de água doce (142) e insetos (96) são os grupos mais críticos.

- O conceito de desenvolvimento sustentável envolve a satisfação da geração atual sem comprometer a das futuras gerações. Alguns indicadores podem ser negativos, mas muitos apontam que estamos caminhando na direção correta - afirma Wadih João Scandar Neto, coordenador técnico e de planejamento do relatório. - Enquanto o passivo social brasileiro é muito grande, no lado ambiental o quadro é contrário. Nosso ativo ambiental é muito grande, mas, se não prestarmos atenção e mantivermos um consumo impensado, podemos chegar a uma situação de alerta.

Fonte: Jornal da Ciência/O Globo

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