quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A conta da natureza

A ONU apresentou na quarta-feira (20/10) na Cúpula da Biodiversidade, em Nagoia, no Japão, uma forma inédita - e, espera-se, mais convincente - de calcular o valor dos serviços prestados pela natureza. O estudo ainda é preliminar, mas informa que só os insetos que polinizam plantas comestíveis prestam serviço avaliado em US$ 210 bilhões por ano.

Os corais - berçários de peixes e usados em turismo - proporcionam US$ 172 bilhões anuais. Cerca de 30 milhões de pessoas dependem diretamente de recursos vindos dos corais para viver.

Em sua versão mais avançada, o relatório "Economia de Ecossistemas e Biodiversidade" (Teeb, na sigla em inglês) trará o valor dos serviços prestados por sistemas mais complexos, como as florestas tropicais.

Preparado pelo Programa de Meio Ambiente da ONU (Pnuma), o relatório lembra que a perda de biodiversidade custa aos países cerca de US$ 5 trilhões anuais (número anunciado no início da semana) e que a destruição de ecossistemas causará crises sociais e econômicas.

- O tempo de ignorar a biodiversidade acabou. A invisibilidade econômica da natureza sempre foi um problema, estamos mudando isso. Os governos precisam entender que só têm a perder com atual modelo de desenvolvimento predatório. A preservação de espécies é uma questão de sobrevivência da nossa própria espécie - disse o principal autor do estudo, o banqueiro indiano Pavan Sukhdev.

O Teeb foi bem recebido por ambientalistas. Eles acreditam que, ao fornecerem números concretos, o Teeb muda a argumentação em favor da conservação da biodiversidade, ainda vista por muitos como menos importante do que o combate às mudanças climáticas.

- O Teeb é uma fonte sólida de argumentação e achamos que os ministros vão analisá-lo com atenção - disse Tove Ryding, do Greenpeace.

Outro relatório apresentado na quarta-feira em Nagoia listou as regiões e as espécies mais ameaçadas de extinção do mundo. Elaborado por um consórcio integrado por 68 instituições internacionais de conservação chamado Aliança para a Extinção Zero (AEZ), ele relaciona 587 lugares que são o último habitat das 920 espécies mais ameaçadas de plantas e animais.

O Brasil, um dos países megadiversos, é o terceiro em número de sítios em risco, com destaque para a Mata Atlântica.

Fonte: O Globo

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